quinta-feira, 8 de maio de 2014

Rosinha da Adefal lança guia para a imprensa falar sobre deficientes



Rosinha da Adefal (C): 
é preciso tratar as pessoas com deficiência com igualdade, 
nem vitimizando nem supervalorizando seus feitos - 
Laycer Tomaz/Câmara dos Deputados
O Guia "Como falar sobre deficiência" foi lançado nesta quarta-feira  na Câmara dos Deputados. O manual para profissionais de comunicação traz, em um texto leve, exemplos do que é preciso evitar no tratamento da pessoa com deficiência. Segundo o guia, é preciso evitar o termo "deficiente" porque passa a ideia de que a deficiência está presente nessa pessoa inteira, o melhor é usar pessoa com deficiência.
Tratamento e preconceito
O texto, proposto pela Frente Parlamentar do Congresso Nacional em Defesa das Pessoas com Deficiência, traz ainda frases veiculadas na imprensa que demonstram preconceito e por isso precisam ser evitadas.
A deputada Rosinha da Adefal (PTdoB-AL) coordenou o trabalho de produção do guia. Na opinião da parlamentar, que é cadeirante, é preciso tratar as pessoas com deficiência com igualdade, nem vitimizando nem supervalorizando seus feitos. "Nós deficientes temos que ser vistos pela sociedade de uma forma geral, antes da cadeira, antes da muleta, antes dos óculos, do aparelho auditivo, da bengala, como uma pessoa, como um cidadão que tem direitos e deveres como qualquer outro."
O presidente nacional do Movimento Orgulho Autista Brasil, Fernando Cotta, participou da cerimônia de lançamento da cartilha e explicou que a forma de chamar uma pessoa com deficiência é um meio de combater ou reforçar o preconceito.
Cotta destacou que o guia vai balizar toda a imprensa que “carrega toda essa responsabilidade de passar para essa sociedade como se dirigir a essas pessoas, sem que seja de uma forma difamatória, de uma forma com que essas pessoas se sintam mal".
Pessoas com deficiência
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial.
FONTE:
KARLA ALESSANDRA
http://al1.com.br/noticias/seguranca/2014/05/07/7521/rosinha-da-adefal-lanca-guia-para-a-imprensa-falar-sobre-deficientes

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Comercial reproduz sintoma do autismo



       Objetivo é promover a National Autistic Society, uma organização britânica que luta para disseminar informações sobre o autismo

     São Paulo - Entender alguém com autismo é algo complicado. É difícil saber o que se passa na mente daqueles que possuem a disfunção. Pensando nisso, a agência londrina The News criou um comercial que reproduz um dos sintomas que acomete alguns indivíduos que possuem o transtorno de desenvolvimento.
     O objetivo é promover a National Autistic Society, uma organização britânica que luta para disseminar informações sobre o autismo.
     O filme mostra como imagens e sons podem sobrecarregar alguém que possui anormalidades sensoriais.
Em entrevista ao site da Adweek, o diretor de criação responsável pela ação, Kit Dayaram, ressalta que o filme representa como as pessoas com sensibilidade sensorial se sentem, mas não reproduz "exatamente" como é o sintoma, dá apenas uma ideia do que acontece.
 Confira no vídeo:




FONTE:

 




http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/comercial-reproduz-sintoma-do-autismo


sexta-feira, 2 de maio de 2014

'São minha razão de viver', diz mãe de gêmeos autistas de 25 anos



Moradores de Mogi das Cruzes, Fábio e Fabrício 
têm síndrome rara.

