segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Amor à Vida: especialistas apontam oito erros médicos da novela das 9



 A novela continua ... O AUTISMO...(do blog)... 
Os tratamentos de câncer, lúpus e até mesmo a fertilização in vitro apresentaram erros ao serem retratados na novela Amor à Vida.

Desde maio de 2013, alguns dos assuntos que mais têm caído na boca dos brasileiros são doenças. Tudo por causa da novela Amor à Vida, escrita por Walcyr Carrasco e exibida na Rede Globo no horário das 21h. A trama se passa em grande parte do tempo dentro de um hospital em São Paulo, o San Magno, e grande parte dos personagens são médicos, enfermeiros ou mesmo executivos dessa instituição.
E com tantas cenas passadas dentro do ambiente hospitalar, diversas questões de saúde foram citadas, como lúpus, câncer, AIDS, cegueira, adoção de dietas não saudáveis, entre outros... Porém, muitas vezes em nome do enredo, algumas informações a respeito de doenças acabam não retratando fielmente a realidade, ou passando uma impressão errônea. Por isso, separamos alguns deslizes e até mesmo erros médicos mostrados na novela.

O lúpus da Paulinha
  A personagem Paulinha (Klara Castanho) foi diagnosticada com lúpus, doença autoimune que ataca pele, as articulações, os rins, o cérebro e outros órgãos, normalmente a doença é caracterizada por manchas na pele e dores e edemas nas articulações. Quando ela foi diagnosticada, o quadro estava descontrolado e ela logo teve que fazer um transplante de fígado. Porém, de acordo com a reumatologista Ieda Laurindo, do Hospital das Clínicas, um transplante não seria necessário. "O lúpus acomete o fígado com certa frequência (cerca de 20 a 50% dos casos), mas de forma subclínica, ou seja, aparecem alterações nos exames do fígado, apenas nas enzimas que ele produz, mas o paciente não apresenta sintomas", explica a especialista. "Não há na literatura médica casos de transplante de fígado devido ao lúpus, apenas um caso de uma criança, que tinha também uma hepatite autoimune associada, o que justifica o procedimento", conclui a reumatologista.
Linda (Bruna Linzmeyer) e Rafael (Rainer Cadete) - Créditos: Globo/Divulgação
 O autismo da Linda
 
 A personagem Linda (Bruna Linzmeyer) tem sido importante para mostrar na novela como o autista pode ter possibilidades como qualquer outra pessoa. O problema é que a novela não levou em consideração que existem graus de autismo, e a personagem não parece se encaixar em muitos deles. "Ao que parece, o grau de habilidade de lidar com situações e linguagem da personagem muda conforme as cenas: em algumas ela parece ter um desenvolvimento muito atrasado, em outras parece mais avançado e, depois ela volta a ficar como antes. Não é assim que um autista se desenvolve", avalia a psicóloga Ana Arantes, mestre em Educação Especial e doutora em Comportamento e Cognição.
Pelo histórico da personagem, que nunca foi à escola e também foi educada rigidamente pela mãe, sem oportunidades de se desenvolver, seria muito difícil ela de repente se desenvolver e progredir. "Poderia-se dizer que Linda, partindo de um estágio de autismo moderado-grave, rapidamente queimou etapas chegando ao final da novela como autista leve, algo que é ilusório", comenta a psiquiatra Evelyn Vinocur, pós-graduada em pediatria e especialista em psiquiatria clínica.
No geral, é importante que o autista seja diagnosticado o mais cedo possível, para que com o tratamento adequado ele seja estimulado de forma correta, de acordo com o grau de seu quadro, e possa ser inserido na sociedade. "O cuidado é multidisciplinar, e envolve desde psicólogos e psiquiatras até fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas", considera a psicóloga Ana. Com isso, o autista pode frequentar a escola, aprender coisas novas e conviver com outras pessoas.
Outra questão que a novela polemizou foi a questão de relacionamentos para autistas, já que Linda está vivendo uma história de amor com o advogado Rafael (Rainer Cadete). Quem tem grau leve de autismo pode sim lidar bem com a sexualidade e romance. Porém não é possível determinar o grau de Linda, tudo indica que ela tenha um grau severo de autismo, e isso inviabilizaria qualquer chance de um romance acontecer.
Fertilização in vitro de Niko, Eron e Amarilys
Amarilys (Danielle Winits), Eron (Marcelo Antony) e Niko (Thiago Fragoso) - Créditos: Globo/Divulgação
 O casal gay Niko (Thiago Fragoso) e Eron (Marcelo Anthony), sonhava em ter um filho. Eles decidiram fazer uma fertilização in vitro, mas alguém precisava gestar a criança. Niko então chamou sua amiga de infância Amarilys (Danielle Winits) para ser a barriga solidária. O problema é que as leis para esse tipo procedimento são muito rígidas. "O útero de substituição ou 'barriga solidária' é autorizado para parentes de até quarto grau, e em situações que não há tal parente, é obrigatória uma autorização ao Conselho Regional de Medicina (CRM)", expõe o ginecologista e obstetra Alfonso Massaguer, especialista em reprodução humana. De acordo com a resolução CFM Nº 2013/2013, podem gestar a criança apenas a mãe, irmãs, tias, avós ou primas de um dos membros do casal. E, ao que parece, não houve nenhuma espera de notificação ao CRM antes de Amarilys receber o primeiro óvulo.
Outro erro grave feito na novela foi o uso dos óvulos de Amarilys, mas isso realmente foi feito ilegalmente pela personagem, em parceria com o médico. "É estabelecido que se usem óvulos de uma doadora anônima, para não haver brigas sobre a maternidade ao fim do processo", ensina Massaguer. O que realmente aconteceu na novela, já que Amarilys quis alegar que o filho era dela.

