sexta-feira, 25 de maio de 2012
sexta-feira, 18 de maio de 2012
quarta-feira, 16 de maio de 2012
O AUTISMO E O POTE DE MEL
O mel é o néctar dos deuses. É o açúcar da
natureza. Fez pré-história predatória e depois história no Oriente Médio, no
Egito e depois mundo afora. Quando os antigos Egípcios faziam as suas
expedições, conservavam a carne em barricas cobertas de mel! A chamada
"Lua de Mel" tem a sua origem no costume romano em que a mãe da noiva
deixava em cada noite, na alcova nupcial, à disposição dos recém casados, um
pote de mel para "repor energias". Esta prática durava toda a lua...
É a delícia que se prova e oferece o sabor
magnífico e degustador. Os fazedores de mel, abelhas e formigas trabalham para
si, em sociedade, para colher resultados casulados e temperados ao sabor da
felicidade. Diariamente uma abelha
percorre 40 km e visita cerca de 7200 flores para produzir 5 gramas de mel. Mas
tais insetos não sabem que trabalham para o homem, oferecendo o néctar dos
deuses. Trabalham e trabalham. Nada pedem em troca, oferecendo aos indivíduos
um alimento de alto valor nutritivo.
É isto mesmo. Formigas na África também fabricam
esta bebida dos deuses para suas companheiras de inverno. Reproduzem o mel para
alimentar as companheiras no fundo do formigueiro. E não se queixam. E la vai a
história do mel com seus exemplos positivos de perfeição.
Provar mel é provar alegria, felicidade. Exemplo natural para todos os seres viventes.
E o que dizer dos favos do mel, da lua de mel, dos arquétipos que o mel
inspira. O mel está nas cores delicadas e nos ambientes coloridos. Está nas
jóias raras e nos banquetes mais preciosos. Toda situação delicada tem sabor de
mel. Nada mais ofuscador e magnífico. O sabor de mel está em toda gastronomia,
em todo chá inglês, em toda tradição.
Basta as abelhas consumirem o pólen das flores, encontrarem-se em reunião
e produção e pouco tempo depois se descobre o resultado: potes e potes de mel.
O mel também inspira oficina de ideias em festas, no ambientes ensolarados e a
ideia de adoçar o mundo, com músicas, receitas saborosas e o leite quentinho do
adoçado com mel.
E suas outras atribuições? Não há o que falar. O
mel é remédio, tem efeito para diversas curas, limpa os pulmões e respirações.
E lá se vai. Sempre positivo e lindo! Deliciosa de se contar e provar. A ação do mel sobre a longevidade humana
deve-se não só à sua alta ação energética, mas fundamentalmente às enzimas, às
vitaminas e à compleição de elementos químicos, extraordinários para o bom
funcionamento do organismo humano.
E assim, de deleite em deleite, lá vai o mel
história afora, transmitindo o seu benefício a todos seres humanos, sem
discórdia, adoçando a vida, amenizando atitudes
e encantando com o seu gosto.Mas por que falar tanto em mel, se gostaria
mesmo de falar e escrever sobre autismo!
O que tem a ver esta minha comparação sem sentido! Esquisita por assim dizer!
O mel está na boca de todos, na casa de todos e eu
nada tenho com isso! Potes e potes de
mel puro são comprados nos supermercados do mundo todos os dias. E eu com isso?
Poderia eu comprar potes e potes de autismo e
adoçar, nem que seja por um só instante, a boca de alguém. Não e não! A boca não teria jeito, mas o coração sim.
Gostaria de adoçar o coração de alguém. Um único coração. Que ele meditasse
sobre o que é o autismo.
Dizer para os compradores de mel, que uma criança
autista é como o mel que se coloca na mesa e na geladeira. Doce, pura e
silenciosa. Os olhos então, meu Deus! Que olhos mais encantadores! Puros e
meigos! Inocentes e imaculados! Deleites
de mel!
Dizer aos provadores de mel o seu significado
desconhecido, sua história mal-contada. Dizer que o autismo nunca teve uma
pré-história. Ensinar que o autismo tem potencialidade de desenvolvimento
psicomotor sim. É como uma fábrica de produção de mel. Na sua ingenuidade e nas
vivências corporais dos acometidos com o autismo o valor afetivo se instala e modifica
nossas vidas. Há também o papel dos estímulos ambientais no
desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da criança autista.Como separar a
metáfora do mel do autismo? Impossível! O mel não é tão-somente o das abelhas,
das formigas, dos industrializados. Existe o mel do coração e da alma. Querer
conhecer e amar, por assim dizer, se permitir e se envolver.
O Mel que nasce na lá na mais ínfima fibra do ser,
que se fortifica contra qualquer doença e passa a conhecer o autismo.
O que dizer sobre a família? Por experiência
própria digo que a família passa a buscar e aprender o que até então
desconhecia. Mas família que convive com autismo, não precisa tão-somente
ensinar. Ela precisa aprender também. Fico a imaginar se a uma família que tem
um filho autista consegue aprender todo o atendimento multidisciplinar que o
autista precisa! Sinceramente, eu não
consegui. E nas minhas leituras e escritas diárias tenho a reportar que ninguém
sabe. Cada dia um novo dia e um novo instante. Esta é minha opinião. Mas o
caminho continua.
A proposta da educação e suas competências entram
como os recursos mais viáveis do pensamento pedagógico. Todo empenho é válido no processo de mudança
dos canais que propiciem a evolução da nossa querida criança autista, adotando
como pedestal e como suporte a educação, audácia impreterível da mais
expressiva opulência sentimental...
A educação especial entra na listagem dos novos
expedientes e de outros que podem potencializar as “abelhas” profissionais em
termos de novas descobertas para o
autismo. No painel em que se insere o
autismo, a partir de idéias inovadoras
no campo da educação “a colméia” produzirá mais néctar do conhecimento. O
conceito de liberdade para o autista poderá ser acompanhado de disciplina, de
expressão individual e direitos naturais. E, porque não dizer? Políticas
públicas! Cobrar do Estado o papel que Ele se nega a prestar.
É preciso, no entanto, adequar a aplicação destas
idéias em evidência, de forma inteligente, a partir de uma experimentação
consciente. Que os resultados apontem com segurança os efeitos positivos de uma nova experimentação deste “mel” poderá
produzir para nossas crianças, para fortaleza da alma. Quando digo aqui a palavra “criança” não me
refiro à idade cronológica, mas somente
ao fato de existirem nos nossos lares, pequeninos, adolescentes e adultos
autistas com olhos de criança, “com sabor de mel”. Este sabor enseja ainda
novas idéias na educação. Livros e
livros já foram escritos sobre. São motivos de teses, dissertações de mestrado
e tcc’s. Mas ainda não responderam uma única pergunta! Como sustentabilizar a
ignorância do Poder Público sobre o autismo!
