sábado, 29 de setembro de 2012
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Cidadania, Políticas Públicas & Deficiência
O Estado, que
ente é esse hoje tão afastado da compreensão do povo e cujo papel e dimensão
nem de longe são reconhecidos?
No Brasil da segunda década deste século XXI os
contornos dessa compreensão, bem como da compreensão da cidadania, estão cada
vez mais embaçados. Sistematicamente cegada pela falta de formação cidadã em
todos os ambientes de educação (lembrando que estes extrapolam as escolas), a
sociedade segue numa certa confusão geral e instituída de forma que os direitos
dos indivíduos, assegurados pelo texto constitucional, sejam por eles
esquecidos à conveniência daqueles que se beneficiam de tal ignorância,
manejando um Estado aliado a seus próprios interesses.
Os muitos interesses de
muito poucos.
No precipício
que se alarga a cada dia entre dirigentes e dirigidos é flagrante a manutenção
histórica de cidadãos de primeira e de
segunda classe. Espremidos na retaguarda
daqueles tratados como gente de segunda categoria estão algumas minorias com
demandas bastante específicas, as pessoas com deficiências e as pessoas com
autismo aí englobadas. De forma ainda mais aguda que o restante da sociedade,
são penalizadas pela omissão do Estado e pela ausência de controle social sobre
o cumprimento do que é expresso no texto constitucional.
Para que
cidadania e inclusão social caminhem juntas são necessários instrumentos e
intervenções. O instrumento para que os direitos sejam cumpridos, as leis sejam
postas em prática, e cidadão seja mais do que uma nomenclatura vazia chama-se
POLÍTICA PÚBLICA.
Diferindo aqui e ali, de um para outro autor, o conceito base
de Política Pública é: o Estado em ação. No caso do Brasil, a Política Pública
pode acontecer por ações de âmbito federal, estadual ou municipal, mas, tanto
aqui quanto em qualquer porção do planeta, é do Estado o papel de propor ações
para atender a determinados setores da sociedade civil.
Sem ter bem
claras as noções de seus direitos e menos claras ainda as atribuições do
conjunto de órgãos do Poder Público, a população segue sem se dar conta de que
detêm nas mãos a legitimação e o controle SE e QUANDO decidir fazer valer a
soberania popular, atributo primeiro de uma democracia. Trocando em miúdos,
parece que uma larga fatia da sociedade vem sendo convencida de que o Estado já
não tem obrigação alguma, que a função de seus dirigentes, ou dos indivíduos
que compõem os serviços burocráticos, é somente a de ali se manterem, e que
devolver à sociedade o que lhe toma em impostos, contribuições e trabalho, na
forma de serviços de manutenção da vida e do território é algo opcional ou até
mesmo um favor.
Nadando contra a
correnteza da inconsciência uma porção da sociedade civil se mantém ainda
lúcida. Espécies de heróis da resistência, cidadãos que sabem bem o significado
de cidadania compõem a luta para a mudança dos cenários, para a transformação
social. Individualmente ou em grupos vão disseminando a conscientização através
do próprio exemplo (como já pregava Paulo Freire) de participação e
mobilização, principalmente em favor daqueles cuja cidadania não é considerada
nem respeitada: as pessoas em condições econômicas e sociais mais precarizadas
- a maior fatia da população.
Francisco Cerignoni em Guaratinguetá, fala de Políticas Públicas e Pessoas com Deficiência. |
Entretanto é do fundamento da luta da sociedade organizada que sua
atuação exista para que os recursos (impostos, contribuições, etc, etc)
retornem aos setores que necessitam das ações, e já que o Estado não o faz
diretamente, que o faça de forma indireta, de forma terceirizada.
Daí a
nomenclatura Terceiro Setor, cuja representatividade é tanto maior quanto mais
essa organização da sociedade civil sirva como ponte, cobrindo as lacunas
sociais e cobrando do Estado suas obrigações. Direcionando verbas e trabalho
para os setores onde as necessidades estão, cumprem, na atual realidade, as
obrigações deixadas de lado pelo Poder Público.
Entretanto, para
se manterem legitimadas como representação da sociedade organizada, cabe também
a elas conscientizar incansavelmente a população sobre seus direitos, e compor o número de vozes que pleiteiam a ação
do Estado na feitura e na concretização das Polícias Públicas, com as quais a
sociedade, seja em cada indivíduo, seja nas organizações que representam os
diversos grupos, será a grande beneficiada.
