domingo, 21 de dezembro de 2014
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
Google está ajudando a entender a origem do autismo
Um dos motivos
para que o Google seja o líder absoluto no mercado mundial de buscas na
internet é o simples fato de que a empresa passou os últimos 15 anos melhorando
o seu motor de pesquisas. Com isso, a companhia consegue fuçar no mar de
informações da internet e identificar os dados exatos (ou algo muito próximo
disso) que as pessoas precisam.
Contudo, a
Gigante de Mountain View está dando um passo a mais e se distanciando do
mercado comercial de buscas. De acordo com as informações divulgadas nesta
semana pelo site Wired, o Google firmou parceria com a Autism Speak,
organização voltada ao estudo e tratamento do autismo, para estudar a doença em
questão e tentar encontrar a origem dela dentro do próprio organismo humano.
Um trabalho
muito pesado
O Google vai
armazenar os dados do genoma de 10 mil pessoas que têm autismo e de seus
familiares. A companhia e seus parceiros acreditam que, através desse banco de
dados e das habilidades de pesquisa da Gigante das Buscas, vai ser possível
encontrar padrões em comum para determinar a origem do autismo. Essa descoberta
deve deixar a medicina muito próxima de encontrar a cura ou um tratamento mais
eficiente.
Para que esse
projeto seja possível, o Google vai utilizar uma ferramenta chamada de Google
Genomics, recurso lançado há alguns meses e que trabalha com a plataforma da
nuvem da companhia. Além disso, o barateamento para que o mapa do genoma humano
seja construído facilitou o agrupamento de dados, fazendo com que a empresa
possa trabalhar com um grande volume de informações – para você ter ideia, o
genoma de uma pessoa equivale a 100 GB, de modo que o acesso remoto auxilia os
pesquisadores.
O pessoal do
Wired também lembrou que esta não é a primeira empreitada do Google no ramo da
medicina, já que a companhia tem investido parte de seus fundos em outras
frentes, como o estudo do câncer, por exemplo.
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
Uma praga da ciência brasileira: os artigos de segunda
CIÊNCIA
A profusão de periódicos que publicam qualquer
estudo, por menos rigoroso que ele seja, bastando apenas que o autor pague por
isso, é uma praga a que o Brasil vem aderindo com preocupante entusiasmo —
mesmo aquelas instituições que deveriam zelar pela excelência da pesquisa no
país
Um espectro assombra a comunidade científica
internacional: o dos periódicos sem credibilidade. Não é difícil entender o
porquê. Alguns dos avanços mais extraordinários da ciência vieram a público
pela primeira vez sob a forma de artigos editados em veículos de peso. Neles
prevalece aquilo que está no coração da própria metodologia científica, a peer
review, ou seja, a revisão pelos pares. Esse processo visa a replicar os
resultados de um estudo, a fim de comprová-lo, sem a presença de seu autor
ou
autores. Não há outra maneira de fazer a ciência merecer esse nome — e andar
para a frente. Dois exemplos bastam para dar a dimensão exata da importância
dos autênticos periódicos científicos: a teoria da relatividade, do alemão
Albert Einstein, teve seu registro de nascimento documentado numa série de
quatro ensaios veiculados entre março e setembro de 1905 nos Annalen der
Physik, um dos mais antigos mensários do gênero, fundado em 1790, em Berlim; já
a estrutura do DNA, desvendada pelo britânico Francis Crick e pelo americano
James Watson, foi apresentada ao mundo num breve texto assinado por eles na
edição de 25 de abril de 1953 da Nature, prestigiosa revista inglesa cujo número
de estreia circulou em novembro de 1869. Além de colocarem as novas pesquisas —
e seus autores, claro — no centro das atenções, as publicações que primam pelo
rigor científico impulsionam os estudos nas áreas envolvidas, fazendo girar,
assim, a roda do conhecimento.
Um fenômeno recente, no entanto, está pondo em
risco esse círculo virtuoso: a proliferação de editoras que mantêm periódicos
cujo único obstáculo para a veiculação de artigos pseudoacadêmicos é o
pagamento de uma taxa de publicação, que varia muito, mas costuma começar na
casa dos 600 dólares. Pouco importa se os textos se baseiam em má ou nenhuma
pesquisa; se são originais ou plagiários; se obedecem a mínimos critérios de
metodologia e seriedade. Como a produção ensaística é um valioso critério para
ascensão profissional no universo acadêmico, e tendo em vista que a publicação
de artigos em veículos de credibilidade costuma seguir um implacável e lento
processo de seleção, um número cada vez mais expressivo de cientistas tem
recorrido ao expediente de pagar para ter, rapidamente, seus textos editados.
Se para os pseudocientistas o volume de artigos publicados pode permitir galgar
importantes degraus de prestígio intelectual — inflando também a vaidade
pessoal —, para os proprietários dos periódicos científicos de segunda linha,
como em qualquer negócio, o aumento de clientes costuma significar um
faturamento maior.
Não era esse, é verdade, o objetivo inicial das
publicações do chamado modelo open access, surgidas na Europa e nos Estados
Unidos na década de 90. A ideia era ampliar a difusão do conhecimento e
oferecer mais oportunidades aos intelectuais de países em desenvolvimento. Não
demorou, porém, para que o escopo ganhasse outros contornos. Abrindo mão do
rigor — a americana Science (1880), para se ter uma ideia, publica apenas 7%
dos artigos que recebe — e reduzindo ao mínimo o tempo para a veiculação dos
textos, os novos periódicos viraram um atalho para os maus cientistas e uma boa
fonte de renda para quem se dispôs a, digamos assim, empreender nesse novo
ramo. As revistas e jornais científicos tradicionais não cobram especificamente
pela edição de artigos, embora, muitas vezes, exijam que os textos venham
acompanhados de gráficos e fotos, o que incorre em custos, e, após a
divulgação, cobram de todos aqueles que quiserem visualizar o paper — em média,
32 dólares. De qualquer modo, não parecem exigências descabidas.
Nem todo veículo open access, ressalte-se, tem como
principal característica o desleixo científico; entretanto, todo meio científico
desleixado é open access. O Brasil aderiu a esse modelo com preocupante
entusiasmo. Já são mais de 1 000 publicações no gênero, o que põe o país atrás
apenas dos EUA (onde elas passam de 1 200). Ao mesmo tempo, um rápido
levantamento on-line permite constatar que é grande o número de pesquisadores
brasileiros que recorrem a periódicos questionáveis, daqui ou do exterior, para
divulgar seus trabalhos. Impressiona ainda mais o fato de muitos desses
veículos serem bem avaliados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes), agência de fomento à pesquisa ligada ao Ministério da
Educação. Sob sua batuta está o Qualis, um sistema de avaliação da qualidade
dos periódicos científicos, que atribui a eles conceitos A, B e C, decrescentes,
segundo determinados parâmetros. Tais notas são consideradas por universidades
e instituições na hora de conceder financiamentos ou mesmo promoções aos
pesquisadores que frequentam as páginas daqueles veículos. Se as publicações
que desprezam o apuro científico forem bem avaliadas pela Capes — e isso
ocorre, como se verá adiante —, é evidente que decorrerá disso uma grave
distorção.Haverá pesquisadores beneficiados a partir de falsos méritos. E isso,
muitas vezes, com recursos públicos. Agora, o pior: é possível detectar entre
os clientes dos meios sem credibilidade professores que fazem parte da Capes,
ou seja, exatamente aqueles que deveriam zelar pela excelência da produção
acadêmica do país.