Certa vez, uma única vez, gostaria de demonstrar
as minhas palavras sobre a educação especial para os políticos, mas eu teria o sabor da revolta e isto não quero.
Não tenho vergonha de dizer que já sofri muito e ainda mantenho a ideia que
preciso colher “mel”, vários “potes de mel” sobre o autismo. Oportunidades
existem.
Mas a educação está aí e existem educadores
“abelhas” que arquitetam muito bem a nossa sociedade. Portanto,
consecutivamente, o autista reverencia a extensão lúdica e brincalhona da sua aprendizagem.
Possibilita-lhe o aparecimento de suas díspares linguagens, sua leitura do
mundo e sua extrapolação para se mostrar como “néctar de suas flores”, e, não precisarão de palavras. O professor, os profissionais terapeutas, os
pais como mediadores, irão proporcionar a qualidade escolar da verdadeira
inclusão, da verdadeira interação do autista com o mundo. E a continuidade da
sua imagem e da sua expressão corporal.
O material didático na educação especial e todo
aparato de desenvolvimento, previsto em currículo interdisciplinar,
proporcionarão aos autistas a iniciação
ao processo de alfabetização e a aquisição de importantes valores que servirão
de alicerce na formação de suas personalidades. O autista sabe organizar de
forma estereotipada o seu mundo a partir do seu próprio corpo, mas ele sabe. É
só investir na produção deste “mel”.
No cotidiano do espaço escolar, sob os novos
olhares docentes das “abelhas mães” que dimensionam as imutáveis persecuções do
imaginário infantil, elas não deixarão de proteger o seu “mel”, seus desejos,
interesses, elaborações próprias, fantasias, experimentações e seus tateios no
mundo. Criança autista também tateia o mundo. Ah! Como tateia!
Há em mim uma latência constante em escrever,
escrever sobre o autismo. Mas devo parar. Novamente ler e aprender! Novamente
escrever. Para dizer a verdade, estou
agora um pouquinho sem tempo.
-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-
Hoje de manhã prometi para o meu filho que iria ao
“supermercado comprar um potinho de mel”. Não aquele mel açucarado e falso. Um
mel verdadeiro com sabor de “quero mais”
e de certeza que ele voltará a provar de tão saboroso alimento natural.
Afinal, o que seria do ”mel” se não existisse em nossas vidas, nossos filhos
autistas!
Silvania Mendonça Almeida Margarida
Mãe do André Luiz Rian - Autista
Foto Google
sexta-feira, 11 de maio de 2012
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Dustin Hoffman salva advogado após ataque cardíaco
Ator de 74 anos socorreu homem de 27 no Hyde Park, em Londres
O ator Dustin Hoffman em cena do seriado "Luck" |
Um advogado londrino de 27 anos diz ter sido salvo pelo ator Dustin Hoffman
após sofrer um ataque cardíaco enquanto corria no Hyde Park dez dias atrás, se
juntando a outras celebridades que exibiram atitudes heroicas nas últimas
semanas.
Nesta terça-feira, o site TMZ disse que a atriz Mila Kunis socorreu no fim de
semana um homem que teve uma convulsão enquanto trabalhava na sua casa.
Em abril, o ator Patrick Dempsey ajudou a tirar um adolescente das ferragens de um carro acidentado, e outro ator, Ryan Gosling, conteve uma britânica prestes a ser atropelada em Manhattan.
No caso de Hoffman, o advogado Sam Dempster disse ao jornal britânico Sun que o ator o socorreu ao vê-lo desmaiar no parque e ligou para os serviços de emergência.
"Não tenho lembrança do que aconteceu. Os paramédicos me contaram que fui salvo por Dustin Hoffman.
É inacreditável."
Os paramédicos relataram que o ator de "Rain Man", que tem 74 anos e possui um imóvel nos arredores, só foi embora depois dos procedimentos de reanimação aplicados em Dempster.
Um agente de Hoffman em Los Angeles confirmou o relato.
Foto: Divulgação
Reuters | IG - Último Segundo
terça-feira, 8 de maio de 2012
Prefeito do Rio de Janeiro sanciona Projeto de Lei para divulgar identificação do autismo infantil
AGORA É LEI
O prefeito Eduardo Paes sancionou o
Projeto de Lei n.º 900/2011, de autoria da vereadora Tânia Bastos, que dispõe
sobre a divulgação da identificação do autismo infantil através de material
impresso. Segundo a parlamentar, o objetivo da proposta é promover a
conscientização sobre os sintomas do transtorno.
“Este material será produzido e divulgado
pela Prefeitura a fim de alertar os pais para que eles procurem a ajuda de um
especialista, quando perceberem alterações na interação social, comunicação e
comportamento do filho, especialmente, antes dos três anos de idade.
É uma pequena contribuição para que o
Rio Janeiro conheça o autismo, que afeta mais de dois milhões de brasileiros e
mais de 60 mil famílias cariocas”, concluiu a vereadora.
Fonte:
domingo, 6 de maio de 2012
Treinamento de neurônios: técnica permite tratar depressão, isquemia e autismo
A técnica ensina a desenvolver
a concentração,
a aprendizagem,
a memorização o equilíbrio emocional.
Quem encontra Felippo Bello
conversando ao lado da mãe, participando das atividades escolares ou interagindo com outras colegas pode imaginar estar diante de uma criança como
outra qualquer.
Desde cedo, no entanto, a
família luta para vencer o autismo, uma disfunção geral do desenvolvimento, que
compromete a capacidade de comunicação, a socialização e o comportamento,
ameaçando a convivência da criança com o mundo.
Adriana Nogueira transformou sua
vida para ajudar ao filho, Felippo Bello
Além do amor abdicado de
Adriana, Felippo contou com o auxílio do neurofeedback. A técnica –
desenvolvida há 50 anos - consiste numa espécie de treinamento neurológico do
cérebro, que ensina a desenvolver a concentração, a aprendizagem, a memorização
e o equilíbrio emocional. O processo não utiliza medicamentos, apenas os
estímulos.
Com apenas um ano e meio, em
meio aos telefonemas diários, a avó de Felippo percebeu que algo havia de
estranho com o pequeno. A experiência com a educação de crianças especiais
ajudou a identificar o isolamento do mundo. Em seguida, a família percebeu a
fala desconexa e a dificuldade de
construir frases.
Desde então, a mãe de Felippo, a
empresária Adriana Nogueira, travou uma luta pessoal em busca de mecanismos e
tratamentos que facilitassem e emprestassem mais qualidade à vida do filho.
Mesmo diante de diagnósticos
confusos que, por vezes, apontavam para a Síndrome de Asperger (que consiste
num espectro autista que se diferencia do autismo clássico por não comportar
nenhum atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do
indivíduo, os portadores são também conhecidos como autistas de alta performance),
ela não perdeu a fé de encontrar uma forma de reconectar Felippo.
