sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Mãe cria panfleto para ajudar filho autista e arte repercute na internet

Mariana Caminha disponibiliza o arquivo editável 
para que pais possam fazer a mesma homenagem aos pequenos. 
Página no Facebook auxilia com mais informações 
sobre o transtorno
 Diagnosticado com autismo pouco depois do primeiro ano de vida, o pequeno Fabrício Caminha, hoje com 4 anos, cresce se transformando em mais um exemplo para as pessoas que vivem a mesma situação. Enfrentar uma rotina de terapias, rotinas adaptadas e até mesmo o preconceito das pessoas não seria fácil para ele sem a ajuda da mãe, a jornalista Mariana Caminha, 34 anos. O empenho em derrubar as barreiras da desinformação sobre o Transtorno do Espectro Autista (TED) fez com que ela tivesse uma ideia que repercutiu na internet. Em um panfleto, reuniu as principais informações sobre o próprio filho no intuito de apresentá-lo aos coleguinhas de escola e professores.
 Doutores do TEA
Já que estamos de volta às aulas, que tal produzir um infográfico para os novos coleguinhas do seu filho, falando um pouco sobre o amiguinho autista? É só editar, imprimir o documento e mandar dentro de um envelope para os pais. Uma maneira divertida e criativa de quebrar o preconceito, derrubar mitos, fazer novos amigos. Bom também para os novos professores e diretores... Quem quiser o arquivo editável em photoshop, é só escrever o email aqui embaixo!
Quem quiser o arquivo editável em photoshop, é só escrever o email aqui embaixo! 
Mariana conta que tomou a atitude apenas para mostrar as qualidades do menino e ajudá-lo a se integrar à nova escola e a interagir melhor. Depois de deixar uma unidade particular, Fabrício vai estudar na Escola Classe 303 Sul, onde terá uma educação direcionada, ao lado de outras crianças com necessidades semelhantes às dele. “A gente sempre teve muita sorte de encontrar professores motivados e amiguinhos que sempre ajudaram o Fabrício, que foram muito carinhosos com ele, no ensino regular. Daí resolvi criar esse panfleto para tentar incentivar ainda mais o esclarecimento, o diálogo e trazer as crianças e os pais delas para perto dos autistas”, explica.
Ser mãe de uma criança autista foi um desafio. “O mais difícil foi fechar o diagnóstico. Começamos a perceber, quando ele tinha um ano e dez meses, a dificuldade em falar. Pensamos que era um problema de audição e procuramos ajuda médica em várias especialidades. Só conseguimos fechar o diagnóstico com um médico em São Paulo. Depois disso, as coisas começaram a se encaixar mais. Não é algo fácil, principalmente porque o autismo não é uma condição muito conhecida entre médicos, mas não é algo impossível”, explica.
Depois de criar o panfleto, a mãe de Fabrício resolveu postá-lo no Facebook, na página “Doutores do TEA”, criada por ela para a troca de informações com outros pais. “Eu nem imaginava que ia repercutir tanto, mas, depois que coloquei [a arte] no Facebook, dezenas de pessoas em todo o país começaram a me chamar para fazer um igual para os filhos”. Hoje, o perfil disponibiliza um link onde é possível abrir o arquivo editável para que as pessoas façam a mesma homenagem aos pequenos.
Funcionária da Embaixada do Reino Unido, Mariana morou por sete anos na Inglaterra, onde deu à luz o menino. O conhecimento na língua inglesa também virou ferramenta de ajuda. “A maioria das informações sobre o transtorno estão em língua inglesa, o que acaba virando mais uma barreira. No ‘Doutores do TEA’, a gente busca simplificar ainda mais a informação”, diz. Ela ressalta que ainda há muitas barreiras a serem vencidas e que o apoio da família às pessoas que têm o espectro autista é fundamental. “Você sabe que ele [o autista] vai sofrer, você vai sofrer. É um desafio. Tem dias que você está otimista, tem dias que fica mal e mesmo assim tem que se entregar, mas de uma forma divertida, sem tratar o assunto com estereótipos. A gente não precisa de pena, nem eles”.
'Você sabe que ele [o autista] vai sofrer, você vai sofrer. É um desafio. Tem dias que você está otimista, tem dias que fica mal e mesmo assim tem que se entregar, mas de uma forma divertida. A gente não precisa de pena, nem eles', diz Mariana (Arquivo Pessoal )
"Você sabe que ele [o autista] vai sofrer, você vai sofrer. É um desafio. Tem dias que você está otimista, tem dias que fica mal e mesmo assim tem que se entregar, mas de uma forma divertida. A gente não precisa de pena, nem eles", diz Mariana
Sem estatísticas
"Você sabe que ele [o autista] vai sofrer, você vai sofrer.
É um desafio.
Tem dias que você está otimista, tem dias que fica mal e mesmo assim tem que se entregar,
mas de uma forma divertida. A gente não precisa de pena, nem eles", diz Mariana
Segundo a Associação Brasileira de Autismo (Abra), o Brasil ainda não dispõe de estatísticas oficiais sobre o autismo no país, tampouco no Distrito Federal. A SES também não tem dados sobre quantos atendimentos são realizados na rede pública para essas pessoas. Estudos em outros países têm mostrado um aumento nos casos diagnosticados. Em março do ano passado, uma pesquisa do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês), demonstrou que uma em cada 68 crianças norte-americanas de 8 anos de idade tem autismo. A prevalência do transtorno no país teve um aumento de 30% em relação aos números divulgados em 2012, que apontavam que uma em cada 88 crianças dos Estados Unidos era autista. O relatório revelou também que a maioria recebe o diagnóstico após os 4 anos de idade, embora a síndrome possa ser detectada a partir dos 2 anos.
O autismo é definido por um conjunto de comportamentos que variam em grau e gravidade. De acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados à Saúde, a síndrome pertence aos Transtornos Globais de Desenvolvimento e pode se manifestar de diversas formas. As mais comuns são: Autismo Infantil; Autismo Atípico ou Transtorno Global de desenvolvimento (TGD); Síndrome de Asperger; e Síndrome de Rett.
O tratamento é feito de acordo com as necessidades de cada paciente e depende da complexidade do caso. Os neuropediatras aconselham aos pais que estejam atentos ao comportamento da criança desde os primeiros meses. Quanto mais rápido é diagnosticado, melhores são as chances de garantir qualidade de vida ao autista. Há dificuldades que precisam ser trabalhadas e desenvolvidas durante toda a vida e, além da equipe médica, a família também precisa entender as necessidades da pessoa.