Linfoma de Hodgkin da Nicole
Thales (Ricardo Tozzi) está de saída. Vinícius pergunta como Nicole (Marina Ruy Barbosa) está se sentindo - Créditos: Globo/Divulgação
 Logo no inicio da trama, a personagem Nicole (Marina Ruy Barbosa) começou a apresentar manchas na pele e a se tratar com um oncologista. A aposta dos telespectadores foi de que ela tivesse um câncer de pele, mas ela foi diagnosticada com linfoma de Hodgkin, tumor que se localiza nos glânglios linfáticos, como os presentes no pescoço. É raro, mas o problema pode sim se manifestar na pele. "Mas para atingir a pele com manchas, teria que ser um fase bem avançada do tumor", pondera o oncologista clínico Vladimir Cordeiro de Lima, do AC Camargo Cancer Center. Na vida real, antes de chegar nessa fase o paciente já teria mostrado outros sinais clássicos da doença que iriam inclusive permitir o diagnóstico precoce. "O normal é o paciente apresentar sintomas mais comuns como o inchaço do glânglios linfático em 70% dos casos, e pode ter também perda de peso, sudorese excessiva, febre persistente, fadiga, entre outros sintomas", explica o oncologista.
Mas a parte mais grave foi o prognóstico do médico de que Nicole teria pouco mais do que seis meses de vida, passando uma ideia errônea sobre as chances de cura desse tipo de câncer. O linfoma de Hodgkin é considerado um dos tipos mais curáveis de câncer, principalmente se for diagnosticado e tratado a tempo. Diferentemente de outros tipos de câncer, a doença de Hodgkin muitas vezes pode ser curada mesmo em estágios mais avançados. "O linfoma de hodgkin tem agressividade intermediária, pois se desenvolve rapidamente, mas seu prognóstico na maioria dos casos é favorável: a taxa de cura é muito alta", considera o especialista. Porém, não foi isso que ocorreu com a personagem, já que ela faleceu em decorrência do tumor algum tempo depois do diagnóstico.

Tratamento de choque aplicado em Paloma
Paloma (Paolla Oliveira) apática. César (Antonio Fagundes) se aproxima com a diretora - Créditos: Globo/Divulgação
 Em meio às reviravoltas do enredo, a personagem Paloma (Paolla Oliveira) foi internada pelo próprio irmão Félix (Matheus Solano) em uma clínica psiquiátrica considerada mais radical. Ela foi falsamente diagnosticada, e a médica responsável pela instituição lhe receitou tratamento com choques elétricos, extremamente dolorosos (a cena foi marcada pelos gritos da personagem). De acordo com o psiquiatra Hewdy Lobo, diretor do Vida Mental, isso não retrata a realidade desse tipo de tratamento, chamado de eletroconvulsoterapia. "Quando possui indicação para ser realizado, esse procedimento ocorre em centro cirúrgico com a presença tanto do médico anestesista quanto do médico psiquiatra, que realiza a eletroconvulsoterapia", explica o especialista.
Normalmente ela é usada em pacientes que não podem usar medicamentos, como idosos em depressão grave, gestantes com problemas psíquicos, pacientes com psicoses... Também pode ser uma indicação quando a medicação não está trazendo resultados, e o paciente tem risco de suicídio, agressão ou desnutrição. "Jamais esta é uma conduta punitiva e sim médica, quando não há possibilidade de uso de medicações", ressalta. "Além disso, uma instituição de saúde que aplica choques elétricos aliados a doses de medicamentos cavalares da forma que foi aplicado à personagem certamente está indo contra a conduta médica adequada e atuando de forma criminosa", destaca o psiquiatra Hewdy Lobo. Na novela, nem a clínica nem os médicos receberam qualquer tipo de penalidade por atuar da forma que foi mostrado.

