sábado, 16 de julho de 2011

Pitoco, o Analista

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Antidepressivos na Gravidez Aumentam risco de Autismo

     Segundo um novo estudo, crianças cujas mães tomam Zoloft, Prozac, e outros antidepressivos similares durante a gravidez são duas vezes mais propensas a desenvolver autismo ou um distúrbio relacionado.
     Essa classe de antidepressivos, conhecidos como inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), pode ser especialmente perigosa no início da gravidez: crianças expostas às drogas durante o primeiro trimestre tinham quase quatro vezes mais chances de desenvolver um distúrbio do espectro do autismo.
     O estudo incluiu menos de 300 crianças diagnosticadas com autismo ou doenças relacionadas. Usando um banco de dados de um hospital que inclui mais de 3,2 milhões de pessoas, a equipe identificou 298 crianças com a condição que nasceram entre 1995 e meados de 1999, e as compararam com 1.507 crianças sem autismo que tinham mais ou menos a mesma idade e nasceram no mesmo hospital.
     Em seguida, os cientistas checaram se suas mães, no ano antes do nascimento, preencheram prescrições para um ISRS, incluindo Prozac, Zoloft, Luvox, Celexa, e Paxil (ou suas versões genéricas).
     Os pesquisadores não puderam confirmar se as mães realmente tomaram a medicação, no entanto, 20 das crianças com austimo (ou 6,7%) foram expostas a ISRS no útero, comparativamente com 50 (3,3%) das crianças no grupo de controle. Depois de levar em conta outros fatores que poderiam afetar tanto o risco de autismo quanto o uso de ISRS (tais como a idade da mãe, etnia e histórico de depressão ou outras doenças mentais), os pesquisadores descobriram que a exposição às drogas no útero aumenta o risco de diagnóstico de autismo em 2,2 vezes, enquanto no primeiro trimestre a exposição ao risco aumenta 3,8 vezes.
      Cerca de 12% das mães cujos filhos tinham autismo foram diagnosticadas com depressão ou outro distúrbio mental. Pesquisas anteriores já haviam descoberto um maior risco de autismo nos filhos de mães com transtornos mentais, mas o novo estudo não encontrou tal relação em mães que não tomaram ISRSs.
     Os pesquisadores alertam que essa é a primeira pesquisa sobre o assunto, e não prova que tomar ISRS durante a gravidez causa diretamente a condição. Os resultados precisam ser confirmados em estudos maiores, e as mulheres não devem se guiar por essas informações ainda.
     Segundo os médicos, deficiência mental materna durante a gravidez é um grave problema de saúde pública. Não tratar não é uma opção. Enquanto algumas crianças podem estar em risco por causa de uma exposição à ISRS, muitas mães e seus filhos se beneficiarão.
     Depressão não tratada durante a gravidez carrega seus próprios riscos, tais como nascimento prematuro e problemas de crescimento. Os riscos potenciais para a criança tem que ser equilibrados com o risco da mãe não ser tratada. Os pesquisadores não querem que as pessoas parem de tomar antidepressivos por causa da nova associação: o correto é conversar com seus médicos sobre a relação risco-benefício.
     Evidências de estudos anteriores sugerem que as pessoas com autismo têm anormalidades nos seus níveis e regulação de serotonina, uma substância química do cérebro envolvida no humor e vários outros processos biológicos. Os cientistas acreditam que os ISRSs aumentam a disponibilidade de serotonina no cérebro, uma vez que as drogas passam através da placenta, e poderiam influenciar o desenvolvimento de um bebê.
     Em estudos com animais, as mudanças nos níveis de serotonina durante a gravidez tiveram grandes efeitos no desenvolvimento do feto e da prole. Se houver efeitos similares em seres humanos, dizem os pesquisadores, eles podem variar dependendo da composição genética de uma criança.
     A grande maioria das crianças do estudo que foram expostas a ISRSs no útero não desenvolveu autismo. Há muitas crianças que sofrem exposição pré-natal a ISRS e que são resistentes: o próximo passo da pesquisa é descobrir quem está em risco e quem não está.
     A Administração de Drogas e Alimentos americana diz que, quando administradas em altas doses, drogas dessa categoria têm sido relacionadas com defeitos de nascimento em estudos com animais. Não ficou provado se elas são seguras ou inseguras em seres humanos, mas as grávidas devem usá-las apenas se o benefício potencial justificar o risco potencial para o feto.
     Sim, estudos com animais fornecem fortes evidências de que a exposição a altos níveis de serotonina no útero produz comportamentos autistas e mudanças na estrutura do cérebro. Como há poucos estudos realizados em humanos, os cientistas acreditam que a coisa mais sensata a se fazer é estar ciente dos riscos e pensar duas vezes antes de tomar tais drogas durante a gravidez.

