terça-feira, 12 de junho de 2012

Entrevista do Dr. Alysson Muotri ao Blog Janelinha Para o Mundo


     Alysson Muotri é um neurocientista brasileiro, formado pela Unicamp com doutorado em genética pela USP. Fez pós-doutoramento em neurociência e células-tronco no Instituto Salk de pesquisas biológicas (EUA). Hoje é professor da faculdade de medicina da Universidade da Califórnia.
     Em 2010, Muotri conseguiu transformar neurônios de pacientes com a sindrome de Rett em neurônios saudáveis.
No início de 2012, fez o mesmo com autismo clássico.
      
         Janelinha para o mundo: Qual foi a tua motivação para começar a trabalhar com o autismo?
     Alysson: Comecei a trabalhar com autismo para entender a evolução do lado social do cérebro humano. Fui me interessando cada vez mais pelas diversas síndromes do espectro e me aproximando dos pacientes. Hoje, posso dizer que a minha motivação são os pacientes.
     Janelinha para o mundo: Pode-se dizer que o autismo tem na sua grande maioria, fatores unicamente genéticos?
     Alysson: Correto. Apesar de não sabermos exatamente qual o modo de herança do autismo (como é transmitido de uma geração para outra), sabemos que a contribuição genética é forte. A dificuldade em entender a parte genética esta no fato de que temos a contribuição de diversos genes ao mesmo tempo, cada um contribuindo de uma forma e intensidade diferente. Existem sim fatores ambientais que contribuem para o autismo, mas numa porcentagem bem pequena (10%).
     Janelinha para o mundo: Dentre os inúmeros fatores ambientais que possam desencadear o autismo como os citados e publicados em pesquisas profissionais que enquadram: febre durante a gestação, problemas de depressão ou estresse gestacional, alimentação materna durante a gestação e amamentação, problemas hormonais, inalação tóxica de mercúrio e outras toxinas, etc e outros. Qual destas é cientificamente palpável e plausível para a biologia neuronal?
     Alysson: Interessante notar que de todos os fatores ambientais propostos pra explicar o autismo, nenhum mostrou-se forte o suficiente quando estudados de forma profunda. Ao meu ver a explicação estaria justamente na interação entre genética e ambiente, que é diferente em cada um de nós. Portanto, se somarmos uma gestação difícil em uma pessoa geneticamente privilegiada, ela poderá se recuperar ao nascer. A mesma gestação difícil, em um individuo geneticamente propenso, pode levar ao autismo. Acho que é por aí, não dá pra generalizar a questão ambiental na minha opinião.
     Janelinha para o mundo: O autismo regressivo também possui causa genética? O que pode explicar a “demora” na sua manifestação?
     Alysson: Sim, causa genética também. Imagine que os genes seriam como cartas de baralho e cada pessoa nasce com uma "mão" de 10 cartas. Se dessas 10 cartas, você tem 8 ruins, tem grandes chances de sair do jogo rapidinho, principalmente se os outros jogadores tiverem cartas boas (eles seriam o "ambiente" favorável ou não). Se o acaso lhe der apenas 3 cartas ruins, é capaz de você levar mais tempo pra sair do jogo. Alternativamente, você pode até ganhar o jogo começando com 3 cartas ruins, mas vai depender muito das cartas dos outros jogadores (ambiente). Vejo o autismo de forma semelhante, dependendo dos genes afetados os sintomas são mais cedo ou tardios, mais severos ou brandos.
     Janelinha para o mundo: Há uma corrente forte de pais que acreditam que a (atual) quantidade de  vacinas durante a infância podem levar ao autismo. Existe algum estudo novo que comprove cientificamente esta vertente?
     Alysson: Não. Existem sim diversos estudos que descomprovam essa teoria. Se existe alguma relação entre vacina é autismo não é regra.
    Janelinha para o mundo: Eu tenho uma menina, com idade de 4 anos (diagnosticada com 3), que está em pleno desenvolvimento, graças ao diagnóstico precoce. Podes nos explicar por que o autismo é mais comum em meninos?
     Alysson: Ninguém sabe ao certo. Uma das teorias é que muitos dos genes ligados ao autismo estão presentes no cromossomo X. Meninos (XY) possuem um único cromossomo X, enquanto que meninas (XX) possuem dois cromossomos X. Portanto, meninas possuem duas cópias de cada gene presente no cromossomo X. Caso uma das copias esteja alterada, elas possuem uma segunda copia funcional que daria maior resistência.
     Janelinha para o mundo: É possível diagnosticar um feto com autismo através de análises genéticos e/ou laboratoriais após a conclusão de pesquisas como a sua e após descobertas medicamentosas desse porte? 
     Alysson: Em teoria sim, mas não fizemos esse experimento ainda. O desenho experimental seria o de coletar células de uns 100 neonatos, gerar redes nervosas em laboratório usando nosso modelo, identificar aqueles propensos ao autismo e esperar até que os sintomas apareçam para confirmar o diagnóstico. Trabalhoso e demorado, mas vai ser feito no futuro, pois o impacto para a humanidade de uma ferramenta de diagnóstico desse tipo seria enorme.
     Janelinha para o mundo: Encontrar a descoberta de uma droga eficaz é mais uma questão de tempo ou de financiamento?
     Alysson:  Certamente uma questão de financiamento. Temos o modelo e as bibliotecas químicas, mas precisamos de financiamento para juntar as duas coisas. No meu laboratório, leva-se anos para testar algumas drogas manualmente. Queremos testar milhares de drogas em poucos meses usando métodos automáticos.
     Janelinha para o mundo: Seu trabalho já reverteu o autismo clássico em um neurônio. E quanto aos casos mais leves como o Asperger, estariam solucionados, caso a descoberta de uma droga para os mais graves se concretizasse?
     Alysson:  Uma parte do meu laboratório se preocupa em repetir esses experimentos com diversos tipos de autismo, inclusive Asperger. Sinceramente, acho que vai funcionar da mesma maneira.
     Janelinha para o mundo: Seria possível considerar um prazo estimado para que esta tua pesquisa se reverta em uma medicação disponível para venda no mercado?
     Alysson: O prazo estimado se tudo correr bem é de 10 anos, incluindo os ensaios clínicos e considerando que teremos uma nova droga experimental nos próximos 2-3 anos.
     Janelinha para o mundo: Já existe algum interesse de laboratórios farmacêuticos ?