Se fossem quadros de baixo escalão, já seria
péssimo. Contudo, o próprio presidente da instituição, o biomédico Jorge
Almeida Guimarães, aceitou se valer de um veículo de credibilidade duvidosa
para publicar o trecho de um livro do qual é coautor. Mediante pagamento de 670
euros (cerca de 2 100 reais), a editora croata InTech Open disponibilizou na
internet o capítulo “Lesão renal aguda induzida por cobras e artrópodes
venenosos”, escrito por Guimarães e dois pesquisadores das universidades
federais de Minas e do Rio Grande do Sul. No texto, eles afirmam que picadas de
cobras e de artrópodes venenosos são importantes problemas de saúde pública
negligenciados pelas autoridades brasileiras e estrangeiras. A InTech, que já
mudou de nome pelo menos quatro vezes desde que foi fundada, em 2004, está na
lista negra de periódicos científicos elaborada por Jeffrey Beall,
bibliotecário da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, uma referência
no assunto. A exemplo do índex preparado por Lars Bjørnshauge, ex-diretor das
bibliotecas da Universidade de Lund, na Suécia, a relação montada por Beall é
consultada periodicamente por instituições e pesquisadores do exterior na hora
de fazerem suas avaliações. Procurada por VEJA, a assessoria de imprensa da
Capes respondeu que Guimarães não tinha disponibilidade de agenda para tratar
do assunto.
Outro acadêmico cuja posição implicaria cuidar da
qualidade das pesquisas no Brasil, mas que também usufrui as facilidades dos
veículos de baixa credibilidade, é Jailson Bittencourt de Andrade, professor da
Universidade Federal da Bahia, conselheiro da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência e consultor do CNPq, da Capes, da Fapesp e da Finep.
Andrade — que não respondeu ao pedido de entrevista da reportagem — assina como
coautor um texto publicado na Scientific Research Publishing (Scirp) ao preço
de 1 000 dólares (pouco mais de 2 500 reais). Essa editora chinesa é a mesma
usada pelo egípcio Mohamed El Naschie, pretenso contestador da teoria da
relatividade, cuja trajetória de derrapagens foi apontada pela Nature em 2008.
Em 2010, a revista publicou outro texto alertando para as práticas antiéticas
da própria Scirp, que copiava artigos respeitáveis de outros sites e os
adicionava às páginas de seus mais de 200 jornais com o propósito de fazê-los
parecer confiáveis. Além disso, a Scirp acrescentava ao seu quadro editorial
nomes vistosos que nem sabiam de sua existência.
Esse recurso, aliás, é mais frequente no submundo
acadêmico do que se poderia supor. Dele se vale, para ficar em apenas mais um
caso, a editora Multidisciplinary Digital Publishing Institute (MDPI) — onde
também constam artigos de Andrade. O fundador da MDPI, Shu-Kun Lin, tem seu
nome associado a casos de corrupção e plágio.
A editora diz estar baseada na Suíça e até cobra
pela publicação de artigos na moeda local, no entanto grande parte de seus
funcionários fica na China. O biólogo e geneticista italiano Mario Capecchi,
que ganhou o Nobel de Medicina em 2007, foi incluído no conselho editorial da
MDPI sem ser consultado. Nessa problemática editora, que cobra 1 600 francos
suíços (4 200 reais) para veicular artigos científicos, foi publicado o paper
“Diagnóstico molecular e patogênese da hemocromatose hereditária”, que tem
entre seus autores o pró-reitor de pesquisa da USP, José Eduardo Krieger. “Em
trabalhos escritos a muitas mãos, nem sempre minha vontade prevalece”,
justifica-se Krieger.
Pode-se alegar que muitos pesquisadores acabam
publicando artigos em veículos sem rigor acadêmico induzidos pela pontuação que
eles ostentam no Qualis. O nigeriano African Journal of Agricultural Research
aparece com o conceito A2 na classificação da Capes, ou seja, apenas um degrau
abaixo da nota máxima, A1, atribuída à Science e à Nature. Pois bem: o jornal
virou motivo de chacota na Indonésia no início deste ano após aceitar um
documento científico copiado da web e com o nome dos verdadeiros autores substituído
pelo de dois artistas da região.
A fim de testar a idoneidade de editoras do modelo
open access com perfil duvidoso, o biólogo e jornalista John Bohannon enviou um
manuscrito científico falso a 304 periódicos sediados em dezenas de países. Um
deles foi a publicação brasileira Genetics and Molecular Research (GMR), de
propriedade do biólogo Francisco Alberto de Moura Duarte, professor titular
aposentado da Universidade de São Paulo e presidente da Fundação de Pesquisas
Científicas de Ribeirão Preto. Além de o trabalho conter erros crassos, os
biólogos que o assinavam (Roboodee Agnor, Annyassee Barree e Bellakah Motoday)
foram simplesmente inventados, assim como o Instituto de Medicina Wassee, do
qual diziam fazer parte, supostamente sediado na Eritreia. Das 304 editoras,
157 caíram na armadilha do americano e publicaram o artigo falso. A GMR, que
tem jornais classificados com as notas A1 e A2 no Qualis, estava entre elas. “O
jornalista agiu de má-fé”, defende-se Duarte. A experiência de Bohannon, que
rendeu uma longa reportagem na Science no ano passado, lembra um escândalo que
ficou conhecido como Caso Sokal. Em 1996, o físico e matemático Alan Sokal, da
Universidade de Nova York, enviou propositalmente um artigo-embuste para a
revista pós-moderna Social Text, vinculada à Duke University Press. A ideia era
comprovar que um ensaio cheio de meias verdades e teorias sem sentido poderia
ser publicado se fosse bem escrito e exaltasse as posições ideológicas dos
editores. O paper afirmava, entre outras coisas, que o número pi, uma das mais
antigas constantes da geometria, não passava de um produto do pensamento
ocidental, ou seja, se tivesse sido descoberto por chineses, não seria igual a
3,1416 — e ainda assim foi publicado sem restrições. Simultaneamente com a
veiculação da Social Text, Sokal anunciou a fraude em outra publicação, a Língua
Franca, e descreveu o artigo como “um pasticho de jargões esquerdistas,
referências aduladoras, citações pomposas e completo nonsense”.
Embora os efeitos perversos dos periódicos
científicos desleixados sejam ainda pouco discutidos — e até pouco conhecidos —
no Brasil, em outros países já provocaram terremotos acadêmicos. Em fevereiro
deste ano, Ibrahim Gashi, reitor da Universidade de Pristina, em Kosovo, foi
parar na imprensa por divulgar artigos em várias revistas suspeitas. Seu
objetivo era acelerar um processo de promoção. Os estudantes da universidade se
revoltaram e precisaram ser contidos pela polícia. A situação só se acalmou
quando Gashi renunciou. Caso similar ocorreu naquele mesmo mês na Universidade
da Islândia, onde Þórhallur Örn Guðlaugsson, professor associado de
administração, que ganhava bônus por texto publicado, foi suspenso após a
descoberta de que se valia de veículos sem credibilidade para divulgar seus
artigos.
