quarta-feira, 14 de março de 2012

2 de ABRIL - No Dia Mundial do Autismo, Brasil espera aprovação de lei pelos deputados

Todo 2 de abril comemora-se o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, data decretada pela ONU (Organização das Nações Unidas), desde 2008, pedindo mais atenção ao transtorno do espectro autista (nome "oficial" do autismo), cuja incidência em crianças é mais comum e maior do que a soma dos casos de AIDS, câncer e diabetes juntos. No Brasil estima-se que tenhamos 2 milhões de autistas, mais da metada ainda sem diagnóstico.
     O Brasil fez o maior evento de sua história para a data no ano passado (2011) em todos os Estados. E agora, em 2012, repete-se com ainda mais força, monumentos serão iluminados de azul na data, como o Cristo Redentor (no Rio de Janeiro), a Ponte Estaiada, o Viaduto do Chá, o Monumento à Bandeira, a Fiesp e a Assembleia Legislativa (em São Paulo), a torre da Unisa do Gasômetro (em Porto Alegre) e muitos outros locais. No mundo estarão iluminados também vários cartões-postais, como o Empire State Building (nos Estados Unidos), a CN Tower (no Canadá) entre outros — é o movimento mundial chamado "Light It Up Blue", iniciado pelos estadunidenses. O azul foi definido como a cor símbolo do autismo, porque a síndrome é mais comum nos meninos — na proporção de quatro meninos para cada menina. A ideia é iluminar pontos importantes do planeta na cor azul para chamar a atenção da sociedade, poder falar sobre autismo e levantar a discussão a respeito dessa complexa síndrome. O logo brasileiro do "Dia A", adaptado pelo publicitário Martim Fanucchi sobre a arte do logo oficial, assim como o cartaz e o vídeo da campanha estão disponíveis no site RevistaAutismo.com.br/DiaMundial, página oficial do evento no Brasil. Martim é editor de Arte da única revista a respeito dessa síndrome na América Latina, a Revista Autismo, uma publicação gratuita, sem fins lucrativos, feita por pais de autistas, que pode ser acessada íntegralmente no site citado, sem restrições
À espera dos deputados federais
     Muitos podem pensar que autismo é algo raro, porém, os números aceitos pela comunidade internacional são de um autista para cada 110, estatística do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão do governo dos Estados Unidos. Números alarmantes, que deveriam colocar o autismo entre as prioridades nas políticas de saúde pública.
     Em junho de 2011, o Senado aprovou um projeto de lei que garantirá direitos e atendimento aos autistas do Brasil — que atualmente não contam com tratamento pela rede pública de saúde. Para ir à sanção da presidente Dilma e virar lei, o projeto precisa ainda ser aprovado pela Câmara Federal, mas está parado sem entrar na pauta dos deputados há mais de oito meses. Muitos pais perguntam: "Até quando?" — o andamento do projeto pode ser acompanhado online em http://LeiFederal.RevistaAutismo.com.br com informações do site da Câmara. O autismo não é considerado uma deficiência física nem mental, portanto não se encaixa na maioria dos direitos já conquistados pelas pessoas com deficiências no país. No início deste ano, no Rio de Janeiro (RJ) e em Belo Horizonte (MG) pais se mobilizaram para derrubar vetos do Executivo a leis que beneficiam os autistas.
     Outro episódio de destaque em 2011, foi o lançamento no Brasil do primeiro videoclipe a respeito de autismo, com a música "Até o Fim", da cantora Fantine Thó (ex-integrante do grupo Rouge), dirigido pelo cineasta Marco Rodrigues — o clipe pode ser visto online no Youtube e na MTV Brasil.
Vários níveis no espectro
     Um dos únicos consensos entre a comunidade médica em todo o mundo é de que quanto antes o diagnóstico for feito e o tratamento iniciado, melhor será a qualidade de vida da pessoa com autismo. A fim de auxiliar a descoberta precoce e para que a sociedade comece a conhecer os sutis sinais do autismo em bebês e crianças cada vez mais cedo, a editora M.Books está lançando o livro "Autismo — Não espere, aja logo!" (132 páginas, R$ 39), sem linguagem técnica, de leigo para leigo, do jornalista Paiva Junior, pai de um garoto que está no espectro do autismo e editor-chefe da Revista Autismo. O livro, que tem prefácio do neuropediatra José Salomão Schwartzman e contra-capa com texto do neurocientista Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia (EUA), poderá ser encontrado no site do autor (PaivaJunior.com.br) a partir de abril, o mês do autismo.
      Para muitos, o autismo remete à imagem dos casos mais graves, porém há vários níveis dentro do espectro autista. Nos limites dessa variação, há desde casos com sérios comprometimentos do cérebro, até raros casos com diversas habilidades mentais, como a Síndrome de Asperger (um tipo leve de autismo) – atribuída inclusive aos gênios Leonardo Da Vinci, Michelângelo, Mozart e Einstein. Mas é preciso desfazer o mito de que todo autista tem “superpoderes”. Os casos de genialidade são raríssimos.
     A medicina e a ciência, de um modo geral, sabem muito pouco sobre o autismo, descrito pela primeira vez em 1943 e somente 1993 incluído na Classificação Internacional de Doenças (CID 10) da Organização Mundial de Saúde como um Transtorno do Desenvolvimento, que afeta a comunicação, a socialização e o comportamento.
     Outro mito é o de que o autista vive em seu próprio mundo. Não. Ele vive em nosso mundo. Muitos autistas, porém, têm dificuldade em interagir e se comunicar, por isso não estabelecem uma conversa, ou mantêm uma brincadeira, e tendem a isolar-se — não porque querem, mas por não conseguirem. Ao pensar que o autista não tem um mundo próprio, teremos mais chances de incluí-lo em "nosso mundo" com o respeito que merecem, pois preconceito se combate com informação. Para contribuir, procure saber mais sobre o autismo e ajude a divulgar o 2 de abril.