Neurofeedback
O psicólogo especializado em
neurofeedback nos Estados Unidos e Mestre em Neurociência pela Universidade de
São Paulo(USP), Leonardo Mascaro explica que, na prática, o tratamento
consiste, inicialmente, na realização de exames com o tomográfo, que descreve
as bases neurológicas de cada paciente.
A partir da leitura
eletroencefalográfica, são identificados as estruturas profundas do
comprometimento que acomete o cérebro do paciente e, melhor ainda, viabilizam o
treinamento destas estruturas cerebrais. “Com o resultado da leitura do mapa,
condicionamos os neurônios através de estímulos diversos”, explica.
Leonardo esclarece que, embora
clinicamente e do ponto de vista dos sintomas, muitas doenças de cunho
neurológico - como déficit de atenção e
TOC, ou dislexia e quadros de anóxia – imitem umas as outras, o exame permite
que haja uma diferenciação clara, evitando erros no diagnóstico e,
conseqüentemente no tratamento, inclusive, o medicamentoso.
O resultado do tratamento por
neurofeedback é demonstrado através de mapas obtidos no início e no final do
tratamento de cada paciente, evidenciando cada condição de sua evolução.
O tratamento é válido não só
para os casos de autismo, mas também no tratamento da dislexia, déficit de
atenção, ansiedade, depressão e pânico, além de TOC (transtorno
obsessivo-compulsivo), estresse pós-traumático, fadiga crônica e fibromialgia,
insônia, bem como quadros iniciais de Alzheimer, traumatismo crânio-encefálico
e de isquemia ou derrame.
“Cada vez mais é possível
desenvolver as potencialidades do cérebro. Na última década, a tecnologia
permitiu o alcance de uma evolução sem precedentes, fazendo com que o
tratamento não medicamentoso dessas diversas condições seja uma realidade”,
esclarece Mascaro.
O especialista revela que o
neurofeedback não possui contra indicações, nem mesmo para aqueles pacientes
portadores de deficiência visual ou auditiva. “Conforme o trabalho acontece,
novos mapeamentos são feitos e ajustes no tratamento são destacados”, diz .
Carmen Vasconcelos
carmen.vasconcelos@redebahia.com.br
sábado, 5 de maio de 2012
Deficiência Psicossocial - A Nova Categoria de Deficiência
A deficiência psicossocial também chamada “deficiência psiquiátrica” ou “deficiência
por saúde mental” foi incluída no rol de
deficiências pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
(CDPD), adotada na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em
13/12/06. No Artigo 1 (Propósito), a Convenção afirma que “Pessoas com
deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas
barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdades de condições com as demais pessoas.
” Trata-se de uma afirmação e não
de uma definição. Se fosse uma definição, ela estaria no Artigo 2 (Definições).
De acordo com essa afirmação:
Se uma pessoa tem
impedimentos...
Ela é uma pessoa...
... de natureza física
... com deficiência física
... de natureza mental (saúde
mental)
... com deficiência psicossocial
... de natureza intelectual
... com deficiência intelectual
... de natureza sensorial
(auditiva)
... com deficiência auditiva
... de natureza sensorial
(visual)
... com deficiência visual
A inserção do tema “deficiência
psicossocial” representa uma histórica vitória da luta de pessoas com
deficiência psicossocial, familiares, amigos, usuários e trabalhadores da saúde
mental, provedores de serviços de reabilitação física ou profissional,
pesquisadores, ativistas do movimento de vida independente e demais pessoas em
várias partes do mundo. Convém salientar que o termo “pessoa com deficiência
psicossocial” não é o mesmo que “pessoa com transtorno mental”. Trata-se, isto
sim, de “pessoa com sequela de transtorno mental”, uma pessoa cujo quadro
psiquiátrico já se estabilizou. Os transtornos mentais mais comuns são: mania,
esquizofrenia, depressão, síndrome do pânico, transtorno obsessivo-compulsivo e
paranóia. O Dr. João Navajas já dizia em 1997: “Se houver sequela, essas
pessoas poderão se adequar às limitações sem deixar suas atividades do dia a
dia, como estudar ou trabalhar” (Sociedade Brasileira de Psiquiatria e
Comunidade Terapêutica Dr. Bezerra de Menezes). Também alunos com certos tipos
de transtorno global do desenvolvimento (TGD) poderão, a partir de agora, fazer
parte do segmento das pessoas com deficiência e beneficiar-se das medidas
asseguradas na CDPD. Alguns desses tipos são: síndrome de Rett, síndrome de
Asperger, psicose (http://lucimaramaia.com.br/index.php
option=com_content&task=view&id=15&Itemid=8) e autismo (“Autismo:
inserção social é possível?”, Cinthia Pascueto, Jornal da UFRJ, ed. n. 200,
24/4/03).
Em documentos a respeito da
CDPD, a ONU usa o termo “deficiência psicossocial” ao comentar os impedimentos
de natureza mental, ou seja, relativa à saúde mental. Um desses documentos
produzidos pela ONU é o PowerPoint que explica o conteúdo da CDPD (Secretariado
da ONU para a CDPD: www.un.org/disabilities.
O documento “The United Nations
Convention on the Rights of Persons with Disabilities: Towards a Unified Field
Theory of Disability”, de 22 páginas, que originalmente foi uma palestra
ministrada em 10/10/09 pelo prof. Gerard Quinn é todo dedicado a traçar a
trajetória de dois campos, o das deficiências e o da saúde mental, que se
desenvolveram paralelamente no passado, mas que foram juntados em igualdade de
condições no contexto da CDPD. Gerard Quinn é Diretor do Centro de Lei e
Política da Deficiência, da Universidade Nacional da Irlanda
(www.nuigalway.ie/cdlp).
Desta forma, pela primeira vez
na história dos direitos humanos, pessoas do campo da saúde mental e pessoas do
campo das deficiências trabalharam em torno do mesmo objetivo a
elaboração da CDPD. Ao cabo de quatro anos, reconhecendo que a sequela de um transtorno
mental constitui uma categoria de deficiência, elas a colocaram como
deficiência psicossocial junto às tradicionais deficiências (física,
intelectual, auditiva e visual). Com a ratificação da CDPD por um crescente
número de países-membros da ONU, estabelece-se uma ótima perspectiva para
profundas mudanças nos procedimentos destes dois campos. Pois, mais de 40% dos
países ainda não possuem políticas públicas para pessoas com deficiência
psicossocial e mais de 30% dos países não possuem programas de saúde mental. Em
todo o mundo, mais de 400 milhões de pessoas têm algum tipo de transtorno
mental, conforme a Organização Mundial de Saúde. No Brasil, são 3 milhões de
pessoas com transtornos mentais graves (esquizofrenia e transtorno bipolar),
mas considerando os tipos menos severos (depressão, ansiedade e transtorno de
ajustamento), cerca de 23 milhões de pessoas necessitam de algum tipo de
atendimento em saúde mental. Acontece que em nosso país há somente 1.513
Centros de Atenção Psicossocial (Caps), segundo a Associação Brasileira de
Psiquiatria (http://www.sissaude.com.br/sis/inicial.php?case=2& idnot=7154,
29/6/2010).