Câncer de mama da Silvia
Silvia (Carol Castro) espera tensa. Noriko (Camila Chiba) ali. Créditos: Globo/Divulgação
 A personagem Silvia (Carol Castro) foi diagnosticada com um câncer de mama, e encaminhada diretamente para uma mastectomia, ou seja, a retirada completa da mama. Até aí, um procedimento normal, dado que essa avaliação sempre depende do tamanho da mama e do tumor. Porém, após a cirurgia, nenhum outro tratamento foi feito. "Na maioria dos casos é preciso fazer um ou mais desses três tratamentos: quimioterapia, radioterapia ou hormonioterapia", explica o oncologista clínico Vladimir Cordeiro de Lima, do AC Camargo Cancer Center. De acordo com o médico, algumas pacientes podem não precisar de nenhum desses tratamentos, mas é muito raro. Porém, na trama não foi mostrado se a personagem foi analisada quanto a isso.

O diabetes do César
César (Antônio Fagundes) e Aline (Vanessa Giácomo) - Créditos: Globo/Divulgação
  O personagem César (Antônio Fagundes) ficou cego por algum tipo de intoxicação, e ao fazer um check-up para descobrirem a causa, foi diagnosticado um aumento na sua glicemia. Logo, ele foi diagnosticado com diabetes tipo 2, apesar de a causa não ter ficado exatamente clara. Por várias, foi debatido por alguns capítulos pelo personagem Lutero (Ary Fontoura) e a Paloma, respectivamente cirurgião e pediatra, o envio de um médico para aplicar insulina no paciente. Por fim, o médico foi enviado, mas acabou administrando um medicamento por injeção.
A novela começou tendo um deslize inicial, logo corrigido, pois a primeira opção para o tratamento do diabetes tipo 2 não é a insulina. Para contextualizar melhor, existem dois tipos de diabetes: o tipo 1 ocorre porque o pâncreas não produz insulina, por isso é necessário repor o hormônio, e o mais comum é que a pessoa desenvolva o problema até os 20 anos. "Já na maior parte dos diabéticos tipo 2 há apenas uma resistência a ação da insulina. Por isso, geralmente o tratamento do diabetes tipo 2 é iniciado com antidiabéticos orais", descreve a endocrinologista Denise Ludovico, da ADJ Diabetes Brasil. Além disso, nesse processo nenhum endocrinologista foi consultado.

Parto da Luana (esposa do Bruno)
Gabriela Duarte (Luana). Bruno (Malvino Salvador) e Glauce (Leona Cavalli) - Crédito: Globo/Divulgação
 Dessa vez, o deslize foi justificado pelo enredo. No primeiro capítulo Luana (Gabriela Duarte), morreu no parto, em decorrência de eclampsia - quando ocorrem convulsões antes ou durante o parto, precedidas por sintomas como hipertensão arterial, durante a gravidez. A gestante já havia sido diagnosticada com a hipertensão ao longo da gravidez, mas sua obstetra Glauce (Leona Cavalli), não tinha consigo um cardiologista na equipe. "É importante uma equipe de retaguarda, pois se alguma complicação ocorrer, é importante termos uma UTI e equipe médica completa para atender esta gestante. Isto vale para qualquer mulher em pré-natal de alto risco", considera o ginecologista e obstetra Alfonso Massaguer, especialista em reprodução humana. Porém, a intenção da médica era justamente que Luana morresse no parto, pois ela estava apaixonada pelo marido da grávida, Bruno (Malvino Salvador). O segredo foi revelado ao longo da novela.
FONTE:
Por:
Nathalie Ayres