Fonte:






    

terça-feira, 13 de março de 2012

Especialistas contestam afastamento de aluno autista

     O afastamento do aluno Lucas Cotichini Marques, 17 anos, que tem deficiência mental moderada e autismo, de uma escola de educação especial localizada em São Bernardo, há uma semana, mostra o despreparo por parte das instituições de ensino em relação à inclusão. Essa é a avaliação de especialistas a respeito do caso. Com problemas comportamentais e quadro agressivo, o morador de Santo André foi encaminhado para avaliação médica e impedido de continuar a frequentar a unidade de ensino na última semana.
     O garoto estudava na escola privada Gapi, especializada em ensino especial Infantil e Fundamental, localizada no Jardim do Mar, há três anos, por meio de bolsa paga pela Secretaria Estadual de Educação. Segundo a mãe, a dona de casa Sandra Regina Cotichini, 49, o filho foi impedido de continuar os estudos por puro preconceito. "A diretora disse em bom som que não queria mais meu filho na escola dela porque ele é grande, gordo e oferece risco aos demais alunos", destaca.
     São diversas as leis que asseguram os direitos de pessoas com necessidades especiais na sala de aula. Vale destacar o decreto 3.956, de 2001, que reafirma o direito de todas as pessoas com deficiência a uma educação inclusiva. "A inclusão está aí, mas nem todos os profissionais e escolas estão preparados", destaca a presidente da Abra (Associação Brasileira de Autismo), Marisa Furia Silva.
     A direção da escola Gapi não quis se pronunciar. Já a Secretaria Estadual de Educação esclareceu que o aluno foi afastado temporariamente das atividades escolares para que passe por avaliação médica e tratamento psiquiátrico. A mãe, no entanto, contesta a justificativa ao dizer que Lucas faz acompanhamento médico desde criança. "Ele toma remédio todos os dias e passa com o médicos direitinho", observa Sandra.
     A secretaria estadual afirma ainda que, conforme informado aos responsáveis pelo estudante, o afastamento foi necessário para resguardar a integridade dos demais alunos e integrantes da instituição, uma vez que o adolescente tem comportamento agressivo. Nos próximos dias, o adolescente será encaminhado para avaliação junto à Secretaria de Estado da Saúde e, posteriormente, após a devida reavaliação médica, deve receber novamente atendimento educacional.

Escola não cumpriu seu papel, diz psicóloga

     Por tratar-se de escola focada no ensino especial, a estranheza sobre a atitude tomada pela instituição de ensino é ainda maior, revela a psicóloga especializada em distúrbios do desenvolvimento Sabrina Ribeiro. "A escola não está fazendo a inclusão, que é o trabalho dela", argumenta.
     Segundo a profissional, que atua no atendimento a pessoas com autismo desde 1995, há diversas formas de trabalhar a agressividade do aluno. "O manejo do professor é muito importante, tanto que a medicação responde por 10% do tratamento; os outros 90% dizem respeito a atividades comportamentais", considera.
     Na visão da presidente da Abra, Maria Furia Silva, a batalha por políticas públicas e atendimento de qualidade para pessoas com autismo tem avançado, mas não da forma considerada ideal. "A saída para os pais que precisam de ajuda tem sido as associações."

AUTISMO

     Denominado transtorno do espectro do autismo, essa alteração cerebral compromete o desenvolvimento psiconeurológico e afeta a capacidade da pessoa em se comunicar, compreender e falar, assim como o convívio social. A doença pode se manifestar de forma leve, moderada ou severa.
     Segundo Sabrina, o autismo traz prejuízo em três áreas: comunicação, comportamental e social. "Geralmente as pessoas com autismo têm dificuldade em contar algo ou entender", explica a especialista. Há ainda alterações no comportamento, como manias ou interesses restritos e dificuldade em se relacionar com outras pessoas.

Reportagem
Natália Fernandes
Fonte: Diário do Grande ABC









quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Derrubado o veto do governador Sergio Cabral

     O veto do governador Sérgio Cabral ao Projeto de Lei nº 689/11, negando a “apenas” 185.000 autistas do Rio de Janeiro, o direito a um tratamento digno, foi derrubado por 57 dos 37 votos necessários. 
     A lição principal deste acontecimento, é que os pais de autistas, exaltando-se a iniciativa do Ulisses da Costa Batista, o Vivências Autísticas parabeniza a todos que acreditaram, choraram, mas, acima de tudo batalharam em defesa dos autistas. Temos aí mais um exemplo para JAMAIS DESISTIR com o objetivo simples de tentar fazer com que nossos filhos sofram menos de discriminação e preconceito.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

REGISTRO: Após polêmica com autistas, "Comédia MTV" vai ser ao vivo


  Alvo de polêmicas por conta de um quadro que ridicularizava portadores de autismo, o "Comédia MTV" terá edições ao vivo neste ano. Um programa-teste será gravado na semana que vem. Marcelo Adnet, Dani Calabresa e Tatá Werneck, entre outros vão participar.

Em 2011, a MTV foi condenada a pagar indenização de R$ 40 mil a pais ofendidos por causa do quadro "Casa dos Autistas", uma paródia do reality "Casa dos Artistas" (SBT), feita com atores simulando autismo. Neste ano, a MTV já demitiu 34 funcionários. O canal diz que está terceirizando sua equipe, mas que manterá o núcleo de criação.







P A R T I C I P E





25/02/2012 - 01h20

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Vacinem seus filhos! Mais um estudo confirma que vacina não causa autismo