Mãe lida com falta de comunicação e crises de agressividade.
Creuza acredita que cuidar dos filhos gêmeos é uma missão (Foto: Pedro Carlos Leite/G1)
"A mãe cria o filho para casar, ter uma família. Mas a mãe que tem filhos especiais cria para elas. Eles vão ser bebês para o resto da vida”. As frases são de Creuza Rosa de Souza, que é moradora de Mogi das Cruzes (SP) e mãe dos gêmeos Fábio e Fabrício. Portadores de uma forma severa de autismo, os “bebês” de Creuza estão com 25 anos e têm quase a mesma altura dela. Eles não falam e dependem da mãe para comer e ir ao banheiro. Às vezes, têm crise de agressividade. “Eu estava pensando em comprar uma camisa de força”, diz com a mesma sinceridade com que reflete: “eu acho que eu sem eles é como um barco sem rio e um passarinho sem água. Eles são minha razão de viver.”
Creuza conta como é a rotina dos gêmeos. “Eles costumam acordar por volta das 10h. Eu levo para o banheiro, dou banho, troco a roupa. Dou o café e por volta do meio-dia dou almoço para eles. A comida tem que ser bem cortadinha. Sou a mão e o braço deles. Eles dependem de mim totalmente.”
Apesar de problemas na coordenação motora, Fábio e Fabrício não têm restrições físicas. O que eles mais fazem é observar o movimento da rua onde moram, no bairro Mogi Moderno. “Apelidaram eles de 'os meninos da esquina'. Fica um num lado da esquina e o outro do outro. E eu tenho que ficar junto, de olho”, continua a mãe, que teve que ensinar aos dois o básico para se comunicar. “Eles não falam. Eu sei quando eles estão com dor por causa da cara. Quando quer tomar café é com um gesto, comer, outro gesto. São gestos que eu ensinei”.
Síndrome rara
Os meninos foram diagnosticados com quatro anos de idade. “Eles nasceram sem o céu da boca. Com o passar do tempo não conseguiam andar. Levamos eles para a USP de Bauru fazer a cirurgia no céu da boca. Lá, um geneticista descobriu que eles têm uma sindrome rara no Brasil, que engloba o autismo”, conta a mãe.
Os gêmeos Fábio e Fabrício ficam sem ter o que fazer o dia todo (Foto: Pedro Carlos Leite/G1)
Ambos são portadores da síndrome de Smith-Fineman-Myers. “Tem oito casos no mundo inteiro e aqui no Brasil eles são únicos por serem gêmeos”, explica Creuza. Em 1998 Fábio e Fabrício foram assunto de uma revista americana de medicina. Na infância, eles também passaram por cirurgias nos ouvidos, garganta e nariz.
A mãe conta que não consegue mais levá-los para fazer tratamento. “Não consigo levar mais para Bauru. Quando eles eram pequenos eu arrastava para cá e para lá, mas agora eles são homens e quando não querem fazer alguma coisa eles sentam no chão e dificulta tudo. Eu desisti de Bauru. Não sei se eles tinham mais alguma coisa para fazer lá, mas eu não tinha mais condições de ir.”
Eles não são uma cruz, é uma missão. Quando Deus te dá uma missão, não tem como pasar a bola para outra pessoas"
 Creuza Rosa de Souza, mãe de filhos autistas
Dedicação
Quando os gêmeos nasceram, Creuza já era mãe de um casal. Hoje o filho mais velho tem 36 anos e a segunda filha tem 32. “O Fábio e o Fabrício me deram muito trabalho quando eram crianças. Se engasgavam, perdiam a respiração, quebravam o vidro da porta da casa, machucavam a mão... É complicado, é ate hoje. Mas a gente vai fazer o quê? Eles não pediram para vir ao mundo, a gente tem que ter paciência.”
Os gêmeos estão sempre juntos para fazer tudo. “O Fábio é mais carinhoso, gosta que beije ele e abrace. Já o Fabrício é mais arredio, se vai fazer isso ele fica nervoso, não quer. Eles se dão bem um com o outro, mas às vezes é um pega para capar. Eles gostam de assistir Chaves, Shrek e futebol. Acho que o Fabrício é corintiano, quando passa jogo do Corinthians ele beija a camisa. Uma vez um homem que estava de fogo passou na rua, falou 'olha o Timão' e beijou a camisa, então ele beija também”, conta a mãe.
Atualmente com 52 anos, Creuza recorda que trabalhava como cabeleireira, ofício que abandonou quando os gêmeos nasceram. A família vive com a aposentadoria do marido, que está com 50 anos e atualmente faz bicos como servente de pedreiro.
Quando o pai dos meninos volta do serviço, por volta das 19h, a família passeia de carro com os meninos na Avenida Cívica. “É a única diversão deles. A gente volta para casa, coloca eles para dormir e termina o dia”, conta Creuza.
Creuza gostaria que houvesse um local para que os filhos se desenvolvessem (Foto: Pedro Carlos Leite/G1)
Crises de agressividade
Creuza não tem com quem deixar os meninos para fazer as atividades do dia a dia. “Para ir no mercado tem que ir com eles. Uma vez o Fábio brigou com o pai e quase quebrou as coisas do mercado. O segurança que fez amizade com eles conversou e conseguiu acalmar.”
A personalidade dos gêmeos é imprevisível. “Quando eles gostam de uma pessoa, é um amor verdadeiro. Grudam com a pessoa, mas se não gosta é bom não ficar perto senão eles são capazes de voar em cima”, diz a mãe.
Apesar de calmos a maior parte do tempo, há ocasiões em que eles são agressivos. “Estou fazendo comida, de repente eles vêm por trás e me atacam, dão um tapa na minha cara. Isso é do nada”, conta Creuza.
Ela está preocupada com as crises. “Dia desses, o Fábio começou a atacar o meu marido dirigindo. Dava tapas nele, agarrava ele. Eu tive que pular do banco da frente para trás e o meu marido dirigindo teve que arranjar um acostamento para parar o carro. Eu estava pensando em comprar uma camisa de força. O Fábio é direto que ele tem crise ultimamente. Ele gosta de passear mas é agressivo com o pai”, relata.

