Neste confinamento “coronavirano” pascoalino, que todo
dia é prorrogado, sobram recordações. Uma delas, quando eu era menino rezava
para ficar credor de ovos pascais, que sempre envolvia uma missão imposta pela
mãe. Não me lembro se obedecia, mas acreditava, pois com dedos mindinhos entrelaçados
rezava para dar certo, rindo e sobretudo sem se preocupar com a falta de
recheio.
Não estou pedindo para ninguém rezar, porém com a
fé que tenho e vem de longe, dói ver fiéis nas últimas semanas sem igrejas e
templos fechados por um reles vírus, que nos últimos tempos faz até ateus,
mesmo confinados rezarem para o seu barco não afundar. Entrelaçar mindinhos não
seria apropriado. Nem sair de casa arriscando encontra-lo na calçada.
Sinto ter que retrair o sorriso, pois enquanto aqui
no Brasil dois ou três se digladiam para tomar o lugar de um, a Torre de Babel
europeia, robusta não encontra uma voz que decida que sua máquina de imprimir
dinheiro comece a funcionar. Sem que sirva de consolo, o consenso também ainda
não chegou no gigante de além mar. Alguém aí sabe onde está confinada a ONU nos
últimos dias?
Agora não adianta reclamar o que aconteceu na Espanha.
A Suécia não limitou os movimentos da sua população, tanto quando seus
vizinhos. Talvez para homenagear aquela menina, sem criticá-la por ter-se
calado até agora quanto ao coronavírus ou sobre o cenário de horror que
aconteceu na Itália.
Dia desses vi uma cena de TV em um terminal de
ônibus, no momento em que a câmara mostrou inúmeras mulheres, era cedo, mal e
mal tinha amanhecido o dia. Me perguntei porque aquela multidão era quase só de
mulheres? Acrescento isso para dizer que o inferno do confinamento muitas delas
é porque grande parte vive com agressores e tem que trabalhar.
O princípio da prudência e o dever de proteger a
saúde e a vida, obrigam a que tudo se processe devagar. Se você está farto de ficar
em casa, sem poder abraçar amigos, pelos efeitos do “Isolamento Social” e querendo
retornar à vida normal, reze.
Nilton Salvador
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