CNN
HypeScience

domingo, 10 de julho de 2011

Música Até o Fim, de Fantine Tho, com o tema AUTISMO

    
     A cantora Fantine Tho lançou dia 07/07/2011, no site da MTV Brasil, um videoclipe da música "Até o Fim", dirigido por Marco Rodrigues, com um tema incomum: o autismo.
    A ideia do clipe nasceu no início de 2011, após a música ter sido escolhida como trilha sonora do vídeo institucional da Revista Autismo, produzido por Marie Shenk, para o Dia Mundial do Autismo (todo 2 de abril, decretado pela ONU), pois retratava bem a luta dos pais para ir "até o fim" na batalha de conquistar mais habilidades e qualidade de vida a seus filhos com autismo. Fantine (ex-integrante do grupo Rouge), ao autorizar a utilização da música, disse se sentir "honrada com o convite para uma causa tão nobre". Já havia um entendimento entre o jovem cineasta Marco Rodrigues e a cantora para a produção de um videoclipe e Fantine sugeriu que o trabalho fosse com a canção "Até o Fim" e tivesse um formato que abordasse um tema social e informativo: o autismo. Marco, que é de Santos (SP), topou o desavio e "abraçou" a causa em sua estreia nos videoclipes


 Revista Autismo

quinta-feira, 7 de julho de 2011

AUTISMO - MTV Documentário

Exposição pré-natal a Antidepressivos pode provocar Autismo


      Filhos de mulheres que fizeram uso de antidepressivos durante a gestação, e em fase anterior a essa, têm mais probabilidades de desenvolverem autismo, segundo investigadores da Kaiser Permanente Northern California, nos Estados Unidos.
      O estudo envolveu dois grupos: o primeiro composto por 298 crianças autistas e as suas mães, e um grupo controlo com 1.507 crianças sem o transtorno e suas mães.
     No grupo do autismo, 20 (6,7%) das mães teve prescrição de pelo menos um antidepressivo no ano anterior ao nascimento da criança, contra 50 (3,3%) das mulheres do grupo de controle.
     Das 20 mães que fizeram uso de antidepressivos na gravidez no grupo do autismo, 65% receberam prescrição de inibidores selectivos da recaptação da serotonina, 10% apenas um inibidor e a 25% foram prescritos um ou mais inibidores não-selectivos da recaptação.
     Entre as mães do grupo de controle que fizeram uso de antidepressivos, 50% utilizaram inibidores selectivos da recaptação, 18% um inibidor selectivo da recaptação da serotonina em combinação com outro antidepressivo e 32% um ou mais inibidores não selectivos da recaptação da serotonina.
    O estudo mostrou que quanto maior o uso do medicamento e a combinação entre eles, maiores são as hipóteses de a criança desenvolver o transtorno.



Foto:Google.