Grupos de apoio: PcDP
O termo “pessoa com deficiência
psicossocial” (PcDP) é relativamente novo, quase contemporâneo do nome
anterior, “pessoa com deficiência psiquiátrica”. Mas, estas pessoas já se
organizavam em grupos de autoajuda na década de 50, quando eram chamadas
“ex-pacientes psiquiátricos”. Na década de 80, consideravam-se “sobreviventes
da saúde mental” (ou “sobreviventes da psiquiatria”) e começaram a se chamar
“deficientes psiquiátricos”. De acordo com um estudo feito nos EUA em 1958 pela
Joint Commission on Mental Illness and Health (JCMIH), já havia naquele ano
mais de 70 organizações de “ex pacientes psiquiátricos” em 26 estados, sendo 14
na Califórnia. A organização Recovery, Inc. tinha 250 pequenos grupos em 20
estados, totalizando 4.000 membros. Inicialmente, as pessoas se reuniam
interessadas em relacionamentos sociais e troca de histórias de vida (“Action
for Mental Health”, JCMIH, 1961, p.186-187).
As reuniões eram informais,
coordenadas por uma pessoa com deficiência psicossocial ou por um consultor
voluntário. O local era geralmente um hospital, clínica ou escritório de órgão
público. Em 1989, 1991 e 1996, tive a oportunidade de participar dessas
reuniões na Families and Friends Alliance for the Mentally Ill (Aliança de
Famílias e Amigos de Pessoas com Transtorno Mental), um grupo que se reunia no
Centro de Saúde Mental Acadiana, em Lafayette, Louisiana, EUA.
Hoje, as PcDP que lideram
organizações e grupos de apoio são consideradas ativistas ou autodefensoras e
lutam pelos seus direitos. Na Colômbia, o projeto “Reconhecimento da Capacidade
Jurídica das Pessoas com Deficiências Intelectual e Psicossocial”, é executado
pelas organizações Asdown e Fundamental Colombia, que reúnem pessoas com
deficiência psicossocial (http://www.riadis.net/riadis-em-acao-15/inicia-se-execuccedilatildeo-e-seguimento-dos-micr/).
Citação bibliográfica
SASSAKI, Romeu Kazumi.
Deficiência psicossocial: a nova categoria
de deficiência. Fortaleza:
Agenda 2011 do Portador de Eficiência,
2010.
Colaboração Marina Almeida
Consultora em Educação Inclusiva, Psicóloga
Clínica/Escolar, Psicopedagoga e Especialista na área da deficiência
intelectual e transtornos invasivos do desenvolvimento.
http://inclusaobrasil.blogspot.com.br/2008/08/incluso-escolar-de-alunos-com-autismo.html
sexta-feira, 4 de maio de 2012
A estudante colombiana Greis Silva criou um jogo que usa uma
mesa
touchscreen para ajudar na interação social de jovens autistas entre 12 e
17 anos
|
De maneira
divertida e interativa, os games mostram que a informática pode ser uma
importante aliada na contribuição de necessidades específicas, ajudando estas
pessoas a superarem dificuldades de compreensão, interação social e fala.
A estudante
colombiana Greis Silva, 26, criou o jogo PAR (peço, ajuda, recebo), instalado
em uma mesa touchscreen da própria PUC, que permite a interação social de
jovens autistas entre 12 e 17 anos.
Conheça os
aplicativos que auxiliam nos estudos
No aplicativo,
que pode ser customizado de acordo com as necessidades de cada um, o jovem
autista só consegue desenvolver uma tarefa se tiver ajuda de outra pessoa com a
mesma doença, o que o ajuda a identificar a importância de estar integrado aos
demais.
O projeto para
a tese de mestrado foi iniciado em setembro de 2011 e ganhou forma a partir de
uma busca detalhada de informações sobre a doença. Em seguida, Greis
desenvolveu o software e a aplicação no público alvo.
Desde o dia 24
de abril, a mesa touchscreen está sendo testada com oito crianças e jovens no
Instituto Ann Sullivan, no Rio de Janeiro, especializado no tratamento do
autismo.
Já o projeto
de Rafael Cunha, 32, é voltado para crianças de 5 a 9 anos que tenham autismo.
O jogo de computador usa um simpático esquilo para conduzir o jogador no
aprendizado de novas palavras.
Para aumentar
o vocabulário dos autistas, o esquilo percorre cerca de cem itens, que ajudam a
criança a distinguir objetos como talher, colher e garfo.
O jogo ainda
permite acrescentar outras palavras de acordo com as necessidades específicas
de cada jogador.
Os resultados
com cinco meninos que participaram dos testes foram aprovados e o jogo estará
disponível gratuitamente na internet em junho deste ano no site:
www.jogoseducacionais.com.
FONTE:
terça-feira, 1 de maio de 2012
Interdição legal de pessoas com deficiência intelectual será discutida em audiência
A Comissão de Seguridade Social e Família realiza audiência pública na quinta-feira (3) sobre a interdição legal total de pessoas com deficiência intelectual e paralisia cerebral severa. O debate foi proposto pelos deputados Mandetta (DEM-MS) e Rosinha da Adefal (PTdoB-AL).
Rosinha da Adefal afirma que a exigência é preocupante, pois prejudica o exercício da cidadania, especialmente de pessoas com Síndrome de Down e paralisia cerebral grave. “Em muitos casos, os familiares das pessoas com esses tipos de deficiência – ainda que assim não desejem - se veem obrigadas a promover judicialmente a sua interdição, pois, de outra forma, não conseguiriam ter acesso a documentos como o passaporte”.
Interdição total
A deputada concorda que nem todas pessoas são aptas ao exercício dos atos da vida civil e não discorda da necessidade da previsão do instituto da interdição, parcial ou total, no Código Civil.
“O que nos preocupa são as notícias de casos em que as pessoas com deficiência não são vistas em toda sua potencialidade e simplesmente por terem deficiência – e sem que haja qualquer outro argumento – sofrem interdição total, sem que se investigue de sua real capacidade para a vida civil”.
Ela argumenta que, lamentavelmente, os direitos das pessoas com deficiência não são temas prioritários dos cursos de Direito. “Por isso, grande parte dos juristas e advogados desconhecem as particularidades deste grupo, em flagrante e injustificável desvantagem social, sendo insensíveis às suas particularidades”.