Para 72% dos pais de criança autista, escola não ajuda no aprendizado do filho



 Mesmo assim, 85% dos pais de autista avaliam a escola como uma experiência positiva, mostra pesquisa da USP
Uma dissertação de mestrado da Universidade de São Paulo (USP) mostra que apenas 27,7% dos pais de crianças com autismo avaliam que a escola colabora na aprendizagem acadêmica do filho. Por outro lado, 85% dos genitores entendem a escola como uma experiência positiva e 53% acreditam que o desenvolvimento social é o resultado mais relevante na frequência às aulas.
Para realizar sua pesquisa, Ana Gabriela Lopes Pimentel ouviu 56 cuidadores na região oeste da Grande São Paulo. Do total, 54 crianças iam para escola. A maioria dos pacientes era meninos, com idade entre 3 e 16 anos.
Gisleine Hoffmann, mãe de Lucas, de 5 anos, viu a evolução do filho ao procurar por uma nova escola
Para Ana Gabriela, a pouca menção dos resultados educacionais dos filhos é devido a um de dois fatores: ou o potencial educativo das crianças e adolescentes com autismo está sendo subestimado ou os resultados escolares estão sendo ignorados.
A orientadora da pesquisa, professora Fernanda Dreux Miranda Fernandes, explica que os 85% de aprovação, mesmo que não signifiquem aprendizado, é resultado de uma gratidão. Ela acredita que o medo de o filho não ser aceito é tão grande que, somente o fato de a criança estar matriculada e com direito ao convívio já é visto como suficiente.
Um equívoco, explica Fernanda. "A socialização não pode ser vista como o mais importante". Mesmo porque, afirma, a maior parte das crianças com autismo consegue acompanhar o currículo de uma escola regular, ainda que alguns com um aproveitamento relativo, desde que com acompanhamento adequado.
Adaptações
Para Gisleine Hoffmann, mãe de Lucas, de 5 anos, a solução foi mudar de escola. Matriculado em uma colégio no interior de São Paulo desde que tinha um aninho, o garoto costumava ficar muito agitado. “Além disso, até uns três anos, ele não falava, se comunicava apenas com gestos", conta.
Quando a criança completou três anos, veio o diagnóstico de autismo. "Nisso, pedi para acompanhar algumas aulas e descobri que ele ficava afastado dos colegas. Quando não se dava bem em uma atividade, era deixado de lado”, conta.
O diagnóstico coincidiu com a mudança de cidade e Gisleine aproveitou para procurar uma escola menor. Apesar de ser regular, a atual instituição de ensino onde Lucas estuda tem apenas cinco alunos na sala.
"Busquei uma escola com poucas crianças. Foi um desafio para o Lucas e para a escola também, já que eles não tinham tido um aluno com autismo antes."
A evolução veio com pequenas coisas no dia a dia: Lucas começou a contar eventos da escola para a mãe, falar sobre os colegas e a escrever sozinho. No último Natal, escreveu a primeira cartinha para o Papai Noel. Além disso, aprendeu a jogar xadrez. "Ele é muito bom. Me contaram que os amigos pedem para jogar com ele", conta a mãe orgulhosa.
História parecida é de Paula Naime, mãe da Carolina, de 5 anos. Com dois anos e sem Carolina andar ou falar, a mãe decidiu procurar por ajuda. O neurologista recomendou que ela procurasse uma escola para que a filha se integrasse. "Na escola, me falaram que ela era diferente", conta. O diagnóstico de autismo veio dois anos depois
Questionada sobre o aprendizado da filha, ela diz que muitas escolas estão bem menos preparadas do que os pais. Matriculada em um escola regular, porém pequena, Carolina já consegue escrever o alfabeto e sabe os números. "Ás vezes, eu brinco com ela à noite, digo que ela vai ser presidente de uma multinacional. Mas, a verdade, é que ela pode ser o que ela quiser, o mais importante é que seja feliz", diz Paula.
Tempo na escola
Outra questão que chamou atenção durante a pesquisa é que apenas 70% das crianças com autismo frequentam a escola durante toda a semana, enquanto mais de 16% vão apenas três dias por semana.
Resultado de falta de estrutura e preparo, explica Fernanda Dreux. "A política pública é incluir as crianças em escolas regulares. Mas ainda há situações como a de professores que têm uma sala com 50 alunos e mais uma criança autista", pondera.
A fonoaudióloga Danielle Defense, que trabalha com crianças autistas, diz que, mesmo aliviados, muitos pais acabam frustrados com a situação e não raro, têm um histórico de tentativas em muitas escolas. "Eles mostram bastante insatisfação em como são recebidos e como são ouvidos pelos professores e diretores, por mais que as crianças estivessem na escola. Há muita resistência."
Ainda assim, Daniele insiste para que os pais não desistam, e acompanhem o progresso acadêmico do filho. "É trabalho de sociabilização é muito importante, mas a criança tem que ter aprendizado", completa.