domingo, 3 de julho de 2011

Olhares Divergentes

Para melhor visualização - clique na foto


    
O maior e mais recente levantamento realizado no país – um dos únicos feitos na América do Sul – sugere que o autismo e suas variações afetam uma em cada 370 crianças ou 0,3% dessa população.    Coordenado por Mercadante, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e Cristiane Silvestre de Paula, psicóloga e epidemiologista da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o estudo avaliou sinais de autismo em 1.470 crianças com idade entre 7 e 12 anos, uma amostra considerada bastante razoável. Mas o trabalho, publicado em fevereiro no Journal of Autism and Developmental Disorders, ainda é um estudo piloto. Sua principal limitação é que foi realizado em apenas um município brasileiro: Atibaia, cidade de 126 mil
habitantes a 60 quilômetros de São Paulo. “Fizemos esse estudo, financiado pelo Mackenzie, com pouco dinheiro”, conta Mercadante, que pretende fazer um estudo populacional sobre autismo com amostra representativa de um município inteiro.
     Em Atibaia, a psicóloga Sabrina Ribeiro identificou todas as escolas e as unidades de saúde da região estudada e treinou professores, médicos e profissionais do programa de saúde da família para identificar sinais de autismo nas crianças. Das 1.470 que viviam na área, 94 foram encaminhadas para testes clínicos mais detalhados e 4 receberam diagnóstico de autismo.
     Se o índice observado ali puder ser extrapolado para o resto do país – inclusive para os adultos, uma vez que estudo recente na Inglaterra mostrou prevalência de autismo semelhante em adultos e crianças –, é de esperar que existam 570 mil brasileiros com alguma forma de autismo. “Alguns trabalhos indicam que a prevalência de autismo talvez seja mais baixa entre os latinos”, comenta Mercadante. “O fato de nossa cultura exigir mais o desenvolvimento das habilidades sociais do que as de muitos países do hemisfério Norte, onde costumam ser feitos os estudos epidemiológicos, pode ajudar as pessoas com casos mais leves a levar uma vida com certa independência e a não serem identificadas como autistas”, diz.
     Essa seria uma estimativa favorável. É possível que os números daqui e os de outros países estejam subestimados, suspeitam os pesquisadores ingleses que realizaram o primeiro estudo de prevalência de autismo em adultos, publicado em maio nos Archives of General Psychiatry. No trabalho, eles avaliaram sinais de autismo em 7.461 adultos e confirmaram que 618 tinham alguma forma do distúrbio. “Em nenhum dos casos identificados nesse levantamento as pessoas sabiam que eram autistas nem tinham recebido um diagnóstico oficial anteriormente”, disse Traolach Brugha, pesquisador da Universidade de Leicester, na Inglaterra, e autor do estudo, em comunicado à imprensa.
     Embora a maioria dos casos fosse de pouca gravidade, a constatação acende um sinal amarelo: mesmo em países com sistemas de saúde bem estruturados muitos casos nem chegam a ser conhecidos. Caso as taxas no Brasil sejam elevadas como a dos Estados Unidos, pode haver até 1,9 milhão de brasileiros com autismo. “Seria uma bomba para os cofres públicos”, diz Cristiane. “Mostraria que é preciso aumentar muito a capacidade de atender o problema.”
     “O autista demanda tratamento contínuo e dispendioso”, conta Maria Cecília Mello, mãe de Nicholas, um jovem de 19 anos que há apenas três anos recebeu o diagnóstico de síndrome de Asperger. “Eles também precisam de acompanhamento especializado para alavancar suas habilidades específicas e desenvolver aquelas em que apresentam dificuldades”, diz a juíza federal, fundadora, ao lado de Mercadante e de outros pais e pesquisadores, da organização não governamental Autismo & Realidade, criada em 2010 com a meta de divulgar informações sobre o distúrbio e arrecadar recursos para financiar pesquisas na área.
     Nos Estados Unidos, onde há estatística para quase tudo, anos atrás Michael Ganz, da Universidade Harvard, calculou em US$ 3,2 milhões o custo para manter um autista ao longo da vida, levando em conta despesas médicas, de educação e perda de produtividade no trabalho.
     No sistema público de saúde brasileiro, os casos suspeitos de autismo deveriam, em princípio, ser identificados pelos pediatras nas unidades básicas de saúde e encaminhados para cuidado especializado em um dos 128 centros de atenção psicossocial infantil (CAPSi). Mas esses centros estão concentrados no Sudeste e no Nordeste. Cinco estados brasileiros não têm CAPSi e outros sete dispõem de apenas um, de acordo com relatório recente do Ministério da Saúde.
     Na cidade de São Paulo, a mais bem servida do país, há apenas 13 CAPSi. Com a prevalência de autismo de 0,3% da população, seriam necessários cerca de 70 desses centros para atender apenas os autistas da capital paulista, segundo Cristiane. Ante esse quadro, conta Mercadante, a maioria dos casos é atendida por associações de pais e amigos das crianças com deficiência intelectual, as AMAs e APAEs. Em São Paulo, uma decisão de 2001 da Justiça determinou que a Secretaria de Estado da Saúde pague tratamento, assistência e educação especializados para quem tem autismo.
     Sem um levantamento mais amplo como o que ele e Cristiane planejam, vive-se um círculo vicioso. “Como não há estudos de prevalência abrangentes no país, não se consegue mostrar que o problema existe. E, sem provas, fica difícil exigir atendimento”, afirma a epidemiologista, que participa de um levantamento de problemas de saúde mental em crianças de cinco capitais brasileiras, projeto do Instituto Nacional de Psiquiatria do Desenvolvimento para Crianças e Adolescentes, apoiado pela FAPESP e pelo governo federal.
     Atendimento médico precoce e de qualidade é fundamental para influenciar a evolução do autismo. Tanto que, no mundo todo, pesquisadores buscam estratégias para identificar com segurança o autismo já no primeiro ano de vida. “Quanto mais cedo se identificam os sinais, melhores as chances de intervir para tentar recuperar a capacidade de a criança se relacionar com os outros e buscar a construção de uma linguagem significativa”, afirma a psicóloga e psicanalista Maria Cristina Kupfer, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), fundadora do Lugar de Vida, entidade que há 20 anos atende casos de autismo. “A intervenção precoce permite ainda ouvir os pais, que sofrem por não receber de volta dos filhos a atenção que lhes dão.”
     Desde que o autismo foi descrito nos anos 1940, o diagnóstico continua clínico. Em geral um neurologista ou psiquiatra examina a criança e avalia sua história de vida à procura de indícios de atraso no desenvolvimento da capacidade de interagir socialmente e se comunicar e de defasagem no desenvolvimento motor, descritos no Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, da Associação Psiquiátrica Americana, e na Classificação Internacional de Doenças, da OMS.
     Ainda que alguns sintomas surjam muito cedo, nos primeiros meses de vida, os casos só costumam ser confirmados por volta dos 3 anos de idade, quando o cérebro já atravessou uma das fases de crescimento mais intenso. E isso na melhor das hipóteses. Mercadante acredita que no Brasil a identificação só ocorra aos 5 ou 6 anos, quando já se perdeu uma fase fundamental do desenvolvimento infantil. No estudo de Atibaia, por exemplo, só um dos quatro casos de autismo havia sido identificado anteriormente e recebia acompanhamento especializado. “Precisamos melhorar a capacitação dos pediatras para que identifiquem os sinais o mais cedo possível”, afirma Cristiane.