     Alysson:  Estamos namorando com algumas Farmas, mas até agora nada de concreto.
Janelinha para o mundo: Esta medicação valeria para os autistas adultos?
     Alysson: A resposta só viria com os ensaios clínicos em pacientes, mas não vejo porque não funcionar. A reversão em laboratório foi observada com neurônios funcionais, portanto ficaria surpreso se não funcionasse.
     Janelinha para o mundo: Li recentemente, na Revista Autismo, uma possível parceria sua com a Microsoft. Isso é formidável. De que maneira este encontro pode beneficiar suas pesquisas?
     Alysson:  A idéia é usar a parceira da Microsoft no desenvolvimento de uma plataforma inteligente para leitura e quantificação automática das sinapses formadas nas culturas de neurônios em laboratório. Seria a automatização de mais um passo do processo. A biologia já provou que o modelo funciona, precisamos agora da engenharia para acelerar e otimizar o caminho.
     Janelinha para o mundo: Qual a participação e o interesse do governo brasileiro em sua pesquisa sobre o autismo ?
     Alysson:  Zero. Ao contrario dos EUA e outros paises, nunca fui contactado pelo governo brasileiro sobre minha pesquisa com autismo. Faria sentido pois sou brasileiro e tenho interesse em levar futuros ensaios clínicos ao Brasil. No entanto estou fora do país há muito tempo e talvez não saiba exatamente como proceder para despertar o interesse do Brasil nessa área.
     Janelinha para o mundo: As famílias têm pressa, mas não têm dinheiro; talvez tenham os meios para arrecadá-lo em um movimento internacional que poderia contar com empresas como o Facebook. O que achas disso? Acreditas que é viável uma campanha destas?
     Alysson: Sim, acho que esse é o caminho. Não dá pra esperar ajuda do governo ou da indústria farmacêutica. Mesmo o governo americano não estando na melhor fase de financiamento de pesquisa, talvez a situação melhore no futuro, mas agora nos EUA é época de vacas magras. A indústria farmacêutica investiu bilhões em modelos de doenças neurológicas usando camundongos ou outros modelos não-relevantes. Elas tem medo de entrar num negócio novo e arriscado, preferem esperar pelos avanços da academia, que é mais vagaroso. Esse tem sido o quadro atual na minha constante busca por captação de recursos.
     Janelinha para o mundo:  Uma pesquisa dessa importância e grandeza como as suas sobre autismo exige o foco integral do pesquisador ou há como se dividir com projetos paralelos?
     Alysson:  Existem alguns projetos paralelos no laboratório, mas a maioria é focada no entendimento das causas do autismo e intervenção terapêutica no espectro autista.
    Janelinha para o mundo:  Tens notícias dos outros grupos de pesquisadores, e dos resultados de suas respectivas pesquisas, que decidiram também pesquisar sobre o autismo, após a publicação da sua aclamada pesquisa sobre a Síndrome de Rett ?  Chegam a ocorrer trocas de “figurinhas” entre sua equipe e estes novos grupos?
     Alysson: Sim, desde nossa publicação, outros grupos foram capazes de reproduzir nossos achados e inclusive mostrar resultados semelhantes em outras síndromes do espectro. Foi um salto enorme para a ciência e tem muita gente de olho nesse novo modelo. Posso dizer que a competição aumentou pro meu lado, mas não me importo, o que interessa é que tem mais gente pesquisando o autismo agora. A percepção de que existe a possibilidade de reversão dos sintomas do espectro autista é extremamente atraente aos cientistas, pois é muito mais agradável trabalhar em uma condição aonde existe esperança de tratamento ou cura.
     Janelinha para o mundo: Depois de tua pesquisa ser divulgada, ficaste muito conhecido e “assediado” pelos pais brasileiros – e do mundo inteiro, que ainda não conheciam o teu abençoado trabalho. Viraste uma espécie de “ídolo” para nós. Isso te motiva ainda mais?
     Alysson:  Tento desmistificar essa imagem de "ídolo". Não fiz isso sozinho, tenho uma equipe excelente e motivada que acredita num futuro melhor para os pacientes. Continuo fazendo meu trabalho e não vou parar enquanto não encontrar uma maneira de ajudar os autistas a se tornarem mais independentes. Esse sim é meu objetivo final.
     Janelinha para o mundo: Pais especiais tem preferência, tem sede e pressa. Quem poderia participar do programa de "cobaia-humana (clinical trial)" quando esses remédios forem autorizados para testes? E quanto tempo podemos esperar? O Brasil entraria no rol de designáveis?
     Alysson:  Quando o momento chegar, vamos procurar por grupos de pacientes com características clínicas semelhantes. Por exemplo, pacientes com determinada idade, verbais ou não, com diâmetro cerebral grande ou pequeno e por aí vai. Quanto mais homogêneo o grupo inicial, melhor, pois os dados serão mais conclusivos, mais claros. Ainda não tenho esse perfil, mas provavelmente começaremos com adultos autistas clássicos. Sim, minha idéia sempre foi de fazer testes em dois lugares independentes, na California e no Brasil. Lógico que isso vai depender de outros fatores (suporte médico, apoio financeiro, etc), mas até lá ainda tem um tempinho. Tenho muita confiança no método científico e acho que o novo modelo abriu novas portas para o entendimento do autismo, trazendo esperanças para tratamento. É a luz
     Janelinha para o mundo:  Agora falando no projeto “ a fada do dente” – apenas dentinhos de leite coletados de crianças diagnosticadas com o autismo clássico serão pesquisadas? Como os pais podem ajudar/enviar este material?
     Alysson:  Sim, estamos focando em autismo clássico agora porque já coletamos bastante material dos  outros tipos de autismo. A melhor forma de colaborar é entrar em contato pelo email: projetoafadadodente@yahoo.com e pedir informações sobre como participar da pesquisa.
     Janelinha para o mundo: E o surf? No meio desta tua vida agitada, ainda tem tempo para esta paixão?
     Alysson: Porque estou viajando muito (muito mesmo), tive que reduzir o surf, mas sempre que dá eu caio na água. Assim como a Yoga, o surf me ajuda no equilíbrio físico e intelectual.
     Janelinha para o mundo:
Que Deus abençoe suas ondas, seu corpo e espírito. Que continues sendo esta luz acesa, brilhante, aquecendo os corações de todas as famílias dos autistas. Namastê, Dr. Alysson !