A revolta dos estudantes de Kosovo é completamente
justificável. Ao usufruir os serviços de um jornal, revista ou site acadêmico
que tudo publica mediante pagamento, o pesquisador contribuiu para uma cadeia
de equívocos — que pode até influenciar na escolha de uma universidade bem
posicionada num ranking de instituições de ensino superior baseado, em parte,
na produtividade do corpo docente. Tal tipo de distorção, infelizmente, já
alcança o Brasil. Na análise da Thomson Reuters, empresa com a maior base de
dados sobre trabalhos científicos no mundo, o país galgou onze posições, entre
1993 e 2013, no ranking das nações que produzem a maior quantidade de estudos —
hoje ocupa o 13º lugar.
Se esses estudos fossem de boa qualidade, teriam
impacto em outro levantamento, o da revista britânica Times Higher Education.
Trata-se do mais respeitado ranking internacional de universidades, que leva em
conta treze indicadores para elencar as 500 melhores instituições de ensino
superior do mundo. A excelência das pesquisas é o item que mais influencia a
classificação. Há anos que apenas duas universidades brasileiras figuram entre
as 500 e, de 2011 a 2014, tanto a Universidade de São Paulo (USP) como a
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) perderam posições — a USP caiu 35 e
a Unicamp, 38. Diz o editor Phil Baty, responsável pelo levantamento da Times
Higher Education: “O Brasil não deve se preocupar em aumentar o volume de suas
publicações, mas, sim, focar em estudos de alto impacto que ampliem os limites
de nossa compreensão do mundo”. Em outras palavras, as instituições acadêmicas
do país precisam não perder de vista que veículos científicos de segunda só
publicam artigos de segunda. E, com eles, a ciência não vai a lugar algum.
FONTE
http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/uma-praga-da-ciencia-brasileira-os-artigos-de-segunda
Fone:
Fernanda Allegretti
Negreiros/VEJA
domingo, 7 de dezembro de 2014
Deficiência intelectual e autismo podem ter causa comum
Doenças como a deficiência intelectual e os
transtornos do espectro autista podem ter como causa alterações na mesma via
molecular. O resultado de pesquisa foi divulgado no artigo “Molecular
Convergence of Neurodevelopmental Disorders”, publicado em outubro com destaque
no American Journal of Human Genetics e abre possibilidade de novas abordagens
para a forma como entendemos essas enfermidades conhecidas como doenças de
neurodesenvolvimento.
“Ao se definir completamente a principal via
molecular pela qual essas síndromes ocorrem, uma opção viável é posteriormente
focar o tratamento nessa via”, disse Elizabeth Suchi Chen, professora do
Departamento de Morfologia e Genética da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp).
Com a pós-doutoranda Carolina de Oliveira Gigek, da
mesma instituição, Chen divide a autoria principal do artigo. A professora
contou com apoio FAPESP na modalidade Bolsa de Pesquisa no Exterior para
realizar a investigação na McGill University, em Montreal, no Canadá.
Essas doenças são relacionadas a alterações
moleculares das células neuronais, que formam o sistema nervoso e o cérebro
humano, no momento em que o embrião está se desenvolvendo. Para estudar esses
efeitos, as pesquisadoras trabalharam com células neuronais fetais de linhagem
comercial, produzidas para fins de pesquisa por empresas especializadas.
A equipe também utilizou linhagens de células
desenvolvidas no próprio laboratório. Fibroblastos, células da pele, foram
reprogramados para se transformar em células precursoras neuronais. Esse
trabalho foi executado pela equipe do professor Carl Ernst, do Departamento de
Psiquiatria da universidade canadense, que também assina o artigo.
A diferenciação em neurônios teve de ser reproduzida
em laboratório e parte das células investigadas teve reduzida a expressão de
dois genes específicos, o TCF4 e o EHMT1. “Nos pacientes com doenças agrupadas
como síndrome do neurodesenvolvimento, é observada a redução de cerca de 50% da
expressão desses genes; por isso, modificamos as linhagens para apresentarem
redução semelhante”, disse Gigek.
Após a diferenciação, as células com redução de
expressão foram comparadas ao grupo controle, que não sofreu modificações nos
genes, para se analisar quais modificações moleculares haviam ocorrido. Para
isso, a equipe lançou mão de tecnologia de sequenciamento de última geração.
“O objetivo foi saber quais alterações moleculares
seriam decorrentes da redução da expressão desses genes nas células neuronais”,
disse Chen. A descoberta foi que, alterados separadamente, esses genes
provocaram alterações moleculares semelhantes nessas células. Isso levou à
conclusão de que, isoladamente, tanto o TCF4 como o EHMT1 podem gerar
alterações moleculares que levam a doenças do neurodesenvolvimento similares.
Além disso, observou-se que uma mesma modificação celular pode provocar
diferentes enfermidades desse tipo.
De acordo com Chen, até a pesquisa, o que se sabia
era que diversas alterações em diferentes genes estavam associadas a doenças do
neurodesenvolvimento. “No entanto, observamos que a redução da expressão nesses
dois genes levou a uma convergência de alterações moleculares”, disse.
Diferenciação celular prematura
Outra descoberta importante do trabalho foi a relação
entre a redução de expressão dos genes estudados nas células neuronais e o fato
de elas iniciarem mais precocemente o seu processo de diferenciação.
“As células alteradas parecem apresentar uma
diferenciação prematura em relação ao desenvolvimento celular normal, o que
poderia ser uma causa do problema”, disse Gigek. A diferenciação celular é o
processo em que a célula-tronco adquire as características que definirão sua
função no organismo.
O gatilho dessa diferenciação precoce da célula,
todavia, não pôde ser confirmado na pesquisa. As pesquisadoras desconfiam que
alguns RNAs e microRNAs possam estar envolvidos. “Com base na função do gene,
isso pode ser sugerido; porém, serão necessárias outras pesquisas para que a
causa seja levantada”, disse a pós-doutoranda.
Os microRNAs associados ao desenvolvimento celular,
de acordo com Chen, são um foco interessante para um futuro estudo.
As pesquisadoras explicam que, caso sejam
comprovadas a relação deles com a diferenciação prematura e as consequentes
doenças de neurodesenvolvimento, poderão ser abertas alternativas de terapias
moleculares.
“Caso o problema seja provocado pela superexpressão
do RNA, por exemplo, poderiam ser ministrados inibidores para que a célula não
seja estimulada a se diferenciar cedo”, exemplificou Gigek. Ela ressaltou, no
entanto, que tal terapia ainda dependerá de muito trabalho de pesquisa.
Agora, as pesquisadoras pretendem validar os
resultados em outras linhagens de células neuronais, para confirmar os
resultados. Também é preciso saber se as alterações moleculares no
desenvolvimento humano comportam-se da mesma maneira que as culturas estudadas
isoladamente nos modelos. “Por isso, é preciso ainda muito trabalho de pesquisa
para confirmar as descobertas, mas o avanço obtido foi considerável”, disse
Chen.
O artigo Molecular Convergence of Neurodevelopmental
Disorders doi: 10.1016/j.ajhg.2014.09.013), de Elizabeth S. Chen, Carolina O.
Gigek e outros, poder ser lido por assinantes do AJHG em http://www.cell.com/ajhg/abstract/S0002-9297(14)00396-6
FONTE:
Fabio Reynol - Agência Fapesp - 06.12.2014
- 17h22
http://www.ebc.com.br/tecnologia/2014/12/deficiencia-intelectual-e-autismo-podem-ter-causa-comum
Direitos autorais:
Creative Commons - CC BY 3.0
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
DESPERCEBIDAMENTE!
