quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Encontrados os três mapas genéticos do autismo

A maior fotografia da doença revela que as mutações conformam o grande fator de risco
Crianças afetadas pelo autismo aprendem através de pictogramas 
em uma escola especial, em 2009. / EL PAÍS
As causas do autismo são discutidas há meio século e continuam sem estar claras, mas cada vez fica mais evidente a transcendência dos fatores genéticos. Dois macroestudos apresentados na revista Nature confirmam agora os fortes e complexos componentes genéticos do autismo, identificam mais de 100 genes relacionados com o risco de desenvolver a doença e revelam os três grandes mapeamentos pelos quais viaja esse emaranhado de material hereditário. Dois deles – a formação das sinapses e o controle dos genes cerebrais – eram de certo modo esperados, mas ninguém contava com o terceiro: a cromatina, uma arquitetura de alto nível que empacota ou expõe grandes áreas da geografia genômica em resposta ao ambiente.
Os resultados têm implicações imediatas para o diagnóstico genético do autismo, que agora é formado por um modesto 20% de capacidade de predição e poderá se multiplicar em poucos anos, embora certamente com a introdução das modernas técnicas da genômica – o sequenciamento de exomas, ou a parte do DNA que significa proteínas – ao alcance dos serviços de psiquiatria hospitalar. Além disso, esses dados darão trabalho durante muito tempo aos neurocientistas, que deverão esclarecer como esses genes afetam o cérebro, e aos farmacêuticos, que poderão dirigir seus dardos químicos contra toda uma nova bateria de alvos.
O autismo, que aparece mais ou menos em uma de cada 100 crianças, é um transtorno de desenvolvimento que afeta a capacidade social, de comunicação e de linguagem, e costuma ser evidente antes dos três anos de idade. O autismo “clássico”, a síndrome de Asperger e o transtorno generalizado do desenvolvimento não especificado (PDD-NOS pela sigla em inglês) são três quadros relacionados que costumam se agrupar sob o guarda-chuva de transtornos do espectro autista. Os macroestudos abrangem este espectro em geral, e não apenas o autismo clássico.
Os resultados têm implicações imediatas para o diagnóstico genético do autismo.
As mutações herdadas e de novo – ocorridas nos óvulos ou no esperma dos pais, e que, portanto, dão lugar a casos sem precedentes familiares – são o principal fator de risco para desenvolver o autismo; somando os dois tipos de mutações, os dois novos estudos identificam mais de 100 genes de risco. São, de longe, os maiores estudos sobre genética do autismo feitos até o momento.
O primeiro envolveu 37 instituições científicas internacionais, incluídas duas espanholas, foi coordenado pelo neurocientista e geneticista Joseph Buxbaum, do Hospital Monte Sinai de Nova York, e analisou o genoma de 3.871 autistas e 9.937 controles relacionados. O segundo foi coordenado por Michel Wigler, do Laboratório Cold Spring Harbor, também em Nova York, e examinou o genoma de 2.500 famílias com filho autista, com um foco particular nas mutações de novo, que podem superar 20% de todas as mutações de risco segundo sua análise.
Estas mutações de novo são parte da razão pela qual a influência genética no autismo foi subvalorizada nos primeiros estudos: apesar de ter uma causa genética, estes casos não apresentavam relações familiares óbvias. “Mas as mutações de novo não são nenhuma peculiaridade do autismo”, explica Ángel Carracedo, da Universidade de Santiago de Compostela e coautor do primeiro trabalho. “Nossos óvulos e espermatozoides sofrem mutação, é parte do mecanismo de geração da diversidade humana.” A outra autora espanhola é Mara Parellada, da Universidad Complutense.
Bauxbaum, líder desse mesmo estudo, acha que o consórcio não só contribuiu com a fotografia teórica mais completa de como numerosas mudanças genéticas se combinam para afetar o cérebro das crianças com autismo, “mas também sobre as bases do que torna os humanos seres sociais”. Em termos lógicos, esses mesmos genes devem formar, quando funcionam corretamente, a base lógica das estruturas sociais do cérebro.
Estes estudos contribuem para o mapeamento teórico mais completo de como numerosas mudanças genéticas se combinam para afetar o cérebro das crianças com autismo.
“Todas estas descobertas genéticas”, continua Bauxbaum, “devem ser transportadas agora a estudos moleculares, celulares e animais para conseguir futuros benefícios para os afetados e suas famílias; um estudo como este cria uma indústria de muitos anos, com laboratórios procurando os efeitos fisiológicos das mudanças genéticas que encontramos e procurando fármacos para contrapor seus efeitos”.
“A genética que subjaz ao autismo é altamente complexa”, acrescenta o segundo coordenador do estudo, Mark Daly, do Instituto Broad (MIT e Harvard, e um dos pontos centrais do projeto genoma público), “e apenas tendo acesso a grande amostras é possível traçar as mutações e entender os mecanismos implicados”.


FONTE:
http://brasil.elpais.com/autor/javier_sampedro/a/

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Conferência Internacional sobre o autismo

Cidade do Vaticano (RV) – Realizar-se-á na Sala Nova do Sínodo, no Vaticano, de 20 a 22 de novembro próximo, a XXIX Conferência Internacional do Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes da Saúde, sobre o tema: “O pessoa acometida pelo autismo: gerar esperança”.
Em seu anúncio, Dom Zygmunt Zimowski, Presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes da Saúde, dirigiu uma mensagem aos familiares e aos agentes de saúde, onde exprime “a proximidade e a solicitude de toda a Igreja para esta realidade que vivem as pessoas afetadas” pelo autismo, e em particular “às famílias que partilham cotidianamente desta experiência”.
Segundo o Presidente do organismo vaticano, Dom Zygmunt Zimowski, a conferência tem como objetivo enfrentar os desafios que o autismo apresenta à Pastoral da Saúde, como também à ciência, à medicina, às famílias, às estruturas educacionais e assistenciais e, mais em geral, à sociedade e aos jovens.
Em vista deste evento, Dom Zimowski exorta as famílias a manterem a esperança diante da real dificuldade de integração e de comunicação, pela qual passa a pessoa autista e quem a assiste. Para enfrentar os desafios que esta doença suscita, é preciso trilhar o caminho da integração na comunidade, rompendo o isolamento e as barreiras impostas pela patologia e pelo preconceito, mediante relações interpessoais.