Rosinha da Adefal lembra que alguns juristas já têm apontado que a interdição total só deve ocorrer nos casos de incapacidade total, exaustivamente comprovada. “Não há razão para restringir totalmente a cidadania nos casos em que as pessoas com deficiência intelectual demonstram aptidão e capacidade para o exercício dos atos da vida civil, ainda que parcialmente”.
Ela defende que a interdição parcial deve ser a regra, pois são mantidos direitos equivalentes aos de uma pessoa entre 16 e 18 anos, ou seja: não podem casar, contratar ou abrir conta bancária, sem a assistência dos pais; mas têm direito ao trabalho, à educação e ao exercício do voto.
Convidados
Foram convidados para o debate:
- a ministra Maria do Rosário Nunes, da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República;
- a procuradora da República em São Paulo Eugenia Augusta Gonzaga Fávero;
- Francisco Alexandre Dourado Mapurunga, integrante do Conselho Estadual dos Direitos das Pessoas com Deficiência do Ceará;
- João Carlos Estevão de Andrade, representante da Associação Pestalozzi.
A reunião está marcada para as 9h30 no Plenário 7.
Agência Câmara de Notícias
Câmara aprova proposta que prevê amparo ao autista
Foi aprovado
ontem na Câmara de Ponta Grossa, em primeira discussão, o projeto que cria a
Política Municipal de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista, de autoria da vereadora Ana Maria de Holleben (PT).
A sociedade
civil organizada, através das instituições que tenham afinidade com o tema,
também poderá trabalhar na implantação, implementação, acompanhamento e
avaliação das ações. O Poder Público ficará responsável por elaborar campanhas
informativas sobre o transtorno e suas implicações.
Formação de professores
Também será de
responsabilidade da Prefeitura incentivar e promover a formação de
profissionais especializados para o atendimento nessa área. “O projeto é bem
amplo e vem para garantir os direitos das pessoas que são atingidas pelo
transtorno autista”, afirma Ana Maria.
Acesso
Conforme Ana
Maria o autista precisa ter acesso à educação, moradia e ao mercado de
trabalho.
“É necessário
que o Poder Público tenha condições de atender os deficientes, promovendo o
diagnóstico precoce, o atendimento qualificado, com nutrição adequada e acesso
aos medicamentos”, argumenta.
Autor: Eduardo Farias, da redação
do Jornal da Manhã
Ponta Grossa – PR, 01 de maio de 2012
domingo, 29 de abril de 2012
Autista com 6 anos de idade toca piano que nem gente grande
Olá visitante, leitor, listeiro, parceiro, pais e quem mais chegar, interessados em ver novidade sobre o AUTISMO: os videos que aí estamos vendo, em princípio, é mais uma da imensidade postada na rede, e do que já sabemos.
Estes videos, e outros do mesmo caso, não nos dá o direito, e menos ainda o convencimento de que todos os dotados da síndrome podem ter e apresentar a mesma capacidade do Ethan W.
Convém ressaltar também, que o autor da reportagem da Revista Época, não postou nenhuma informação sobre a vida dele.
(colunas.revistaepoca.globo.com/.../autista-de-6-anos-toca-pian... )
Para mim, na convicção da existência de vidas anteriores, me intriga este fato, embora maravilhoso, até a apresentação de reportagem mais completa.
Que a Revista Época vá até a Ciência em busca das informações que ficamos carecendo. Enquanto isso devemos continuar a admirar o que está sendo mostrado, na expectativa de que a evolução para desvendar os mistérios do Autismo esteja mais próxima, assim penso.
Luz e Pazsábado, 28 de abril de 2012
Políticas Públicas para Autistas - Faça sua Parte
sexta-feira, 27 de abril de 2012
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Audiência pública debate políticas públicas em prol dos autistas no Paraná.
Uma audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira (25) no Plenarinho da Assembléia Legislativa definiu a formalização de um comitê para discutir e acompanhar o andamento do projeto de lei nº 141/2012, de autoria do deputado Péricles de Mello (PT), que institui a Política Estadual de Proteção aos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e começa a tramitar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Entidades de apoio aos autistas e familiares, representantes da Secretaria de Estado da Saúde e da Secretaria
de Estado da Educação, além de médicos
especialistas no assunto, estiveram presentes na reunião e deverão integrar o
comitê.
Para o deputado Péricles de Mello, a discussão de
hoje vai permitir aperfeiçoamentos na proposta para que o Paraná tenha, de
fato, uma política que assegure direitos às pessoas com autismo e a seus
familiares. “O comitê vai começar a receber as propostas das entidades e da
população para apresentarmos como emendas ao projeto. Este projeto vai reconhecer
a pessoa com autismo como portadora de uma deficiência e que precisa ser
agasalhada pelo Estado. Então este passo é de extrema importância”, analisou.
No Congresso Nacional já tramita o projeto de lei
nº 1.631/2011, que está na Comissão de Seguridade Social e Família, da Câmara
dos Deputados, e prevê a instituição da Política Nacional dos Direitos do
Autista. A proposta nasceu da mobilização e do trabalho da ativista paranaense
Berenice Piana de Piana. Ela, que representa o Movimento em Defesa do Autismo e
dirige a Associação em Defesa do Autista, no estado do Rio de Janeiro, onde
reside atualmente, comemorou a iniciativa do Paraná em propor uma legislação.
“A minha luta começou por aqui. E depois fui para outro estado. Mas voltei a
discutir o assunto e por meio do deputado Péricles estamos vendo a proposta
caminhar. É, com certeza, a realização de um sonho fazer política pública em
defesa do autismo na minha terra”, comemorou.
A presidente da Associação de Apoio e Atendimento
ao Autista de Curitiba (AAMPARA), Rosimere Benites, também festejou o avanço
das discussões e acredita que somente com o engajamento das entidades, da
sociedade e do poder público, as pessoas com a síndrome poderão ter os seus
direitos assegurados. “Este é um momento importante. Esperávamos há muito tempo
este andamento. Vencemos uma etapa e vamos unir forças para que os autistas
tenham os seus direitos preservados”, disse.
Diagnóstico – Segundo o coordenador do Centro de Neuropediatra
do Hospital das Clínicas (HC), da Universidade Federal do Paraná, Sérgio
Antoniuk, o primeiro apontamento do quadro de autismo é feito pelas mães. O
diagnóstico precoce pode auxiliar em muito o tratamento. Mas o especialista
defende que é preciso contemplar na lei o atendimento também das famílias. “O
autismo é uma doença neurológica e de 30% a 40% das pessoas podem levar uma
vida normal com o diagnóstico precoce. Normalmente quem faz o diagnóstico é a
mãe, que percebe os sinais. Portanto, este projeto tem que dar atenção ao
diagnóstico, porque temos que pensar no futuro destas crianças, formar médicos,
pediatras e professores para saber lidar com estes casos”.