Claudia Moraes, presidente da APADEM, compartilhando suas vitórias com o Autismo. IV Fórum de Inclusão Social do ILA. |
Dedico este post
a duas pessoas que são exemplos dessa atuação.
Fica aqui minha homenagem e
profunda admiração à Claudia Moraes, da APADEM, e ao Francisco Núncio
Cerignoni, da Fraternidade Cristã de Pessoas com Deficiência-FCD.
Ele, de
Piracicaba-SP, e ela, de Volta Redonda- RJ, estiveram compartilhando
conhecimentos e edificando a conscientização nos dias 21 e 22 de setembro, em
Guaratinguetá a convite do ILA - Instituto Lucas Amoroso em seu IV Fórum de
Inclusão Social.
Aplausos de pé!
Fonte:
Márcia Lombo Machado
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Corujas, urubus e gol contra do PL 1.631/2011 - (168/11).
Olá Gente Amada.
“Não se deixe levar pelo canto das
aves agourentas.
Precisamos da união de todos”.
Postei aqui a citação acima, como opinião de pai de autista sobre PL 1631/11, atualmente no Senado Federal para análise e
aprovação como PL 168/11, pedindo atenção para o assunto publicado, pois que
ficam dissipadas dúvidas de muitos sobre a redação do artº 7 do projeto, polêmica que é.
Embora não fique registrado
publicamente, comentários sobre postagens, até por timidez das pessoas, recebo-os
em PVT para o meu email – rosandores@gmail.com, integrante aqui das listas que
participo.
O Argemiro, munido da sutileza que o
caracteriza, deu-me uma pedrada, via lista, demonstrando estranheza por eu ter
feito o apelo para que não se deixassem “levar pelo canto das aves agourentas”
embora discordando eticamente como é do seu feitio, valoriza as opiniões ali postadas.
Uma querida mãe componente
tradicional da lista por suas opiniões incisivas. Verdadeira fera na defesa da
sua opinião, também não abre mão da contrariedade do que vê como um “risco sem
precedentes” para o futuro dos nossos filhos autistas, os Artigos 2º e 7º do PL
1631 (atualmente 168/11 no Senado Federal), a exemplo de outros pais
integrantes da lista que também assim já se manifestaram.
Ora minha gente amada da lista e
demais meios de contato que nos ligam: “não existe ainda lei nenhuma que de
fato garanta a inclusão.”
Também entendo que devemos aprovar o
PL 1631/11 (168/11) como está, pois interpretações
contrárias que se façam existir depois, mesmo levando em conta a diversidade de opiniões não permitindo
unanimidade sobre sua redação, nossos limites se esgotaram, embora as desgastantes
tentativas de unir todos os que pensam de outra forma.
Sei que o PL aprovado, e se
sancionado, começará outra briga, a exemplo da Constituição de 1988 que até
hoje está incompleta, mas o que importou e muito importa, é que ela aí está,
justamente para tirar o povo das amarras do poder injusto e dominante, e que
cada vez que precisamos de um artigo ainda não regulamentado, temos que
enfrentar as forças políticas, a exemplo do que fizeram com o Estatuto do
Deficiente, colocando-o para adormecer pelas mesmas pessoas que ainda estão no
Congresso Nacional, puramente por ambições pessoais.
Resguardadas as proporções, e
sancionado o PL 1631/11 (168/11) como MARCO ZERO, de uma Lei maior em prol do
autista, ESTAREMOS enterrando todo um passado de leis inócuas, acórdãos e etc, o
que proporcionará que nossos filhos, autistas ou não, sofram mais que o inevitável.
Quero a Lei, não gosto de pensar em
punir, nem mensurar penas para aqueles que falharão por arrogância,
discriminação ou preconceito contra nossos filhos autistas.
Sempre existirá alguém que se julgue
acima do razoável e que ousará recusar uma inscrição de um autista para inseri-lo
nesta ou naquela instituição de ensino. Esse tipo de pessoa não imagina que estará
enfrentando eu e você por ousar querer tomar uma decisão por nós em relação a
nossos filhos, com a lei em nossas mãos.
Para mim a promulgação desta lei
agora, será suficiente para a justiça resolver problemas para nossos autistas, ou
quem sabe até pelo aperfeiçoamento por iniciativa de quem o critica, no futuro no futuro.
Já lutamos e discutimos tanto por este
projeto, que às vezes fico me indagando por que algumas pessoas, sem
generalizar, não tomam iniciativas para alterá-lo de acordo com suas razões?