FONTE:

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Dia do Orgulho Autista em Rio Grande - RS.

Para melhor visualização, clique na imagem


Vencedores do Prêmio Orgulho Autista 2012


Homenagem do Vivências Autísticas
Vocês todos nos fazem mais felizes e fortes para continuar na busca do possível, para que nossos filhos não sofram mais do que o inevitável.
  Vencedores do Prêmio Orgulho Autista 2012
Com muita honra destacamos a nomeação de nossa associada Liê Ribeiro, e a da APADEM como Internet Destaque! Obrigada a todos do Movimento Orgulho Autista!
Desde 2005 o Conselho Brasileiro do Prêmio Orgulho Autista, formado por pessoas ligadas ao tema de todo o Brasil, busca evidenciar personalidades e instituições que se destacaram de forma significativa na vida de autistas, agraciando-os em diversas categorias,
 conforme suas realizações.
No primeiro momento, os membros do Conselho indicam os concorrentes e apresentam as defesas com o motivo pelo qual essas pessoas/instituições foram incluídas como candidatas. Na segunda fase, os integrantes do grupo votam naqueles que acreditam merecer a homenagem. Naturalmente, os mais votados são os vencedores.
A entrega do VII Prêmio Orgulho Autista é referente aos destaques de 2011 e será realizada no dia 20 de junho de 2012, como parte das celebrações alusivas ao Dia do Orgulho Autista, às 10h, tradicionalmente como nas edições anteriores, nos estúdios da Rádio Nacional, em Brasília, com transmissão ao vivo para todo o território nacional.

Parabéns aos Vencedores do VII Prêmio Orgulho Autista 2011/2012

I - Livro Destaque:
AUTORA LIÊ RIBEIRO
O MEU FILHO AUTISTA, O REENCONTRO DEFINITIVO
AGBOOK EDITORA - 2011
RIO DE JANEIRO
II - Diretor e Escola Destaque:
DIRETOR RAMILTON CORDEIRO
COLÉGIO ESTADUAL RAPHAEL SERRAVALLE
SALVADOR - BAHIA
III - Professor Destaque:
PROFESSORA ÂNGELA FERREIRA
CENTRO DE ENSINO ESPECIAL 1 DE SOBRADINHO
SOBRADINHO – DF
IV - Médico Destaque:
MÉDICA CARLA GIKOVATE
NEUROLOGISTA
RIO DE JANEIRO
V - Psicólogo Destaque:
PSICÓLOGA GISELE WAGENFÜHR TRIDAPALLI
ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DOS AUTISTAS DE FLORIANÓPOLIS
SANTA CATARINA
VI - Político Brasileiro Destaque:
SENADOR LINDBERG FARIAS
SENADO FEDERAL
RIO DE JANEIRO
VII - Imprensa Rádio Destaque:
PASTOR DONIZETI SANTOS
RÁDIO REDENTOR AM
TAGUATINGA - DF
VIII - imprensa Televisão Destaque:
APRESENTADORA KAREN ALBUQUERQUE
REPÓRTER JUSTIÇA
EXIBIDO EM 12/04/2011
TV JUSTIÇA
IX - Imprensa Escrita - Revista Destaque:
EDITOR PAIVA JÚNIOR REVISTA AUTISMO
SÃO PAULO
X - Imprensa Escrita - Jornal Destaque:
JORNALISTA MÁRCIA NÉRY
"TESTE PARA O AUTISMO" - matéria publicada em 18/06/2011
Jornal CORREIO BRAZILIENSE
BRASÍLIA
XI - Imprensa Fotografia Destaque:
FOTÓGRAFO RENATO ARAÚJO
CONGRESSO NACIONAL ILUMINADO AZUL - publicado em 02/04/2011
EMPRESA BRASILEIRA DE COMUNICAÇÃO
XII - Internet Destaque: PRESIDENTE CLÁUDIA MORAES
WWW.apadem.com.br
VOLTA REDONDA
XIII - Pessoa e Organização Não-Governamental Destaque:
PRESIDENTE HORÁCIO CAMPOS
ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DOS AUTISTAS DO DISTRITO FEDERAL-AMA/DF
RIACHO FUNDO - DF
XIV - Pessoa e Órgão Público ou Empresa Privada Destaque:
DEFENSORA PÚBLICA RENATA TIBYRIÇÁ
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
SÃO PAULO
XV - Atitude Destaque:
PADRE SAMUEL FERREIRA DO CARMO
ARQUIDIOCESE DE BRASÍLIA
PARÓQUIA DO VERBO DIVINO
BRASÍLIA

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Autismo: um problema, muitas causas