O cérebro no autismo


     Alterações no córtex temporal podem causar prejuízo na percepção de informações importantes para a interação social
     Mamãe, mamãe, descobri que o Capitão Gancho é bonzinho. Ele falou ‘Eu vou cuidar muito bem de você!’”, anunciou o garoto durante a consulta, interrompendo a conversa da mãe com o médico. E repetiu mais duas ou três vezes a descoberta que fizera ao assistir ao filme sobre Peter Pan, para em seguida retomar o silêncio habitual e voltar a agitar as mãos para cima e para baixo como se quisesse desprendê-las dos braços. Diferentemente de crianças da sua idade, o menino de 7 anos atendido pelo psiquiatra infantil Marcos Tomanik Mercadante não conseguia perceber a ironia na fala do vilão, determinada por uma marcante alteração no tom de voz.
     Os sinais que Mercadante observou no garoto são característicos de um grupo de distúrbios com prevalência ainda pouco conhecida no país e que apenas nos últimos anos começaram a ser mais bem compreendidos – em parte, consequência de trabalhos de pesquisadores brasileiros trabalhando no país e no exterior. Classificados como transtornos do espectro autista ou transtornos globais do desenvolvimento, esses problemas de origem neuropsicológica se manifestam na infância e, com maior ou menor intensidade, prejudicam por toda a vida a capacidade de seus portadores se comunicarem e se relacionarem com outras pessoas. Incluem quadros variados como o autismo clássico, marcado por dificuldades severas de linguagem e de interação social; a síndrome de Asperger, na qual a inteligência é normal ou superior à média e a aquisição da linguagem se dá sem problemas, mas em que são comuns os gestos repetitivos e a falta de controle em movimentos delicados; ou ainda a síndrome de savant, em que, apesar do retardo mental, a memória ou as habilidades matemáticas ou artísticas são extraordinárias.
     Levantamentos feitos nos últimos anos registraram um aumento importante no número de casos desses transtornos. Há pouco mais de uma década se acreditava que o autismo e suas variações fossem bastante raros. Com base em pesquisas feitas nos Estados Unidos e na Europa, calculava-se que uma em cada 2,5 mil crianças – ou 0,04% da população infantil – apresentasse algum distúrbio do espectro autista. Hoje essa proporção é 20 vezes maior. Quase 1% das crianças norte-americanas e inglesas sofrem de algum desses transtornos de desenvolvimento, segundo dados recentes dos Centros para Controle e Prevenção de    Doenças dos Estados Unidos e de pesquisas de universidades da Inglaterra. E a taxa pode ser ainda mais elevada. Trabalho publicado em maio no American Journal of Psychiatry indica que a prevalência de distúrbios autistas é de 2,5% na Coreia do Sul.
     O mais provável é que não haja uma epidemia de autismo. Em relatório apresentado em 2010 à       Organização Mundial da Saúde (OMS), especialistas brasileiros e estrangeiros indicaram, após analisar quase 600 estudos sobre o assunto, que o aumento na taxa desses transtornos parece decorrer do uso de estratégias mais abrangentes de diagnóstico e da maior vigilância de profissionais da saúde – embora não se possa excluir completamente uma elevação real no número de casos.
     No Brasil, porém, os dados sobre o problema são praticamente desconhecidos. Por falta de estudos populacionais, não se sabe com segurança quantas são nem onde estão as crianças com transtorno do espectro autista. Muito menos se recebem o mínimo de atenção do sistema de saúde e de educação para que consigam levar uma vida o mais próximo do normal possível.

Ricardo Zorzetto
Edição Impressa 184 - Junho 2011

© Marie Hippenmeyer
fotos da série Preto e Branco, 2002-2007





sexta-feira, 1 de julho de 2011

Novo Método de Identificar Autismo tem 94% de Precisão

     
     Ainda que descrito pela medicina há mais de meio século, o autismo continua um grande enigma para a ciência. O diagnóstico, baseado nas observações médicas e no relato de cuidadores, pode levar meses para ser confirmado. Invariavelmente, ele assusta. “A maioria esmagadora dos pais leva tempo para aceitar”, afirma a professora Adriana Alves. Ela conta que, depois de um ano peregrinando de consultório em consultório com o filho, a primeira sensação foi de desespero quando soube que o menino era autista. Até os 2 anos, o garoto era absolutamente indistinguível de outras crianças da mesma idade. Falava, brincava e se movimentava muito bem.

     “De um dia para o outro, notamos os movimentos repetitivos. Fernandinho parou de falar, não se envolvia mais em brincadeiras e parecia não ouvir e entender ninguém. O diagnóstico foi feito quando ele já tinha 3 aninhos”, relata a mãe. De lá para cá, Adriana e o marido passaram a esmiuçar o assunto. Nem todas as respostas foram encontradas. “Imaginamos que a culpa era nossa, perguntávamos onde havíamos errado. Foi e continua sendo um enorme desafio”, diz o inspetor da Polícia Rodoviária Federal Fernando Cotta.