Não vejo como justo e perfeito, que
alguns pais de autistas queiram imputar para os grupos que estão à frente do
projeto, culpas eventuais do presente para o futuro. Talvez não sirva de
exemplo, mas depois que comecei a reclamar, também entendi que deveria me
inserir no contexto e aí estou.
Quanto a “Ave agourenta”, jamais quis
“apelidar alguém como tal” – quem sou eu - mesmo por que é ambígua de
interpretação a designação, tanto para bem quanto ao mal. Eu estava na torcida
– a favor – quando escrevi “Ave Agourenta”, a exemplo de outras vezes, e quem
me lê sabe, por que algumas pessoas parece que torcem pelo “gol contra”, principalmente no
último minuto do jogo decisivo.
A coruja no Império Romano, era
considerada agourenta e seu canto anunciaria a proximidade da morte. Já os
gregos, considerando que a noite era o momento do pensamento filosófico e
intelectual elegeram-na como representante da busca pelo saber, atravessando os
tempos, embora nem em todas as culturas tenha se firmado como símbolo de
inteligência.
Já o brasileiro, não é difícil
encontrar algum que não tenha uma corujinha em casa para tirar o azar, ou para
trazer sorte, né mesmo?
O urubu, desde que comecei a estudar
o primário (lembram?) minha primeira professora, dona Emilde, ensinou a todos
que ele era um animal útil. Concordei. Só não entendo porque ele é símbolo do
Flamengo. Talvez por que eu seja torcedor do Botafogo.
Como vocês podem observar, não abro
mão da riqueza de discutir aquilo que acredito, por pensar que osso é uma
qualidade de todos nós.
A esquisitice “Ave Agourenta”, para
quem a tomou como provocação, meu mais humilde pedido de desculpa. Não fiquem
de mal comigo, pois quando o assunto trata dos nossos filhos autistas, penso
menos, meus dedos ficam mais velozes e às vezes provoco alguns esbarrões.
E mais, se quiserem brigar comigo, terão
dois trabalhos: brigar e fazer as pazes.
Que cada um continue fazendo a sua
parte.
Recebam e aceite o meu fraterno
abraço.
Luz e Paz
Nilton Salvador
Fotos: Google.
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
PL 1631/11 (168/11) atualmente no Senado Federal. Dissipem as Dúvidas sobre o artº 7.
Não se deixe levar pelo canto das aves agourentas.
Precisamos da união de todos.
Leiam abaixo.
Inspirem-se
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Tema controverso e
que gerou muitas duvidas nos pais e o que se refere ao art. 7 da PL 1631/11, o
que o nobre legislador quis dizer nesse parágrafo único e que infelizmente
existe crianças que não podem frequentar a rede regular de ensino, em nenhum
momento o nobre legislador disse que cabe ao gestor escolar ou autoridade
competente a exclusão do aluno no regime regular.
Somente cabe isso
ao médico, sob pena de infringir o Código Penal, então segundo o ponto de vista
desse jurista que vós escreve não há inconstitucionalidade nesse artigo, porém
alguns advogados usando de artimanhas jurídicas usam o caput ( art. 7) como se
ele estivesse interligado intrinsecamente ao parágrafo único, coisa que não é
verdade.
Para esses
advogados aviso que se interpretarem dessa forma farão com que o gestor seja
culpado do Crime de exercício ilegal da profissão.
Se mesmo assim
quiserem interpretar dessa forma qualquer jurista dará parecer favorável a
criança autista, sob pena de infringir o art. 6 que diz claramente que a educação
e um direto social e ao art. 5, parágrafo XLI que diz que a lei punirá qualquer
discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais, portanto
nenhuma criança pode deixar de frequentar a escola regular.
Alguns vão dizer,
mas se a lei e dúbia, porque não suprimi-la, primeiro novamente a lei não é dúbia, a interpretação errônea de advogados espertos e que fazem algo claro se
tornar dúbio.
Segundo suprimir
esse parágrafo único, faz com que a lei toda não seja implementada por mais
dois anos, e com isso os outros direitos defendidos nessa lei ficarão no limbo
prejudicando milhares de autistas.
Terceiro se a lei
for aprovada como esta, e algum desses advogados quiserem entrar na justiça
tentando tirar uma criança autista do colégio, cabe os pais procurarem seu
direito diante da Carta máxima desse país, ou seja, a Constituição para
proteger seus direitos.