  Autismo: uma única palavra que sugere uma única doença. Mas na verdade, cada pessoa que vive com esse transtorno tem uma doença muito particular. Uma avalanche de novos dados genéticos, descoberto em um estudo, mostra claramente que não há um único culpado pelo autismo.
Cada caso surge de uma mistura única de fatores genéticos e ambientais que funcionam como um gatilho para a doença. Por isso, descobrir a causa do transtorno em cada pessoa é praticamente impossível.
Se a notícia soa cruel, na verdade ela contém muita esperança. Isso porque com a descoberta de um grande número de aberrações genéticas, será possível encontrar os pontos em comum que levam ao autismo e combatê-los.
As mudanças genéticas descobertas no estudo podem responder questões cruciais aos cientistas, sobre o porquê os meninos são mais vulneráveis do que as meninas, por exemplo – o autismo atinge quatro meninos para cada menina.
Alguns dos genes afetados por essas alterações parecem funcionar em redes comuns de atividade molecular no cérebro, e muitas dessas mutações genéticas prejudicam a comunicação entre as células nervosas. Entender esse processo e encontrar outras atividades celulares em comum pode levar a maneiras eficazes de combater o autismo, independentemente do que o causou.
As famílias que convivem com autistas estão sendo muito pacientes, com a espera de muitos anos pela solução do problema. Enfim, os geneticistas estão trazendo uma boa notícia, já que os estudos dos últimos meses nessa área têm sido um processo produtivo e animador quanto ao combate da doença.
As atuais pesquisas vêm em dois sentidos: na análise das mudanças de DNA com a identificação e as relacionando entre si, e estudando como os genes se comportam nos autistas.
A compreensão dos problemas, das alterações genéticas em comum e a descoberta das redes cerebrais que se comportam de maneiras semelhantes podem levar os cientistas a encontrar maneiras de tratar ou prevenir o autismo no futuro. Descobrir maneiras de proteger os processos cerebrais vulneráveis ao transtorno pode vir a ser ainda mais importante do que saber exatamente como as coisas deram errado nos processos cerebrais.
Por Stephanie D’Ornelas
Science News

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Publicidade inclusiva ganha mais espaço


  O popular encarte da loja Target que circula nos jornais de domingo nos Estados Unidos trouxe novidades para a publicidade inclusiva.
Já conhecida por usar modelos com deficiência em sua propaganda (Ver link abaixo)  , desta vez dois anúncios trouxeram crianças com síndrome de Down no mesmo folheto.
Um carrinho para bebê é anunciado por um fofo garotinho, a preço reduzido de US99 por US$80.
E para aproveitar o verão que começa a despontar no hemisfério norte, nada melhor que óculos para nadar a U$ 9, mostrados por duas meninas brincando na piscina, uma delas com síndrome de Down.
Como em toda boa publicidade inclusiva, nenhuma menção é feita aos modelos.
Com essa atitude a loja reconhece e valoriza o consumidor com deficiência, além de contribuir para a inclusão através da mídia, poderosa ferramenta de conscientização na promoção dos direitos de grupos excluídos.
A Target vende seus produtos e de quebra contribui para a inclusão. Tudo sem fazer alarde nem gastar um tostão a mais do que investiria no pagamento de modelos para a produção de seu encarte publicitário.

                                                                                                                       Por Patrícia Almeida
Fonte:
http://www.inclusive.org.br/?p=21866)

Autismo em busca de si mesmo


É bem possível que mesmo Leo Kanner não tenha pensado o quanto instituições, profissionais e especialistas teriam que trabalhar na derivação da sua proposta, em busca de caminhos que levassem ao encontro de soluções para o autismo, após sua descrição na década de 40 do século XX.
Para acompanhar o comportamento em sua diversidade, com sensibilidade e conhecimento, os profissionais poderiam considerar a aplicação de metodologias com base no senso lúdico do autista, levando em conta o prazer que ele apresenta na participação do processo educacional, revelando o que permitirá a participação eventual no seu imaginário a partir da família.
Prossiga com seu exemplo de mãe de autista Liê,  perseverando sempre com Gabriel...
Nada poderá ser tão difícil que vocês já não tenham superado.  

sábado, 26 de maio de 2012

ADOÇÃO


Está nos dicionários da língua portuguesa que, adotar “é um verbo transitivo direto”, uma palavra genérica.
Sempre que dependa de outra situação pode ter seu significado direcionado para: assumir, escolher, optar, aceitar, acolher, admitir, reconhecer, entre outros.
Quando falamos da adoção de pessoa, porém, esse termo ganha significado exclusivo e particular.
Nesta perspectiva adotar significa acolher, mediante a ação legal e por vontade própria, como filho legítimo, uma pessoa desamparada pelos pais biológicos, conferindo-lhe todos os direitos de um filho natural.
Além do significado, do conceito, está a significância dessa ação, ou seja, o valor que ela representa na vida dos indivíduos envolvidos: pais e filhos.
A adoção invariavelmente está vinculada a dor  do abandono, marcado pela condição da pessoa ser criança.
O ato de adotar, excluindo-se os processos biológicos, todo o resto é igual. O amor, ansiedade, desejo, expectativa, espera, a incerteza do sexo, da aparência das condições de saúde, educação, comportamento e conflitos, quase nada se difere da decisão de ter um filho.
Tudo isso acontece nas relações entre pais e filhos, independente de serem biológicos ou adotivos.
O instituto da Adoção é uma modalidade artificial de filiação pela qual se aceita como filho, de forma voluntária e legal, um estranho no seio familiar. 
Só se descobre que a adoção é um tema de extraordinária sensibilidade quando se começa a falar dela, pois transcende todas as variáveis bio, psico, sócio espiritual e procedente do abandono, além de estigmatizada na maioria das vezes pelos modelos políticos injustos.
Dia 25 de maio é celebrado o Dia Internacional da Adoção, tendo seus registros a partir dos povos babilônios, egípcios, caldeus, gregos, hebreus, romanos, germânicos, na Idade Média, Revolução Francesa, nos antigos livros religiosos, na Bíblia, códigos, estatutos, leis, conceitos, ordenamento jurídico e disciplina, sempre influindo culturas.
Em nossos dias o instituto da adoção mudou ao se descobrir que ela nada mais é do que o cultivo da tolerância, quando culmina por se traduzir na aceitação e no acolhimento das diferenças, quer social ou de raça, prevalecendo no seu eixo central à filosofia da solução para aqueles que não têm família.
-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-
Os alunos de primeira série estavam examinando uma foto de família.
Uma das crianças da foto tinha os cabelos de cor bem diferente dos demais.
 Alguém logo sugeriu que essa criança tivesse sido adotada.
Logo uma menina falou:
- Sei tudo sobre adoção, porque eu fui adotada.
Logo outro aluno perguntou-lhe:
- O que significa "ser adotado"?
- Significa - disse a menina - que você cresceu no coração de sua mãe, e não na barriga!