     O autismo não é uma disfunção única, mas um espectro de problemas que variam em intensidade e tipos. O único consenso até o momento é que, quanto antes o diagnóstico for feito, melhor. Não existem ainda exames específicos que detectem o distúrbio. Pesquisadores da Universidade de Harvard, porém, deram um passo importante nesse sentido. Com colegas da Universidade de Utah, também nos Estados Unidos, estão desenvolvendo um teste de base biológica que lança mão da ressonância magnética para detectar o autismo de alta funcionalidade. Batizado de DTI6, o exame monitora o fluxo de água ao longo das fibras nervosas do cérebro para produzir um mapa detalhado dos circuitos cerebrais.

     O professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina de Harvard, Nicholas Lange, explica que a fiação do    cérebro dos autistas é menos organizada nas áreas relacionadas a alguns aspectos do transtorno, incluindo déficit de linguagem, comportamento social e emoções. “Há também uma inversão da organização hemisférica. Estamos aprimorando o teste, mas ele poderá fornecer aspectos biológicos do cérebro que a ciência ainda não conseguiu detectar e que seriam importantíssimos para fechar o diagnóstico com objetividade e certeza”, avalia Lange, o principal pesquisador envolvido no estudo.
    
    Por enquanto, 30 pacientes autistas e 30 voluntários com desenvolvimento normal foram estudados. Todos do sexo masculino. “O teste identificou corretamente os autistas com precisão de 94%. Acredito que levaremos três anos para aprimorá-lo. Nossa intenção é combinar o DTI6 com as informações genéticas do paciente. Acredito que esse seja o caminho para fazê-lo promissor”, conclui.

Genoma

     Um artigo publicado recentemente na revista científica Neuron também traz novidades. Pesquisadores do Cold Spring Harbor Laboratory, em Nova York, constataram que centenas de pequenas variações genéticas raras e espontâneas desempenham papel importante nos casos de autismo. A pesquisa confirma a hipótese de que muitas mutações não seriam hereditárias, mas se manifestariam apenas nos indivíduos afetados.

     “Estudamos mais de mil famílias nas quais uma criança tem autismo e outra não. Conseguimos mostrar que os autistas nascem com uma predisposição quatro vezes maior de sofrer tais mutações em relação ao irmão que não desenvolveu o transtorno”, detalha o cientista Michael Ronemus, um dos autores do estudo.  De acordo com ele, o trabalho mostra pela primeira vez que existem de 250 a 300 regiões do genoma humano nas quais variantes podem provocar uma das formas de autismo. “A identificação exata desses genes ajudará a direcionar melhor o tratamento”, avalia.



Fonte: Correio Braziliense
Foto: Sintonia Fina








Senado aprova lei para incluir autista em cotas



     Senado Federal aprovou no dia 15 de junho o projeto de lei 168/11 que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa Autista. De acordo com a nova lei, os autistas têm os mesmos direitos atribuídos às pessoas com deficiência como, por exemplo, cota de vagas de emprego em empresas com mais de cem funcionários. O texto segue para a Câmara dos Deputados.

     A projeto de lei aprovado também prevê o incentivo à formação e capacitação de pessoas com autismo, bem como de seus pais e familiares. Segundo o texto, as pessoas autistas devem ser incluídas no ensino regular, em classes comuns, mas também está previsto no texto a garantia de atendimento educacional especializado quando não for necessário cuidados específicos.

     O texto aprovado pelos senadores indica também a criação de um cadastro único de autistas, com o objetivo de criar estatísticas nacionais sobre esse tipo de distúrbio.

     O projeto prevê ainda direitos dos autistas, como proteção contra exploração e acesso a serviços de saúde, à moradia e à assistência social. Também estende o direito a jornada especial a servidor público que tenha sob seus cuidados cônjuge, filho ou dependente autista.

       O projeto é de autoria da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado, mas o texto tem como base sugestão da Associação em Defesa do Autista (Adefa). O relator do projeto na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) foi Paulo Paim (PT-RS), também presidente da CDH.

Jornal do Brasil
Marina Pita







terça-feira, 28 de junho de 2011

Autismo e Odontologia - É brincando que se atende - 1º livro da Adriana Gledys Zink


     O livro conta a relação da odontologia na vida da pessoa no espectro autista. Às vezes os pais ficam ansiosos com o tratamento e tendem a não levar o filho ao dentista pensando em protegê-lo, mas em muitos casos isso é o pior caminho porque a prevenção ainda está em primeiro lugar. Conto passo a passo como cuidar da saúde oral de seu filho e como facilitar sua visita ao dentista, incluindo definitivamente a odontologia em sua rotina. Você ficará sabendo porque recebi o apelido de "encantadora de autistas", embora eles é que me encantam.

     Ganhadora em 2 categorias do VI Prêmio Orgulho Autista Brasil 2011.

    Acesse o link abaixo para adquirir um exemplar:


     Toda verba arrecadada será usada no atendimento odontológico de pacientes autistas  em SP, usando a técnica que desenvolvi e dessa maneira poderei atender mais dias voluntariamente e ajudar mais pessoas até que mais profissionais abracem a causa e a odontologia com amor chegue à todos os lugares e acessível para todos.
Adriana Gledys Zink

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Instituto Autismo & Vida - Porto Alegre - RS


     O Instituto Autismo & Vida – dando início ao Ciclo Permanente de Palestras e Debates sobre Autismo – promoverá evento de estréia com duas grandes personalidades na área do Autismo: Dra. Simone Pires e Claudia Marcelino.