Enfim, o Presidente do organismo vaticano destaca que o encontro de novembro será uma oportunidade para a comunidade científica debater e assumir compromissos. E conclui citando a Exortação Apostólica Evangelii gaudium, onde o Papa Francisco afirma: “É indispensável fazer atenção às novas formas de pobreza e de fragilidade, nas quais somos chamados a reconhecer Cristo sofredor. (MT)

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

O AUTISMO E A CEGUEIRA MENTAL

Quando falamos em cegueira mental e transtorno do espectro autista, isto se refere ao fato dos autistas não conseguirem entender os sentimentos e ideias dos outros.
Isto se refere a dificuldades com a teoria da mente que é a habilidade que todos temos de se colocar no lugar do outro e de entender como os outros sentem e pensam prevendo o que vai acontecer.
A capacidade de empatia e vital para a vida em sociedade.
Os autistas acabam tendo dificuldades para compreender como alguém sente ou pensa. Isto explica porque as interações sociais são tão difíceis para eles pois este mundo pode parecer confuso, difícil e assustador pela falta de previsibilidade.
Estes problemas com a teoria da mente levam a:
- apontar para as coisas ao invés de pedir ou pegar por si próprio. Para conseguir o que querem usam as pessoas como instrumento;
- ter dificuldades em estabelecer um contato visual que é difícil e doloroso pois, em muitos casos, o outro incomoda ou não tem sentido;
- dificuldades em seguir com os olhos enquanto os outros falam e se movimentam pois, esta fala, não tem sentido para ele;
- dificuldade em usar a fala ou gestos para se comunicar;
- dificuldades para entender as emoções no rosto alheio. Muitas vezes, não entendem se a pessoa está triste ou alegre, mas conseguem entender a mudança corporal intensa e a alteração forte no tom de voz;
- dificuldades em mostrar interesse em outras crianças o que levam eles a se relacionar melhor com adultos ou crianças mais velhas do que com crianças da sua idade. As crianças são muito rápidas e os adultos são mais lentos, tolerantes e previsíveis;
- não saberem como brincar com outras crianças pois tem dificuldades em brincar de faz de conta;
- se colocar no lugar dos outros pois eles são muito egocêntricos e pensam sobre o mundo sob o seu ponto de vista. Por outro lado, gostam de atividades que não dependem dos outros pois gostam do isolamento;
- falta de flexibilidade em interações sociais pela dependência em rotinas e pelo fato de usar as regras sociais de forma rígida;
- ter a tendência a receber mais do que dá o que não quer dizer que ele não tenha afeto e amor. O que ele não sabe é como demonstrar em algumas situações;
- a falarem excessivamente sobre um tópico específico manifestando ecolalia tardia ou imediata sem se preocupar se isto incomoda os outros ou não;

- terem comportamentos rígidos indo aos mesmos lugares, pelos mesmos caminhos, fazendo as mesmas coisas pois se concentram nas rotinas aprendidas. Estas rotinas faz com que eles evitem experiências novas que causam ansiedade.

fonte:
http://atividadeparaeducacaoespecial.com/inclusao-autismo-e-a-cegueira-mental/

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Composto químico de vegetais pode tornar autistas mais sociáveis

O sulforafano foi utilizado em teste com homens diagnosticados com autismo e maioria apresentou melhoras no comportamento
O sulforafano, abundante no brócolis, auxilia na prevenção do câncer e retarda o progresso da forma mais comum de artrite

ESTUDO

Estudo inédito indica planta capaz de interromper dependência química
A partir de testes realizados em um estudo do Hospital Geral de Massachusetts para Crianças e da Universidade Johns Hopkins, em Boston, homens diagnosticados com autismo, de moderado a severo, se tornaram mais sociáveis ao ingerirem doses de sulforafano, composto químico encontrado em vegetais como brócolis, couve-flor, espinafre, repolho e rábano.
Indivíduos do sexo masculino, com idade entre 13 e 27 anos, participaram do teste divididos aleatoriamente em dois grupos: um que tomou sulforafano e outro que tomou placebo. 26 dos 40 homens que voltaram para acompanhamento tomaram sulforafano e obtiveram pontuação bastante superior em avaliações de comportamento, se comparado aos paciente que receberam placebo. O composto químico sulforafano tornou os autistas mais calmos e sociáveis.
Um novo caminho
Mesmo que já existam drogas capazes de controlar sintomas de agressividade, hiperatividade ou distúrbios do sono, a nova descoberta indica um caminho para uma resposta química direcionada, a partir da criação de fármacos a base de sulforafano.
"Quando quebramos o código que revelava quem estava recebendo o sulforafano e quem tinha recebido o placebo, os resultados foram surpreendentes", afirmou ao Daily Telegraph o coautor do estudo e professor de Pediatria Neurológica, Andrew Zimmerman.
Por outro lado, o estudo não foi completamente positivo, pois os participantes que tomaram o composto químico engordaram e dois indivíduos sofreram ataques. Os pesquisadores, entretanto, apontaram que tal fato pode ter ocorrido devido à uma condição pré-existente.
Além disso, um terço dos homens que fizeram tratamento não respondeu ao suplemento e os efeitos cessaram logo após a suspensão da dosagem.

http://www.opovo.com.br/app/maisnoticias/saude/2014/10/14/noticiasaude,3331170/composto-quimico-de-vegetais-pode-tornar-autistas-mais-sociaveis.shtml
Redação O POVO Online

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Prêmio Nobel de Medicina 2014