Trechos publicados no livro:

 ADOÇÃO - O Parto do Coração

Nilton Salvador

www.clubedeautores.com.br











quarta-feira, 16 de maio de 2012

O AUTISMO E O POTE DE MEL


O mel é o néctar dos deuses. É o açúcar da natureza. Fez pré-história predatória e depois história no Oriente Médio, no Egito e depois mundo afora. Quando os antigos Egípcios faziam as suas expedições, conservavam a carne em barricas cobertas de mel! A chamada "Lua de Mel" tem a sua origem no costume romano em que a mãe da noiva deixava em cada noite, na alcova nupcial, à disposição dos recém casados, um pote de mel para "repor energias". Esta prática durava toda a lua...
É a delícia que se prova e oferece o sabor magnífico e degustador. Os fazedores de mel, abelhas e formigas trabalham para si, em sociedade, para colher resultados casulados e temperados ao sabor da felicidade.  Diariamente uma abelha percorre 40 km e visita cerca de 7200 flores para produzir 5 gramas de mel. Mas tais insetos não sabem que trabalham para o homem, oferecendo o néctar dos deuses. Trabalham e trabalham. Nada pedem em troca, oferecendo aos indivíduos um alimento de alto valor nutritivo.
É isto mesmo. Formigas na África também fabricam esta bebida dos deuses para suas companheiras de inverno. Reproduzem o mel para alimentar as companheiras no fundo do formigueiro. E não se queixam. E la vai a história do mel com seus exemplos positivos de perfeição.
Provar mel é provar alegria, felicidade.  Exemplo natural para todos os seres viventes. E o que dizer dos favos do mel, da lua de mel, dos arquétipos que o mel inspira. O mel está nas cores delicadas e nos ambientes coloridos. Está nas jóias raras e nos banquetes mais preciosos. Toda situação delicada tem sabor de mel. Nada mais ofuscador e magnífico. O sabor de mel está em toda gastronomia, em todo chá inglês, em toda tradição.  Basta as abelhas consumirem o pólen das flores, encontrarem-se em reunião e produção e pouco tempo depois se descobre o resultado: potes e potes de mel. O mel também inspira oficina de ideias em festas, no ambientes ensolarados e a ideia de adoçar o mundo, com músicas, receitas saborosas e o leite quentinho do adoçado com mel.
E suas outras atribuições? Não há o que falar. O mel é remédio, tem efeito para diversas curas, limpa os pulmões e respirações. E lá se vai. Sempre positivo e lindo! Deliciosa de se contar e provar.  A ação do mel sobre a longevidade humana deve-se não só à sua alta ação energética, mas fundamentalmente às enzimas, às vitaminas e à compleição de elementos químicos, extraordinários para o bom funcionamento do organismo humano.
E assim, de deleite em deleite, lá vai o mel história afora, transmitindo o seu benefício a todos seres humanos, sem discórdia, adoçando a vida, amenizando atitudes  e encantando com o seu gosto.Mas por que falar tanto em mel, se gostaria mesmo de falar  e escrever sobre autismo! O que tem a ver esta minha comparação sem sentido! Esquisita por assim dizer!
O mel está na boca de todos, na casa de todos e eu nada tenho com isso!  Potes e potes de mel puro são comprados nos supermercados do mundo todos os dias.  E eu com isso?
Poderia eu comprar potes e potes de autismo e adoçar, nem que seja por um só instante, a boca de alguém. Não e não!  A boca não teria jeito, mas o coração sim. Gostaria de adoçar o coração de alguém. Um único coração. Que ele meditasse sobre o que é o autismo.
Dizer para os compradores de mel, que uma criança autista é como o mel que se coloca na mesa e na geladeira. Doce, pura e silenciosa. Os olhos então, meu Deus! Que olhos mais encantadores! Puros e meigos! Inocentes e imaculados!  Deleites de mel!
Dizer aos provadores de mel o seu significado desconhecido, sua história mal-contada. Dizer que o autismo nunca teve uma pré-história. Ensinar que o autismo tem potencialidade de desenvolvimento psicomotor sim. É como uma fábrica de produção de mel. Na sua ingenuidade e nas vivências corporais dos acometidos com o autismo o valor afetivo se instala e modifica nossas vidas.  Há também  o papel dos estímulos ambientais no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da criança autista.Como separar a metáfora do mel do autismo? Impossível! O mel não é tão-somente o das abelhas, das formigas, dos industrializados. Existe o mel do coração e da alma. Querer conhecer e amar, por assim dizer, se permitir e se envolver.
O Mel que nasce na lá na mais ínfima fibra do ser, que se fortifica contra qualquer doença e passa a conhecer o autismo.
O que dizer sobre a família? Por experiência própria digo que a família passa a buscar e aprender o que até então desconhecia. Mas família que convive com autismo, não precisa tão-somente ensinar. Ela precisa aprender também. Fico a imaginar se a uma família que tem um filho autista consegue aprender todo o atendimento multidisciplinar que o autista precisa!  Sinceramente, eu não consegui. E nas minhas leituras e escritas diárias tenho a reportar que ninguém sabe. Cada dia um novo dia e um novo instante. Esta é minha opinião. Mas o caminho continua.
A proposta da educação e suas competências entram como os recursos mais viáveis do pensamento pedagógico.  Todo empenho é válido no processo de mudança dos canais que propiciem a evolução da nossa querida criança autista, adotando como pedestal e como suporte a educação, audácia impreterível da mais expressiva opulência sentimental...
A educação especial entra na listagem dos novos expedientes e de outros que podem potencializar as “abelhas” profissionais em termos de  novas descobertas para o autismo.  No painel em que se insere o autismo, a partir de  idéias inovadoras no campo da educação “a colméia” produzirá mais néctar do conhecimento. O conceito de liberdade para o autista poderá ser acompanhado de disciplina, de expressão individual e direitos naturais. E, porque não dizer? Políticas públicas! Cobrar do Estado o papel que Ele se nega a prestar.
É preciso, no entanto, adequar a aplicação destas idéias em evidência, de forma inteligente, a partir de uma experimentação consciente. Que os resultados apontem com segurança os efeitos  positivos de uma  nova experimentação deste “mel” poderá produzir para nossas crianças, para fortaleza da alma.  Quando digo aqui a palavra “criança” não me refiro à idade cronológica, mas  somente ao fato de existirem nos nossos lares, pequeninos, adolescentes e adultos autistas com olhos de criança, “com sabor de mel”. Este sabor enseja ainda novas idéias na educação.  Livros e livros já foram escritos sobre. São motivos de teses, dissertações de mestrado e tcc’s. Mas ainda não responderam uma única pergunta! Como sustentabilizar a ignorância do Poder Público sobre o autismo!
Certa vez, uma única vez, gostaria de demonstrar as minhas palavras sobre a educação especial para os políticos, mas  eu teria o sabor da revolta e isto não quero. Não tenho vergonha de dizer que já sofri muito e ainda mantenho a ideia que preciso colher “mel”, vários “potes de mel” sobre o autismo. Oportunidades existem.
Mas a educação está aí e existem educadores “abelhas” que arquitetam muito bem a nossa sociedade. Portanto, consecutivamente, o autista reverencia a extensão lúdica e brincalhona da sua aprendizagem. Possibilita-lhe o aparecimento de suas díspares linguagens, sua leitura do mundo e sua extrapolação para se mostrar como “néctar de suas flores”, e,  não precisarão de palavras.  O professor, os profissionais terapeutas, os pais como mediadores, irão proporcionar a qualidade escolar da verdadeira inclusão, da verdadeira interação do autista com o mundo. E a continuidade da sua imagem e da sua expressão corporal.
O material didático na educação especial e todo aparato de desenvolvimento, previsto em currículo interdisciplinar, proporcionarão  aos autistas a iniciação ao processo de alfabetização e a aquisição de importantes valores que servirão de alicerce na formação de suas personalidades. O autista sabe organizar de forma estereotipada o seu mundo a partir do seu próprio corpo, mas ele sabe. É só investir na produção deste “mel”.
No cotidiano do espaço escolar, sob os novos olhares docentes das “abelhas mães” que dimensionam as imutáveis persecuções do imaginário infantil, elas não deixarão de proteger o seu “mel”, seus desejos, interesses, elaborações próprias, fantasias, experimentações e seus tateios no mundo. Criança autista também tateia o mundo. Ah! Como tateia!
Há em mim uma latência constante em escrever, escrever sobre o autismo. Mas devo parar. Novamente ler e aprender! Novamente escrever.  Para dizer a verdade, estou agora um pouquinho sem tempo.
                                                -0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-
Hoje de manhã prometi para o meu filho que iria ao “supermercado comprar um potinho de mel”. Não aquele mel açucarado e falso. Um mel verdadeiro com sabor de “quero mais”  e de certeza que ele voltará a provar de tão saboroso alimento natural. Afinal, o que seria do ”mel” se não existisse em nossas vidas, nossos filhos autistas!
Silvania Mendonça Almeida Margarida
Mãe do André Luiz Rian - Autista
Foto Google