Segundo um novo estudo, mercúrio não causa autismo. Essa é mais uma de muitas pesquisas que concluem que os níveis de mercúrio na urina de crianças com autismo não é superior aos níveis de mercúrio na urina de crianças sem a doença.
A ideia desacreditada que uma forma do mercúrio, chamada etilmercúrio, por vezes utilizada em vacinas, pode levar ao autismo levou à redução das taxas de vacinas e aumentos nos casos de doenças evitáveis no mundo, tais como sarampo e papeira.
Mas, mesmo quando o mercúrio deixou de existir nas vacinas de alguns países a partir de 2001, as taxas de autismo continuaram a aumentar.
Os pesquisadores coletaram amostras de urina de 54 crianças com transtornos do espectro do autismo, e compararam com outros três grupos: 115 crianças da população em geral, 28 crianças que frequentavam escolas especiais (principalmente por causa de dificuldades de aprendizagem), e 42 crianças que não tinham autismo, mas tinham um irmão com a condição.
Não houve diferenças, entre qualquer um dos grupos, na concentração de mercúrio encontrada na urina. Os pesquisadores também observaram que os testes de outros metais pesados, tais como o lítio, manganês, cádmio e chumbo, também foram os mesmos em todos os grupos.
Estudos anteriores demonstraram que o etilmercúrio, por vezes utilizados em vacinas, não pode atravessar a barreira sangue-cérebro.
Já uma forma de mercúrio que tem sido associada a problemas do sistema nervoso, chamado metilmercúrio, pode entrar no cérebro a partir do sangue.
Estudos anteriores que analisaram os níveis de mercúrio na urina em crianças com autismo tiveram resultados contraditórios, mas eles envolveram testes de urina de crianças que receberam tratamentos de quelação, o que reduz o nível de mercúrio e outros metais no sangue.
Tratamentos de quelação, que são às vezes impostos a crianças com base na ideia de que podem tratar o autismo ou melhorar os seus sintomas, podem representar riscos para a saúde das crianças.

Reportagem:
Natasha Romanzoti
Foto:
My Health News Daily 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Diferenças cerebrais em crianças autistas manifestam-se com seis meses




Problemas neurológicos acontecem durante desenvolvimento longo e progressivo durante a infância
Problemas neurológicos acontecem durante desenvolvimento longo e progressivo durante a infância
O cérebro dos autistas difere de quem não sofre de nenhum problema de desenvolvimento neurológico. Já vários trabalhos usando Imagem Funcional Cerebral revelaram que essas diferenças implicavam dificuldades de comunicação e sociais dos autistas. Um estudo, recentemente publicado no «American Journal of Psychiatry», apresenta essas alterações como fruto de um desenvolvimento longo e progressivo durante a infância.
A equipe de investigação da Universidade da Carolina do Norte comparou o desenvolvimento cerebral de crianças de seis, 12 e 24 meses. Todos estes bebés tinham um irmão mais velho a quem fora diagnosticado autismo – um terreno genético que os coloca numa categoria de “alto risco” de vir a sofrer de transtorno do espectro autista (TEA).
Com dois anos, 28 destas crianças mostraram sintomas e a técnica de imagem usada apresentou diferenças no desenvolvimento da matéria branca em relação aos seis meses de idade. Esta matéria rica em ramificações nervosas, envolve de forma protetora a mielina – importante no transporte de sinais nervosos e informação entre diferentes partes do cérebro.
Reconstituindo em 3D a matéria branca, a equipe norte-americana observou que um desenvolvimento mais lento entre essas ramificações, em crianças, dos seis aos 24 meses, diagnosticadas com autismo. O estudo mostra que as diferenças de desenvolvimento no cérebro de crianças com este tipo de problema ocorrem muito cedo.
Fonte:

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Crianças podem ser infectadas por variações do vírus usado na vacina


Pesquisadores brasileiros criaram uma técnica para 
identificar se uma criança está infectada pelo rotavírus selvagem,
presente na natureza,
ou por uma derivação do vírus usado nas vacinas.

  
Contra-ataque dos vírus

O combate ao rotavírus no Brasil conta com um aliado importante: a vacinação gratuita, incluída no calendário nacional de imunizações.
A vacinação, no entanto, coloca um desafio para os cientistas.
O rotavírus tipo A - o maior responsável por casos de gastroenterite infantil aguda em todo o mundo - pode apresentar uma série de pequenas variações genéticas, compondo um conjunto de diferentes genótipos.
Por isso, eventualmente uma criança vacinada poderá ser infectada por uma variante do próprio vírus usado na vacina.

Infecção pelo vírus da vacina


Para que o tratamento seja adequado, é crucial identificar quando uma criança está infectada pelo próprio vírus da vacina, o genótipo G1P, que é utilizado na produção da vacina Rotarix™, adotada no Brasil.
Como, então, diferenciar se a amostra clínica de uma criança infectada contém vírus vacinal ou selvagem?
Cientistas do Instituto Oswaldo Cruz compararam as diversas técnicas disponíveis e acharam a solução.
O resultado é um método inovador, eficaz, altamente específico e que pode ser executado em apenas 24 horas.
A rapidez do diagnóstico é indispensável na investigação de casos de crianças vacinadas que foram novamente infectadas pelo rotavírus A.

Rotavírus


A vacinação é a estratégia de controle mais eficaz contra o rotavírus, por reduzir a forma grave da doença.
Para gerar imunidade, contudo, a vacina inclui em sua formulação partículas virais atenuadas.
Os rotavírus A estão associados às gastroenterites agudas e são responsáveis pela morte de aproximadamente 511 mil crianças menores de 5 anos todos os anos, sobretudo nos países em desenvolvimento.
Transmitidos principalmente por via oro-fecal, por água, alimentos e superfícies contaminadas e pelo contato direto com pessoas infectadas, provocam um quadro de diarreia, vômito e febre branda nos pacientes.

Eficácia da vacina


"A técnica que utilizamos é mais rápida e sensível para distinguir entre o gene NSP3 da vacina Rotarix™ e o da amostra selvagem do rotavírus A. Com o nosso método, em apenas 24 horas é possível saber se a amostra é vacinal ou selvagem", ressalta Tatiana Rose, da Fiocruz.
De acordo com os pesquisadores, o trabalho terá efeitos importantes na saúde pública, especialmente no Brasil, na América Latina e nos países que adotaram a mesma vacina, pois o monitoramento dos genótipos circulantes do rotavírus A e a diferenciação entre amostras são cruciais.
"Teremos, assim, a possibilidade de avaliar o impacto do esquema vacinal na prevalência dos genótipos mais comuns, no surgimento de genótipos que 'escapam' da imunização e, ainda, no estudo da evolução dos rotavírus A", justifica José Paulo Leite, membro da equipe da Fiocruz.