E ai haverá uma
figura de grande valor jurídico chamado jurisprudência que vai nortear e guiar
todos os juristas e pessoas provando por A + B se esse parágrafo único é ou não
inconstitucional.
Renato Franca, OAB/AM, n. 3208.
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Sinto-me de alma
lavada essa manhã!
Como se minha voz tivesse ecoado através das palavras que li
aqui sem que eu precisasse dizer uma só palavra. Na verdade, tenho lido sobre a
movimentação contra o PL em alguns ambientes online, mas, dessa vez resolvi
ficar em silêncio.
Um linguista já
dizia: "as crenças não se negociam". O debate e a discussão só
agregam quando se quer esclarecimentos e há uma abertura para se pensar em
outras perspectivas.
A discussão do PL chegou nesse ponto, o de discussão de
crenças, e, por isso, a meu ver, não faz mais sentido, vira briga. Eu tenho as
minhas crenças e espero ser respeitada por elas do mesmo modo que busco
respeitar àquelas que são divergentes das minhas.
Meu filho tem
apenas cinco anos, mas apoio o pelo PL como está e para já!
Uma emenda já foi
introduzida e agora, em um país como o nosso, solicitar mais uma e entrar na
"roda viva" novamente?
Não consigo conceber! É o risco de perder
todos os nossos esforços de tanto tempo. Além disso, não podemos nos iludir que
essa lei vai mudar radicalmente as nossas vidas.
Precisamos estar atentos que
os benefícios virão a conta-gotas e só para quem decidir buscar a sua
efetivação.
Ressalto as
palavras da Diva, um resumo exato e preciso do que EU também tenho observado
até aqui:
Um bom dia a
todos.
Renata Bonotto
Mãe do Vinícius (5
anos, TEA, e Renan, 7, típico)
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Livro de Diogo Mainardi vende mais de 100 mil exemplares e ganhará edição italiana
Tito e Diogo Mainardi; filho inspirou livro do colunista |
Com o resultado,
o ‘Radar Online’, blog editado por Lauro Jardim, informa que Mainardi assinou
contrato para A Queda ganhar edição italiana. No país onde Tito nasceu e o
colunista voltou a morar em 2010, após deixar de escrever para a própria Veja,
o livro será produzido pela editoria Giulio Einaudi. Ao saber dos números
referente à obra, Reinaldo Azevedo publicou em seu blog uma análise sobre a
produção.
“O Brasil ainda
respira. O livro é das melhores coisas publicadas no país em muitos anos. Da
vida vivida, Diogo fez uma obra-prima (...) Poderia ser só a história de uma
superação, e o livro já estaria eticamente justificado. Mas é provável que
Diogo não o tivesse escrito porque ele é pudoroso demais para se apresentar
como um bom exemplo.
A Queda trata do amor incondicional que humaniza a razão e
da razão que instrui o afeto”, analisa Azevedo.
Fonte:
Redação Comunique-se
domingo, 16 de setembro de 2012
Diagnóstico de Autismo com novo método brasileiro
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Como devo lidar com meu filho autista? "Mãe Excepcional Ensina"
Claudia Moraes |
"Você começará a ver que,
com o tempo,
está adquirindo superpoderes,
e que a Mulher-Maravilha ou
o Super-Homem
não dariam conta de 10% do que você faz"
Comece por você, se reeduque, pois daqui pra frente seu mundo será totalmente diferente de tudo o que conheceu até agora. Se reeducar quer dizer: fale pouco, frases curtas e claras; aprenda a gostar de músicas que antes não ouviria; aprenda a ceder, sem se entregar; esqueça os preconceitos, seus ou dos outros, transcenda a coisas tão pequenas. Aprenda a ouvir sem que seja necessário palavras; aprenda a dar carinho sem esperar reciprocidade; aprenda a enxergar beleza onde ninguém vê coisa alguma; aprenda a valorizar os mínimos gestos. Aprenda a ser tradutora desse mundo tão caótico para ele, e você também terá de aprender a traduzir sentimentos, um exemplo disso: “Nossa, meu filho tá tão agressivo”. Tradução: Ele se sente frustrado e não sabe lidar com isso, ou está triste, ou apenas não sabe te dizer que ele não quer mais te ver chorando por ele.
Você irá educar
bem seu filho se aprender a conhecer o autismo “dele”, pois cada um tem o seu
próprio, mesmo que inserido em uma síndrome comum.
Deverá aprender a respeitar
o seu tempo, o seu espaço, e reconhecer mesmo com dificuldades que ele tem
habilidades, e verá que no fundo elas são tão espetaculares!