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Dustin Hoffman salva advogado após ataque cardíaco

Ator de 74 anos socorreu homem de 27 no Hyde Park, em Londres


O ator Dustin Hoffman em cena do seriado "Luck"
Um advogado londrino de 27 anos diz ter sido salvo pelo ator Dustin Hoffman após sofrer um ataque cardíaco enquanto corria no Hyde Park dez dias atrás, se juntando a outras celebridades que exibiram atitudes heroicas nas últimas semanas.

Nesta terça-feira, o site TMZ disse que a atriz Mila Kunis socorreu no fim de semana um homem que teve uma convulsão enquanto trabalhava na sua casa.

Em abril, o ator Patrick Dempsey ajudou a tirar um adolescente das ferragens de um carro acidentado, e outro ator, Ryan Gosling, conteve uma britânica prestes a ser atropelada em Manhattan.

No caso de Hoffman, o advogado Sam Dempster disse ao jornal britânico Sun que o ator o socorreu ao vê-lo desmaiar no parque e ligou para os serviços de emergência.

"Não tenho lembrança do que aconteceu. Os paramédicos me contaram que fui salvo por Dustin Hoffman.

É inacreditável."

Os paramédicos relataram que o ator de "Rain Man", que tem 74 anos e possui um imóvel nos arredores, só foi embora depois dos procedimentos de reanimação aplicados em Dempster.

Um agente de Hoffman em Los Angeles confirmou o relato.



Foto: Divulgação
Reuters | IG - Último Segundo

terça-feira, 8 de maio de 2012

Prefeito do Rio de Janeiro sanciona Projeto de Lei para divulgar identificação do autismo infantil


AGORA É LEI

O prefeito Eduardo Paes sancionou o Projeto de Lei n.º 900/2011, de autoria da vereadora Tânia Bastos, que dispõe sobre a divulgação da identificação do autismo infantil através de material impresso. Segundo a parlamentar, o objetivo da proposta é promover a conscientização sobre os sintomas do transtorno.

“Este material será produzido e divulgado pela Prefeitura a fim de alertar os pais para que eles procurem a ajuda de um especialista, quando perceberem alterações na interação social, comunicação e comportamento do filho, especialmente, antes dos três anos de idade.