Aquele sorriso torto
TAXI...
“Esse seu é calminho, hein? O nosso, quando tinha
esse tamanho, dava medo.”
E assim começamos a conversar. No trânsito.
Infernal, como todo e qualquer trânsito. Para ir ao centro de Porto Alegre há
muito tempo desisti de ir dirigindo. O caos é tamanho que terceirizar o stress
é uma medida necessária. Isso significa ir de transporte coletivo ou tomar um
táxi.
Levei um susto porque demorei um pouquinho a
entender o assunto da conversa. Com meu filho sentado ao meu lado, logo percebi
que o assunto era ele. Não, não era ele. Era o irmão dele. Do taxista. Um
“downzinho” como o “meu”.
Para quem não está familiarizado com o termo,
“downzinho” é o coletivo/genérico empregado às crianças que nasceram com a
síndrome de Down, principalmente entre familiares. Eu até confesso que mantive
por muito tempo muita relutância em usar o termo. Mas, diante de outros usados
mais ou menos abertamente e claramente depreciativos (ver lista ao final*),
“downzinho” hoje eu considero carinhoso. Não me incomodo mais. Verdade que não.
Unido de repente a essa grande família sindrômica,
despertei do choque inicial da conversa e aproveitei para indagar ao taxista
sobre o downzinho “deles”. É uma curiosidade sem medida essa, como bem sabem
todos os pais e mães. Porque mal tive tempo de perguntar seu nome, não vou usar
nenhum nome aqui e tentar dissipar qualquer referência concreta o quanto antes.
Essa é uma história real e não desejo nem por um instante expor a ninguém.
Então pensei em pedir que ele contasse mais sobre o irmão, mas nem precisou. E
ele então prosseguiu.
O downzinho “deles”, segundo me contou, era incontrolável.
Mordia os colegas. Era medicado para conseguir dormir algumas poucas horas por
noite. Foi expulso das escolas onde tentaram mantê-lo, quase sempre em virtude
do comportamento agressivo. Mesmo na APAE foi difícil mantê-lo na infância. Ele
era considerado “ineducável”. Disseram-lhes que era autista também. Ou
esquizofrênico. A jornada médica foi terrível, por anos a fio. A família gastou
o que não tinha para procurar tratamentos. Mudaram do interior para a capital
para tentar recomeçar a vida, levando pouco mais que a mala podia portar. Mas
foi então que as coisas começaram a mudar, no mais improvável cenário que se
pode imaginar.
Estamos quase chegando ao nosso destino. Estou
levando meu filho ao oftalmologista, para revisar o grau dos óculos e pegar
receita para fazer nova armação. É a terceira do ano. As outras duas foram
perdidas. E sob muita reclamação. O taxista parou o carro e continuou contando.
Não me atrevi a insinuar que era hora de descer, que estávamos quase atrasados.
Era verdade, se o dissesse. Mas queria ouvi-lo mais. E ele, por sua vez, queria
falar mais também.
O “nosso downzinho”, disse ele, “teve de começar a
trabalhar comigo. Vendíamos flores nos cruzamentos. Às vezes na rodoviária. Nos
parques da cidade. Ele era um grande vendedor de flores. Bastava abrir o
sorriso ‘meio torto’ que as mulheres, principalmente, se derretiam. E alguns
homens também. Se houvesse um prêmio de vendedor de flores, ele mereceria um
troféu, de tantas que vendeu.” Isso durou dois anos e esse dinheiro fez com que
a família pudesse se estabelecer. Alugaram uma casa melhor e, embora ele não
quisesse sair das ruas, voltou a estudar. A mãe não aguentava mais sofrer em
saber que ele andava por aí, mesmo que sob a proteção do irmão. Não havia onde
mais acender velas na casa. Isso que era uma casa de três cômodos.
“Na APAE de novo?”, eu perguntei.
Não foi na APAE, mas em outra escola especial, que
o aceitou apesar da idade já mais avançada. Perguntei em que ano foi isso e ele
falou que foi no começo dos anos noventa, mais ou menos na época do impeachment
do presidente Collor. Calculei rápido e concluí que hoje ele deveria estar por
volta dos quarenta anos.
“E a agressividade aquela, onde foi parar?”,
precisei perguntar.
“Logo depois que começou a sair comigo, melhorou muito.”
O que ele precisava era cansar, segundo o irmão. E conversar, mesmo que daquele
jeito embaralhado. E andar mais solto. Quando voltou à escola, a mãe
acompanhava ele todos os dias, mas logo não foi mais preciso. Começou a ter
aulas de judô. E começou a tomar banho sozinho. A cuidar mais de si mesmo. Ele
estava é apaixonado, mas não contava nada. E dali em diante não teve mais um
dia na vida em que não estivesse “enrabichado” com alguém. A mãe e o pai
deixavam. E assim foi que ele voltou a trabalhar e nunca mais pareceu aquele
capeta.
“E hoje, como ele está?”, foi quase minha última
pergunta. A consulta estava atrasando de verdade agora.
Muito melhor que eu, ele foi dizendo. Trabalha numa
farmácia e namora a farmacêutica, que é dona da farmácia. “Sério?”, pergunto.
“Claro, aquilo é um safado de marca maior”. E então ele riu bastante. E eu
também. “Mas ela não é down, claro que não”, ele disse. “E como foi que ele
conquistou a moça?”, perguntei já conferindo o troco. Ele demorou um pouco
antes de responder, em meio a um tipo de suspiro, talvez..
“Eu acho que foi aquele sorriso torto..”
Então o tempo fechou e choveu muito, embora nossas
roupas na rua, depois, continuassem secas e enxutas.. Não consegui perguntar
mais nada. Fomos saindo. Eu e o meu menino. Ele, o taxista, também não olhou
mais pelo retrovisor, mas teve tempo de desejar boa sorte. E disse para
carregar na dose de paciência. E que, no fim, valia a pena. Que tudo iria dar
certo.
Só me arrependo mesmo de não ter ficado com o
endereço da farmácia para um dia desses ir lá conhecer o “ineducável”. É que
educar dá trabalho mesmo, mas compensa.
Postado por Lucio
http://morphopolis.wordpress.com/
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Autismo como uma reflexão diária é tema de minicurso do Encontro de Saberes
Isolamento, falta de comunicação, mundo interior,
criatividade. Todas essas palavras vêm à mente da maioria das pessoas quando se
fala em autismo, mas o que poucas pessoas entendem é como lidar e compreender o
ponto de vista dos autistas. Pensando na perspectiva educacional, vários
questionamentos são levantados: como incluí-los na sala de aula? Como trabalhar
as nossas dificuldades em relação a eles quando os ensinamos algo? Como
construir uma ponte de comunicação com eles? E, por fim, será que o autista
quer realmente ser incluído? Durante o minicurso “O autismo no contexto
educacional: disciplinaridade, transdisciplinaridade e indisciplinaridade”, que
integrou a programação do Encontro de Saberes, o Centro de Atenção Psicossocial
Infanto Juvenil (Capsi) buscou discutir esses questionamentos que, na
realidade, não possuem respostas exatas.