Você irá aprender
a se derreter por um sorriso, a pular com uma palavra dita, e a desafiar um
mundo inteiro quando este lhe diz algum não.
Você começará a
ver que com o tempo está adquirindo superpoderes, e que a Mulher-Maravilha ou o
Super-Homem não dariam conta de 10% do que você faz.
Você tem o
superpoder de estar em vários lugares ao mesmo tempo, afinal, escola,
contra-turno, natação, integração sensorial, consultas, fono, pedagoga... Ufa!
Dar conta de tudo isso só se multiplicando e ainda se teletransportando!
Você é
a primeira que acorda e a última que vai dormir, isso é, quando ele te deixa
dormir, e no outro dia tá sempre com um sorriso no rosto ao despertar do teu
galã.
Você faz malabarismos e consegue encaixar o salário da família em tantas
contas e coisas que precisa fazer, que só mesmo com superpoderes.
Você nota que
seu cérebro é privilegiado, embora você nunca tivesse imaginado que dentro de
você haveria um pequeno Einstein, pois desde o diagnóstico de seu filho você já
estudou: neurologia, psiquiatria, pediatria, fonoaudiologia, pedagogia,
nutrição, farmácia, homeopatia, terapias alternativas, e tantas outras
matérias.
Você dá aula de autismo, ouve muitas bobagens em consultórios de
bacanas, e ainda ensina muitos deles o que devem fazer ou qual melhor caminho a
seguir para que seu filho possa se dar bem. Ah... e a informática que
anteriormente poderia lhe parecer um bicho-de-sete-cabeças... A partir desse
filho, você encarou, e domina o cyberespaço como ninguém! São tantas listas de
autismos, blogs, Facebook, Orkut, Twitter... Ih... Pesquisa no Google então, já
virou craque, ninguém encontra nada mais rápido do que você!
Uma hora você verá
o que essa “reeducação” proporcionou a você, pois hoje você é uma pessoa
totalmente diferente do que era antes de ser mãe de um autista.
Nossa como você
mudou, hein?
E topará com a pergunta que não quer calar: “Como devo educar meu
filho autista?”
Olhará ao redor, olhará para seu filho e perceberá que ele
também está diferente, que ele cresceu, que já não é tão arredio, que as birras
já não se repetem tanto, que ele até já te joga beijos!
Que aquela criança que
chegou solitária na escola hoje já busca interagir, e já até fez algum
amiguinho. Que ele já está aprendendo “jeitinhos” de se virar, e nem te
requisita tanto mais.
Então, chegará à conclusão de que mesmo sem saber
responder a tal pergunta você tá fazendo um bom trabalho, e que ninguém no
mundo poderia ser melhor mãe/pai do que você para esse filho!
"Há dois anos, Cláudia escreveu esse texto a pedido de Letícia Calmom, psiquiatra da FMUSP, para um blog mantido por ela chamado “Jornal da Cuca”.
FONTE:
Avenida Beira-Rio, 413, Voldac, Volta Redonda.
Telefones: (24) 3337-3683 e (24) 3343-1458.
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
Vídeo histórico do PL 1.631
Assista com emoção.
Arquive-o para que um dia
possa olhar teu filho e dizer que
também fez a sua parte.
O PL 1631/2011, é originário do Senado Federal, onde teve sua primeira aprovação, quando então foi remetido a Câmara dos Deputados.
Os senadores que votaram pela sua aprovação, ainda estão lá, principalmente o senador Paulo Paim que é seu signatário.
Em face das alterações no projeto feitas nas comissões, o PL 1.631, retorna agora para novo exame do Senado, concordância e tendo em vista sua real grandeza, estamos convictos de que ele merecerá a devida aprovação.
Não esqueçam de conversar e mandar mensagens para todos os senadores, cada um contando suas razões pelo pedido, inclusive para a deputada Mara Gabrilli, Rosinha da Adefal, Carmem Zanotto o deputado Hugo Leal, Fábio Trad e tantos outros que durante esta trajetória ora vitoriosa fizeram crescer nossas esperanças para um futuro melhor e mais seguro para nossos filhos autistas ou não, inclusive aqueles que ainda céticos resistem entender a grandeza do que o "Marco Zero" representa.