O membro da Comissão de Educação da Casa, deputado
Professor Lemos (PT), disse que é necessário aprofundar o tema com as escolas,
porque em alguns casos não há preparação ou formação adequada ou específica dos
profissionais na sala de aula para identificar ou auxiliar no atendimento às
crianças autistas. “Devemos sensibilizar as equipes pedagógicas para o quanto
antes buscar o diagnóstico para estas crianças e que elas sejam incluídas nos
espaços adequados dentro da educação. Vamos trabalhar pela celeridade deste
projeto”, assegurou.
A deputada Rose Litro (PSDB) também esteve presente
na audiência, quando relatou casos de autismo no Sudoeste e falou das
dificuldades enfrentadas pelas famílias, diante de quase absoluta restrição
social. “Podem contar com o meu apoio, porque sabemos das dificuldades e da
falta de amparo a estas crianças e famílias, que muitas vezes ficam trancadas
em casa para poder se dedicar aos seus filhos. Por isso daremos o devido
encaminhamento nesta Casa para garantir direitos aos autistas”, afirmou a
parlamentar.
Fonte:
Assessoria de Imprensa (41) 3350-4049/4188
Jornalista:
Rodrigo Rossi
domingo, 22 de abril de 2012
ESTOU FAZENDO A MINHA PARTE...
À
Excelentíssima Deputada
Federal
MARA CRISTINA GABRILLI
MD Relatora do Projeto de
Lei 1.631/2011
Senhora.
Cumpre-me
levar ao seu conhecimento informações que dizem respeito ao PL 1.631/2011, da
sua análise, tendo em vista a importância fundamental do mesmo para uma
projeção estimada atualmente em dois milhões de brasileiros dotados da Síndrome
do Autismo, diagnosticados com suas variáveis entre os
espectros: leve, moderado e severo, das suas famílias e da infraestrutura
praticamente nula para atendê-los.
Preocupa-nos e sendo também a preocupação da
imensidão de outros pais, que seu trabalho parlamentar legislativo, não esteja
levando em conta o que já foi pleiteado em favor das pessoas dotadas de
autismo, tendo vista o projeto do Estatuto do
Portador de Deficiência, assegurando a
integração social e o pleno exercício dos direitos individuais e coletivos das
pessoas com limitações físico-motoras, mentais, visuais e auditivas, aprovado
pelo Senado Federal e encaminhado a Câmara dos Deputados sob a denominação de
PL 7699/2006, pronto para ser analisado pelo Plenário, intrinsecamente não se
diferenciando das necessidades propostas do PL 1.631/2011, para sua Relatoria.
Na época, rogamos aos senhores senadores, a
alteração do artigo 2°, inciso VI do Projeto de Lei 06/2003, onde está definindo, o autismo como deficiência, pela expressão: transtorno global do desenvolvimento, que
por sua própria definição abrange outras síndromes.
O Senado Federal como casa iniciadora do
Substitutivo ao Projeto de Lei 06/2003, que em razão de sua aprovação, seguiu
para a Câmara Federal, sob a denominação PL nº 7699/2006, deveria receber as
correções necessárias e uma considerável quantidade de emendas que o seu
ordenamento jurídico, caso fosse posto para sanção, tanto nacional como internacionalmente,
ficaria gravemente comprometido, devendo ser obrigatoriamente revisto, mas lá
ficou adormecido.
Para que sejam evitadas as mesmas falhas no
PL 1.631/2011, rogamos que ele seja aprovado sem modificações e com a rejeição
sumária de outros Projetos de Lei apresentados, e mais, o projeto em pauta
advindo da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, também teve na
elaboração do texto final, a participação de 49 entidades de familiares de
autistas, bem como outras lideranças afins de todo o Brasil, daí o que nos
inspira plena confiança na sua decisão.
Consideramos que seria enfadonho e não seria
justo com V.Excia falar no que diz respeito à imensa carência de políticas
públicas necessárias aos cuidados e proteção das pessoas dotadas de autismo, e
o descaso do Estado não reconhecendo essa população à deriva, sem vislumbrar um
porto seguro imposto pela vida degradante tanto do deficiente quanto muitas de
suas famílias, pelo estigma da sociedade que se manifesta explicitamente com
discriminação e preconceito frente a eles, todos os dias publicados nos mais
diversos meios de comunicação com variantes que vão da violência sexual,
tortura e segregação permanente, enquanto o governo vende esperança, não
entrega e ainda irresponsavelmente não faz a sua parte.
A atitude altamente louvável de V.Excia por
ter assumido essa Relatoria, também como Psicóloga de profissão, eleva nossa
confiança no uso do seu bom senso, pelo seu conhecimento acadêmico das causas
que fundamentam o PL 1.631/2011, para proteção do autista durante toda sua
vida, que não sendo discriminatório, deverá ser aprovado integralmente, pois ninguém
quer esta marca nos anais da sua trajetória política,
tendo a oportunidade ímpar de historicamente participar da causa em favor dos
deficientes da mente ou não.
Queremos deputada Mara
Cristina Gabrilli, ver seu nome gravado indelevelmente na história em favor dos
menos favorecidos e deficientes da mente, autistas ou não, por acreditar no seu
trabalho, e não ver na senhora mais um nome estigmatizado pelo que deixou de
fazer pelo PL 1.631, como alguns parlamentares que em outros projetos
desperdiçaram a oportunidade.
Sem o PL 1.631, nada será
feito neste país em favor dos deficientes.
Cabe-nos tentar impedir
que nossos filhos sofram mais do que o inevitável, mas às senhoras e aos senhores
deputados, pais de deficientes ou não, cabe precipitar o fato e o direito.
Respeitosamente
Nilton
Salvador
Pai
de autista
Curitiba,
20 de abril de 2012
quarta-feira, 18 de abril de 2012
Autistas Adultos & Conscientização
Tivemos um imensurável
crescimento nas celebrações do Dia Mundial da Conscientização do Autismo, que
ainda vai dar o que falar e que cá prá nós, chegou a ofuscar e provocar pontas
de ciúme para quem não está acostumado a mobilizações voltadas a grandes
objetivos, que não sejam egoístas proveitos próprios, muitos perdendo a
oportunidade de ficar com a boca fechada.
Falaram que autistas se fixam
nisso ou naquilo por inabilidade social. Uau! Freud, um neurologista de profissão, foi mais malhado que Judas, só porque
disse que sua teoria psicanalítica era similar a um “andaime que deveria
ser retirado quando a construção já tivesse bases mais sólidas”, sem ninguém perguntar
o que significava.