FONTE:
Por Julia Carolina - iG São Paulo
http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2014-01-26/para-72-dos-pais-de-crianca-autista-escola-nao-ajuda-no-aprendizado-do-filho.html
Links importantes para pais e professores conhecerem o assunto:
Cartilha das diretrizes do autismo feita pelo Ministério da Saúde
Lei de Proteção ao Autismo
Cartilha da Defensoria Pública do Estado de São Paulo
Programa de Inclui - Inclusão de alunos com necessidades especiais no Municipio de São Paulo.
Contatos importantes:
Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo (Solicitação de Tratamento Gratuito e Orientação sobre a parte escolar)
Rua Drº Enéias de Carvalho Aguiar 188, primeiro andar, Cerqueira César
CAPE - Centro de Apoio Pedagógico Especializado (Prefeitura de São Paulo)
Rua Pensilvânia, 115 - Fundos
Tel: (11) 3396-0649

domingo, 26 de janeiro de 2014

Bruna Linzmeyer: '‘Um autista e sua família podem nunca ter um momento como esse’'



     Em exclusiva, atriz conta curiosidades e fala sobre a 
preparação da personagem
“A Linda agora faz parte de mim”, diz Bruna
    Um belo dia, Bruna Linzmeyer foi convidada a emprestar seu talento à novela “Amor à Vida”. Exatos nove meses depois, nascia Linda. De parto normal e sem complicações, a atriz deu à luz a personagem autista que desperta elogios desde os primeiros capítulos da trama de Walcyr Carrasco.
     Em entrevista exclusiva ao Gshow, ela comenta a experiência. O local da conversa, inusitado, ela própria que escolheu: o gramado do Projac. No estúdio em frente, acabara de ser gravada a cena emblemática da história de Linda, na qual a moça pede socorro à família. E foi assim, recém-saída da gravação, sentada na grama com pés descalços e voz suave, que a jovem catarinense respondeu às perguntas:
     Por que você escolheu dar a entrevista de pés descalços sobre o gramado?
      Porque eu sou uma pessoa da natureza, assim como a Linda. Ela adora as formiguinhas. De vez em quando eu venho para cá, me sento aqui e aproveito o tempo para relaxar, refletir, ler um pouco.
     Você poderia comentar a gravação da cena em que a Linda pede socorro à família?
    Com prazer. A cena é linda, é muito linda. Às vezes, um autista e sua família podem nunca ter um momento como esse, mas em muitos outros casos ele existe. E trata-se de um momento muito arrebatador, porque ninguém espera. A Linda não é um personagem verbal, não sabe o que o verbo significa, ele não a satisfaz.    
      O verbo é só mais uma coisa na vida, só mais uma maneira de ser. É preciso muito aprendizado com terapias, fonoaudiologia e psicologia para que um autista chegue a esse estágio verbal. Então, é muito bonito, principalmente para as pessoas não autistas, porque eles são seres verbais, precisam de palavras para se comunicar. Para a Linda, o que é potente é o que acontece depois desse momento. Ela só percebe a potência daquela cena no dia a dia que acontece depois.
     Você comentou com o diretor, Mauro Mendonça Filho, que o texto da cena estava muito bom… Por quê?
     Estava muito bem construído. Sua construção foi muito boa por não ser exatamente linear. O pensamento de uma pessoa não autista é linear, diferente de como acontece com a Linda. O pensamento dela é entrecortado. Além disso, o texto é recheado de referências, e o trabalho é feito a partir de histórias que já existem. A Linda existe porque os autistas existem, e porque eles precisam que a Linda exista também. Foi um texto cheio de história.

     Como a Linda afetou você?
     Por inteiro. A Linda me afetou muito, de muitas maneiras. Ela mudou meu olhar, meu ritmo, meu tempo, mudou muita coisa. Eu não tenho a dimensão do quanto ainda, mas espero que isso ainda reverbere por algum tempo em mim.
     Quadro de Danielle Carcav no cenário 
 