Pesquisadores levam Nobel de Medicina por descobertas sobre sistema de 'GPS' do cérebro
Três neurocientistas, um americano que atua na Inglaterra e dois dinamarqueses, foram agraciados pelo prêmio 
nesta segunda-feira.
Os pesquisadores John O'Keefe, May-Britt Moser and Edvard I Moser 
foram agraciados pelo Nobel de Medicina de 2014 (Jonathan Nackstrand/AFP)
Os neurocientistas John O’Keefe, americano, May-Britt Moser e Edvard Moser, ambos da Dinamarca, foram agraciados com o prêmio Nobel de Medicina de 2014. O Instituto Karolinska, na Suécia, premiou os pesquisadores “por suas descobertas sobre células que constituem um sistema de posição no cérebro” e “que tornam possível sabermos onde estamos e encontrarmos o nosso caminho”, segundo anúncio feito nesta segunda-feira.
Em resumo, os pesquisadores descobriram mecanismos cerebrais que fazem com que as pessoas se localizem em um ambiente, saibam como chegar de um local a outro e guardem essas informações caso precisem fazer esse trajeto novamente. É o que os membros do instituto sueco chamaram de “sistema interno de GPS”.
"As descobertas resolveram um problema que ocupava os filósofos e cientistas havia séculos", disseram os membros do Instituto Karolinska. "Como o cérebro cria um mapa do espaço que nos rodeia e como podemos navegar no nosso caminho através de um ambiente complexo?".
De acordo com os responsáveis pela premiação, os estudos dos três cientistas não revelaram mecanismos específicos de distúrbios cerebrais, mas devem servir como inspiração e base para pesquisas futuras sobre o tema.
Premiados — Segundo o instituto, metade do prêmio de 8 milhões de coroas suecas (cerca de 2,7 milhões de reais) será dedicada a John O’Keefe, de 75 anos. Ele é diretor do Centro de Circuitos Naturais e Comportamento da Universidade College London, na Inglaterra, e tem cidadania britânica e americana.
A outra metade foi dividida entre os pesquisadores dinamarqueses, que são casados e atuam na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, em Trondheim. May-Britt Moser, de 51 anos, é diretora do Centro de Computação Neural da universidade e seu marido, Edvard Moser, 52 anos, dirige o Instituto para Sistemas de Neurociência.
A pesquisadora dinamarquesa é a 11ª mulher a receber o Nobel de Medicina em 114 edições do prêmio. Ela e Edvard Moser são o quinto casal que são premiados juntos.
Estudos — Em 1971, John O’Keefe descobriu o primeiro componente do sistema de posicionamento do cérebro. Em estudos com ratos, ele conseguiu identificar um grupo de células nervosas localizadas no hipocampo que sempre eram ativadas quando o animal estava em um determinado lugar de um quarto. O pesquisador também observou que o conjunto de outras células era ativado quando os ratos estavam em um local diferente nesse ambiente. O’Keefe, então, concluiu que essas células “de localização” ajudam a formar um mapa interno.
Décadas depois, em 2005, May-Britt e Edvard Moser descobriram um novo componente que ajuda a entender o sistema de posição do cérebro. O casal identificou outro tipo de células nervosas, chamadas de células “grid”, que tornam as coordenadas de um ambiente ou trajeto mais precisas.

Nobel — O Prêmio Nobel de Medicina é concedido desde 1901. No ano passado, ele foi dado a três cientistas que ajudaram a revelar como as células do corpo transportam e distribuem moléculas. Em 2012, o prêmio agraciou um cientista britânico e um japonês por seus estudos em torno de células-tronco.


FONTE:
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/pesquisadores-levam-nobel-de-medicina-por-descobertas-sobre-sistema-de-gps-do-cerebro


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Ex-coordenador do DSM, a 'bíblia' da psiquiatria, admite: "Transformamos problemas cotidianos em transtornos mentais"


Allen Frances
Allen Frances (Nova York, 1942) dirigiu durante anos o Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM), documento que define e descreve as diferentes doenças mentais. Esse manual, considerado a bíblia dos psiquiatras, é revisado periodicamente para ser adaptado aos avanços do conhecimento científico. Frances dirigiu a equipe que redigiu o DSM IV, ao qual se seguiu uma quinta revisão que ampliou enormemente o número de transtornos patológicos. Em seu livro Saving Normal (inédito no Brasil), ele faz uma autocrítica e questiona o fato de a principal referência acadêmica da psiquiatria contribuir para a crescente medicalização da vida.
Pergunta. No livro, o senhor faz um mea culpa, mas é ainda mais duro com o trabalho de seus colegas do DSM V. Por quê?
Resposta. Fomos muito conservadores e só introduzimos [no DSM IV] dois dos 94 novos transtornos mentais sugeridos. Ao acabar, nos felicitamos, convencidos de que tínhamos feito um bom trabalho. Mas o DSM IV acabou sendo um dique frágil demais para frear o impulso agressivo e diabolicamente ardiloso das empresas farmacêuticas no sentido de introduzir novas entidades patológicas. Não soubemos nos antecipar ao poder dos laboratórios de fazer médicos, pais e pacientes acreditarem que o transtorno psiquiátrico é algo muito comum e de fácil solução. O resultado foi uma inflação diagnóstica que causa muito dano, especialmente na psiquiatria infantil. Agora, a ampliação de síndromes e patologias no DSM V vai transformar a atual inflação diagnóstica em hiperinflação.
P. Seremos todos considerados doentes mentais?
R. Algo assim. Há seis anos, encontrei amigos e colegas que tinham participado da última revisão e os vi tão entusiasmados que não pude senão recorrer à ironia: vocês ampliaram tanto a lista de patologias, eu disse a eles, que eu mesmo me reconheço em muitos desses transtornos. Com frequência me esqueço das coisas, de modo que certamente tenho uma demência em estágio preliminar; de vez em quando como muito, então provavelmente tenho a síndrome do comedor compulsivo; e, como quando minha mulher morreu a tristeza durou mais de uma semana e ainda me dói, devo ter caído em uma depressão. É absurdo. Criamos um sistema de diagnóstico que transforma problemas cotidianos e normais da vida em transtornos mentais.
P. Com a colaboração da indústria farmacêutica...
R. É óbvio. Graças àqueles que lhes permitiram fazer publicidade de seus produtos, os laboratórios estão enganando o público, fazendo acreditar que os problemas se resolvem com comprimidos. Mas não é assim. Os fármacos são necessários e muito úteis em transtornos mentais severos e persistentes, que provocam uma grande incapacidade. Mas não ajudam nos problemas cotidianos, pelo contrário: o excesso de medicação causa mais danos que benefícios. Não existe tratamento mágico contra o mal-estar.
P. O que propõe para frear essa tendência?
R. Controlar melhor a indústria e educar de novo os médicos e a sociedade, que aceita de forma muito acrítica as facilidades oferecidas para se medicar, o que está provocando além do mais a aparição de um perigosíssimo mercado clandestino de fármacos psiquiátricos. Em meu país, 30% dos estudantes universitários e 10% dos do ensino médio compram fármacos no mercado ilegal. Há um tipo de narcótico que cria muita dependência e pode dar lugar a casos de overdose e morte. Atualmente, já há mais mortes por abuso de medicamentos do que por consumo de drogas.
P. Em 2009, um estudo realizado na Holanda concluiu que 34% das crianças entre 5 e 15 anos eram tratadas por hiperatividade e déficit de atenção. É crível que uma em cada três crianças seja hiperativa?
R. Claro que não. A incidência real está em torno de 2% a 3% da população infantil e, entretanto, 11% das crianças nos EUA estão diagnosticadas como tal e, no caso dos adolescentes homens, 20%, sendo que metade é tratada com fármacos. Outro dado surpreendente: entre as crianças em tratamento, mais de 10.000 têm menos de três anos! Isso é algo selvagem, desumano. Os melhores especialistas, aqueles que honestamente ajudaram a definir a patologia, estão horrorizados. Perdeu-se o controle.
P. E há tanta síndrome de Asperger como indicam as estatísticas sobre tratamentos psiquiátricos?