“No Capsi de Ouro Preto, trabalhamos com 11
autistas que precisam ser acompanhados diariamente e, com esse trabalho, podem
aos poucos ser inseridos em escolas e melhorar a relação em casa”, explica a
terapeuta ocupacional Paula Oliveira. A coordenadora Christine Vianna e o
psiquiatra e professor de medicina da UFOP Ricardo Moebus mostraram um pouco
desse trabalho do Capsi de Ouro Preto e deixaram aberta a discussão sobre o que
as pessoas presentes no minicurso entendiam sobre o autismo. Dessa forma,
queriam somar ideias para adquirir mais conhecimento.
Fazendo um panorama do assunto, discutiu-se sobre
como antigamente as doenças e suas deficiências eram tratadas às escondidas por
amigos e familiares, fazendo com que essas pessoas ficassem à margem das
relações. Christine conta que, diferentemente disso, hoje existe um importante
trabalho de inserção dessas pessoas na sociedade . “Será que só a nossa vontade
de inclusão é o que vale?”, questiona.
A coordenadora também diz que essa inclusão deve
ser mais discutida, a partir da compreensão da vontade de o autista também ser
incluído em um meio comum. “Muitas vezes ele constrói uma ponte para se
comunicar com os outros e nós não percebemos. Aceitar o que não é semelhante a
nossas opiniões é muito difícil e, por isso, o foco é aprendermos a construir
meios de comunicação com eles”, explica.
A administradora Shirley Dias é mãe de uma criança
autista e foi assistir ao minicurso. Ela conta que, como acabou de mudar para
Ouro Preto e seu filho é o primeiro caso de autismo dentro da escola, uniu-se
aos membros da instituição em busca de conhecimento sobre a forma correta de
lidar com o caso, respeitando a vontade e o interesse dele em participar das
atividades.
Sobre o autismo
O psicólogo conta que devemos lembrar que o autismo
é uma doença e que as dificuldades existem. “Essas visões que muitos colocam
apenas com pontos negativos ou positivos devem ser eliminadas”, comenta
Ricardo. E ainda acrescenta. "Assim como em alguns casos existem a enorme
criatividade e a facilidade em desenvolver diversas habilidades, as limitações
também devem ser levantadas”. Ricardo enfatiza que devemos aprender a lidar com
as diferenças, pois elas existem em todos os lugares, e lembra que a
categorização que muitas pessoas usam, como, por exemplo, falar que brasileiro
gosta de futebol e samba, desconsiderando a opinião de milhões de outras
pessoas que não pensam assim, é o que acontece também com o autismo, quando não
se tratando cada um como único e sim como um grupo.
Já Paula explica como lida com os casos em que
trabalha. “O indivíduo autista deve ser ensinado a ter sua própria autonomia,
criar seus vínculos e aprender a querer e a discordar, fazendo suas próprias
escolhas”. Ela também comenta que a comunicação pode ser o ponto mais difícil e
que deve ser centrada na questão de fazer com que os autistas expressem seus
sentimentos e dificuldades. “Trata-se de um processo contínuo de entender e
interpretar cada um e, a partir da confiança, começar a realizar esse estudo.
Nenhum indivíduo é capaz de conseguir fazer e ser bom em todas as coisas, e com
os autistas isso também acontece. Impor exigências em torno deles para que consigam
realizar diversas tarefas não é necessário, pois a vontade deles deve ser
respeitada”.
O intuito do minicurso foi o de dar continuidade ao
assunto, buscando o entendimento para cada caso de autismo, para cada
indivíduo, respeitando a individualidade de cada um dos que possuem essa
doença, bem como daqueles que não a possuem. Entender que não existe um
conceito sobre o que é o autismo, que esse conceito deve ser construído
diariamente, e levar a temática para a universidade, para as escolas, para a
casa, enfim, para todos os espaços do público foi um dos objetivos.
FONTE:
Daiane
Bento
http://www.ufop.br/index.php?option=com_content&task=view&id=15702&Itemid=196
Foto: Google.
sábado, 22 de novembro de 2014
“FOI DE RASGAR O CORAÇÃO”
“FOI DE RASGAR O CORAÇÃO”
Mara Gabrilli Programa Jô Soares – 19.11.2014
Nesta semana, o autismo, foi um assunto que
agitou as postagens nos facebooks e similares da vida, e eu que não falei nada,
embora tivesse compartilhado a repercussão, recebi algumas mensagens dizendo
que se nada falasse a respeito era por que ainda não tinha saído das eleições presidenciais.
Pelo contrário, saí e decidi que: o Brasil que perdeu, ganhou.
Embora a imprensa brasileira nos últimos
tempos, noticie um pouco mais sobre o autismo, não o faz com ênfase, até por estar
dando mais atenção aos complexos temas que envolvem o Brasil nas páginas
policiais que são mais espetaculares, sem se flagrar com a importância de
assunto como políticas de saúde que não funcionam, com base no viés aparente de
que cada povo tem o governo que merece.
O foco era a entrevista que a Mara
Gabrilli, deputada federal reeleita, um ícone das pessoas com deficiência neste
país, e relatora da Lei 12.764/12 (Lei Berenice Piana) que instituiu a política
de proteção aos autistas concedeu ao Jô Soares, sobre a qual, observei para
alguns que horas antes pela agitação e com o interesse na discussão, a
audiência teve grande repercussão deixando, felizmente, vários temas para discussão.
O ponto principal da repercussão foi o
de que o Jô “abriu uma oportunidade” para discutir o autismo no seu programa,
tema ao qual ele resistia expor, por questões de ordem pessoal e isso é
indiscutível, tendo em vista a irreparável perda do seu filho Rafinha, pessoa
na condição de autista, até 51 anos de idade, dias antes, quando voltou para a
Pátria Espiritual, legítimo lugar a que pertencia.
A presença extraordinária da Mara
Gabrilli, falando com segurança sobre autismo, trouxe novo alento para que milhões
de pais de autistas suscitem nova reação contra a falha no zelo das suas reais
finalidades, do Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência - CONADE, que deixou
inserir no texto de regulamentação da Lei 12.764/12, uma anomalia subliminar que
destina os autistas para serem tratados nos CAPS – Centro de Atenção Psico
Social onde lhes falta capacidade e capacitação, no mesmo nível de pessoas com
esquizofrenia e dependentes químicos.
A única razão que autoriza o CONADE usar do
artifício subliminar como a cilada disposta no artº 3º, Alínea “C” do texto da
regulamentação da Lei 12.764/12, é a de ratificar o favorecimento comercial da
iniciativa privada no âmbito das políticas publicas de saúde, colidindo frontalmente
com a Constituição Federal.
As respostas pontuais dadas por Mara
Gabrilli ao ser questionada por Jô Soares, que com sua experiência em autismo discutiu
a seu tempo o apoio as necessidades da disciplina ser implantada nas faculdades
de Medicina, tendo em vista a falta de capacitação existente, a exemplo dos tempos
em que os médicos nada sabiam a respeito, bem como desconheciam os males da
síndrome.
Os CAPS, que procedem a tratamento a dependentes
químicos, alcoolismo, e outros transtornos, são apenas fornecedores de remédios
reducionistas controlados, enquanto deveriam ser também uma instituição para
atendimento, onde estaria incluído o tratamento terapêutico específico para
autistas, mas não o é, resguardadas as especialidades e comorbidades inerentes
à síndrome.