     O evento está inserido na "I Semana de Valorização da Pessoa com Deficiência", promovido pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, no projeto intitulado Assembleia Inclusiva, que ocorre entre 20 e 28 de agosto de 2011.

     Confira, abaixo, as informações sobre o evento:

     Quando: Dias 20 e 21 de Agosto de 2011.

     Local: Assembleia Legislativa do RS, Teatro Dante Barone, Praça Marechal Deodoro, 101 - Porto Alegre/RS (palestras) e Espaço Gourmet Blue Ville, Av. Cristóvão Colombo, 3309, Porto Alegre/RS (aula prática).

     Público Alvo: Pais e familiares de pessoas com autismo, profissionais e estudantes da área da saúde, celíacos e demais interessados.

     Cronograma:
     Assembleia Legislativa do RS: Manhã de Sábado, dia 20/08, início às 9h (credenciamento a partir das 8h).
"Aplicação dos Tratamentos Biomédicos no Autismo"
Palestrante: Dra. Simone Pires

Simone Pires é mãe do Felipe e médica especializada no Protocolo DAN! (Derrote o Autismo Agora!). Formada pela Universidade de Taubaté, com pós-graduação em: Fisiologia médica (pela Faculdade de Medicina ABC); Anestesiologia pediátrica (pelo Insttituto Cesar Pernetta – Hospital Pequeno Principe); Tratamento da dor (pela Universidade São Paulo); Medicina Chinesa (pela UNIFESP- Escola Paulista de Medicina) e Medicina Ortomolecular (pela FAPES). Mestre pela UNIFESP.

Assembleia Legislativa do RS: Tarde de Sábado, dia 20/08, início às 14h (credenciamento a partir das 13h30min):

"Dietas no Tratamento do Autismo"
Palestrante: Claudia Marcelino
Claudia Marcelino é mãe do Maurício e autora do Livro "Autismo Esperança pela Nutrição". É moderadora dos Grupos Autismo Esperança, Autismo Tratamento, Diário de um Autista e Autismo é Tratável.

Espaço Gourmet Blue Ville (Av. Cristóvão Colombo, 3309): Tarde de Domingo, dia 21/08, a partir das 14h (credenciamento a partir das 13h30min):
"Aula Prática - Dietas no Tratamento do Autismo"
Valor do Investimento:
Aula Prática: R$ 25,00, sujeita à prévia inscrição pela internet (limitado a 70 lugares).
Inscrições: Envie email a autismoevida@yahoo.com e solicite informações.

VAGAS LIMITADAS
Realização: Instituto Autismo & Vida


Apoio: Assembleia Legislativa do RS

Patrocínio: ECOAPLUB



quinta-feira, 23 de junho de 2011

Sincronia fraca entre neurônios pode ser a causa do autismo, diz estudo

Diagnóstico pode passar a ser feito a partir de um ano de idade.
       Um estudo feito com mapeamento de imagens do cérebro identificou um novo marcador para identificar o autismo, que pode se tornar uma forma de diagnosticar a síndrome mais cedo. A descoberta mostrou que o cérebro das crianças com autismo tem menos ligações entre os dois hemisférios.
     Nos dois lados do cérebro, há áreas relacionadas à linguagem. A pesquisa associou a força da sincronização entre essas partes à capacidade de comunicação. Quanto mais fraca a ligação, maiores as dificuldades apresentadas pela criança.saiba mais
     Cientistas brasileiros consertam 'neurônio autista' em laboratório O autismo é uma desordem que evolui com o tempo. Hoje, o diagnóstico é baseado apenas em observação comportamental e só pode ser feito após os três anos. Caso estudos futuros confirmem a recente descoberta, o diagnóstico já poderá ser feito a partir de um ano, com exames de ressonância magnética do cérebro. Naturalmente, a detecção precoce auxiliaria o tratamento.
     “Num cérebro normal, neurônios de áreas separadas pertencentes a um sistema com uma função particular, como visão ou linguagem, ficam sempre em sincronia, mesmo durante o sono. Nosso estudo mostra que, na maioria dos bebês com autismo, essa sincronia é significativamente mais fraca nas áreas responsáveis pelas capacidades de linguagem e comunicação”, afirmou Ilan Dinstein, um dos autores da pesquisa.
      Dinstein é pesquisador do Instituto Weiszman, de Rehovot, Israel, e faz parte também de um grupo de estudos sobre autismo da Universidade da Califórnia, em San Diego, EUA. O artigo foi publicado pela revista médica “Neuron”

Do G1, em São Paulo




quarta-feira, 22 de junho de 2011

Educação Inclusiva ou Excluída?