Quadro da artista compõe o cenário nas gravações

     Isso é tudo que você vai levar da Linda quando a novela terminar?
   Não. Eu pedi para ficar com um dos quadros da Linda. Na verdade, eles são de uma artista muito sensível, e eu realmente acho os quadros dela verdadeiras obras de arte, porque eles me atravessam. Eu os acho lindos, e eles são um signo do que a Linda foi e é na minha vida. Gostaria de ter um signo para levar comigo.      
     Pode ser qualquer um deles. Ainda não sei onde vou pendurar o quadro. No meu coração, com certeza.
     Como você pretende influenciar as pessoas com o seu trabalho?
     Quando a gente inventa ou decide fazer um trabalho, tudo o que queremos é que nosso trabalho possa afetar as pessoas, assim como os quadros da Linda me afetam. Talvez essa seja a característica de uma obra de arte: atravessar as pessoas. Isto ou aquilo são obras de arte para mim porque me atravessam, porque mudam a batida do meu coração. Tudo o que um artista quer é fazer uma obra de arte, mas nem sempre ele faz. Nem sempre dá para fazer. Eu não sei se a Linda é uma obra de arte, mas existe em mim o desejo de que ela seja. Eu fui muito afetada pela Linda, e isso já é importante para mim.
     Como são os momentos após as gravações?
     Muito bons! Há algo de inexplicável no trabalho de um ator. Você traz à tona emoções muito profundas, algumas são suas, outras são de outras pessoas, e outras são inventadas. E depois que a cena acaba você fica num lugar vazio. Isso parece ser ruim, mas é bom. Como está vazio, você pode inventar uma coisa nova para colocar nesse lugar. Você pode ser uma nova pessoa depois de fazer uma cena em que você ficou vazio no final. Ou seja, trabalhar como atriz cria espaços vazios, além de criar muita coisa.
 Cachecol foi presente de um autista 
Cachecol usado em cena é presente de uma autista
     E os momentos que antecedem as gravações? Como são?
     Está aqui o pré-cena, eu carrego na bolsa. As músicas que ouço desde o começo são as mesmas, incluindo uma inédita, que nunca foi publicada. Só eu tenho essa música porque é do meu namorado, o Michel Melamed. E tem também os livros, que me acompanham sempre. São muitos, desde biografias até livros de poesia. Mesmo que eu não consiga lê-los, só de tê-los por perto já faz alguma diferença. Nunca são os mesmos livros. Às vezes eu olho para a minha estante e elejo aquele, sem nenhum motivo específico. Os livros e as músicas são tão importantes quanto o texto e o figurino. Eles são uma conexão com pessoas que eu admiro, com pessoas que mudaram a minha vida.
     O que existe no universo interior que você construiu para a Linda?
     Muita consciência de tudo. A Linda sabe de tudo, muito mais que todo mundo. E essa vida interna existe desde a primeira faísca de existência da personagem. Desde as primeiras cenas, eu procurava olhar para as coisas com o olhar de quem vê, de quem sabe. E é tão bonito chegar ao final da novela e perceber que houve conexão com o autor, porque ele faz a Linda dizer exatamente isso: “Eu ouvia vocês”. E isso significa “eu entendia, eu sabia, eu sei”.
     O que você gostaria de dizer às pessoas que têm acompanhado seu trabalho?
     Gostaria de dizer “obrigada”. Ouço tanta coisa das pessoas, e a Linda não existiria sem elas também. A construção de uma personagem depende do público, especialmente em uma novela em que a história é influenciada pelo que o público espera, e tudo muda o tempo todo. Então eu tenho que agradecer a todo mundo que está em volta. Parece um clichê, mas é verdade.
FONTE:
http://gshow.globo.com/novelas/amor-a-vida/por-tras-das-cameras/noticia/2014/01/bruna-linzmeyer-um-autista-e-sua-familia-podem-nunca-ter-um-momento-como-esse.html
Fotos: TV Globo

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Marcos Mion declara-se para filho especial

 Apresentador desabafou em texto lindo no seu perfil do Facebook sobre o primogênito,
Marcos com a mulher, Suzana, e o filho, Romeo (Foto: Reprodução/Instagram)