Autista se não é tratado adequadamente
fica infeliz, e faz a família infeliz, disse Mara Gabrilli. Jô emendou
exemplificando que quando seu filho Rafinha tinha dois anos, um médico disse à
mãe dele: “esse menino aí, o melhor que você tem a fazer é fazer outro, porque
esse não vai falar andar e escrever”. A expressão foi para comprovar a falta de
conhecimento do médico que não tinha ideia do que fazer.
Existe uma “mania global” de dizer que o autismo é
bonito, em face caracterização hollywoodiana de responsabilidade da indústria
da mídia, a partir do filme Rain Man. O mais importante sobre a disfunção da
imprensa com o autismo, é o aspecto qualitativo que ela pode apresentar, a
partir do ponto essencial que é analisar e criticar sem agressividade, como costumeiramente
acontece pelo mau uso da palavra.
Pais e interessados no autismo quando sabem das suas
complexidades não se deixam iludir por ele. A capacidade mesmo limitada de cada um permite
saber que o autismo não pode ser considerado um erro moral e deve ser tratado
como causa e não como um sintoma fantasioso, o que permite o aprendizado de
todos.
Já temos o nome da deputada federal Mara
Gabrilli, do senador Paulo Paim, Berenice Piana de Piana a idealizadora da Lei
12.764/12, Ulisses Costa e Fernando Cotta destacadamente, gravados
indelevelmente na história em favor das pessoas com deficiência, pela influência
e na ajuda de inestimável valor na vida dos nossos filhos autistas. Quis agora
a Providência Divina trazer Jô Soares para juntar-se a nós e outros certamente
virão pelo que podem fazer por eles, interferindo com seus saberes pela
exclusão da alínea “C” do decreto, como um primeiro passo.
O Ministério da Saúde tem conhecimento
das sugestões para criação de centros de excelência para estudos do autismo
custeados pelo Estado, e pela iniciativa privada para inclusão e independência
dos autistas, sem a postura tradicional do assistencialismo, mas sim científica,
por ser a Ciência a única forma para atingir os resultados necessários e
promissores ao tratamento do espectro, porém só atendem sugestões de quem está
ligado a interesses preexistentes discutíveis.
Os autistas tem capacidade de aprender. Temos
que ter capacidade de ensiná-los.
Que a lei saia do papel, disse Mara.
Cabe-nos fazer com que nossos filhos não
sofram mais do que o inevitável.
Nilton Salvador
sábado, 15 de novembro de 2014
Como ensinar o conceito de tempo a crianças com Autismo
O conceito de tempo é fundamental na nossa vida. As
mudanças de estação (que aqui no Brasil não são sentidas com tanta
intensidade), os períodos do dia e as tarefas próprias de cada horário (café da
manhã, almoço, jantar, hora de dormir e de ir para escola) são questões comuns
a vida de cada um de nós e precisa ser compreendida.
Pensando na criança com Autismo, a ausência do
conceito de tempo pode gerar comportamentos indesejados e situações
desafiadoras para os pais e familiares. Sendo assim, separamos as sugestões de
Penina Rybak, uma especialista em Autismo, e acrescentamos algumas outras
ideias de como ensinar e trabalhar com os pequenos o conceito de tempo.
Brinquedos e a tecnologia (por que não?) aparecem
como facilitadores desse processo. O conceito de tempo vai ajudar na
compreensão e na causalidade dos fatos; a entender o tempo sequenciado dos
movimentos e das conversas (entenda aqui conversas e narrativas). Utensílios
domésticos e fotos digitais podem ajudar na compreensão do antes e depois; do
começo, meio e fim que indicam a passagem o tempo.
Aqui estão algumas sugestões:
– Escolher livros de histórias e chamar atenção
para o começo, o meio e o fim; revendo sempre a sequência dos fatos.
– Atividades de arte também são excelentes escolha
porque têm um produto final e etapas para sua realização. A arte pode até ser
exposta em casa ou na internet para os parentes e amigos mais distantes.
– Atividades de culinária que têm um produto final
também são ótimas para o conceito de tempo.
Fato: como as atividades de arte e a culinária
dependem de um tempo para seguirem para o próxima etapa e serem finalizadas, um
cronômetro pode ajudar, tornando esse tempo “mais concreto” e ajudando as
crianças.
– Assistir um vídeo ou filme, parar em intervalos
regulares para rever e discutir a ordem dos eventos.
– Nos lugares onde o Outono mostra “suas folhas”,
uma brincadeira na pilha de folhas ao ar livre pode ser registrado. O antes e
depois de jogar pode ser clicado!
É válido usar a tecnologia, os aplicativos que usam
algumas das atividades, como as descritas acima, para ajudar também no
aprendizado do conceito de tempo. Aqui no reab.me já mostramos o Buddy’s Time,
um app que tem uma proposta neste sentido. Clica aqui e confere!
Aprender o conceito de tempo é um dos passos
necessários para aprender sobre a causalidade. Causalidade envolve previsões de
resultados. Previsões se fazem com base em uma ação emocional ou ação física no
ambiente. Ou seja, tudo está interligado e garante um bom funcionamento no
cotidiano. Nas crianças essas habilidades estão relacionadas ao aprendizado as
regras, a programação do dia e a fazer inferências sobre isso.
Fonte: Friendshipcircle.org
domingo, 9 de novembro de 2014
Autismo: dúzias de genes identificados
Dois estudos genéticos, que envolveram mais de 50
laboratórios, identificaram dúzias de novos genes associados ao autismo. Os
estudos publicados na revista “Nature” demonstraram que as mutações nestes
genes afetam a rede de comunicação no cérebro e comprometem os mecanismos
biológicos fundamentais que decidem se os genes são ativados, quando, e como.
Os investigadores da Universidade da Califórnia,
nos EUA, associaram mutações em mais de 100 genes envolvidos no autismo. A
maioria das mutações identificadas nos estudos são mutações de novo, ou seja,
mutações que não estão presentes nos genomas dos pais que não têm a doença, mas
que aparecem espontaneamente numa única célula dos espermatozoides ou óvulo,
mesmo antes da conceção da criança.
Os genes envolvidos nestes dois estudos pertencem a
três categorias distintas. Uns estão envolvidos na formação e função das
sinapses, locais de comunicação entre as células no cérebro. Outros regulam,
através de um processo conhecido por transcrição, como as instruções de outros
genes são transmitidas para a maquinaria celular que está envolvida na síntese
de proteínas. A terceira classe envolve o modo como o ADN é enrolado e
“empacotado” nas células numa estrutura conhecida por cromatina.
De forma a chegarem as estas conclusões, num dos
estudos, os investigadores utilizaram amostras de ADN de 3.000 famílias que
tinham uma criança com autismo. O segundo estudo envolveu o Consorcio de
Sequenciação do Autismo, uma iniciativa apoiada pelo Instituto Nacional de
Saúde Mental, que permite aos cientistas de todo o mundo colaborarem em grandes
estudos genómicos que não poderiam ser realizados por laboratórios individuais.
Antes destes estudos, apenas tinham sido
identificados, com elevado grau de precisão, 11 genes associados ao autismo,
agora temos mais do quadruplo desse número ", revelou, em comunicado de
imprensa, uma das autoras dos estudos, Stephan Sanders. Com base nestas
tendências, a investigadora acredita que a descoberta de novos genes vai
continuar a ritmo acelerado podendo atingir os 1000 genes associados ao risco
de autismo.