R. Esse foi um dos dois novos transtornos que incorporamos no DSM IV, e em pouco tempo o diagnóstico de autismo se triplicou. O mesmo ocorreu com a hiperatividade. Calculamos que, com os novos critérios, os diagnósticos aumentariam em 15%, mas houve uma mudança brusca a partir de 1997, quando os laboratórios lançaram no mercado fármacos novos e muito caros, e além disso puderam fazer publicidade. O diagnóstico se multiplicou por 40.
P. A influência dos laboratórios é evidente, mas um psiquiatra dificilmente prescreverá psicoestimulantes a uma criança sem pais angustiados que corram para o seu consultório, porque a professora disse que a criança não progride adequadamente, e eles temem que ela perca oportunidades de competir na vida. Até que ponto esses fatores culturais influenciam?
R. Sobre isto tenho três coisas a dizer. Primeiro, não há evidência em longo prazo de que a medicação contribua para melhorar os resultados escolares. Em curto prazo, pode acalmar a criança, inclusive ajudá-la a se concentrar melhor em suas tarefas. Mas em longo prazo esses benefícios não foram demonstrados. Segundo: estamos fazendo um experimento em grande escala com essas crianças, porque não sabemos que efeitos adversos esses fármacos podem ter com o passar do tempo. Assim como não nos ocorre receitar testosterona a uma criança para que renda mais no futebol, tampouco faz sentido tentar melhorar o rendimento escolar com fármacos. Terceiro: temos de aceitar que há diferenças entre as crianças e que nem todas cabem em um molde de normalidade que tornamos cada vez mais estreito. É muito importante que os pais protejam seus filhos, mas do excesso de medicação.
P. Na medicalização da vida, não influi também a cultura hedonista que busca o bem-estar a qualquer preço?
R. Os seres humanos são criaturas muito maleáveis. Sobrevivemos há milhões de anos graças a essa capacidade de confrontar a adversidade e nos sobrepor a ela. Agora mesmo, no Iraque ou na Síria, a vida pode ser um inferno. E entretanto as pessoas lutam para sobreviver. Se vivermos imersos em uma cultura que lança mão dos comprimidos diante de qualquer problema, vai se reduzir a nossa capacidade de confrontar o estresse e também a segurança em nós mesmos. Se esse comportamento se generalizar, a sociedade inteira se debilitará frente à adversidade. Além disso, quando tratamos um processo banal como se fosse uma enfermidade, diminuímos a dignidade de quem verdadeiramente a sofre.
P. E ser rotulado como alguém que sofre um transtorno mental não tem consequências também?
R. Muitas, e de fato a cada semana recebo emails de pais cujos filhos foram diagnosticados com um transtorno mental e estão desesperados por causa do preconceito que esse rótulo acarreta. É muito fácil fazer um diagnóstico errôneo, mas muito difícil reverter os danos que isso causa. Tanto no social como pelos efeitos adversos que o tratamento pode ter. Felizmente, está crescendo uma corrente crítica em relação a essas práticas. O próximo passo é conscientizar as pessoas de que remédio demais faz mal para a saúde.
P. Não vai ser fácil…
R. Certo, mas a mudança cultural é possível. Temos um exemplo magnífico: há 25 anos, nos EUA, 65% da população fumava. Agora, são menos de 20%. É um dos maiores avanços em saúde da história recente, e foi conseguido por uma mudança cultural. As fábricas de cigarro gastavam enormes somas de dinheiro para desinformar. O mesmo que ocorre agora com certos medicamentos psiquiátricos. Custou muito deslanchar as evidências científicas sobre o tabaco, mas, quando se conseguiu, a mudança foi muito rápida.
P. Nos últimos anos as autoridades sanitárias tomaram medidas para reduzir a pressão dos laboratórios sobre os médicos. Mas agora se deram conta de que podem influenciar o médico gerando demandas nos pacientes.
R. Há estudos que demonstram que, quando um paciente pede um medicamento, há 20 vezes mais possibilidades de ele ser prescrito do que se a decisão coubesse apenas ao médico. Na Austrália, alguns laboratórios exigiam pessoas de muito boa aparência para o cargo de visitador médico, porque haviam comprovado que gente bonita entrava com mais facilidade nos consultórios. A esse ponto chegamos. Agora temos de trabalhar para obter uma mudança de atitude nas pessoas.
P. Em que sentido?
R. Que em vez de ir ao médico em busca da pílula mágica para algo tenhamos uma atitude mais precavida. Que o normal seja que o paciente interrogue o médico cada vez que este receita algo. Perguntar por que prescreve, que benefícios traz, que efeitos adversos causará, se há outras alternativas. Se o paciente mostrar uma atitude resistente, é mais provável que os fármacos receitados a ele sejam justificados.
P. E também será preciso mudar hábitos.
R. Sim, e deixe-me lhe dizer um problema que observei. É preciso mudar os hábitos de sono! Vocês sofrem com uma grave falta de sono, e isso provoca ansiedade e irritabilidade. Jantar às 22h e ir dormir à meia-noite ou à 1h fazia sentido quando vocês faziam a sesta. O cérebro elimina toxinas à noite. Quem dorme pouco tem problemas, tanto físicos como psíquicos.
FONTE:
El País

http://psibr.com.br/noticias/ex-coordenador-do-dsm-sobre-a-biblia-da-psiquiatria-transformamos-problemas-cotidianos-em-transtornos-mentais

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Apesar da garantia da lei, escola de Florianópolis nega matrícula de aluno com autismo