É uma pequena contribuição para que o Rio Janeiro conheça o autismo, que afeta mais de dois milhões de brasileiros e mais de 60 mil famílias cariocas”, concluiu a vereadora.

Fonte: 

domingo, 6 de maio de 2012

Treinamento de neurônios: técnica permite tratar depressão, isquemia e autismo

A técnica ensina a desenvolver 
a concentração, 
a aprendizagem, 
memorização o equilíbrio emocional.
    Quem encontra Felippo Bello conversando ao lado da mãe, participando das atividades escolares ou interagindo com outras colegas pode imaginar estar diante de uma criança como outra qualquer.
Desde cedo, no entanto, a família luta para vencer o autismo, uma disfunção geral do desenvolvimento, que compromete a capacidade de comunicação, a socialização e o comportamento, ameaçando a convivência da criança com o mundo.
Adriana Nogueira transformou sua vida para ajudar ao filho, Felippo Bello
Além do amor abdicado de Adriana, Felippo contou com o auxílio do neurofeedback. A técnica – desenvolvida há 50 anos - consiste numa espécie de treinamento neurológico do cérebro, que ensina a desenvolver a concentração, a aprendizagem, a memorização e o equilíbrio emocional. O processo não utiliza medicamentos, apenas os estímulos.
Com apenas um ano e meio, em meio aos telefonemas diários, a avó de Felippo percebeu que algo havia de estranho com o pequeno. A experiência com a educação de crianças especiais ajudou a identificar o isolamento do mundo. Em seguida, a família percebeu a fala desconexa e  a dificuldade de construir frases.
Desde então, a mãe de Felippo, a empresária Adriana Nogueira, travou uma luta pessoal em busca de mecanismos e tratamentos que facilitassem e emprestassem mais qualidade à vida do filho.
Mesmo diante de diagnósticos confusos que, por vezes, apontavam para a Síndrome de Asperger (que consiste num espectro autista que se diferencia do autismo clássico por não comportar nenhum atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do indivíduo, os portadores são também conhecidos como autistas de alta performance), ela não perdeu a fé de encontrar uma forma de reconectar Felippo.
 “Sempre soube que não havia cura para o autismo, mas, através do neurofeedback, descobri que é possível que o portador se desenvolva por meio da interação social e cognitiva, regredindo total ou parcialmente alguns sintomas e comportamentos”, diz Adriana Nogueira.
Neurofeedback
O psicólogo especializado em neurofeedback nos Estados Unidos e Mestre em Neurociência pela Universidade de São Paulo(USP), Leonardo Mascaro explica que, na prática, o tratamento consiste, inicialmente, na realização de exames com o tomográfo, que descreve as bases neurológicas de cada paciente.
A partir da leitura eletroencefalográfica, são identificados as estruturas profundas do comprometimento que acomete o cérebro do paciente e, melhor ainda, viabilizam o treinamento destas estruturas cerebrais. “Com o resultado da leitura do mapa, condicionamos os neurônios através de estímulos diversos”, explica.
Leonardo esclarece que, embora clinicamente e do ponto de vista dos sintomas, muitas doenças de cunho neurológico -  como déficit de atenção e TOC, ou dislexia e quadros de anóxia – imitem umas as outras, o exame permite que haja uma diferenciação clara, evitando erros no diagnóstico e, conseqüentemente no tratamento, inclusive, o medicamentoso.
O resultado do tratamento por neurofeedback é demonstrado através de mapas obtidos no início e no final do tratamento de cada paciente, evidenciando cada condição de sua evolução.
O tratamento é válido não só para os casos de autismo, mas também no tratamento da dislexia, déficit de atenção, ansiedade, depressão e pânico, além de TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), estresse pós-traumático, fadiga crônica e fibromialgia, insônia, bem como quadros iniciais de Alzheimer, traumatismo crânio-encefálico e de isquemia ou derrame.
“Cada vez mais é possível desenvolver as potencialidades do cérebro. Na última década, a tecnologia permitiu o alcance de uma evolução sem precedentes, fazendo com que o tratamento não medicamentoso dessas diversas condições seja uma realidade”, esclarece Mascaro.
O especialista revela que o neurofeedback não possui contra indicações, nem mesmo para aqueles pacientes portadores de deficiência visual ou auditiva. “Conforme o trabalho acontece, novos mapeamentos são feitos e ajustes no tratamento são destacados”, diz .
Carmen Vasconcelos
carmen.vasconcelos@redebahia.com.br