Fabrício gosta de ficar com o irmão assistindo a desenhos e vendo o movimento na rua (Foto: Pedro Carlos Leite/G1)
TENTATIVAS DE TRATAMENTO
Creuza conta que já tentou buscar tratamento para os meninos. “A Apae ficou com eles dos 8 até os 20 anos. Mas chegou uma hora que já não valia mais a pena. Quando ficaram grandes, eles só faziam meia hora de atividades. Disseram que eles tinham que sair da fralda. Depois de um tempo, era difícil fazer meus filhos acordarem cedo para ir para lá, ficar pouco tempo e voltar embora.”
Para a mãe, falta em Mogi das Cruzes um lugar especializado para acolher pessoas com autismo já na idade adulta. “Teria que ter uma casa assistida para deixar o filhos e a mãe ir se tratar. Se a mãe está ruim como que vai cuidar dos filhos direito? Os meus ainda são sociáveis, vão no mercado, mas tem mães que os filhos não põem a cara para fora, os filhos ficam trancados dentro de casa”, diz.
A família recebeu uma ligação da Prefeitura de Mogi convidando os gêmeos para passar por uma avaliação no Centro de Atenção Psicossocial (Caps). Creuza levou os filhos na última terça-feira (22) e conversou com uma psicóloga, mas ainda está desconfiada. “Lá é feito tratamento de pessoas que têm problemas com drogas, alcoolismo e quem tem problemas mentais como esquizofrenia. Não é um ambiente para as crianças. Mas vamos ver, se pelo menos ficarem com eles na parte da manhã dá para eu fazer minhas coisas”, comenta. O próximo passo é submeter os gêmeos à avaliação de um psiquiatra.
Missão
Creuza fica preocupada quando pensa no futuro. “Eu penso no dia que eu não estiver aqui, como eles vão ficar ou quando eu envelhecer mais, como vou cuidar deles. Eu tenho 52 e já me sinto desgastada, fraca... Eu peço a Deus que me dê força para cuidar deles”, diz.
Porém, ela está longe de ver sua dedicação como um fardo. “Eles não são uma cruz, é uma missão. Quando Deus te dá uma missão, não tem como passar a bola para outras pessoas. Eu acho que tudo que eu passo com eles é porque Deus está me testando de alguma forma. Tem pessoas com problemas muito piores do que o meu.”
      FONTE:
Pedro Carlos Leite Do G1 Mogi das Cruzes e Suzano

http://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2014/05/sao-minha-razao-de-viver-diz-mae-de-gemeos-autistas-de-25-anos.html