Imagem: Fiocruz
13.02.2012

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Somos todos autistas, a gradação está nos rótulos


Quando me recuso a ter um autista em minha classe, em minha escola, alegando não estar preparado para isso, estou sendo resistente à mudança de rotina.
Quando digo a meu aluno que responda a minha pergunta como quero e no tempo que determino, estou sendo agressivo.
Quando espero que outra pessoa de minha equipe de trabalho faça uma tarefa que pode ser feita por mim, estou a usando como ferramenta.
Quando, numa conversa, me desligo, "viajo", estou olhando em foco desviante, estou tendo audição seletiva.
Quando preciso desenvolver qualquer atividade da qual não sei exatamente o que esperam ou como fazer, posso me mostrar inquieto ansioso e até hiperativo.
Quando fico sacudindo meu pé, enrolando meu cabelo com o dedo, mordendo a caneta ou coisa parecida, estou tendo movimentos estereotipados.
Quando me recuso a participar de eventos, a dividir minhas experiências, a compartilhar conhecimentos, estou tendo atitudes isoladas e distantes.
Quando nos momentos de raiva e frustração, soco o travesseiro, jogo objetos na parede ou quebro meus bibelôs, estou sendo agressivo e destrutivo.
Quando atravesso a rua fora da faixa de pedestres, me excedo em comidas e bebidas, corro atrás de ladrões, estou demonstrando não ter medo de perigos reais.
Quando evito abraçar conhecidos, apertar a mão de desconhecidos, acariciar pessoas queridas, estou tendo comportamento indiferente.
Quando dirijo com os vidros fechados e canto alto, exibo meus tiques nervosos, rio ao ver alguém cair, estou tendo risos e movimentos não apropriados.
Somos todos autistas. Uns mais, outros menos. O que difere é que em uns (os não rotulados), sobram malícia, jogo de cintura, hipocrisias e em outros (os rotulados) sobram autenticidade, ingenuidade e vontade de permanecer assim.

Fonte: Rede Saci
Autora: Scheilla Abbud Vieira

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Prefeitura de São Paulo inicia Serviço Público de Equoterapia


A Prefeitura de São Paulo assinou um convênio com o Centro Social Nossa Senhora da Penha (Cenha) para a realização de equoterapia na rede municipal. Serão 60 vagas oferecidas gratuitamente a pessoas com deficiência encaminhadas pela Secretaria Municipal da Saúde.
O prefeito de São Paulo esteve no Centro Social Nossa Senhora da Penha (Cenha), na Zona Leste da capital, para assinar convênio das secretarias  municipais da Saúde (SMS) e da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (SMPED) com a entidade para a realização de equoterapia na rede municipal. São 60 vagas oferecidas gratuitamente a pessoas com deficiência encaminhadas pela SMS.
 "Esse novo serviço é uma ampliação do atendimento prestado a essa comunidade de jovens e crianças com algum tipo de limitação e que precisam desta assistência. A Prefeitura admira todo o trabalho feito pelo CENHA e sempre esteve ao lado do centro, com a assinatura de convênios para que possamos atender cada vez mais o maior número de pessoas", afirmou o prefeito.
 No convênio firmado entre a entidade e as secretarias fica estabelecido que os encaminhamentos e o custeio dos atendimentos serão atribuídos à SMS. Inicialmente serão oferecidas 60 vagas para o tratamento a pacientes de Núcleos Integrados de Reabilitação (NIR) de três coordenadorias de saúde da cidade: Sudeste, Leste e Norte. A previsão é que o serviço seja ampliado para outras regiões da cidade.
 Na modalidade de equoterapia serão 12 atendimentos diários, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, 60 atendimentos semanais e 240 mensais. Esse método terapêutico é considerado uma das formas mais eficazes para reabilitação de pacientes com problemas motores - distrofias, esclerose múltipla, sequelas de paralisia cerebral, AVC, entre outros - a equoterapia também traz bons resultados no aumento da autoestima, autoconfiança, qualidade de vida e sociabilização das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.
 "Após o início do tratamento percebi avanços significativos, principalmente na coordenação motora do Luiz Gustavo, que com a equoterapia ganhou mais equilíbrio, força muscular e raciocínio. Todo esse conjunto faz com que ele sinta bem melhor em todas as suas atividades", declarou Fernanda Pestana, mãe de Luiz Gustavo, que pratica a equoterapia há quatro meses.
 Até hoje, todo paciente que necessitava desse recurso terapêutico tinha de recorrer obrigatoriamente a serviços privados. Gradualmente, o serviço será ampliado para outros pontos da cidade.
 "Hoje também inauguramos um prédio ao lado e um terreno de 2 mil m² doado pela Prefeitura no ano passado. A equoterapia vai possibilitar o atendimento  a 60 crianças carentes, sem custo para elas", ressaltou Abdo Antônio Hadade, presidente do Cenha.
Em outubro de 2011, a Prefeitura publicou um decreto autorizando a concessão de um terreno ao lado para a entidade. O local vai abrigar o projeto de ampliação da área de equoterapia.
O Cenha é uma entidade social de caráter filantrópico fundada em 1965, situada na rua Francisco Bueno, 384, Tatuapé, Zona Leste, que tem por objetivo o atendimento de crianças especiais carentes. Possui uma clínica que faz em média 2.000 atendimentos por mês e uma escola com 180 alunos especiais carentes.
 A entidade educacional foi declarada de Utilidade Pública Municipal: Decreto nº 9027 de 01.10.70, Utilidade Pública Estadual: Diário Oficial de 09.12.71 e de Utilidade Pública Federal: Decreto nº 90935 de 12.02.85. No local são realizados trabalhos nas seguintes áreas: Serviço Social, Psicologia, Pedagogia, Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia, contando com técnicos habilitados e comprometidos com esta problemática.
 Para o desenvolvimento dos programas que realiza, o Cenha conta com algumas parcerias e convênios em instância Estadual: Hospital do Serviço Público Estadual (CEAME e METRUS) e em instância Municipal com a Secretaria Municipal de Educação (SME) e Secretaria de Assistência Social (SMADS).
Após lançar o serviço público de equoterapia, o prefeito participou da cerimônia de posse da presidência do Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo para o biênio 2012/2013. A cerimônia foi realizada no anfiteatro do tribunal à rua Dr. Vila Nova, na Vila Buarque, e contou com a presença de representantes do poder público.  Foram empossados o juiz Orlando Eduardo Geraldi, como presidente, como vice-presidente, o juiz Evanir Ferreira Castilho, e o juiz Paulo Adib Casseb assume a função de corregedor geral