Pelo menos 1,5 mil crianças e jovens nessas condições estão fora das salas de aula em Santa Catarina
Apesar da garantia da lei, escola de Florianópolis nega matrícula de aluno com autismo 
Edinea e Willian com João Victor: 
escola particular negou-se a receber a matrícula do garoto
Foto: Charles Guerra / Agencia RBS
Um não. Foi o que recebeu a secretária Edinea Albini ao procurar uma escola para fazer a matrícula do filho de quatro anos. O menino possui diagnóstico de autismo. A lei assegura à criança o direito de frequentar o ensino regular.
O caso ocorreu em Ingleses, Norte da Ilha, em Florianópolis. O Colégio Santa Terezinha é particular e tem 720 alunos. A direção alega não possuir estrutura para atender a um aluno que considera necessitar de “ensino diferenciado”.
Desorientada, a mãe foi ao conselho tutelar, que sugeriu registrar Boletim de Ocorrência. A escola pode ser representada ao Ministério Público. Tanto a mãe quanto o pai Willian da Silveira Albini, cozinheiro, acreditam em discriminação.
– Não foi só o não. Disseram que a média era 7 e que nosso filho não a alcançaria – afirmam.
A mãe procurou a escola pela proximidade de casa e pelas atividades extra, como natação, judô e teatro. Como João Victor é gêmeo de Ana Júlia, os irmãos seriam matriculadas na mesma escola. A família dividiria os custos: pais e avós assumiriam as despesas em torno de R$ 500 por criança.
Diretor alega a falta de especialista
Domingos Ghedin é diretor e dono da escola. Ele entende que, por se tratar de uma instituição de ensino regular, não está obrigado a aceitar a matrícula.
– Não temos aluno nessa condição nem especialista para crianças que precisem de ensino diferenciado – diz.
Para ele, a lei deve ser aplicada a escolas públicas e não particulares, as quais funcionam como empresas. O diretor diz não ter intenção de contratar profissionais na área.
Não é só João Victor que perde, mas todos que iriam interagir com ele, diz a psicóloga Hebe Regis, que por 12 anos atuou na Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (Apae).
– O convívio com os diferentes é uma experiência rica, que faz perceber não apenas os limites, mas também as possibilidades do outro – diz.
No Brasil, 140 mil crianças estão fora da sala de aula
Casos como de João Victor representam um universo de 140 mil crianças e jovens brasileiros com até 18 anos. Em Santa Catarina, são 1,5 mil. Pessoas com autismo, transtornos de desenvolvimento, deficiências, superdotação que estão fora da escola. Apesar disso, houve avanços: em 2007, esse número chegava a 374 mil.
Para a coordenadora executiva da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Iracema Nascimento, é preciso avançar mais.
– Garantir matrículas das pessoas com deficiência em escolas regulares, superar a falta de estrutura escolar, ampliar a qualificação de professores e vencer a resistência de famílias são alguns dos desafios – afirmou.
O que diz a lei
A lei nº 12.764/12, conhecida como Lei Berenice Piana, foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 27 de dezembro de 2012. Dá direito a atendimento especializado e obriga o Estado e entidades privadas a garantir o acesso à educação e ao mercado de trabalho, dentre outros direitos.
Escolas e planos privados de saúde não poderão rejeitar pessoas com autismo e essas podem reivindicar prioridade no atendimento. O gestor escolar que rejeitar a matrícula de um aluno pode receber multa de três a 20 salários mínimos.
O que é o autismo

Autismo é um transtorno global do desenvolvimento (TGD) que tem influência genética e é causado por defeitos em partes do cérebro. Caracteriza-se por dificuldades significativas na comunicação e na interação social, além de alterações de comportamento, expressas principalmente na repetição de movimentos, como balançar o corpo, rodar uma caneta, apegar-se a objetos ou enfileirá-los de maneira estereotipada.

FONTE:
http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2013/04/mesmo-com-a-matricula-garantida-estudante-surda-e-com-autismo-esperou-para-ter-atendimento-necessario-4108248.html
Ângela Bastos
angela.bastos@diario.com.br

sábado, 27 de setembro de 2014

DESCOBRIRAM A CAUSA E A EVENTUAL CURA DO AUTISMO - NADA MAIS FALSO.

A espetacularização de uma notícia e suas consequências.

No dia 21 de agosto num entusiasmado press-release, que se tornou “viral'' na imprensa internacional (menos no Brasil e outros países periféricos), o media center da Columbia University Medical Center anunciou: “Crianças com autismo possuem excesso de sinapses: possível normalização com uso de medicamento após diagnóstico''. A notícia gerou imensa expectativa entre familiares de autistas, seguida de grande frustração. O título do press-release sugeria que a causa do autismo e seu tratamento havia sido descoberto.
Dr. Estevão Vadasz
       Nada mais falso. O título original do artigo, publicado on-line na revista eletrônica Neuron se referia apenas a UMA entre centenas de causas do autismo; a disfunção regulatória da proteína mTOR que, em circunstâncias normais, sinaliza o quanto de arborização sináptica deve ocorrer em nosso cérebro.
Sinapses são estruturas localizadas nas extremidades dos neurônios que tem como função trocar informações entre si. Excesso de sinapses levam o sistema de processamento de informações ao colapso.
No início de nossas vidas ocorre um crescimento explosivo de neurônios e sinapses em nosso cérebro, que em circunstâncias normais, passam por um processo chamado de “poda neuronal'' (apoptose, autofagia) que elimina os excessos e organiza a arquitetura do nosso cérebro, para que este funcione de forma eficiente e saudável.
A disfunção da proteína mTOR e suas consequências foram observadas pela equipe de cientistas em amostras de tecido cerebral (post-mortem) de 26 indivíduos autistas na faixa de 2 a 20 anos e comparadas com material de um grupo controle constituído por 22 indivíduos sadios. Resultado: tecidos examinados de indivíduos autistas apontavam aumento significativo de sinapses.
O próximo passo foi reproduzir a disfunção em camundongos geneticamente modificados, usando como matriz as alterações genéticas encontradas em indivíduos portadores de esclerose tuberosa (síndrome de Bourneville) responsável por menos de 1% dos casos de autismo em seres humanos.
Aos camundongos “autistas'' foi administrado o fármaco rapamicina (sirolimus, everolimus), substância desenvolvida a partir do trabalho pioneiro de cientistas brasileiros, em 1965, na ilha da Pascoa (Rapa-Nui). Como esperado, ocorreu uma diminuição significativa de sinapses assim como de comportamentos “autísticos'' entre os roedores. Praticamente uma cura.
A rapamicina é uma substância extremamente tóxica, com muitos efeitos colaterais, usado como imunosupressor em transplantados e alguns tipos de câncer, portanto inviável no tratamento de crianças autistas. A esperança consiste em desenvolver medicamentos com ação terapêutica similar sem seus efeitos colaterais.

 Concluindo: o autismo é um transtorno extremamente complexo com centenas de etiologias (causa), nem todos causados por excessos de sinapses, aliás, poucos o são. 