Penúltimo passo do PL 1.631 - vencido...Vivas para todos
Cada quadro aqui representa um participante no PL 1631. Segundo Fernando Cotta, não haveria espaço na foto para que todos fossem representados, por isso o simbolismo. Todos querem trabalhar pelos nossos autistas, ou não. Aparecer é um detalhe. |
O Vivências Autísticas
homenageia a todos que lutaram até aqui pela aprovação do PL. 1631/11, cada um
fazendo a sua parte.
Quem não participou dessa luta
até aqui, gols contra, aves de mau agouro, críticos, pessimistas, todos tem suas razões, mas: CONTINUAMOS precisando
de vocês.
Estamos conseguindo... Falta pouco.
Esta vitória de não é festa
que dure um dia só.
Comemoremos com a emoção que
pretendemos ter até o final dessa etapa, por que o objetivo principal é fazer
com que nossos filhos sofram menos que o inevitável.
Nosso próximo encontro é no
Senado Federal.
Até lá... Não esqueça: continue
fazendo a sua parte
Na Luz e na Paz
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Direitos dos Autistas
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Abordagem lúdica para tratamento odontológico do autista
Abordagem lúdica para tratamento odontológico do autista |
A odontologia para pacientes com
necessidades especiais tem um grande desafio no que diz respeito ao atendimento
ambulatorial do paciente autista em razão da dificuldade de relacionamento
social que este apresenta. Psicólogos e especialistas em desenvolvimento
infantil têm apontado há décadas que crianças que possuem desenvolvimento
típico aprendem melhor através de experiências interativas e emocionalmente
prazerosas com outras pessoas. Nestas interações, a criança é um participante
ativo ao invés de um recipiente passivo de informação.
Nos últimos dez anos, os
pesquisadores têm percebido que o mesmo vale para crianças com autismo e
dificuldades similares.
As novas perspectivas e pesquisas
em relação ao autismo estão começando a perceber o que o Programa Son Rise® já
vem praticando há anos. Este programa tem sido utilizado internacionalmente por
mais de 30 anos com crianças e adultos representantes de todo o Espectro do
Autismo e dos Transtornos Globais do Desenvolvimento. O Programa Son Rise® é
centrado na pessoa com autismo. Isto significa que o tratamento parte do
desenvolvimento inicial de uma profunda compreensão e genuína apreciação da
pessoa, de como ela se comporta, interage e se comunica, assim como de seus
interesses. O Programa Son Rise® descreve isto como "ir até o mundo da
pessoa com autismo", e é isso que fazemos para alcançar com êxito o
tratamento odontológico.
O autismo infantil é um transtorno
global do desenvolvimento caracterizado por um desenvolvimento anormal ou
alterado, manifestado antes dos três anos de idade, e apresentando uma
perturbação característica do funcionamento em cada um dos três domínios
seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e
repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha comumente de numerosas outras
manifestações, por exemplo: fobias, perturbações de sono ou da alimentação,
hetero ou autoagressividade, hand flapping (agitar as mãos), rodopiar etc. O objetivo desse trabalho é apresentar a
técnica usada pela autora para facilitar o tratamento odontológico, minimizando
o estresse e os custos com o procedimento, favorecendo a inclusão social e
treinamento para que mais profissionais usem a técnica, tornando-se aptos a
realizar o atendimento em nível ambulatorial.
RELATO DE CASO
Paciente do gênero masculino, 14
anos, autista, apresentou-se na clínica de odontologia do Projeto Social
"Vila Maria - Um Caso de Amor", da Escola de Samba Unidos de Vila
Maria, acompanhado da mãe à procura de tratamento. Após realização de uma anamnese
criteriosa foi constatado ser um autista de baixo funcionamento, sem
verbalização, riso inapropriado, pouco contato visual, resistência à mudança de
rotinas, sem acompanhamento psicológico, terapêutico ou escolar, que nunca
havia ido ao dentista e apresentava dificuldade de aceitar a higienização bucal
feita pela mãe. Foi relatada sua preferência por carros de brinquedo, e o que
realmente mais apreciava era comer.
Não gostava de ser contrariado e
se sentir preso, nessa situação poderia desencadear uma crise. Essa anamnese
foi realizada só com a mãe sem a presença do paciente porque o tempo da
entrevista poderia deixá-lo nervoso. Após a entrevista iniciou-se o
planejamento das sessões de condicionamento lúdico para o tratamento
odontológico. Nosso vínculo seria conseguido através dos carrinhos e esse era o
primeiro caminho.