     Desde quando ainda se falava que nossos filhos, autistas ou não eram “excepcionais”, enfaticamente nas décadas de 70 e 80, e de lá para cá passando por diversas nomenclaturas cheias de boas intenções, mas sem muita funcionalidade, até chegarmos ao final da primeira década deste milênio com eles ganhando a leitura gloriosa de “pessoa com deficiência”, de acordo com nova portaria do governo.
     Naquelas décadas com grande impulso, estava nascendo nos Estados Unidos e na Europa à educação inclusiva, começando também a entrar em discussões por aqui.
     Como em nosso país quase tudo se copia, e que em termos educacionais nossos modelos sempre tiveram sotaques estrangeiros, o novo conceito caiu por aqui como uma luva, até por existir oferta de estabelecimentos de educação especial, e como embrionariamente já se ensaiasse conviver com a educação regular, não poderíamos ser indiferentes deixando o bonde da moda estrangeira passar, sem embarcar.
     Atualmente nos colégios norte-americanos e europeus, todos os colégios de educação regular, oferecem apoio à educação inclusiva, aos alunos com necessidades especiais, sendo que na Espanha e na França, além dos professores especialistas, os alunos têm mais um, que é responsável pela sala de aula, denominado de tutor.
     Enquanto isso, por aqui, nós ficamos na esperança de que a propaganda enganosa vigente do sistema de educação nacional se torne realidade.
     Lá os métodos podem ser alterados, mas os objetivos do currículo não. Aqui, quando se fala em implantar educação inclusiva em qualquer estabelecimento de ensino regular, além da escola ser modificada em sua estrutura, a organização do currículo e a avaliação deve ficar de acordo com seus gestores, que se utilizando de desculpas esfarrapadas pensam que podem evitar atitudes discriminatórias, por desconhecerem que isso acontece por falta de educação, familiar.
     A criança com necessidades especiais, e por essa titulação nós pais somos responsáveis, porque temos o hábito de ver nossos filhos, autistas, como crianças e não como pessoas, mantendo-os eternamente púberes, quando é colocada junto com as outras normais, criam-se, ou não, atividades específicas para elas, enquanto que a educação inclusiva volta-se para todos os alunos, centrando-se mais em objetivos comuns e de currículo flexível, mesmo havendo divergências, pois é frequente entre seus defensores o encontro de quem queira a continuidade da segregação.
     Nada a ver uma coisa com a outra, mas os defensores do atraso, em face das políticas equivocadas, e o nosso sistema político partidário vigente está infestado deles, além de não saberem o que é ter filho deficiente, são informados que eles são crianças excluídas da educação por estatísticas, que eles mesmos criaram.
     Para eles o maior drama é transferir alunos com necessidades educativas especiais das escolas especializadas, e das classes especiais para as classes regulares, sem generalizar, é claro, porque não sabem destacar a diferença entre eles.
     Na Europa e nos Estados Unidos, a inclusão de crianças com dificuldades em salas de aulas regulares aumentou e nas instituições especializadas diminuiu, porque tanto na formação como na implantação, os professores atualizam seus currículos, para que estejam bem preparados no momento de atender a demanda, coisa que por aqui não pode acontecer porque preferem o comodismo ficando à margem da atualização.
     Mesmo que ficassem resolvidas essas questões, a educação inclusiva antes de prosperar ainda terá muita dificuldade, pois, em nosso sistema, a educação segregada é mais frequente porque é inconveniente trabalhar programas educativos integrados.
     As crianças normais quando ficam entre crianças deficientes com atrasos de intelectualidade, não são prejudicadas por esta integração, ou pela convivência com os estereótipos inapropriados delas, ou ainda pela redução no ritmo de desenvolvimento, não existindo registro de efeitos adversos, obtendo vantagens recíprocas quando aprendem em conjunto.
     Já existem pesquisas mostrando que alunos sem dificuldades de aprendizagem também têm vantagens no ensino inclusivo, porque o convívio deles com aquelas crianças aumenta a autoestima, amplia a competência social e faz com que se aprenda a respeitar as diferenças e os estigmas favorecendo sua maturidade.
     Na Constituição Federal há um artigo favorável à educação inclusiva, que não é obedecido, pois os nossos educadores, geralmente políticos de plantão, preferem posar de signatários da Declaração de Salamanca e protocolos internacionais para deficientes aparecendo nas propagandas humanitárias, onde vicejam mídias ficcionistas mostrando o crescimento do número de alunos em salas de aulas regulares, que não existem.
     Criança deficiente não se importa que os professores inventem modas ou percam tempo para explicar alguma coisa que ela demore a entender, porque assim têm chances de aprender mais e melhor, e ainda... Os alunos eficientes apreciam auxiliar o coleguinha com dificuldades porque entre eles quem fala é a pureza da alma.
     Os obstáculos para a aplicação da educação inclusiva são os mesmos, em qualquer idioma, mas nada pode ser pior do que aqueles que deixam de ser percebidos pela Psicologia Social, por atitudes alguns mandatários do meio educacional, contra as pessoas deficientes, autistas ou não, que dificultam sua implantação e desenvolvimento.
     Quem me dera que a educação inclusiva tivesse iniciado por aqui nos anos 70/80 a exemplo dos americanos e europeus, pois fico imaginando meu filho autista, que pouco depende de nós, mesmo não tendo aprendido a ler, saberia cortar sua barba e amarrar o cordão dos seus sapatos, em função da metodologia de convivência escolar com o próximo, e ser incluído como exemplo na história dos deficientes como mais um grão de areia na construção edifício de progresso da humanidade.
     Quando se fala em educação inclusiva, costumamos deixar passar despercebida a grandeza do conceito nela implícito, que foi criada para todas as “pessoas com deficiências”, mas que nos dias atuais está ensaiando uma saída honrosa para que o sistema educacional “encaixe”, nossos filhos, pelo menos para manter o seu direito de crescer e a viver com natural autonomia.
     De minha parte me vejo obrigado a repetir que nesta salada mista de leis, decretos, portarias, etc, os dirigentes da educação continuam dando mais valor ao condimento do que ao legume.
     Quem sabe nossos filhos deficientes, autistas ou não, em mais uma reação dos seus pais, dotados da Síndrome da Paciência, tenham direito a uma vaga na escola inclusiva, por uma questão de bom senso e respeito por seu semelhante, coisa que nossos legisladores insistem em demonstrar que não sabem o que é.
     Para Deus, pessoas deficientes são aquelas que estacionam no preconceito e na discriminação...