quarta-feira, 30 de abril de 2014

TDAH - Um distúrbio infantil levanta mais perguntas



Com milhões de crianças diagnosticadas com o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (sigla TDAH), existe a preocupação de que o distúrbio esteja recebendo tratamento excessivo com medicamentos prescritos.
No entanto, alguns profissionais da saúde mental estão alegando ter identificado um novo distúrbio que pode amplamente expandir as classes de jovens tratados por problemas de déficit de atenção. Chamada de tempo cognitivo lento, dizem que a condição é caracterizada pela letargia, devaneios e pelo processamento mental lento.
Os especialistas que buscam mais pesquisa sobre o tempo cognitivo lento afirmam que o quadro está ganhando impulso na direção do reconhecimento como um distúrbio legítimo – e, como tal, um candidato ao tratamento farmacológico.
A publicação Journal of Abnormal Child Psychology dedicou 136 páginas da sua edição de janeiro aos estudos que descrevem a doença, com o estudo principal alegando que a questão da sua existência “parece ter sido enterrada até o momento dessa edição”. O psicólogo Russell Barkley da Universidade de Medicina da Carolina do Sul alega que o tempo de cognição lenta “se tornou o novo distúrbio de déficit de atenção”.
Keith McBurnett, professor de psiquiatria da Universidade da Califórnia em San Francisco, disse: “Quando começamos a falar sobre devaneios, divagação mental, esses tipos de comportamento, pessoas que têm um filho ou filha que faz isso excessivamente falam, ‘Conheço isso por experiência própria’. Essas pessoas sabem do que se trata”.
Contudo, alguns especialistas, inclusive o dr. McBurnett, afirmam que não existe consenso sobre os sintomas e muito menos sobre a sua validade científica. Eles alertam que a divulgação do conceito sem o rigor científico mais amplo pode expor crianças aos diagnósticos sem garantia e aos medicamentos prescritos – problemas já tratados pela TDAH.
Estamos vendo uma moda evoluindo: assim como a TDAH tem sido o diagnóstico da vez há 15 anos mais ou menos, esse é o começo de outra moda”, declarou o Dr. Allen Frances da Universidade de Duke na Carolina do Norte. “Isso é um experimento na saúde pública de milhões de crianças”.
Apesar do conceito do tempo cognitivo lento, ou TCL, ter sido pesquisado desde a década de 80, ele não foi reconhecido no Manual de Diagnóstico e de Estatística dos Distúrbios Mentais, usado pela Associação de Psiquiatria Americana.
 Steve S. Lee, professor associado de psicologia da Universidade da Califórnia em Los Angeles, disse divergir em relação à ênfase da revista no tempo cognitivo lento. Ele expressou a preocupação de que a TDAH já havia se ampliado para englobar muitas crianças com comportamentos comuns à idade, ou cujos problemas são oriundos do sono inadequado, da incapacidade de aprendizado diferente ou de outras fontes. Cerca de dois terços das crianças diagnosticadas com o TDAH tomam medicação diária, que quase sempre controla a impulsividade severa e a falta de atenção, mas também traz o risco de insônia, da perda do apetite e, entre os adolescentes e adultos, do abuso ou o vício.
Meu lado cientista diz que precisamos buscar o conhecimento, mas sabemos que as pessoas começarão a dizer que seus filhos têm isso, e os médicos começarão a diagnosticar e prescrever bem antes de sabermos se a doença é real”, dr. Lee declarou. “A TDAH se tornou uma pergunta pública sobre a saúde da sociedade, e é justo perguntar sobre a TCL. Mas é melhor irmos devagar e com mais cuidado”.
FONTE:
      The New York Time    
28/04/2014  - Por ALAN SCHWARZ
Foto:

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Marcas cerebrais do autismo


         Alterações na organização dos neurônios do córtex, a camada mais superficial do cérebro, podem estar ligadas ao surgimento do autismo, grupo de problemas que prejudicam a capacidade de comunicação e relacionamento, de causas ainda pouco compreendidas. 
        Em um estudo recente, pesquisadores examinaram o cérebro de 22 crianças mortas com idade entre 2 e 15 anos, metade diagnosticada com autismo. Usando marcadores moleculares, eles observaram manchas incomuns nos lobos temporal e pré-frontal de 10 dos 11 cérebros de autistas — essas regiões influenciam o comportamento social e a expressão pessoal.    
          As manchas não foram observadas nos cérebros de 10 das 11 crianças sem autismo (NEJM, março 2014). Segundo os pesquisadores, as manchas indicariam falhas no desenvolvimento do córtex, que começa a se formar por volta do quinto mês de gestação. 
        A equipe ainda não sabe as causas dessas alterações nem como elas afetam o comportamento. Uma hipótese é que estariam associadas a fatores genéticos, ambientais ou mesmo a falhas na divisão das células cerebrais. 

Edição 218 - Abril de 2014
 
Foto: Google