Emocionante e inspirador. É assim que pode-se definir o texto que Marcos Mion compartilhou em seu perfil do Facebook para falar do filho, Romeo. O garoto, de 8 anos, é fruto do relacionamento do apresentador com a designer Suzana Gullo – o casal tem também Donatella, de 5 anos, e Stefano, de 3. Confira o texto na íntegra:
"Deus me deu um presente.
 Fui um dos escolhidos. Somos muitos, mas ainda uma minoria. Se fossemos a maioria, o mundo seria um lugar com muito mais amor incondicional e puro, com mais respeito, paciência e valores. Quem somos nós? Famílias abençoadas com uma criança especial. Sim, nos seus primeiros anos de vida, eu e minha mulher, Suzana, percebemos que nosso filho mais velho, Romeo, é uma criança com dificuldades de desenvolvimento. Demorou algum tempo para termos essa certeza porque ele não se encaixa em nenhum diagnostico e segue evoluindo e aprendendo no seu ritmo.
 Todos especialistas dizem que ele não é autista, não é asperger, enfim, que ele não é nada além de uma criança que se encaixa na sigla NOS - Not Otherwise Specified, que significa "Sem Outras Especificações", mas que faz parte do spectrum autista. E por que é bom ele não se encaixar em nenhum diagnostico? Porque ele pode ser ele! Com todo seu potencial, seu jeito único, suas características, vitórias e limitações, e não o que um especialista determine que ele seja. O diagnostico é a maneira mais eficaz de limitar alguém, de não ver sua beleza e singularidade. Qualquer criança que pertence ao spectrum, seja qual for a especificação, tem uma luz única, diferente e seu caminho é ilimitado! Peço, de coração, para que os pais nunca parem de acreditar, independente de um rotulo, e estimulem sempre seus filhos especiais, pois eles tem muito a nos ensinar. Eles só precisam de amor e apoio.
Nós, desde seu nascimento, acompanhamos seu desenvolvimento de perto e buscamos os melhores especialistas no Brasil e fora. Sempre sou questionado do porque fiz a segunda base da minha família em Miami e porque passamos tanto tempo aqui. Essa mudança aconteceu, porque aqui encontramos uma especialista que desenvolveu um método com o qual nos identificamos muito, que foi essencial para entendermos a situação e para o Romeo ter as melhores condições para firmar suas bases de desenvolvimento. Foi um perfeito complemento ao trabalho dos médicos e todos profissionais brasileiros que trabalham com a gente.
 Assim, hoje em dia, Romeo vive uma vida normal, na escola, nas atividades, com família e amigos e é amado por todos que o cercam! Estes, alias, os grandes sortudos que, como eu e minha família, tem a felicidade de conviver e aprender todos os dias com um ser humano tão evoluído. Ele é minha maior inspiração como pai, como ser humano. Como uma vez ele me disse: "Pai, eu sou seu irmão".
 Sim filho, você é meu irmão de alma.

Meu maior orgulho."
FONTE:
http://revistaglamour.globo.com/Celebridades/noticia/2014/01/marcos-mion-declara-se-para-filho-especial.html

“Rene” e o português “Zeca” ajudam crianças com autismo


VÍDEO no endereço abaixo:
http://pt.euronews.com/2014/01/22/rene-e-o-portugues-zeca-ajudam-criancas-com-autismo/

Um pouco por todo o mundo existem projetos em desenvolvimento para ajudar crianças autistas com recurso a robôs. Em Portugal, no Minho, está em desenvolvimento o “Zeca”, cujo nome é a sigla da expressão inglesa Zeno Engaging Children with Autism.
O projeto luso foi iniciado em 2009, é ainda experimental e resulta de uma parceria entre a Universidade do Minho e a representação de Braga da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental. Na página de Facebook do projeto (Robótica-Autismo), lê-se que está a decorrer o segundo estudo piloto com o “Zeca”, o robô produzido pela Hanson Robotics, que é capaz de simular sentimentos como tristeza, admiração ou alegria e cujo objetivo é melhorar a vida social das crianças autistas.
Na Croácia, encontrámos o “Rene”, um robô desenvolvido pela Faculdade de Ciências de Educação e Reabilitação da Universidade de Zagreb. Através de uma câmara, um microfone e altifalantes, o “Rene” regista a voz das crianças e avalia a forma como elas estabelecem contacto pelo olhar e como reagem na presença dos pais. As crianças autistas têm dificuldade de interação social. Por isso, é mais fácil para elas interagir com uma máquina.
“O objetivo do projeto é desenvolver o protocolo robótico de diagnóstico de autismo. Isto consiste em juntar o clínico e o robô na avaliação, num género de equipa “cyborg” (mecânica e humana) que estabelece o diagnóstico da chamada Desordem de Espetro Autista”, explica a investigadora Maja Cepanec, da Faculdade de Ciências de Educação e Reabilitação, de Zagreb, explicando que o o plano é “realizar-se este tipo de protocolo com crianças autistas e crianças em normal desenvolvimento”.
“Queremos ter a certeza de que vamos conseguir identificar os comportamentos corretos e de que fazemos o tipo de análise que nos vai permitir separar estes dois grupos de crianças”, acrescenta Maja Cepanec.
Os informáticos programam o robô de acordo com as reações das crianças, permitindo que os sinais de autismo possam ser melhor detetados. O “Rene” envia às crianças estímulos simples, padronizados e de forma repetida, o que as ajuda a focarem-se numa única e clara mensagem, sem as variáveis humanas, que muitas vezes as confundem.
Marija Cukelj é mãe de uma criança autista e aprova o recurso à robótica. “O Filip, por acaso, observou o robô com atenção, o que não é habitual. Ele, normalmente, anda a correr por todo o lado e a atenção em algo não dura mais do que breves segundos. Mas quando viu o robô, olhou para ele, sentou-se, estudou-o e ficou muito interessado”, conta esta mãe de uma criança autista.
Os cientistas ressalvam, contudo, que a ideia por trás desta tecnologia não é a de substituir os clínicos, mas sim ajudar de forma inovadora os profissionais humanos, em colaboração com as máquinas, a reunir informação e a codificar os comportamentos das crianças com autismo.
FONTE:
Copyright © 2014 euronews