Na 1ª sessão de condicionamento
lúdico iniciei com abordagem adaptando o método Son Rise® à odontologia, fui ao
encontro do paciente, que estava sentado na sala de espera realizando
movimentos estereotipados com o tronco para frente e para trás, sem notar minha
presença. Abortei o uso do jaleco branco e nas mãos levava um carrinho de
plástico. Não falei nada, apenas passava na frente dele com o carro entre os
dedos. Sentei ao seu lado e aos poucos fui empurrando o carrinho sobre sua
perna, imediatamente ele pegou. Comemorei com aplausos e disse: "muito
bem!", como indica o Programa Son Rise®. Dessa forma estava sendo motivado
a interagir e a intenção era "entrar no mundo da pessoa com autismo".
Aos poucos foi aceitando que manipulasse o carrinho sobre suas pernas. Mas
precisava mais, teria que entrar ao consultório e era um ambiente novo,
desconhecido, cheio de estímulos visuais que podem sobrecarregá-los e serem
competitivos ao condicionamento, além de odores que poderiam desencadear crises
nesse paciente.
Devemos simplificar o ambiente de
trabalho. Na cabeça, fiz a opção de usar uma tiara com 2 borboletas presas por
longas molas que se mexiam num simples toque, o retorno com essa ação era
buscar o contato visual, uma das mais difíceis maneiras de relacionamento do
paciente autista. Associei o uso da tiara à música "Borboletinha" das
cantigas infantis, em tom baixo e buscando o contato visual. Aos poucos estendi
as mãos ao paciente e o conduzi ao consultório. Mais uma vez deu tudo certo e
ele me seguiu. Comemoramos novamente: "Muito bem! Formidável!", e
mais aplausos. O Programa Son Rise® é lúdico. A ênfase está na diversão. As
atividades são adaptadas para serem motivadoras e apropriadas ao paciente mesmo
que ele seja um adulto. Uma vez que a pessoa com autismo esteja motivada para
interagir com o profissional, este poderá criar situações de aprendizagem - e
no nosso caso é conhecer, entender e aceitar o tratamento odontológico. O
paciente tem que ter segurança no profissional, confiar em suas palavras e
gestos, e o profissional não deve nunca quebrar esse vínculo, respeito e
confiança.
Entramos no consultório e sentamos
sobre um tapete de EVA colocado no chão, onde alguns carrinhos nos esperavam para
prosseguir o condicionamento. Falo em prosseguir porque o mesmo já foi iniciado
no 1º contato, ainda na recepção, onde detalhes não podem ser esquecidos, já
que para esses pacientes não são detalhes. Na altura de nossos olhos estava
fixo na parede um espelho de 0,50 x 1,00 m, para tentarmos de várias maneiras o
contato visual. Alguns pacientes autistas buscam o contato visual através da
imagem refletida no espelho e devemos ficar atentos a isso e comemorar
imediatamente quando esse contato for alcançado, motivando para que ele seja
repetido. Sempre que comemoramos a habilidade adquirida estamos fortalecendo
para que ela se repita. Quando um comportamento é fortalecido é mais provável
que aconteça no futuro. Podemos comemorar com aplausos, bolinhas de sabão e
várias tentativas até encontrar o que realmente motiva essa pessoa.
Buscamos o contato visual porque
será o melhor caminho de comunicação para o paciente perceber que você existe e
aceitar você para seu mundo. Não podemos ter medo de ousar, confiar sempre,
estudar a técnica e aplicá-la com amor. Nessa sessão, conseguimos o contato
visual por três vezes, além disso o paciente entrou espontaneamente ao
consultório, observou tudo, sentiu alguns objetos com as mãos e aceitou o
contato das minhas mãos - que, nesse momento, já estavam com as luvas.
Na 2ª sessão de condicionamento
lúdico, o paciente chegou e imediatamente entrou ao consultório procurando o
carrinho usado na sessão anterior. Meu planejamento era que ele sentasse na
cadeira odontológica, então prendi o carrinho no refletor com fita crepe e
deixei a luz acesa para chamar a sua atenção. Ótimo, ele encontrou o carrinho e
sentou na cadeira. Bati palmas, comemorei e, é claro, dei o carrinho em suas
mãos. Nesse momento consegui mais um contato visual e percebi que nosso vínculo
estava ficando mais forte. Aproveitei o momento para apresentar a seringa
tríplice lançando um pouco de ar no carrinho e depois na perna do paciente,
subindo a caminho da boca. Nesse momento gosto de fazer uso das músicas
infantis, brincando, cantando e apresentando os instrumentos do consultório.