Fonte: 
http://www.onoticiado.com.br/index.php/outras-noticias/noticas-em-destaque-87564/12481-sao-paulo-prefeitura-inicia-servico-publico-de-equoterapia-para-pessoas-com-deficiencia.html

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Avanços na pesquisa da genética do autismo


      Pesquisadores do Centro de Estudos do Genoma Humano (CEGH) deram importantes passos para desvendar o mecanismo genético do transtorno do espectro autista – como é classificado atualmente o autismo.
Eles identificaram mais um dos diversos genes relacionados ao distúrbio comportamental, além de uma desordem genética que pode dar pistas para explicar a dificuldade que os autistas têm em interagir socialmente. Ligado ao Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), o CEGH é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP.
Os resultados da pesquisa foram apresentados na Escola São Paulo de Ciência Avançada: Avanços na Pesquisa e no Tratamento do Comportamento Autista, realizada no início de janeiro na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
O evento, realizado no âmbito da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), modalidade de apoio da FAPESP, foi organizado pelo professor Celso Goyos, do Departamento de Psicologia da UFSCar, em parceria com Caio Miguel, da Universidade do Estado da Califórnia, e Thomas Higbee, da Universidade do Estado de Utah, nos Estados Unidos.
Ao estudar, nos últimos três anos, os cromossomos de cerca de 200 pacientes com autismo atendidos no CEGH, os pesquisadores brasileiros identificaram em três deles uma alteração cromossômica do tipo translocação equilibrada, isto é, a troca entre segmentos cromossômicos sem aparente perda do material genético.
Em um dos três pacientes, observou-se que essa translocação genética provocou o rompimento de um gene, chamado TRPC-6, que atua em um canal de cálcio no cérebro, controlando o funcionamento dos neurônios, em particular, das sinapses neuronais – a comunicação entre os neurônios.
“Imaginamos que, por causa desse desequilíbrio no rearranjo cromossômico dos pacientes com autismo, ele tenha uma menor quantidade dessa proteína TRPC-6, o que faz com que menos cálcio vá para os neurônios”, disse Maria Rita dos Santos e Passos-Bueno, pesquisadora do Centro de Estudos de Genoma Humano da USP, à Agência FAPESP.
“O resultado final dessa alteração genética é um neurônio menos ramificado, que realiza menos sinapses [comunicação entre neurônios]”, explicou.
De acordo com a cientista, essa translocação genética, em que metade do gene TRPC-6, localizado no cromossomo 11, migrou para o 3, aniquilando sua função, é muita rara e dificilmente é encontrada em outros pacientes com autismo.

Porém, a via de sinalização celular comprometida pela mutação de um gene relacionado ao autismo, como a observada no paciente atendido, pode ser comum a outras pessoas afetadas pelo distúrbio neurológico. “Em outros pacientes com autismo, a mutação pode estar em outro gene desta mesma via de sinalização celular”, indicou.

Tratamento personalizado

Segundo Passos-Bueno, alguns dos principais avanços no estudo do autismo nos últimos quatro anos foi a constatação de que o distúrbio neurológico está relacionado a mutações específicas em um ou dois genes, que variam de um paciente para ou outro.
Os desafios para os próximos anos serão estudar as vias de sinalização celular envolvidas pelos genes relacionados ao autismo para que se possa tentar desenvolver alternativas de tratamento.
“Precisamos investigar se os genes relacionados ao autismo de cada paciente estão envolvidos com uma ou mais vias de sinalização celular. Se estiverem envolvidos com várias vias de sinalização, será preciso desenvolver quase que uma droga por paciente. Será um tratamento personalizado”, disse.
Outro desafio a ser superado será entender o funcionamento dos genes possivelmente relacionados ao autismo identificados por seu grupo no Centro de Estudos do Genoma Humano para testar o quão semelhantes são entre eles.
Para isso, o grupo utiliza a tecnologia de iPS, que possibilita que células-tronco da polpa de dente de pacientes autistas sejam induzidas a se tornarem pluripotentes, derivando-se em células de todos os tipos, como neurônios.
Por meio de uma colaboração iniciada na pesquisa sobre o gene TRPC-6 com o brasileiro Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia em San Diego, o grupo de pesquisa passou a dominar a técnica e a implantou no CEGH para dar continuidade ao projeto.
Os pesquisadores do centro também pretendem utilizar outros modelos mais simples para estudar o funcionamento dos genes relacionados ao autismo, como em drosófilas e peixe-zebra (Danio renio), antes de partir para modelos mais complexos, como camundongos ou a própria iPS.
“A vantagem desses modelos mais simples é a possibilidade de testar combinações de vários genes e realizar mais de uma mutação para analisar sua relação com o funcionamento neuronal a um custo relativamente mais baixo do que a iPS e o modelos utilizados”, disse Passos-Bueno.
    Por Elton Alisson
da Agência Fapesp



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Novos critérios para diagnóstico de autismo