http://pt.euronews.com/2014/01/22/rene-e-o-portugues-zeca-ajudam-criancas-com-autismo/

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Personagem de 'Amor à Vida' causa polêmica

 
Linda e Rafael se beijam em 'Amor à Vida'. (Foto: TV Globo/ Divulgação)

          * Alessandro Vianna 
         Muitos amigos e paciente noveleiros tem me questionado se realmente pode haver um relacionamento como o de Rafael (Rainer Cadete) e Linda (Bruna Linzmeyer), da novela "Amor à Vida". Minha primeira colocação é de que não podemos esquecer que uma telenovela é uma obra de ficção, portanto, tem suas peculiaridades que não necessariamente são condizentes com a vida real.
        Essa dúvida surge principalmente pelo estigma de que as pessoas autistas são isoladas em seu próprio mundo, alienando-se de qualquer comunicação. Porém, no autismo cada caso tem suas características, suas dificuldades que variarão de acordo com alguns aspectos, como - por exemplo - o ambiente familiar e os estímulos nele proposto.
        As conquistas e um possível relacionamento dependerão do grau de capacidade, complexidade e principalmente do tipo e tempo de tratamento.  Normalmente, os autistas não respondem igualmente e rapidamente a evolução que a personagem Linda teve durante a trama. É sempre um longo caminho, baseado em paciência e colaboração da família e tratamento contínuo.
Linda ( Bruna Linzmeyer) dá presente para Perséfone. (Foto: TV Globo/ Divulgação)

O autista geralmente apresenta dificuldades de entender as emoções e consequentemente de expressá-las, o que não significa que elas não poderão manifestar o que sentem. No entanto, a forma de expressão será diferente da maioria das pessoas. Normalmente, apresentam uma certa resistência ao toque. Abraços e carinhos provavelmente não farão parte de seu repertório comportamental.
É importante ressaltar que não há nenhum problema em pessoas autista se relacionarem afetivamente. Dependerá sempre do nível de deficiência intelectual, suas limitações, podendo até constituir uma família.
A trama da TV Globo mostra com maestria e encantamento a possibilidade de um relacionamento entre pessoas consideradas “normais” e as que possuem algum tipo de transtorno, mas não podemos esquecer, como citei no começo, que em uma ficção alguns caminhos são menos dolorosos, mais sintetizados, mais românticos do que a vida real e isso fica muito claro no amor entre Rafael e Linda.
Linda (Bruna Linzmeyer) e Rafael (Rainer Cadete). (Foto: TV Globo/ Divulgação)

Na minha opinião, a pessoa que se relacionar com um autista deve conhecer a fundo o transtorno e se posicionar sempre numa postura de acolhimento, tendo consciência das dificuldades que serão apresentadas. É importante saber que se trata de um transtorno mental do desenvolvimento humano que afeta a linguagem, a interação social e o comportamento, que tende a ser estereotipado e contínuos. Tem intensidades variáveis, que envolvem de sintomas leves, ligados à cognição social, aos mais intensos, associados ao retardo mental. Nos quadros mais graves, há a possibilidade da pessoa não desenvolver a capacidade para o aprendizado e a linguagem.
Os sintomas costumam surgir antes dos três anos de idade, sendo possível fazer o diagnóstico aos 18 meses. Apatia, falta de apego, atraso na fala e atitudes agressivas são comportamentos presentes. O tratamento exige acompanhamento de um psiquiatra, terapias e medicamentos.
Uma coisa posso afirmar: o parceiro dentro de um relacionamento com um autista terá uma evolução gigantesca como ser humano.

* Alessandro Vianna 
é psicólogo clínico e sente um enorme prazer em estudar e entender o comportamento humano.

Especial para o Yahoo 
http://br.mulher.yahoo.com/personagem-de--amor-%C3%A0-vida--causa-pol%C3%AAmica-225522814.html