"Tem havido uma grande preocupação que estes
1000 genes representem 1.000 tratamentos diferentes (…)", disse um outro
autor do estudo, Matthew W. Estado
"Já existe uma forte evidência de que estas
mutações convergem para um número muito menor de funções biológicas
importantes. Precisamos agora de nos concentrar nesses pontos de convergência
para começar a desenvolver novos tratamentos”, conclui.
FONTE:>
http://noticias.bancodasaude.com/autismo-duzias-de-genes-identificados
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
Autismo, use a tecnologia para ajudar
A tecnologia faz girar o mundo.
É uma frase que poucos terão coragem de contrariar mesmo quando se apontam
vícios e risco de segurança na sua utilização. Mas a tecnologia é muito mais
que isso e, quando aproveitada com qualidade, a tecnologia pode mesmo mudar a
vida de milhares de crianças em todo o mundo, todos os dias.
E se usássemos a tecnologia para
ajudar crianças com problemas? Se, por exemplo, no autismo usássemos mais
ferramentas tecnológicas para entrar no espaço confinado do autista?
O autismo é um distúrbio
neurológico que afeta o modo como uma pessoa se comunica e se relaciona com as
pessoas em seu redor. Sendo que normalmente, crianças com autismo, têm
problemas em se comunicar com outras pessoas, problemas em olhar outras pessoas
nos olhos e em alguns casos ficam perturbadas simplesmente por ouvirem algum
tipo de ruído ou verem algum tipo de luz brilhante.
No entanto, esta perturbação é
uma condição espectro, o que significa que apesar de os autistas terem algumas
dificuldades em comum, a sua condição pode também ser afetada de maneiras
diferentes. Sendo que, muitas pessoas que sofrem de autismo podem viver uma
vida relativamente independente.
Além disso, existe ainda o
Síndrome de Asperger, uma ‘subcategoria’ do autismo, onde, normalmente, incluiu
uma inteligência acima da média. Podendo estas pessoas ter menos problemas com
a fala, mas podem, no entanto continuar a ter dificuldades de compreensão e
comportamento.
Mas em que aspectos é que a
tecnologia pode melhorar a vida das crianças autistas?
Compreensão geral do ambiente em
seu redor;
Habilidades de interação social;
Habilidades de comunicação;
Habilidades de atenção;
Habilidades de motivação;
Habilidades de organização;
Habilidades acadêmicas;
Habilidades de autoajuda;
Habilidades de hábitos diários.
De que forma a tecnologia tem
influência nessa melhoria?
A vida destas pessoas tem uma
melhoria significativa a partir do momento em que começam a utilizar
tecnologias assistivas. Mas o que são estas tecnologias afinal? As tecnologias
assistivas são todos os equipamentos e sistemas que podem ser modificados ou
personalizados de forma a aumentar, manter ou melhorar as capacidades
funcionais de pessoas com algum tipo de dificuldade funcional, como é o caso das
pessoas que sofrem de autismo.
Normalmente, as crianças que
sofrem de autismo processam de forma mais fácil e célere informação visual do
que informação auditiva. Logo, sempre que são utilizados dispositivos
tecnológicos com estas crianças, como é o caso de tabletes ou mesmo
smartphones, está a ser transmitir informação através da sua área mais forte de
processamento, a área visual.
Posto isto, pode afirmar-se que
a utilização deste tipo de tecnologias no dia-a-dia destas crianças poderá
melhorar muito as suas capacidades.
De forma a comprovar isto,
alguns investigadores no Canadá selecionaram 12 crianças autistas em 6 salas de
aula na cidade de Ontário. Essas salas receberam vários tabletes para um teste
de seis meses.
Após os seis meses, estes
investigadores chegaram à conclusão que nove dessas doze crianças mostraram uma
evolução em nível das suas habilidades de comunicação. Além de que, a sua
motivação aumentou em cerca de 80%, aumentando ao mesmo tempo a sua capacidade
de atenção e a sua capacidade de interagir com os outros.
Dados Interessantes
Pensa-se que cerca de uma em
cada 50 crianças no mundo inteiro tem alguma forma de autismo, número que tem
vindo a aumentar de ano para ano.
Uso da tecnologia para o
tratamento do autismo tem vindo igualmente a aumentar, principalmente com a
criação de dispositivos como Tablets, Smartphones, entre outros.
Simples aplicações, como jogos,
por exemplo, fazem estas crianças sentirem-se seguras, fazendo com que se
comuniquem mais facilmente.
Crianças com autismo utilizam as
tecnologias para mostrar coisas que pretendem, onde gostariam de ir e até mesmo
para praticar caligrafia e cálculo.
Normalmente, as crianças
autistas gostam de comboios porque eles são previsíveis, seguem sempre o mesmo
caminho e abrem e fecham as portas sempre da mesma forma.
Projeto Toca Boca
http://videos.sapo.pt/MAw2WVGPlqZVH8JjQBEp
http://videos.sapo.pt/MAw2WVGPlqZVH8JjQBEp
Toca Boca é uma empresa sueca de
desenvolvimento de jogos para crianças entre os 3 e os 6 anos. Muito embora a
empresa não desenvolva os seus jogos especificamente para crianças autistas, as
suas aplicações tornaram-se muito populares entre elas.
Com este artigo, apenas queremos
mostrar que a tecnologia é utilizada hoje em dia para muito mais do que é
anunciado nos média, e que realmente para muitas pessoas, a tecnologia pode ser
muito importante, pois pode melhorar de forma significativa a maneira como
estas crianças vivem e como enfrentam o mundo.
Desta forma mostramos que a
tecnologia não tem apenas como objetivo o lazer, ou até mesmo mostrar a
superioridade, apenas porque se tem uma tecnologia de ultima geração, ou de
topo, tecnologia, a tecnologia para muitos é torna-os apenas superficiais, mas
para outras faz toda a diferença.
FONTE:
http://pplware.sapo.pt/informacao/autismo-use-a-tecnologia-para-ajudar/
Por Hugo Sousa para
KIDS.PPLWARE.COM
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
Psiquiatria: diagnóstico errado atrasa tratamento
Alguns sintomas que indicam TDAH na criança podem,
na verdade, ser de outras doenças
Rio - A existência do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) não é novidade. E o comportamento de crianças com o mal também é conhecido. Mas especialistas alertam que nem todos os pequenos ‘diagnosticados’ têm realmente TDAH.
É preciso identificar a real necessidade que os
pacientes têm de tomar remédios
Foto: Divulgação |
De acordo com o psiquiatra infantil Fábio
Barbirato, da Associação Brasileira de Psiquiatria, desatenção, hiperatividade
e impulsividade podem estar presentes também em depressão, ansiedade, doenças
neurológicas, Transtorno do Espectro Autista, retardo mental, Transtorno do
Humor Bipolar e dislexia.
Barbirato alerta que cabe ao psiquiatra fazer a
diferenciação. Por exemplo, crianças com dislexia podem ter falta de atenção
pela dificuldade em interpretar o que leem. No TDAH, diz, atividades de leitura
não se alteram enquanto houver possibilidade de manter a atenção. “Na dislexia,
a criança não precisa de remédio, mas de um fonoaudiólogo”, explica.