O objetivo da revisão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (sigla DSM, em inglês) é facilitar a identificação de crianças com o transtorno
  A Academia Americana de Psiquiatria (AAP) deve lançar, em maio de 2013, uma nova edição do manual para diagnóstico de autismo. Ele se chama DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em português), é usado também no Brasil, e segue para a quinta versão. A proposta, que ainda está em estudo, tem como objetivo fazer com que quatro subtipos de autismo – que tinham até então diagnósticos separados – façam parte de uma única categoria. Assim sendo, os subtipos transtorno autista, síndrome de Asperger, transtorno global do desenvolvimento e transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação seriam todos diagnosticados como: o transtorno do espectro autista.
De acordo com James Scully, diretor médico da AAP, os novos critérios vão ajudar médicos e terapeutas a diagnosticar com mais precisão as crianças que sofrem do transtorno. Apesar disso, críticas não faltam para o DSM-5, em especial por parte de alguns pais americanos. Em reportagens recentes publicadas pela imprensa americana, as famílias acreditam que, ao mudar a forma de identificar o autismo, muitas crianças hoje que recebem tratamento poderiam perder o diagnóstico do transtorno – fazendo com que elas deixassem de receber ajuda do governo.
Para Antonio Carlos de Farias, pesquisador e neurologista infantil do Hospital Pequeno Príncipe (PR), a atualização do manual vai fazer com que o diagnóstico fique mais fácil. “A tendência é a sensibilidade do diagnóstico aumentar. Hoje, há um critério para cada subtipo. Isso faz com que algumas vezes não possamos classificar uma criança porque ela não preenche a todos os critérios daquele subtipo”, afirma. Por outro lado, reforça o especialista, a mudança também pode gerar confusão, em especial entre os pais, por haver crianças tão diferentes dentro do mesmo diagnóstico.
Para entender melhor, podemos imaginar o transtorno do espectro autista como um grande guarda-chuva. Embaixo dele estariam tanto crianças com grau mais severo, que não falam, têm retardo mental, quanto com grau mais leve, como os Asperger, que falam, são inteligentes, mas têm outras dificuldades.
No Brasil, a notícia já circula, com receio, entre pais de filhos com autismo. Sempre por dentro das últimas notícias sobre o assunto, Milena Elaine Carneiro Silva, 30, que tem uma filha autista, a Yasmin, de 6 anos, ainda tem muitas dúvidas sobre o efeito que as alterações no manual podem trazer. “Tive sorte de minha filha ser diagnosticada cedo (aos 2 anos e meio), mas conheço uma criança de 9 anos que ainda está apenas na suspeita de autismo. Acho que pode ajudar para esses casos. Por outro, vai generalizar demais. Virou moda ser autista. Não vejo vantagem”, afirma.
Neurocientista brasileiro que, no fim de 2010, conseguiu reverter um neurônio autista em normal – e hoje busca um medicamento que possa ser usado em humanos -, Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia, faz ressalvas ao novo manual. “Acho que não ajuda em muita coisa. O diagnóstico continuará sendo subjetivo, comportamental, com variações enormes entre as opiniões dos clínicos. O maior problema será eliminar do espectro crianças com um quadro suave e que se beneficiariam de um tratamento imediato”, afirma. Já Antonio Carlos acredita que poucas crianças que hoje são incorporadas como autista podem não fazer parte do espectro.
Falar em autismo sempre gera muita polêmica e no fundo o que os pais das crianças com o transtorno querem, independente de qualquer nova nomenclatura, é ter suporte para ajudar os filhos a ter um vida mais digna. “A ajuda no governo não é nada”, diz Milena. Essa, sim, parece ser uma busca que ainda tem um longo caminho pela frente.
Ana Paula Pontes

