Clube paraguaio dará renda de setor Norte do
Defensores a ONG de apoio a pessoas com autismo: "Somos pequenos. O êxito
econômico não nos interessa", diz dirigente.
Doação Nacional-PAR (Foto: Daniel Mundim)
Folder da final da Liberadores avisava que parte da renda seria doada à EPA
Foto: Divulgação)
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Termine a equação: final histórica mais paixão da
torcida é igual a... ingressos caros. Ao menos é o que se espera da maioria dos
clubes brasileiros. Diante de suas limitações financeiras, o Nacional-PAR
poderia seguir o exemplo. O modesto clube paraguaio teve uma ótima oportunidade
para tentar arrecadar muito dinheiro. Mas não o fez. Não bastasse cobrar cerca
de R$ 42 pelos ingressos mais caros para o duelo com o San Lorenzo, o clube
doou parte da renda para uma ONG de apoio a pessoas com autismo.
Toda a arrecadação obtida com a venda de bilhetes
para a Galeria Norte, setor popular do Defensores del Chaco, foi destinada ao
grupo “Esperança para o Autismo”. Quem acompanhou a final contra o San Lorenzo
pôde ver uma grande bandeira com o agradecimento da ONG: “Gracias Nacional!!!
Esperanza Para el Autismo”. Mas não foi a primeira vez que o Nacional Querido
se destacou pela solidariedade. Desde o duelo contra o Independiente Santa Fé,
na última rodada da primeira fase, quando começou a atuar no Defensores del
Chaco, o Trico agracia instituições de caridade.
ONG de apoio a pessoas com autismo estende faixa
uma no estádio Defensores del Chaco em agradecimento à doação feita pelo
Nacional-PAR após a primeira partida da final da Taça Libertadores contra o San
Lorenzo (Foto: Daniel Mundim)
Doação Nacional-PAR (Foto: Daniel Mundim) |
Contra o time colombiano, a entrada na mesma
Galeria Norte foi realizada com alimentos não perecíveis, que foram destinados
a um albergue para 400 crianças. Nas oitavas de final, diante do Vélez
Sarsfield, a renda arrecadada no mesmo setor foi para a Fundação Asoleu, que
atende crianças com câncer. Nas quartas de final, a Fundação Pequeno Cottolengo
“Don Orione”, que cuida de pessoas com necessidades especiais, recebeu as
doações provenientes do duelo contra o Arsenal de Sarandí. Quando recebeu o
Defensor, já na semifinal, a instituição escolhida foi um asilo. Em cada jogo
da Libertadores, a quantidade doada foi de cerca de R$ 10 mil.
Doação Nacional-PAR (Foto: Daniel Mundim) |
Ingrid Mezgolits ficou surpresa com a atitude do
Nacional-PAR na decisão (Foto: Daniel Mundim)
Ingrid Mezgolits, coordenadora do grupo Esperança
para o Autismo (EPA), e torcedora do Cerro Porteño, recebeu com surpresa o
contato do Nacional. Espera uma doação de cerca de R$ 45 mil, referentes ao
setor Norte, que tiveram ingressos a R$ 10. Mas o resultado da atitude do clube
paraguaio não foi apenas o dinheiro. A exibição da faixa ampliou as fronteiras
da entidade, que atende cerca de mil pessoas com autismo e vive de doações,
eventos e venda de produtos próprios.
- Nos surpreendeu muito. Na semana passada, o
senhor Harrison, presidente do Nacional, avisou a um dos membros da EPA que as
doações seriam para nossa instituição. Sei que o Nacional faz isso sempre.
Nunca esperava, estou muita agradecida ao Nacional. Recebemos uma carta de
Buenos Aires, de um argentino pai de um filho que tem autismo nos dizendo que
se emocionou muito ao ver a bandeira na televisão. Disse que não compreendia
bem o que via, mas que se emocionou ao ver que a luta contra o autismo está
aqui. Depois recebemos uma mensagem do Peru, que também viu a bandeira no
estádio.
“No momento, o êxito econômico não nos
interessa”
Em tempos de profissionalismo, a postura do clube
paraguaio chama a atenção. O Nacional-PAR arrecadou cerca de R$ 500 mil – 1,078
bilhão de guaranis –, muito menos dos mais de R$ 14 milhões ganhados pelo
Atlético-MG na final da Libertadores do ano passado. Entretanto, a presença
inédita na decisão não mudou a política do Querido, que, ao menos por enquanto,
não pensa em fazer lucro, mas sim, ver o estádio cheio para se fortalecer como
mandante.
- Somos um time pequeno. No momento, o êxito
econômico não nos interessa. Tem que ter êxito esportivo, não se pode fazer as
duas coisas na nossa situação. Ou tentamos lucrar, ou temos estádio cheio. Para
nós, ser forte localmente é o ideal. Se ganhar fora, é bom, mas em casa é
melhor. Por isso os ingressos baratos. A partir daí veio a ideia das doações,
que partiu do presidente Robert Harrisson. O futebol está ligado à sociedade,
sobretudo com os que menos têm, os mais humildes. O Nacional quer esse caminho
do futebol, um esporte que move muito dinheiro e pode ajudar as pessoas que
necessitam – declarou Enrique Sánchez, dirigente titular do clube.
ONG "Esperança para o autismo" foi a escolhida para receber a
doação da final da Libertadores (Foto: Divulgação)
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Os preços cobrados pelo Nacional para a final
variavam de R$ 10 a R$ 42. Bem menor do que os valores praticados pelo rival
Olimpia na decisão do ano passado, que foram de R$ 64 a R$ 215. Se comparado
com o Atlético-MG, a diferença é ainda mais gritante. O Galo cobrou de R$ 100 a
R$ 500 na final da Libertadores do ano passado. Cobrar alto nunca esteve nos
planos da Academia paraguaia, que contava com o estádio cheio.
- Somos de um bairro populoso que tem uma gente sem
muitos meios, de classe média baixa. Obviamente, se cobrássemos preços altos,
não iria ninguém. Nós queríamos o estádio repleto. É uma loucura uma final de
Libertadores com ingressos a U$ 5, a U$ 15. Mas estamos na história com essa
final. Depois de fazer história, o Nacional vai buscar o lucro. Seria triste
chegar aqui e ver o estádio vazio – completa Enrique.
A entrega de parte da renda para a EPA deve ocorrer
na próxima semana. A ideia do Nacional-PAR é continuar com a prática,
especialmente quando atuar no Defensores del Chaco. O grande lucro com o apelo
de uma partida decisiva ainda não veio. Mas a popularidade e o respeito dos
torcedores, até mesmo dos rivais, sim.
FONTE:
Por Daniel Mundim
http://globoesporte.globo.com/futebol/libertadores/noticia/2014/08/na-contramao-nacional-adota-precos-populares-e-se-destaca-por-doacoes.html
Um comentário:
Viva o Nacional do Paraguai!
Em tempos de grandes necessidades , um clube médio do Paraguai, vai na contra mão do materialismo, do lucro fácil...
Doar parte da renda de um jogo de futebol para várias entidades necessitadas, que lutam àrduamente para manter acesa a chama da caridade, da luta em prol de várias deficiências, é digna de louvor e de Primeira Página na mídia!
Como mãe de Autista, lutando junto a grupos por um lugar ao sol na nossa sociedade, pela compreensão do Espectro do Transtorno Autista pelas pessoas, por leis que já estão no "frio papel" e não conseguem ser postas em prática, pelo egoísmo e orgulho de grupos e pessoas em geral, só tenho que me sentir MUITO GRATA!
Felizes os que pouco tem e ainda assim dividem com os que "nada ou pouco tem" ...
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