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista

COMISSÃO DIRETORA

PARECER Nº 521, DE 2011


Redação final do Projeto de Lei do Senado nº 168, de 2011.

A Comissão Diretora apresenta a redação final do Projeto de Lei do Senado nº 168, de 2011, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.

Sala de Reuniões da Comissão, em 15 de junho de 2011.
 ANEXO AO PARECER Nº 521, DE 2011.
Redação final do Projeto de Lei do Senado nº 168, de 2011.
Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua consecução.
§ 1º Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do espectro autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada por:

I – deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;
II – padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos.
§ 2º A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais.

Art. 2º São diretrizes da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista:

I – a intersetorialidade no desenvolvimento das ações e das políticas e no atendimento à pessoa com transtorno do espectro autista;
II – a participação da comunidade na formulação de políticas públicas voltadas para as pessoas com transtorno do espectro autista e o controle social da sua implantação, acompanhamento e avaliação;
III – a atenção integral às necessidades de saúde da pessoa com transtorno do espectro autista, objetivando o diagnóstico precoce, o atendimento multiprofissional e o acesso a medicamentos e nutrientes;
IV – a inclusão dos estudantes com transtorno do espectro autista nas classes comuns de ensino regular e a garantia de atendimento educacional especializado gratuito a esses educandos, quando apresentarem necessidades especiais e sempre que, em função de condições específicas, não for possível a sua inserção nas classes comuns de ensino regular, observado o disposto no Capítulo V (Da Educação Especial) do Título V da Lei n º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional;
V – o estímulo à inserção da pessoa com transtorno do espectro autista no mercado de trabalho, observadas as peculiaridades da deficiência e as disposições da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente);
VI – a responsabilidade do poder público quanto à informação pública relativa ao transtorno e suas implicações;
VII – o incentivo à formação e à capacitação de profissionais especializados no atendimento à pessoa com transtorno do espectro autista, bem como a pais e responsáveis;
VIII – o estímulo à pesquisa científica, com prioridade para estudos epidemiológicos tendentes a dimensionar a magnitude e as características do problema relativo ao transtorno do espectro autista no País.
Parágrafo único. Para cumprimento das diretrizes de que trata este artigo, o poder público poderá firmar contrato de direito público ou convênio com pessoas jurídicas de direito privado.

Art. 3º São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista:

I – a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da personalidade, a segurança e o lazer;
II – a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração;
III – o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades de saúde, incluindo:

a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo;
b) o atendimento multiprofissional;
c) a nutrição adequada e a terapia nutricional;
d) os medicamentos;
e) informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento;

IV – o acesso:
a) à educação e ao ensino profissionalizante;
b) à moradia, inclusive à residência protegida;
c) ao mercado de trabalho;
d) à previdência social e à assistência social.
Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2º, terá direito a acompanhante especializado.

Art. 4º A pessoa com transtorno do espectro autista não será submetida a tratamento desumano ou degradante, não será privada de sua liberdade ou do convívio familiar nem sofrerá discriminação por motivo da deficiência.
Parágrafo único. Nos casos de necessidade de internação médica em unidades especializadas, observar-se-á o que dispõe o art. 4º da Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001.

Art. 5º A pessoa com transtorno do espectro autista não será impedida de participar de planos privados de assistência à saúde em razão de sua condição de pessoa com deficiência, conforme dispõe o art. 14 da Lei n º 9.656, de 3 de junho de 1998.

Art. 6º O § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 98. .......................................................

......................................................................
§ 3º A concessão de horário especial de que trata o § 2º estende-se ao servidor que tenha sob sua responsabilidade e sob seus cuidados cônjuge, filho ou dependente com deficiência.

...........................................................” (NR)

Art. 7º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.