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Diagnóstico do Autismo


No Brasil, o diagnóstico do autismo oficial é organizado pelo CID-10, código internacional de doenças, décima edição. No entanto, é importante saber que o diagnóstico do Autismo e de outros quadros do espectro são obtidos através de observação clínica e pela história referida pelos pais ou responsáveis. Assim, não existem marcadores biológicos que definam o quadro. Alguns exames laboratoriais podem permitir a compreensão de fatores associados a ele, mas ainda assim o diagnóstico do autismo é clínico.
Além da CID-10, outros manuais procuraram organizar o entendimento das doenças. Entre eles, tem sido bastante utilizado o Manual de Classificação de Doenças Mentais da Associação Americana de Psiquiatria, o DSM, que está na 4a edição. O DSM-IV é relativamente parecido com o CID-10.  Sua nova edição, porém, o DSM-V, que está sendo preparada para ser lançada em 2013, prevê muitas modificações na organização do diagnóstico do autismo. A principal será a eliminação das categorias Autismo, síndrome de Asperger, Transtorno Desintegrativo Transtorno Global do Desenvolvimento SemEspecificação.  
Existirá apenas uma denominação: Transtornos do Espectro Autista.
Essa decisão baseia-se principalmente no conhecimento acumulado.  Por meio dele sabemos que é relativamente fácil reconhecer que uma pessoa pertence ao grupo de transtorno global. Nem sempre, porém, é possível determinar se o quadro é compatível com autismo, Asperger, etc.
A seguir apresentamos a proposta atual para o DSM-V e as justificativas dos seus proponentes, cuja versão original pode ser acessada em:
DSM-V: Transtorno do Espectro do Autismo
Deve preencher os critérios 1, 2 e 3 abaixo:
1. Déficits clinicamente significativos e persistentes na comunicação social e nas interações sociais, manifestadas de todas as maneiras seguintes:
a. Déficits expressivos na comunicação não verbal e verbal usadas para interação social;
b. Falta de reciprocidade social;
c. Incapacidade para desenvolver e manter relacionamentos de amizade apropriados para o estágio de desenvolvimento.
2. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos duas das maneiras abaixo:
a. Comportamentos motores ou verbais estereotipados, ou comportamentos sensoriais incomuns;
b. Excessiva adesão/aderência a rotinas e padrões ritualizados de comportamento;
c. Interesses restritos, fixos e intensos.
3. Os sintomas devem estar presentes no início da infância, mas podem não se manifestar completamente até que as demandas sociais excedam o limite de suas capacidades.
Justificativas:
A. Novo nome para a categoria, Transtorno do Espectro do Autismo, que inclui transtorno autístico (autismo), transtorno de Asperger, transtorno desintegrativo da infância, e transtorno global ou invasivo do desenvolvimento sem outra especificação.
A diferenciação entre Transtorno do Espectro do Autismo, desenvolvimento típico/normal e de outros transtornos “fora do espectro” é feita com segurança e com validade. No entanto, as distinções entre os transtornos têm se mostrado inconsistentes com o passar do tempo. Variáveis dependentes do ambiente, e frequentemente associadas à gravidade, nível de linguagem ou inteligência, parecem contribuir mais do que as características do transtorno.
Como o autismo é definido por um conjunto comum de sintomas, estamos admitindo que ele seja mais bem representado por uma única categoria diagnóstica, adaptável conforme apresentação clínica individual, que permite incluir especificidades clínicas como, por exemplo, transtornos genéticos conhecidos, epilepsia, deficiência intelectual e outros. Um transtorno na forma de espectro único reflete melhor o estágio de conhecimento sobre a patologia e sua apresentação clínica.  Previamente, os critérios eram equivalentes a tentar “separar joio do trigo”.
B. Três domínios se tornam dois:
1) Deficiências sociais e de comunicação;
2) Interesses restritos, fixos e intensos e comportamentos repetitivos.
Déficits na comunicação e comportamentos sociais são inseparáveis, e avaliados mais acuradamente quando observados como um único conjunto de sintomas com especificidades contextuais e ambientais.
Atrasos de linguagem não são características exclusivas dos transtornos do espectro do autismo e nem universais dentro dele. Podem ser definidos, mais apropriadamente, como fatores que influenciam nos sintomas clínicos de TEA, e não como critérios do diagnóstico do autismo para esses transtornos.
Exigir que ambos os critérios sejam completamente preenchidos, melhora a especificidade diagnóstico do autismo sem prejudicar sua sensibilidade.
Fornecer exemplos a serem incluídos em subdomínios, para uma série de idades cronológicas e níveis de linguagem, aumenta a sensibilidade ao longo dos níveis de gravidade, de leve ao mais grave, e ao mesmo tempo mantém a especificidade que temos quando usamos apenas dois domínios.
A decisão foi baseada em revisão de literatura, consultas a especialistas e discussões de grupos de trabalho. Foi confirmada pelos resultados de análises secundárias dos dados feitas pelo CPEA e pelo STAART, Universidade de Michigan, e pelas bases de dados da Simons Simplex Collection.
Muitos critérios sociais e de comunicação foram unidos e simplificados para esclarecer os requerimentos do diagnóstico do autismo.
No DSM IV, critérios múltiplos avaliam o mesmo sintoma e por isso trazem peso excessivo ao ato de diagnosticar.
Unir os domínios social e de comunicação, requer uma nova abordagem dos critérios.
Foram conduzidas análises sobre os sintomas sociais e de comunicação para estabelecer os conjuntos mais sensíveis e específicos de sintomas, bem como os de descrições de critérios para uma série de idades e níveis de linguagem.
Exigir duas manifestações de sintomas para comportamento repetitivos e interesses fixos e focados, melhora a especificidade dos critérios, sem perdas significativas na sensibilidade. A necessidade de fontes múltiplas de informação, incluindo observação clínica especializada e relatos de pais, cuidadores e professores, é ressaltada pela necessidade de atendermos uma proporção mais alta de critérios.
A presença, via observação clínica e relatos do(s) cuidador (es), de uma história de interesses fixos, rotinas ou rituais e comportamentos repetitivos, aumenta consideravelmente a estabilidade do diagnóstico do autismo do espectro do autismo ao longo do tempo,  e reforça a diferenciação entre TEA e os outros transtornos.
A reorganização dos subdomínios aumenta a clareza e continua a fornecer sensibilidade adequada, ao mesmo tempo em que melhora a especificidade necessária através de exemplos de diferentes faixas de idade e níveis de linguagem.
Comportamentos sensoriais incomuns são explicitamente incluídos dentro de um subdomínio de comportamentos motores e verbais estereotipados, aumentando a especificação daqueles diferentes que podem ser codificados dentro desse domínio, com exemplos particularmente relevantes para crianças mais novas.
C. O Transtorno do Espectro do Autismo é um transtorno do desenvolvimento neurológico, e deve estar presente desde o nascimento ou começo da infância, mas pode não ser detectado antes, por conta das demandas sociais mínimas na mais tenra infância, e do intenso apoio dos pais ou cuidadores nos primeiros anos de vida.
 Colaboração:
Autismo Inclusão - autismoeinclusao@yahoogrupos.com.br
Autismo Família - autismo-familia@yahoogroups.com
Autismo Tratamento - autismotratamento@yahoogrupos.com.br

domingo, 29 de janeiro de 2012

Livro: SINTO-ME SÓ - História de um homem que teve um irmão autista

                                                              Muito interessante
          Sinto-me só é um tocante livro de memórias. Em suas páginas, a história de um menino, hoje o reconhecido jornalista Karl Taro Greenfeld, ao lado de seu irmão autista é delicadamente exposta pela primeira vez. Greenfeld fala, com honestidade, sobre como foi crescer à sombra de seu irmão autista.

 Em suas páginas, a história de um menino, hoje o reconhecido jornalista Karl Taro Greenfeld, ao lado de seu irmão autista é delicadamente exposta pela primeira vez.
 Greenfeld fala, com honestidade, sobre como foi crescer à sombra de seu irmão autista, revelando a complexa mistura de raiva, confusão e amor que definiu sua infância.
 A relação entre os dois é uma verdadeira lição sobre o que significa ser uma família, um irmão, uma pessoa.
A franqueza de Sinto-me só é arrebatadora e não deixará ninguém indiferente.
Um exemplo de humanidade.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Nova definição do autismo pode cortar benefícios das famílias

A definição da Associação Americana de Psiquiatria, que irão concluir os trabalhos da 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. O documento é referência padrão para transtornos mentais, condução de tratamento, pesquisa e decisões de seguros.