Depois da “Mãe-geladeira” que o
psicanalista Bruno Bettleheim popularizou
em 1950 com a infeliz idéia de que o autismo seria causado pela indiferença da
mãe em relação à criança, acreditava-se que ele seria o último porta-voz da
fábrica de asneiras, mas, eis que de repente um trabalho da Universidade da Califórnia revelou a relação
entre a obesidade da gestante e a chance de ela dar à luz uma criança que será
autista. No comments. Valha-me Deus.
Ainda com as rosas de abril, por
pouco não se criou uma animosidade irreversível com os Down, descritos em 1862, com causa genética descoberta em 1958 e associada com algumas
dificuldades cognitivas, porque algumas assumidades das Neurociências, ao
querer traçar comparativos com o autismo, esqueceram o detalhezinho que Kanner só
o descreveu em 1944 e cerca de 70 anos depois nada há de novo sobre ele, além
de autores, que cada um diz o que quer principalmente invencionices. A
cronologia que aí está, para quem gosta de infográfico, que está na moda, dá um
belo quadro de altos e baixos relevantes.
Os pais dos Down chegaram antes. E sabem porquê? Porque em 1992 Claudia
Werneck, uma jornalista sem filhos dotados da síndrome, que não teve receio em
dizer que eles a aproximaram de Deus, publicou Muito Prazer, Eu existo. O livro
foi a senha que disparou o processo de estímulo e responsabilidade para lutar, contra
a discriminação e o preconceito que dura até nossos dias e continua em
efervescência pela causa, provocando ciumeiras em quem gosta de ficar só no
“venha nós ao nosso reino” fazendo política inócua.
Em 1985 o dr. Christian Gauderer tinha publicado Autismo – Década de 80,
uma atualização para os que atuam na área: do especialista aos
pais.Tecnicamente perfeito, considerado insuperável, sob uma imensidade de
aspectos e mais, depois dele rarissimos são os autores que não tenham partido
dos mesmos princípios dele, da Frances Tustin, Marion Leboyer, Edward Ritvo com
quem tive um pega na UFRGS, Arminda Aberastury, Donald Meltzer, Bernanrd
Rimlaud, Oliver Sacks e alguns outros que me perdoem o esquecimento dos nomes,
e evoluindo destes alguns autores de
invencionices.
Em 1993 eu publiquei Vida de Autista – Uma saga real e vitoriosa contra o
desconhecido, contando a história do meu filho, na época com 14 anos, quando
“saiu do estado autístico”, e se bem me recordo, em minha companhia só tinha
Nancy Puhlmann Di Girolamo, com sua série das Aves Feridas.
Registre-se: graças aos convites para proferir palestras no IBNL, dirigido pela
Nancy, é que o destino contribuiu para que eu lá encontrasse Liê e a Claudia, num abraço que se fortifica
cada vez mais, pois quis a Providência Divina dar para cada um de nós, filhos
autistas para servirem de exemplos autísticos iguais.
Depois disso, o autismo teve avanços
significativos com o advento da internet, principalmente quando a
Priscila Siomara cria em Americana –SP, a lista Autismo no Brasil em 1998, onde
o Dr. Walter Camargos, Eu, o Eduardo H. C. Silva, até onde me lembro foi o
primeiro a falar em “inclusão”, Liê
Ribeiro a poetisa do autismo, Cláudia a incansável mãe presidente da Apadem, Argemiro
Garcia de Paula, que além de pai zelozo e guardador, o maior estômago de
avestruz de mediação no autismo que já vi. Silvania Margarida, Cristina Hayashida, e os pais de autistas da Espanha, demais
países, e tantos outros como pioneiros ou não da “Saga das 100 mil postagens”, celebradas
justamente neste ano com o Dia Mundial da Conscientização. E mais...
Neste mês de abril de 2012 foi
criado em Volta Redonda – RJ, o Grupo de Familiares dos Autistas Adultos,
justamente por pais e amigos há muito integrantes de listas de discussões, pvt,
HP, blogs, hots, e-books, livros pessoais e muito mais, justamente para iniciar
um projeto que não tem dono além da inspiração de cada um, contando com o
reforço da Revista Autismo idealizada pelo Paiva Jr, pioneira na América
Latina, com
a missão ímpar de ser a fonte da informação e instrumento de ressonância a
respeito do autismo a profissionais e governos, para geração de ações,
tratamento, pesquisa e políticas públicas.
Cada um cumprindo a sua parte,
evidentemente que conseguiremos: com base nas mais rigorosas observações
científicas do autismo, existentes no CID-10, nós, pais, no sentido duplo da
palavra que todos os dias abraçamos nossos filhos para lhes dar um amoroso nome
novo por um gesto inédito que só a nossa sensibilidade percebe, sabemos que o
diagnóstico não é mais Autismo Infantil porque eles já não são mais crianças
bem como não ficarão eternamente púberes, e quando faltarmos na vida deles ninguém
poderá dizer que nos livramos deles, mas sim os deixamos protegidos. Nossos filhos cresceram e nós, inevitavelmente estamos envelhecendo pela ordem natural da vida.
Temos gestores, professores,
psicólogos, pedagogos, arte-terapeutas, fonoaudiólogos, cantores, enfermeiros,
cuidadores, poetas, psiquiatras, inclusivistas, profissionais afins e médicos,
cada um com seu conceito e tantos outros especialistas que orbitam em torno de
nós, que seria impossível viver sem eles, incluindo nossas crenças que se
esbarram entre si em espaços cada vez mais ocupados pelos autistas.
Dependemos de muita gente, profissional,
filosófica, religiosa, política e científica, mas agora que somos tantos e
quantos mais que virão bafejados pela instantaneidade das comunicações, faz-se
urgente que aprendamos a conviver, a tolerar, a confraternizar em paz e
harmonia para então fugir da solidão que também nos isola atrás de muros por egoisticamente
pensar que aprendemos e podemos resolver nossas dificuldades autísticas sem partilhar.
O Grupo de Familiares Autistas
Adultos é um prenúncio do que pode acontecer de bom para que nossos filhos em
escala maior, sofrendo menos, embora os obstáculos a proposta precisa ser
potencializada, senão, utopicamente eliminar a discriminação e o preconceito
como os grandes obstáculos que nos fere indiferentemente de síndrome, e, por
todos devem ser combatidos, sem trégua.
Se o mundo já está sendo
dominado com tecnologia e ciência, é tempo de conquistarmos o mundo dos
autistas com o amor e tolerância, sem trégua como se fossemos um gladiador, pois
só dessa forma será a Terra o berço bendito para todos a fim de que se cumpram
os desígnios divinos.