Ainda segundo ele, crianças autistas têm
dificuldade em lidar com mudanças e, por isso, podem ter irritabilidade. No
TDAH, a impulsividade se dá pela dificuldade de autocontrole, que leva a
comportamentos irritáveis.
Em alguns casos, falta de atenção pode ser
depressão. “A criança deprimida não tem interesse nem para brincar, por isso
fica dispersa na aula”, explica.
Segundo Barbirato, o maior dano do erro no
diagnóstico não é a medicação desnecessária, mas o tratamento que será errado e
adiado. “Criança com autismo não tratada pode ter problema de sociabilização.
Na dislexia sem tratamento, o risco de evasão escolar é maior”, afirma.
Pais têm como tirar dúvidas
O TDAH será um dos assuntos abordados no 2º
Congresso Brasileiro de Psiquiatria da Infância e Adolescência, que acontece
nos dias 5 e 6 de dezembro. Além do debate de temas relevantes para
profissionais de saúde, o evento terá atividades para os responsáveis. Eles
assistirão a palestras e poderão tirar dúvidas com especialistas em psiquiatria
infantil. São 150 vagas e o preço para os dois dias de oficinas é R$ 80.
Com o tema ‘Modernidade, Ciência e Mitos em
Psiquiatria da Infância e Adolescência’, o congresso será no Colégio Brasileiro
de Cirurgiões, em Botafogo.
Informações: simposiocomportamento@gmail.com.
FONTE:
BEATRIZ SALOMÃO
http://odia.ig.com.br/noticia/mundoeciencia/2014-11-02/psiquiatria-diagnostico-errado-atrasa-tratamento.html
sábado, 1 de novembro de 2014
Pesquisa também aponta que mutações genéticas pequenas, raras, em 107 genes podem contribuir para o risco do transtorno
Um enorme estudo internacional começou a desvendar
os "pequenos detalhes" da razão de algumas pessoas desenvolverem
autismo, informaram pesquisadores. Eles observaram milhares de amostras de DNA
de crianças com autismo e de seus pais.
Os resultados, publicados na revista científica
Nature, constataram que até 33 genes estão envolvidos no desenvolvimento da
condição.
Anticorpos maternos são nova pista para o autismo,
indica estudo
Poluição do ar pode levar ao autismo ou à
esquizofrenia
Autismo pode ser identificado nos primeiros meses de
vida, diz estudo
Assassinatos em massa teriam ligação com autismo,
diz estudo
A National Autistic Society (NAS), no Reino Unido,
no entanto, afirmou que ainda há "um longo caminho" para a descoberta
das causas do autismo.
O estudo sugere haver uma série de diferentes
fatores de risco para a doença, de acordo com o autor principal, professor
Joseph Buxbaum, do Icahn School of Medicine at Mount Sinai New York.
"O gatilho é a genética - mas há um monte de
diferentes possíveis causas", disse Buxbaum.
Análise do DNA
O autismo é um transtorno que afeta a capacidade das
pessoas de se socializarem.
Os pesquisadores avaliaram 15.480 amostras de DNA
para determinar o impacto de mutações genéticas passadas de pai para filho, bem
como as que surgem espontaneamente.
Dos até 33 genes ligados ao autismo, 7 genes são
completamente novos para os cientistas (em sua conexão com o autismo), enquanto
11 não eram considerados risco real devido à falta de dados. Do total, 15 genes
já eram conhecidos como potenciais propagadores da condição.
O estudo também afirma que mutações genéticas
pequenas, raras, em 107 genes podem contribuir para o risco de autismo.
Mais de 5% das pessoas autistas estudadas
apresentaram mutações genéticas (com perda de funções nos genes) não herdadas.
'Detalhe mais fino'
O estudo deve ajudar a melhorar a compreensão de
algumas das causas do autismo, disse o professor David Skuse, chefe da equipe
de distúrbios da comunicação social, no Great Ormond Street Hospital, em
Londres, e um contribuinte para o relatório.
"Até agora, nós realmente não fomos capazes de
compreender os mecanismos que levam ao autismo", disse ele. "Este
(estudo) chegou a pequenos detalhes".
Skuse acrescentou que o estudo poderia começar a
ajudar as famílias a entender o autismo. A National Autistic Society (NAS)
disse que havia muitas lacunas no conhecimento do tema.
Carol Povey, diretora do Centro para Autismo do NAS,
disse: "O autismo vem de uma relação altamente complexa de genes que não
apenas interagem com outros genes, mas também com fatores não-genéticos
também".
"Pesquisas como esta nos ajudam a entender a
genética envolvida em algumas formas de autismo e abrem a possibilidade de
famílias obterem uma melhor compreensão da condição", disse ela.
"No entanto, ainda estamos muito longe de saber
o que causa o autismo. O que as pessoas com a doença, suas famílias e
cuidadores precisam, acima de tudo, é de acesso agora para o tipo certo de
apoio, para serem capazes de levar uma vida plena", acrescentou.
BBC BRASIL.com - Todos os direitos reservados.
É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC
BRASIL.com.
Cientista brasileiro usa células de dente de leite para fazer neurônio autista se comportar como normal
Alysson Muotri, um dos autores
do estudo e professor na Universidade da Califórnia, fala também sobre o futuro
do transtorno do espectro autista
autismo_neuronios_alysson (Foto: divulgação) |
O biólogo molecular brasileiro Alysson Muotri
acaba de finalizar uma pesquisa com resultados promissores sobre o espectro
autista. No estudo, que utilizou células extraídas de dente de leite de
crianças, Muotri descobriu como fazer o neurônio de um autista clássico se
comportar de forma normal.
“Nossa equipe recebeu o dente de
leite de uma criança sem autismo e outro de uma criança brasileira com autismo
clássico. Então, retiramos as células da popa dos dentes e fizemos elas se
diferenciarem em neurônios corticais”, explica o cientista. O córtex é uma
região do cérebro importante para o processamento de linguagem e sociabilidade.
Por meio de comparação, o pesquisador percebeu que o neurônio da criança com
autismo tem alterações morfométricas e funcionais em comparação ao da criança
sem autismo.
O cientista Alysson Muotri (Foto: divulgação) |
Após observar o sequenciamento
genético do paciente autista e conhecer as mutações, os pesquisadores
descobriram que uma das maneiras de reverter o quadro é com o uso de uma
substância chamada hiperforina, encontrada na erva de São João. Essa droga pode
ter efeito em pessoas com mutação em um gene específico, o TRPC6. “Na teoria,
esses pacientes poderiam se beneficiar tomando o chá da erva de São João.
Começamos a fazer esse teste com uma criança autista brasileira com mutação no
gene TRPC6, mas o trabalho não está concluído. O que temos é um indicativo de
resposta positiva”, diz Muotri.
Quando questionado se existe uma
cura para o autismo, o cientista não tem dúvida: “Acredito que sim. Há algum
tempo, meus colegas não gostavam de usar o termo ‘cura’, mas isso já não é mais
tão tabu assim”. Até o final de 2015, o grupo do pesquisador irá concluir o
teste de 55 mil drogas para reverter o autismo.
Fonte:
CRESCER
Por Maria Clara Vieira
http://revistacrescer.globo.com/Voce-precisa-saber/noticia/2014/10/cientista-brasileiro-usa-celulas-de-dente-de-leite-para-fazer-neuronio-autista-se-comportar-como-normal.html
Assinar:
Postagens (Atom)