FONTE: http://estevaovadasz.blogosfera.uol.com.br/
Dr. Estevão Vadasz -  18/09/2014 11:32

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Menina autista com 5 anos pinta quadros deslumbrantes

Iris Grace tem 5 anos, é autista e é, cada vez mais, uma pintora famosa. Apesar da tenra idade e da disfunção, as obras desta criança estão a ser valorizados pelos especialistas. Devido ao autismo, “tem uma perceção das cores” invulgar, justifica a mãe.
Os amantes da pintura no Reino Unido estão a ficar de boca aberta perante as obras criadas por Iris Grace. Mais do que a jovem idade da pintora, que tem apenas 5 anos, o que surpreende a crítica é o talento de uma criança autista.
O autismo é uma disfunção no desenvolvimento cujos reflexos mais visíveis ocorrem ao nível da capacidade de comportamento e de socialização. Daí surgiu o mito, que a ciência tem vindo a desmistificar, de que um autista vive num mundo próprio.
No caso de Iris Grace, esses mundos são postos em tela. A criança desenvolveu uma invulgar aptidão para a pintura, aproveitando a atenção especial e o pormenor com os detalhes inerentes à sua condição.
Com apenas 5 anos de idade, já contribui para as despesas da casa, com os trabalhos a serem procurados, em especial, por amantes do impressionismo.
“Encorajámos a pintura como prática durante a terapia da fala, de forma a estimular a atenção e a capacidade para alternar do diálogo”, recorda a mãe, Arabella Carter-Johnson, salientando que Iris, aos 2 anos, poucas palavras conseguia proferir.
“Depois percebemos que ela realmente tem talento e manifesta uma incrível concentração, por períodos de duas horas, enquanto está a pintar. O autismo fez com desenvolvesse um estilo de pintura que nunca vi numa criança com a idade dela. Compreende as cores e como estas interagem”, acrescentou a progenitora.
Por:
JOÃO MIGUEL RIBEIRO

http://www.ptjornal.com/2014092625850/geral/saude/menina-autista-com-5-anos-pinta-quadros-deslumbrantes.html

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

PESSOA COM DEFICIÊNCIA NÃO SÃO PRIORIDADE PARA PRESIDENCIÁVEIS

quarta-feira, setembro 24, 2014
Um globo com pictogramas representando as diferentes deficiências

Ocorreu ontem (24/09) em São Paulo encontro em que se pretendia debater as propostas dos presidenciáveis com relação às pessoas com deficiência. Compareceram na sede da APAE/SP apenas representantes do candidato Aécio Neves (PSDB) e da candidata Marina Silva (PSB).

Em 2014, o número de eleitores com deficiência que se cadastraram em seções específicas é reduzido (378.806, segundo o TSE), mas isso se dá porque a grande maioria vota em seções comuns. Mas os dados do IBGE em 2010 informam que há no Brasil 45.606.048 pessoas com algum tipo de deficiência, representando cerca de 23,9 % da população em geral. Pois é justamente para esse imenso contingente populacional que os candidatos à presidência estão comunicando o seu desinteresse expresso, pois suas vidas e, indiretamente, a de seus familiares (o que aumenta ainda mais o número de eleitores) são afetadas por propostas, políticas públicas e investimentos que ainda engatinham no Brasil. Ao invés de expressar projetos de forma clara e transparente a essa parcela da população, os candidatos apenas as mantém na invisibilidade, mais como alvos de futuras e possíveis políticas assistenciais que como efetivos sujeitos de direitos.

No Facebook, a presidente da associação de pais Inspirare, Simone Alli Chair, que estave presente ao encontro deu o seguinte depoimento.

“Decepção. Estive hoje no “Encontro com os candidatos à presidência”, realizado aqui na APAE de São Paulo. Todos eles tinham confirmado mas na hora H, TODOS cancelaram. O Pastor Everaldo e a Dilma além de não terem ido, NEM SATISFAÇÃO E RESPEITO com as pessoas que ali estavam tiveram, pois os outros candidatos ainda mandaram representantes para tocar o evento em nome deles. Fiquei chocada com a postura da Dilma e do Pastor Everaldo, mas a tarde ainda ia me reservar mais surpresas desagradáveis. Acreditam que a representante do presidenciável Aécio Neves, era a Secretária Estadual da Pessoa com Deficiência, dra. Linamara. Fiquei contente e resolvi fazer uma pergunta sobre a Alínea “C” da Lei Berenice Piana (Nota Inclusive – Lei 12764/2012, que Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista) e pasmem….. ela não conhecia a lei por esse nome, nem sabia quem é Berenice Piana (Nota Inclusive – Mãe de rapaz com autismo que lutou pela aprovação da lei) …..me bateu um desânimo…..fiquei sem palavras. Fiquei boquiaberta….”

Denny Cabral, presidente da Amai Azul também compareceu e deixou suas impressões no Facebook:

“Revolta:

Acabamos de chegar do “Encontro com os Candidatos à presidência” realizado pela apae de são paulo.

Gente, que decepção e que revolta!

1) Nenhum dos candidatos participaram, enviaram apenas representantes e eu achei isso uma tremenda falta de respeito afinal, o que um representante de alguém que ainda sequer foi eleito pode resolver, decidir? Qualquer documento assinado não tem nenhuma validade, ou seja, perca de tempo total.

2) Tremenda falta de democracia, somente alguns puderam falar. Ou seja, não houve debate. Tentei, pedi, levantei a mão, implorei, mas não me deixaram falar

3) Revolta: foi um evento para falar sobre deficiência e pasmem, a representante do candidato”Aecio Neves, quando nossa amiga Simone Alli Chair fez sua pergunta sobre a alínea C e a regulamentação de nossa lei 12.764, sequer sabia que o autismo era considerado uma deficiência e apesar de se dizeruma defensora dos deficientes, nunca tinha ouvido falar sobre a Lei Berenice Piana!

e ainda, disse que no plano de governo do Aécio, iriam desenvolver um sistema de treinamento para profissionais através da internet! Acreditam??? Pior que isso só o caps!

Fala sério, viu? Diante de tante palhaçada, de tanta falta de respeito conosco, eu me levantei e juntamente comigo, várias pessoas deixaram o local.

Nem a Marina silva que se diz tão “do povo” compareceu! O pastor Everaldo não foi e nem enviou representante e a Dilma marcou para a próxima semana pois está em New York!

Na minha opinião, já que não iriam deveriam ter nos avisado, desmarcadoo evento e se decidiram fazer algo para fazer propaganda dos políticos, deveriam ao menos ter a dignidade de nos deixar falar, expor o que sentimos.

Como querem presidenciar o país se nos negam o ínfimo direito de falar?

