Escola tem equipe multidisciplinar e, além da
aprendizagem, trabalha as relações das crianças com as demais pessoas
Foto: Jean Pimentel / Agencia RBS
Hábitos básicos como lavar as mãos e fazer um
sanduiche, para uma criança com transtorno do espectro do autismo, podem ser
bem difíceis. Em Santa Maria, são mais de 3,1 mil habitantes com o transtorno,
se levarmos em consideração o cálculo mundial de um autista para cada 88
pessoas. Pensando em atender a estas crianças especiais, a educadora especial e
psicopedagoga Cristiane Kubaski reuniu um grupo de profissionais e abriu uma
escola exclusiva para autistas.
_ Uma criança com autismo, dependendo do nível, tem
condições de fazer o que qualquer outra criança faz, mas precisa ser ensinada,
desde o abraço, o contato visual, a brincar com os colegas. Ela não aprende
somente observando _ explica a educadora.
O ideal é que a educação alterne a inclusão na
escola regular e no meio social com o atendimento individualizado, que, em
geral, é prestado pelas escolas no contraturno. A diferença da proposta da
Escola Mundo Novo, que é particular, é o atendimento multidisciplinar, com
educadoras especiais, fonoaudióloga, psicóloga e aulas de música, que ensinam a
criança a realizar atividades diárias.
_ Há atividades da vida diária que são muito
importantes e que elas podem aprender, como amarrar um cadarço, saber preparar
um lanche, lavar a louça, lavar as mãos, escovar os dentes e ir ao mercado _
diz a educadora.
O pequeno Eduardo Ramos Scremin (foto), o Dudu,
tinha pouco menos de 2 anos quando foi diagnosticado com autismo. A mãe,
Elisete Ramos, 34 anos, percebeu que o menino, que hoje tem 2 anos e 10 meses,
não ficava com os colegas na escolinha, ignorava as pessoas ao redor e fazia
apenas as atividades pelas quais tinha interesse.
_ Acho que a escola vai ajudar em tudo. Desde
identificar a fase do aprendizado, até trazer ele para a etapa correta para não
ficar atrasado em relação aos colegas _ disse a mãe.
Autistas aprendem a desenvolver habilidades
Para, Carlo Schmidt, professor do Programa de
Pós-Graduação em Educação Especial da UFSM e especialista em autismo, a
convivência com outras crianças, por meio da inclusão educacional, é essencial
para o desenvolvimento de pessoas com autismo:
_ O principal da inclusão é que essas crianças
participam de um ambiente altamente estimulador que vai ajudá-las muito.
Para o professor, o atendimento especializado no
contraturno da escola ajuda na aprendizagem da classe regular, identificando e
focando nos pontos fortes e fracos.
No caso da Mundo Novo, a proposta é desenvolver a
autonomia das crianças, trabalhando questões que não são abordadas na escola
regular, as chamadas atividades de vida diária, que são habilidades que geram
independência.
O TRANSTORNO
- A característica principal é dificuldade de
interação, comunicação e socialização
- Normalmente, os pais identificam por meio de
atraso na linguagem e falta de contato visual, presença de comportamento e
interesses restritos e repetitivos
- O diagnóstico é confirmado por equipe
multidisciplinar que, em geral, inclui pediatra e neuropediatra, psicólogo
- Não há testes ou exames que comprovem o autismo
- Os exames são importantes para descartar outras
doenças com os mesmos sintomas
- Não tem característica física que identifique _ o
que é bom porque não estigmatiza, mas, ruim porque, não identificando, a
sociedade reprova e julga o comportamento
- Muitos não falam
- Uma avaliação vai determinar em que estágio de
desenvolvimento a criança está e, depois, será traçado um plano específico para
cada criança.
FONTE:
http://diariodesantamaria.clicrbs.com.br/rs/educacao/noticia/2014/09/santa-maria-tem-a-primeira-escola-exclusiva-para-criancas-autistas-4591167.html?impressao=sim
DIÁRIO DE SANTA MARIA
Lizie Antonello
lizie.antonello@diariosm.com.br
Um comentário:
Muito bacana, adorei
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