sábado, 5 de maio de 2012

Deficiência Psicossocial - A Nova Categoria de Deficiência

A deficiência psicossocial  também chamada “deficiência psiquiátrica” ou “deficiência por saúde mental”  foi incluída no rol de deficiências pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD), adotada na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 13/12/06. No Artigo 1 (Propósito), a Convenção afirma que “Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.
” Trata-se de uma afirmação e não de uma definição. Se fosse uma definição, ela estaria no Artigo 2 (Definições). 
De acordo com essa afirmação:
Se uma pessoa tem impedimentos...
Ela é uma pessoa...
... de natureza física
... com deficiência física
... de natureza mental (saúde mental)
... com deficiência psicossocial
... de natureza intelectual
... com deficiência intelectual
... de natureza sensorial (auditiva)
... com deficiência auditiva
... de natureza sensorial (visual)
... com deficiência visual
A inserção do tema “deficiência psicossocial” representa uma histórica vitória da luta de pessoas com deficiência psicossocial, familiares, amigos, usuários e trabalhadores da saúde mental, provedores de serviços de reabilitação física ou profissional, pesquisadores, ativistas do movimento de vida independente e demais pessoas em várias partes do mundo. Convém salientar que o termo “pessoa com deficiência psicossocial” não é o mesmo que “pessoa com transtorno mental”. Trata-se, isto sim, de “pessoa com sequela de transtorno mental”, uma pessoa cujo quadro psiquiátrico já se estabilizou. Os transtornos mentais mais comuns são: mania, esquizofrenia, depressão, síndrome do pânico, transtorno obsessivo-compulsivo e paranóia. O Dr. João Navajas já dizia em 1997: “Se houver sequela, essas pessoas poderão se adequar às limitações sem deixar suas atividades do dia a dia, como estudar ou trabalhar” (Sociedade Brasileira de Psiquiatria e Comunidade Terapêutica Dr. Bezerra de Menezes). Também alunos com certos tipos de transtorno global do desenvolvimento (TGD) poderão, a partir de agora, fazer parte do segmento das pessoas com deficiência e beneficiar-se das medidas asseguradas na CDPD. Alguns desses tipos são: síndrome de Rett, síndrome de Asperger, psicose (http://lucimaramaia.com.br/index.php option=com_content&task=view&id=15&Itemid=8) e autismo (“Autismo: inserção social é possível?”, Cinthia Pascueto, Jornal da UFRJ, ed. n. 200, 24/4/03).
Em documentos a respeito da CDPD, a ONU usa o termo “deficiência psicossocial” ao comentar os impedimentos de natureza mental, ou seja, relativa à saúde mental. Um desses documentos produzidos pela ONU é o PowerPoint que explica o conteúdo da CDPD (Secretariado da ONU para a CDPD: www.un.org/disabilities.
O documento “The United Nations Convention on the Rights of Persons with Disabilities: Towards a Unified Field Theory of Disability”, de 22 páginas, que originalmente foi uma palestra ministrada em 10/10/09 pelo prof. Gerard Quinn é todo dedicado a traçar a trajetória de dois campos, o das deficiências e o da saúde mental, que se desenvolveram paralelamente no passado, mas que foram juntados em igualdade de condições no contexto da CDPD. Gerard Quinn é Diretor do Centro de Lei e Política da Deficiência, da Universidade Nacional da Irlanda (www.nuigalway.ie/cdlp).
Desta forma, pela primeira vez na história dos direitos humanos, pessoas do campo da saúde mental e pessoas do campo das deficiências trabalharam em torno do mesmo objetivo a elaboração da CDPD. Ao cabo de quatro anos, reconhecendo que a sequela de um transtorno mental constitui uma categoria de deficiência, elas a colocaram como deficiência psicossocial junto às tradicionais deficiências (física, intelectual, auditiva e visual). Com a ratificação da CDPD por um crescente número de países-membros da ONU, estabelece-se uma ótima perspectiva para profundas mudanças nos procedimentos destes dois campos. Pois, mais de 40% dos países ainda não possuem políticas públicas para pessoas com deficiência psicossocial e mais de 30% dos países não possuem programas de saúde mental. Em todo o mundo, mais de 400 milhões de pessoas têm algum tipo de transtorno mental, conforme a Organização Mundial de Saúde. No Brasil, são 3 milhões de pessoas com transtornos mentais graves (esquizofrenia e transtorno bipolar), mas considerando os tipos menos severos (depressão, ansiedade e transtorno de ajustamento), cerca de 23 milhões de pessoas necessitam de algum tipo de atendimento em saúde mental. Acontece que em nosso país há somente 1.513 Centros de Atenção Psicossocial (Caps), segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (http://www.sissaude.com.br/sis/inicial.php?case=2& idnot=7154, 29/6/2010).
Grupos de apoio: PcDP
O termo “pessoa com deficiência psicossocial” (PcDP) é relativamente novo, quase contemporâneo do nome anterior, “pessoa com deficiência psiquiátrica”. Mas, estas pessoas já se organizavam em grupos de autoajuda na década de 50, quando eram chamadas “ex-pacientes psiquiátricos”. Na década de 80, consideravam-se “sobreviventes da saúde mental” (ou “sobreviventes da psiquiatria”) e começaram a se chamar “deficientes psiquiátricos”. De acordo com um estudo feito nos EUA em 1958 pela Joint Commission on Mental Illness and Health (JCMIH), já havia naquele ano mais de 70 organizações de “ex pacientes psiquiátricos” em 26 estados, sendo 14 na Califórnia. A organização Recovery, Inc. tinha 250 pequenos grupos em 20 estados, totalizando 4.000 membros. Inicialmente, as pessoas se reuniam interessadas em relacionamentos sociais e troca de histórias de vida (“Action for Mental Health”, JCMIH, 1961, p.186-187).
As reuniões eram informais, coordenadas por uma pessoa com deficiência psicossocial ou por um consultor voluntário. O local era geralmente um hospital, clínica ou escritório de órgão público. Em 1989, 1991 e 1996, tive a oportunidade de participar dessas reuniões na Families and Friends Alliance for the Mentally Ill (Aliança de Famílias e Amigos de Pessoas com Transtorno Mental), um grupo que se reunia no Centro de Saúde Mental Acadiana, em Lafayette, Louisiana, EUA.
Hoje, as PcDP que lideram organizações e grupos de apoio são consideradas ativistas ou autodefensoras e lutam pelos seus direitos. Na Colômbia, o projeto “Reconhecimento da Capacidade Jurídica das Pessoas com Deficiências Intelectual e Psicossocial”, é executado pelas organizações Asdown e Fundamental Colombia, que reúnem pessoas com deficiência psicossocial (http://www.riadis.net/riadis-em-acao-15/inicia-se-execuccedilatildeo-e-seguimento-dos-micr/).
Citação bibliográfica
SASSAKI, Romeu Kazumi.
Deficiência psicossocial: a nova categoria de deficiência. Fortaleza:
Agenda 2011 do Portador de Eficiência, 2010. 

Colaboração Marina Almeida

Consultora em Educação Inclusiva,  Psicóloga Clínica/Escolar, Psicopedagoga e Especialista na área da deficiência intelectual e transtornos invasivos do desenvolvimento.
http://inclusaobrasil.blogspot.com.br/2008/08/incluso-escolar-de-alunos-com-autismo.html