É importante observar cada reação
de nosso paciente, apresentar verbalmente cada ação para não ser uma surpresa e
fazer de maneira calma sem assustar nem causar estresse. Podemos usar figuras
para apresentação dos instrumentos do consultório e depois mostrar o objeto
propriamente dito. Parece que dessa forma eles reagem melhor a novidades, essas
figuras devem ser simples e exemplificar realmente o objeto de maneira clara -
como a fotografia de mãos com luvas, mostrando as mãos com as luvas para que
ele possa sentir sua textura. Se a opção for atender pacientes autistas não
pense que tudo isso "são detalhes". Ótimo, aceitou a tríplice, as
luvas e a manipulação da face, com auxílio de fantoches de dedo e todo apoio
lúdico conseguimos acesso à cavidade bucal, e a higiene oral com escova e pasta
foi realizada. Nunca se esquecer de recompensar: muito bom! Bolinhas de sabão.
Isso é o que afirma o Programa Son Rise®. Para essa sessão já estava ótimo.
Na 3ª sessão ele entrou muito
tranquilamente e sentou na cadeira, arrancou o carrinho do refletor e começou a
gritar alguma coisa que não entendi. De repente o compressor ligou e foi um
desastre, uma gritaria só. Ele batia a mão na cabeça e movimentava o tronco
para frente e para trás. Pedi que desligassem o compressor mas já era tarde,
encerramos a sessão.
A 4ª sessão foi marcada com
intervalo de uma semana para diminuir o estresse anterior. Estava muito ansiosa
ao recebê-lo, mas foi tudo bem: ele entrou, sentou e arrancou o carrinho do
refletor. Desta vez o compressor já estava desligado! Iniciamos com profilaxia
com uso da baixa-rotação, 1º no carrinho, depois na mão, no rosto e finalmente
na boca. Foi ótimo, consegui a profilaxia de todo arco superior e deu para
terminar o exame clínico. Conforme fazia a profilaxia, ia mexendo a cabeça para
que as borboletinhas balançassem e foi ótimo, consegui por várias vezes o
contato visual e percebi que já tínhamos um vínculo. Sessão terminada para não
estressar o paciente. Nesse momento sempre pego o brinquedo e guardo afirmando
que irá encontrá-lo na próxima sessão e sempre dá certo no retorno. A 5ª sessão
foi a mais tranquila de todas: o paciente entrou, sentou, arrancou o carrinho
do refletor e ficou com a boca aberta. ÓTIMO! Terminei a profilaxia e marcamos
retorno bimestral para controle e prevenção, porque o paciente não apresentava
cáries.
CONCLUSÃO
Para conseguir o tratamento
odontológico do paciente autista em ambulatório sem uso das faixas de
contenção, é preciso dedicação do profissional, estudo da técnica proposta,
compreensão das necessidades e limitações dos indivíduos, acreditar que é
possível, paciência, tentar várias vezes cada procedimento e ter muito amor no
que se faz.
Baron-Cohen et AL. Psychological markers in the detection of autism in
infancy in a large population. British Journal of Psychiatry, n.168, p.158-163,
1996.
2. Frith,U. Autism and Asperger Syndrome .Cambridge University Press,
1991.
3. Gauderer, E. Christian.
Autismo. São Paulo: Atheneu; 1993.
4. Hogan. Autism Treatment Center of America. Home of the Son-Rise
Program®. Modelo de desenvolvimento do Programa Son-Rise®, tradução:
Barreto,AD e Inspirados pelo autismo, 2007.
5. Katz, CRT, et al. Abordagem
psicológica do paciente autista durante o atendimento odontológico. Odontologia
Clín.Cientif. Recife, 8 (2):115-121, a br/jun.,2009
6. Moore, ST. Síndrome de Asperger
e a escola fundamental: soluções práticas para dificuldades acadêmicas e
sociais. São Paulo: Associação Mais 1,2005.
7. Zink,AG et al. Atendimento
odontológico do paciente autista - Relato de caso. Revista ABO Nacional -
vol.16, nº5, 313-316, out/Nov.2008.
Adriana Zink
link do lattes:https://wwws.cnpq.br/curriculoweb/pkg_menu.menu?f_cod=9B470E8BB09F91E8B3C8861E51F47146 -cirurgiã-dentista especialista em pacientes com necessidades especiais -mestranda na Unicsul -membro da Câmara técnica de pacientes especiais do CROSP -vencedora do VI prêmio orgulho autista Brasil
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