medicina veterinária e psicologia.
Tratamento gratuito é oferecido em projeto de
extensão de faculdade em AL.
Um projeto acadêmico multidisciplinar que já
atendeu mais de 100 pessoas em Maceió vem mostrando que o cachorro, além de
melhor amigo do homem, pode ser um bom terapeuta. Wendy, Shakira, Naomi,
Solara, Lava e Isis são alguns desses doutores de quatro patas que integram o
Focinhos Terapeutas e ajudam no tratamentos de obesos, idosos e crianças
autistas.
Zoóloga
entre monitoras e crianças autistas durante tratamento com cães
(Foto: Natália
Souza/G1)
Criado em 2011 pela zoóloga com especialidade em
treinamento físico, Maja Kraguljac, o projeto envolve estudantes dos cursos de
educação física, medicina veterinária, fisioterapia, psicologia, nutrição,
entre outros da área de saúde de uma faculdade particular do estado.
“A ideia surgiu quando eu ainda morava em Belo
Horizonte, e minha mãe desenvolveu um quadro de depressão. Notei que quando
compramos um cachorro ela começou a apresentar alguma melhora. Então pesquisei
sobre os benefícios que os animais podem trazer a pessoas com alguns tipos de
doenças, mas não fui além disso na época”, contou Maja.
Em 2011, já em Maceió, ela submeteu o então
pré-projeto de terapia assistida por cachorros a editais de projeto de extensão
da faculdade e deu certo. Além de já ter realizado mais de mil sessões
gratuitas, o Focinhos é tema de pesquisas anuais e já foi objetos de estudo em
artigos apresentados em congressos nacionais.
Interação com autistas
Os pequenos Heitor e Felipe, ambos de quatro anos e
com autismo de grau leve, interagiram durante quase 30 minutos com dois dos
Focinhos Terapeutas, em uma das sessões que o G1 acompanhou.
As instrutoras voluntárias estimulavam a
socialização das crianças passando a mão delas no pelo do cachorro, colocando o
pé dos meninos por cima da pata dos cães, que nem pareciam se incomodar com
todo aquele contato. Em vários momentos, as brincadeiras arrancaram gargalhadas
das crianças.
A mãe de Heitor, a psicopedagoga Silvia de Souza e
a mãe de Felipe, a servidora pública Márcia Vitorino, afirmaram notar leves
mudanças no comportamento desde o início do treinamento.
“Felipe tinha muito medo de animais, principalmente
de cachorro. Notei que agora esse medo diminuiu, ele fica menos estressado”,
contou Márcia. “Essa interação também é
ótima para a parte pedagógica, é um estímulo a mais”, afirmou Silvia.
Rodrigo é estimulado pelos monitores por
brincadeiras com a cadelinha
(Foto: Natália Souza/G1)
Em outra sala equipada com circuito cheio de
obstáculos, colchões, cordas Rodrigo, 8, interage com a cadela Solara.
Incentivado pelos dois instrutores, ele joga a bola para a cachorra pegar. “A
gente já tem um cachorro em casa e ele era mais estressado, agora fica mas
calmo”, contou a mãe de Rodrigo, Roseana Xavier.
Maja explica que os cães trazem muitos benefícios
no tratamento de crianças com autismo. “Os estudos científicos mostram que os
cães têm muita influência entre crianças autistas, devido ao estímulo da
socialização. Conseguir que um autista se concentre e olhe dois segundos nos
seus olhos já é uma grande conquista. E esse projeto mostra que essas crianças
começaram a interagir melhor com os pais e família, com o ambiente, melhoria no
contato visual”, afirmou.
Motivação para obesos
“As pesquisas também revelam que é mais fácil
emagrecer quanto se tem uma motivação, como por exemplo, sair para passear com
o cachorro, correr. Muitos vêm fazer exercício só por gostar de ter a presença
do cão”, explicou Maja.
Exercícios com cães estimulam obesos a levar
tratamento adiante
(Foto: Natália Souza/G1)
Segundo ela, alguns resultados do projeto apontam
que os obesos que participam das sessões com os cães já tiverem uma melhora na
frequência cardíaca e na pressão arterial. “Lembrando que a terapia assistida
por animais é uma terapia complementar, para dar certo é preciso outro conjunto
de fatores”.
A técnica de laboratório Verônica Lino, chegou a
pesar 105 kg, hoje com 101 kg, ela reconhece que está no caminho certo para
chegar a ter uma vida saudável. “Eu fui a pioneira do projeto. Estou
participando desde o início. Notei que na minha família as mulheres têm um
histórico de longevidade, minha avó chegou aos 103 anos, então eu quero
envelhecer com qualidade. Quero perder peso. Essa interação com animais é
ótima. Parece que tem dias que eles sentem o que estamos sentido”, afirmou.
Treinamento dos focinhos
Os 15 cães que participam das sessões às
terças-feiras em uma faculdade particular localizada no bairro do Farol, e na
Associação dos Amigos Autistas (AMA) às quartas-feiras, passaram por um
adestramento especial, segundo a coordenadora do projeto.
“Eles são adestrados para não ter problemas de
interagir com as crianças. Os cães precisam ser dessensibilizados, ou seja, se
eu puxar o rabo, puxar a orelha, colocar a mão na boca deles, eles não vão
morder”, explicou Maja.
Aline Fernandes Melo, instrutora do projeto e
graduanda do curso de medicina veterinária explicou que também é observada a
sanidade dos animais. “Ele é vermifugado, vacinado, passa por um treinamento e
há uma preocupação com a carga horária das sessões para não sobrecarregá-los.
Prezamos também pelo bem estar dos animais”, contou.
“O maior benefício é conseguir trazer uma qualidade
de vida melhor para essas pessoas por meio do contatos com animais e
conscientizá-las que a maioria dos nossos animais foi de rua. Esses bichinhos
podem fazer um lindo trabalho. Acabamos promovendo, inclusive, adoções e modificando comportamento. Gente
que não gostava de bichos, chega aqui e começa a gostar”
Para se inscrever no atendimento gratuito do
projeto Focinhos Terapeutas é só acessar o site do projeto (clicando aqui) ou
pela página de mesmo nome no Facebook.
Cães recebem treinamento e tratamento veterinário adequados
para o convívio com crianças (Foto: Natália Souza/G1)
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FONTE:
Natália Souza
http://g1.globo.com/al/alagoas/noticia/2014/05/zoologa-desenvolve-tratamento-com-caes-para-obesos-idosos-e-autistas.html
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