Os resultados da nova análise são preliminares, mas eles oferecem a estimativa mais drástica de como apertar os critérios para o autismo pode afetar a taxa de diagnóstico. Durante anos, muitos especialistas sustentaram que a imprecisão dos critérios atuais para o autismo acabam por provocar diagnósticos equivocados, como a síndrome de Asperger que entrava na classificação do autismo.
A melhor definição do problema pode ser ruim para algumas famílias que contam com bolsas estudantis e de saúde. As novas determinações devem excluir boa parte dos diagnosticados com autismo do grupo e acarretarem no corte dos benefícios.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Médicos americanos revisam diagnóstico de autismo



Mudanças importantes propostas por pesquisadores médicos para a definição de autismo vão reduzir drasticamente o número de pessoas diagnosticadas com o distúrbio e ainda tornar mais difícil classificar pacientes que não satisfazem os critérios para obter os serviços educacionais e sociais previstos como auxiliares no tratamento. A definição médica de autismo está sob revisão por um painel de especialistas nomeados pela Associação Americana de Psiquiatria, que vai concluir os trabalhos para a quinta edição do Manual de Diagnóstico de Transtornos Mentais. O DSM, como o manual é conhecido na sigla em inglês, é referência-padrão para a definição de transtornos mentais, a condução do tratamento, a pesquisa e as decisões sobre seguros de saúde.
Os resultados do estudo ainda são preliminares, mas oferecem a estimativa mais recente de como apertar os critérios para o diagnóstico do autismo, afetando drasticamente a taxa de pacientes com esta classificação. Índices de autismo e desordens mentais relacionadas, como a síndrome de Asperger, têm decolado para as alturas, desde o início de 1980, ao ponto de uma em cada cem crianças receber o diagnóstico. Muitos pesquisadores suspeitam que esses números são inflados por causa da indefinição nos critérios atuais.
_ As alterações propostas põem um fim à epidemia de autismo _ avalia o médico Fred R. Volkmar, diretor do Centro de Estudos da Criança da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale e um dos autores da revisão. _Gostaríamos de cortar o mal pela raiz.
Especialistas trabalharam na nova definição questionando fortemente as estimativas do número de pacientes dos distúrbios relacionados ao autismo.
_Eu não sei como as instituições estão recebendo esses números tão elevados _ afirmou a médica Catherine Lord, membro da força-tarefa trabalhando no diagnóstico.
Projeções anteriores concluíram que muito menos pessoas seriam excluídos com a mudança de diagnóstico proposta, segundo o Dr. Lord, diretor do Instituto de Desenvolvimento do Cérebro, um projecto conjunto do New York-Presbyterian Hospital, do Weill Cornell Medical College, do Columbia University Medical Center e do New York Center for Autism.
Pelo menos um milhão de crianças e adultos já têm um diagnóstico de autismo ou de um distúrbio relacionado a ele, como a síndrome de Asperger (ou "transtorno invasivo do desenvolvimento, não especificado de outra forma"). As pessoas com Asperger têm algumas dos mesmos distúrbios sociais das pessoas com autismo, mas não satisfazem totalmente a definição médica para autismo. A alteração proposta agora iria consolidar todos os diagnósticos sob uma categoria, a de transtorno do espectro do autismo, eliminando a síndrome de Asperger do manual psiquiátrico. De acordo com os critérios atuais, uma pessoa pode se qualificar para o diagnóstico através da exibição de seis ou mais de um total de 12 comportamentos. Nos termos da definição proposta, a pessoa teria que exibir três déficits de interação social e de comunicação e pelo menos dois comportamentos repetitivos _ um cardápio bem mais estreito.
O Dr. Kupfer avalia que as mudanças propostas pela Sociedade de Psiquiatria são uma tentativa de esclarecer essas alterações e colocá-las sob um único nome. Centenas de milhares de pessoas recebem apoio do Estado pelos serviços especiais para ajudar a compensar os efeitos dos transtornos incapacitantes, que incluem problemas de aprendizagem e de interação social, e o diagnóstico é, em muitos aspectos, fundamental para suas vidas. Redes de pais estão unidas por experiências comuns com as crianças, e os filhos, também, podem crescer para encontrar um sentido de sua própria identidade em sua luta com o transtorno.
Mary Meyer, de Ramsey, New Jersey, disse que o diagnóstico de síndrome de Asperger foi crucial na obtenção de ajuda para sua filha. O acesso aos serviços ajudaram-na tremendamente.
_ Estou muito preocupado com a mudança no diagnóstico, porque eu me pergunto se minha filha sequer qualificaria para receber ajuda agora _ disse ela. _ Ela é sobre a deficiência, que é parcialmente baseado no de Asperger, e eu estou esperando para levá-la para habitação de apoio, que também depende de seu diagnóstico.
Mark Roithmayr, presidente da Autism Speaks, uma organização de defesa de pacientes, acha que o novo diagnóstico proposto deve trazer a clareza necessária, mas que o efeito sobre os serviços ainda não está claro.
_ Precisamos acompanhar atentamente o impacto dessas mudanças de diagnóstico sobre o acesso aos serviços de saúde e garantir que a ninguém está sendo negado serviços de que necessita _ disse o Sr. Roithmayr. _ Alguns tratamentos e serviços são movidos unicamente por diagnóstico de uma pessoa, enquanto que outros serviços podem depender de outros critérios como idade, QI ou história médica.
Na nova análise, o Dr. Volkmar trabalhou juntamente com Brian Reichow e McPartland James, ambos na Universidade de Yale. Eles usaram dados de um estudo de 1993 de grande porte que serviu de base para os critérios atuais. Eles se concentraram em 372 crianças e adultos que estavam entre o mais alto funcionamento e descobriram que, acima de tudo, apenas 45% deles se qualificariam para o diagnóstico do espectro do autismo proposto, agora em análise. O foco em um grupo de alto funcionamento pode ter exagerado um pouco essa porcentagem, isto os autores reconhecem.
A probabilidade de ser deixado de fora sob a nova definição depende do diagnóstico original. Cerca de um quarto das identificadas com autismo clássico em 1993 não seria identificada com base nos novos critérios propostos. Cerca de três quartos das pessoas com Asperger não se qualificariam; e 85% das pessoas com outros distúrbios associados estaria fora da nova classificação.
As conclusões preliminares da revisão foram apresentadas pelo Dr. Volkmar esta semana. Agora, os pesquisadores vão publicar uma análise mais ampla, com base em amostra maior e mais representativa de mil casos. O Dr. Volkmar disse que, embora o novo diagnóstico proposto seja para distúrbios de espectro mais amplo, ele incide fortemente sobre "pacientes classicamente definidos como autistas", crianças na extremidade mais grave da escala. Segundo o médico, o maior impacto da revisão recai sobre aqueles que são cognitivamente mais capazes.

BENEDICT CAREY, DO NEW YORK TIMES