Me desculpem o desabafo, mas fiquei atordoada com a falta de respeito, com este extremo descaso com o autismo. Até mesmo a proposta que submeteram foi ociosa!”
FONTE:
 Inclusive

Estudantes produzem comercial para Centro de Autismo

Os alunos são da Universidade Federal de Sergipe
Leonardo, Esaú Viana, Flávio Mendonça,
Elaine Melo, Carolina Bueno (professora) e
Silmara Cavalcante trabalharam juntos no projeto
Como avaliação para a disciplina Produção Audiovisual II, os alunos do sétimo período de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal de Sergipe tiveram que produzir material publicitário. Foi então que a professora da disciplina Carolina Bueno fez a proposta de que fosse produzida uma campanha para o Centro de Abordagem a Pessoas Autistas do Estado de Sergipe (Capazes).
A ideia da professora foi criada no sentido de ajudar na divulgação centro, que foi fundado em maio deste ano e faz parte da Associação de Pais de Autistas de Sergipe (Apase). “Minha ideia era que eles aplicassem todo o conhecimento adquirido ao longo do curso, na realidade do mercado. E essa realidade eu propus que fosse voltada a um tema beneficente. Eu queria que eles solucionassem, através de um trabalho audiovisual, os problemas de comunicação dessa entidade”, disse Carolina Bueno.
Professora Carolina Bueno está feliz
com os resultados obtidos no trabalho
Cerca de 25 alunos fizeram parte do projeto, que consiste num VT de trinta segundos, que é um comercial de televisão, e que, inclusive já está pronto e foi veiculado pelas redes sociais da Apase. A turma foi dividida em vários grupos: de produção, edição, entre outras especificidades. Segundo um dos estudantes responsáveis pelo vídeo, a sigla do centro inspirou a criatividade para o projeto.
“O nome do centro é Capazes. Tivemos a ideia de trabalhar em cima desse conceito, do que significa ser capaz. O vídeo traz esse conceito em detalhes. As pessoas com autismo são capazes das mesmas coisas que nós. Quisemos mostrar isso no vídeo de forma que não ficasse clichê”, disse Esaú Vieira.

O estudante Flávio Mendonça ressaltou a receptividade das pessoas com o comercial. “As pessoas entenderam bem a nossa proposta. Apresentamos para algumas mães, que ficaram emocionadas com o vídeo. A psicóloga do centro também. Muito pelo respeito que tivemos com o assunto, fugindo dos estereótipos”, disse.
A Apase Aracaju, através de uma rede social, divulgou o trabalho dos estudantes
O trabalho demorou pouco mais de um mês para ficar pronto, mas a professora Carolina declara que ficou satisfeita com os resultados. “Fiquei muito feliz porque os meninos conseguiram captar com muita sensibilidade o espectro autista”, disse a professora.
Veiculação na TV
O vídeo produzido pelos alunos será veiculado durante trinta dias nas TVs Aperipê, Brasil e Cidade, além da transmissão em programa da rádio 103 FM.
Fonte:
(Fotos: Helena Sader/Portal Infonet)
Por Helena Sader e Raquel Almeida

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

AUTISMO - Conscientização

Autismo: Diagnóstico precoce é fundamental para estimular crianças na comunicação e socialização