Nilton Salvador
terça-feira, 17 de abril de 2012
Autismo, uma doença cada vez mais frequente
Crianças autistas se exercitam no Instituto Priorit, na Barra da Tijuca:
quanto mais estímulo, melhores as habilidades de linguagem, sociais e motoras
Fabio Rossi / Fabio Rossi
Em alguns casos, o problema decorre de uma combinação pouco eficaz de genes do homem e da mulher. Noutros, o momento crítico é a concepção, ou ainda, a gestação, quando fatores ambientais, como o consumo abusivo de drogas pela grávida, afetam a formação do bebê. O fato é que o diagnóstico de autismo se multiplicou nos últimos anos, mesmo que o transtorno ainda seja praticamente um mistério em muitos aspectos. No último dia 2, Dia Mundial da Conscientização do Autismo, a ONU divulgou que, atualmente, eles são 70 milhões de pessoas. Nos Estados Unidos, uma em cada 88 crianças apresenta a desordem. No Brasil, estima-se que um em cada 100 ou 150 recém-nascidos apresentará os atrasos no desenvolvimento mais característicos da doença: dificuldades para se comunicar e interagir socialmente e distúrbios comportamentais. Num mundo mais do que nunca pautado pela transmissão de informação, o quadro é preocupante. Como disse Thomas Frazier, diretor do Centro Clínico para Autismo de Cleveland, ao “New York Times”:
— Não importa se você tem um QI de 150, mas, se tiver um problema social, este será um problema real. Você terá dificuldades em lidar com seu chefe, sua mulher, seus amigos.
O número de autistas indica uma epidemia planetária? Ou há excesso de diagnósticos? Difícil responder, dizem especialistas, e a dificuldade começa em decidir o que é autismo. Não por acaso, há uma uma revisão desta definição em curso, conduzida pela Associação Americana de Psiquiatria, referência em todo o mundo. Enquanto isso, pais e mães franzem o cenho, preocupados, quando seus filhos demonstram atraso na aquisição de certas habilidades.
—- A definição na Classificação Internacional de Doenças está sendo revista porque há muito tempo a descrição do autismo não condiz com o que está sendo visto na prática clínica —- diz a neuropsicóloga Roberta de Sousa Marcello, especializada em Saúde Mental e Desenvolvimento e em Terapia Cognitivo-Comportamental. — O importante é agir precocemente. Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, mais chances de evitar o surgimento ou agravamento de sintomas. Os pais devem estar atentos: se o bebê não aponta o quer, não dá tchau, parece não escutar quando chamado, rejeita o contato físico, apresenta comportamentos e movimentos repetitivos, parece quieto ou agitado demais, o melhor é procurar o diagnóstico muitas vezes demora.
Para a família de Lucy Fernandes Barbosa dos Santos, mãe de Gabriel, de 6 anos, a certeza demorou a chegar.
—- Até 1 ano, a gente não percebeu nada. Eu só via que as outras crianças mostravam onde estavam os olhos, a barriga, e ele, não. Quando o Gabriel fez 2 anos, ainda não falava, não apontava, só gemia e me puxava pela roupa. Brincava muito de rodar e enfileirava cuidadosamente os carrinhos. Felizmente, uma professora da academia onde ele fazia natação, que também trabalhava com autistas, me aconselhou a conversar com o pediatra. Foi quando procurei um neurologista que falou em autismo, mas sem diagnóstico fechado —- conta Lucy, que desde então se dedica integralmente ao filho.
Os especialistas arriscam explicações para o aumento no número de casos. Bebês prematuros são mais propensos a desenvolver a doença, e hoje eles têm mais chance de sobreviver. Os médicos conhecem melhor as características do transtorno, que a partir de 1994 passou a abranger crianças com problemas na tríade comunicação, socialização e comportamento, além do autista clássico. Há ainda um fator cultural, observa Roberta Marcello:
— No passado, os pais não sabiam como tratar seus filhos e, muitas vezes, tinham vergonha de mostrá-lo. Hoje, eles procuram ajuda mais cedo.
Sabe-se que o autismo afeta cinco meninos para cada menina, e tem um importante componente genético, que pode ser adquirido por hereditariedade ou pelas mutações conhecidas como “de novo”, ocorridas perto ou na hora da concepção. Nas últimas semanas, novas pistas vieram a público. Três amplos estudos americanos, conduzidos nas universidades de Washington, Harvard e Yale, mostraram que os homens têm quatro vezes mais risco de transmitir mutações “de novo” a seus filhos do que as mulheres. Constatou-se também que entre 600 e 1.200 genes podem estar envolvidos no transtorno, e que, mais do que a anomalia genética, importa em que área do cérebro ela ocorre — o próximo passo, imenso, é estudá-los isoladamente. Alguns dias depois, um trabalho da Universidade da Califórnia revelou a estreita relação entre a obesidade da gestante e a chance de ela dar à luz uma criança que será autista.
— Não existe uma resposta definitiva para o que causa o autismo. Talvez haja mais de um subtipo, que poderá ter níveis diferentes de influência de fatores genéticos ou hereditários, ou ser resultado de sofrimento cerebral na gestação ou no parto, ou ainda de fatores ambientais, principalmente, violência na infância — diz o psiquiatra Antônio Egídio Nardi, da UFRJ. — Certo é que ele não é apenas uma doença psicológica.
Dependendo do grau, e do tipo de autismo, a criança pode e deve frequentar uma escola comum, acompanhada de um mediador. Professora, Monique Masello Maia sempre teve certeza disso. Mas o filho Felipe, de 7 anos, só se sentiu acolhido no terceiro colégio.
— Na primeira, dois pais tiraram seus filhos da escola porque havia uma criança especial na sala delas. Chorei dois dias seguidos. Como um pai e uma mãe podem fazer isso sem nem conhecer a criança? Nesta nova escola, o Felipe teve uma melhora muito grande. As pessoas sabem lidar com a situação. A mediadora, agora, fica afastada; só interfere se precisa.
Desde que receba estímulos da família e de profissionais habilitados, como psicológos, psiquiatras, fonoaudiólogos e psicomotricistas, o autista pode ser um adulto apto a trabalhar, por exemplo, embora o monitoramento deva ser mantido. A psicóloga Mariana Luísa Garcia Braido, doutora no assunto pela PUC, diz que o diagnóstico precoce pode mudar o futuro dos autistas:
— Em torno de 60% deles hoje são dependentes dos pais. A ideia é diminuir este número. Se a intervenção começa antes dos 3 anos, a pessoa pode caminhar dentro do espectro e até para fora dele — diz Mariana, referindo-se aos casos em que a criança é enquadrada nas formas menos agressivas do transtorno, ou se desenvolve a ponto de evitar o diagnóstico definitivo.
Este é o anseio de Lucy Fernandes:
— Faço tudo o que posso. Soube que algumas crianças saem do autismo, e tenho esperança de tirar o Gabriel.
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