Doença atinge 70 milhões de pessoas no mundo. 
No Brasil, são cerca de 2 milhões
'Quando a intervenção é realizada em crianças menores de 3 anos, a melhora é de 80%. 
Aos 5 anos cai para 70% e acima disso fica muito prejudicada' 
- Fábio Barbirato, coordenador do Serviço de Atendimento e Psiquiatria
 Infantil da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (EM/D.A Press)
Deiseone Matilde Verônica tem 34 anos e há sete ganhou sua primeira e única filha, Thaiane Fernanda Verônica. Quando a garotinha completou seis meses de vida, a mãe começou a desconfiar que havia algo errado em seu desenvolvimento. O primeiro temor era de que o bebê fosse surdo, já que Thaiane era muito parada e quase não se mexia. O exame de audição não apontou problemas, mas por outro lado os pais descobriram que a moleira da criança já estava fechada e a pediatra pediu que a mãe esperasse para monitorar a evolução da filha. Deiseone esperou até que ela completasse nove meses e voltou a procurar especialistas. Quase com 2 anos, Thaiane deu os primeiros passos. Mas só aos 3 foi encaminhada ao Sistema Único de Saúde (SUS), onde um psiquiatra deu o diagnóstico: a menina sofria do transtorno do espectro autista.
“O diagnóstico precoce foi muito bom para minha relação com Thaiane, pois o contato físico e visual dela melhorou e acho que isso também ajudou na socialização”, diz Deiseone. Ela conta que tem uma boa comunicação com a filha. Ela me pede água, pede copo e anda normalmente. Tento proporcionar um bom ambiente para minha filha. Vou com ela à terapia comportamental-cognitiva, fonoterapia e terapia ocupacional. Levo Thaiane na escola e, como é longe, fico lá esperando”, conta a dona de casa, que vive em função da filha.
Mãe mostra como é o tratamento do filho com autismo:
https://www.youtube.com/watch?v=7L-E3uL3TxQ
SAIBA MAIS...
Estudo americano aponta relação entre autismo e pesticidas
Estudo diz que causas do autismo são genéticas e ambientais na mesma proporção
Autismo: diagnóstico precoce avançou, mas atendimento precisa ser ampliado
Sinais do autismo aparecem no olhar de recém-nascidos
Tema constantemente debatido por especialistas, o diagnóstico precoce do autismo – que, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, atinge 70 milhões de pessoas no mundo e no Brasil cerca de 2 milhões –, ainda não é consenso entre os profissionais da área médica. Vem ganhando força porém a tese de que iniciar uma intervenção o quanto antes, quando a criança apresenta os primeiros possíveis sintomas, ajuda os pais a ganhar um tempo precioso para estimular o cérebro de seus filhos portadores do problema. De acordo com Fábio Barbirato, psiquiatra da infância e da adolescência e coordenador do Serviço de Atendimento e Psiquiatria Infantil da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, hoje é possível detectar o autismo numa criança entre 12 meses e 18 meses de vida. Para isso, porém, é preciso profissionais treinados.
“Há 20 anos, quando comecei a conhecer a psiquiatria da infância, não se falava em diagnósticos antes dos 5 anos de vida”, lembra o psiquiatra. Segundo ele, há 10 anos, apenas uma criança de até cinco anos era atendida por mês em seu consultório e no serviço de saúde. Hoje são em média 20 crianças por semana no consultório e outras 20 no serviço de saúde. Para Barbirato, isso ocorre porque os pais estão perdendo o medo de encarar o problema e levando seus filhos mais cedo ao consultório psiquiátrico.
Deiseone Matilde está sempre com Thaiane.
Diagnóstico aos 3 anos, segundo a mãe,
foi fundamental para o desenvolvimento da filha
(Marcos Michelin/EM/D.A Press)
O autismo, de fato, é uma doença de diagnóstico difícil, que apresenta sinais raramente conclusivos. Quanto antes os pais levarem seus filhos para avaliação médica, melhor. Uma abordagem desse tipo adotada por pesquisadores do Davis Health System, ligado à Universidade da Califórnia (EUA), vem, aparentemente, eliminando sintomas e atrasos no desenvolvimento de crianças autistas que receberam estímulos específicos a partir dos seis meses.
Publicado no Journal of Autism and Developmental Disorders, o estudo aplicou a terapia chamada infant start (início da infância) em sete crianças diagnosticadas com o transtorno. De acordo com os pesquisadores, o programa busca alterar seis comportamentos que podem ser observados nos primeiros meses de vida: fixação visual em objetos, repetição anormal de movimentos, ausência de atos intencionais de comunicação, desinteresse na interação social, desenvolvimento da fala abaixo do esperado e baixa resposta a interações afetivas pelo olhar e pela voz.
Para implementar a estratégia, os médicos contaram com a participação de importantes aliados, os próprios pais dos pequenos pacientes, que se transformaram em verdadeiros terapeutas dos bebês que tinham entre seis e 10 meses quando começaram a ser tratados. “A mãe e o pai estão ao lado das crianças todos os dias e é nos pequenos momentos, como a troca de fraldas, a hora de comer, os passeios e as brincadeiras, que eles influenciam no aprendizado dos bebês”, explica Sally Rogres, uma das autoras do artigo.
Arthur Kummer, psiquiatra de crianças e adolescentes e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que “o conceito de autismo vem sendo lapidado. A definição atual ressalta que a principal alteração provocada pelo autismo é na habilidade comunicativa. Essa observação vem permitindo a definição de diagnósticos com mais frequência e de casos mais leves.”
Alteração da habilidade comunicativa
é um dos principais
sintomas que ajudam a definir os casos,
egundo o psiquiatra Arthur Kummer
Comportamento
Pesquisa do governo americano mostra que o número de casos de autismo em 2010 (últimos dados disponíveis) aumentou quase 30% em relação aos dados anteriores (de 2008), quando se apontava que havia um caso para cada 88 crianças e quase 60% em comparação com 2006, quando foi registrado um caso para 110 crianças normais. A maioria das crianças foi diagnosticada após os 4 anos. Em 2010, essa relação subiu para uma em cada 68 crianças com 8 anos de idade. Os números são do CDC (Center of Diseases Control and Prevention), órgão máximo do governo americano para a saúde. Segundo Barbirato, o espectro autista tem basicamente duas características: na socialização e na comunicação (a criança não fala, nem aponta o que quer, ou fala mas não tem reciprocidade social; algumas podem melhorar a linguagem, mas não conseguem manter um diálogo) e as alterações de comportamento. Entre elas, pode haver uma inflexibilidade com mudanças na rotina, movimentos estereotipados (repetitivos com as mãos ou mexer o corpo de forma anormal), e um interesse não usual na intensidade ou no foco (por exemplo, ficar aficcionado por palitos de picolé). “Quando a intervenção é realizada em crianças menores de 3 anos, a melhora é de 80%. Aos 5 anos, cai para 70%, e acima disso fica muito prejudicada”, observa.
Risperidona
Na última sexta-feira, o Ministério da Saúde anunciou que vai disponibilizar, pela primeira vez no Sistema Único de Saúde (SUS), o medicamento risperidona. A substância age na irritabilidade e agressividade, sintomas comuns no autismo. O ministério estima que a medida será capaz de beneficiar 19 mil pacientes ao ano. Saiba mais.
Mitos e verdades
» Mito – O problema é causado pela relação mãe e filho.
» Verdade – Trata-se de um transtorno do neurodesenvolvimento de forte base genética.
» Mito – A criança não aceita afeto ou beijos.
» Verdade – Sim, pode aceitar.
» Mito – Ou a criança é superinteligente ou tem grave défict intelectual.
» Verdade – Pode haver uma supercapacidade de memória, mas o autista se concentra num interesse só.
» Mito – Dietas podem controlar o autismo.
» Verdade – Não existe comprovação científica sobre isso

Fonte: Fábio Barbirato
SAÚDE PLENA
http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/09/14/noticia_saudeplena,150355/autismo-diagnostico-precoce-mostra-se-fundamental-para-que-pais-possa.shtml

sábado, 13 de setembro de 2014

Medicamento para autismo será distribuído pelo SUS

O Sistema Único de Saúde (SUS) passará a oferecer o primeiro medicamento para tratar os sintomas do autismo. O remédio, conhecido como Risperidona, será incorporado na rede pública e vai auxiliar na diminuição das crises de irritação, agressividade e agitação, sintomas comuns em pacientes com a doença.
Entenda o que é o autismo
A Risperidona deverá estar disponível no início de 2015. De acordo com o Ministério da Saúde, o órgão investirá R$ 669 mil para a compra do remédio. A estimativa do governo é de que o tratamento esteja disponível para a população a partir do início de 2015 e que beneficie cerca de 19 mil pacientes por ano.
A doença
O autismo aparece nos primeiros anos de vida. Apesar de não ter cura, técnicas, terapias e medicamentos, como o Risperidona, podem proporcionar qualidade de vida para os pacientes e suas famílias. Entre os sintomas comuns, o autista olha pouco para as pessoas, não reconhece nome e tem dificuldade de comunicação e interação com a sociedade. Com variação do grau da doença, pacientes apresentam comportamento agressivo, agitado e isso exige cuidado e dedicação permanentes.
De acordo com a estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), 70 milhões de pessoas no mundo tenham a doença. No Brasil, a estimativa é que este número alcance duas milhões de pessoas.
O medicamento
O remédio é usado para tratar as chamadas psicoses. Isto significa que ele tem um efeito favorável sobre um certo número de transtornos relacionados ao pensamento e às emoções. De acordo com o fabricante do remédio, a Risperidona é indicada para o tratamento de transtornos do comportamento, para pacientes com demência nos quais os sintomas como agressividade, transtornos psicomotores ou sintomas psicóticos são comuns. Além do uso em pessoas com autismo, o medicamento é usado para os tratamentos de esquizofrenia e transtorno bipolar.
FONTE:

http://www.ebc.com.br/noticias/saude/2014/09/medicamento-para-autismo-sera-distribuido-pelo-sus