FONTE:
Jacqueline Saraiva - Correio Braziliense
SAÚDE PLENA



sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Oliver Sacks, neurologista e escritor, anuncia câncer terminal

 ...e afirma: 
“Não há tempo para nada que não seja essencial”.
Em trechos de sua “carta”, Sacks afirma: “Não há tempo para nada que não seja essencial”. “Não posso fingir que não estou com medo. Mas meu sentimento predominante é de gratidão. Amei e fui amado; recebi muito e dei algo em troca; li, viajei, pensei e escrevi. Tive uma relação com o mundo, a relação especial do escritor e leitor.”
Oliver Sacks (81 anos), neurologista e escritor britânico ficou conhecido, dentre outras realizações, pelos livros “Tempo de despertar” e “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu”. A primeira obra, datada de 1973 é um relato baseado em suas próprias experiências como médico e foi posteriormente adaptada e protagonizada por Robert Williams e Robert DeNiro no cinema, obtendo três indicações ao Oscar. Seus livros foram traduzidos para mais de vinte línguas e são sucesso de vendas, conquistando diversos prêmios pelo mundo. O neurologista também é membro honorário da Academia Americana de Artes e Letras, da Academia Americana de Artes e Ciências e da Academia das Ciências de Nova Iorque.
Nesta semana, Sacks anunciou a descoberta de um câncer em estágio terminal no fígado. O anúncio se deu por meio de um artigo intitulado “Minha própria vida”, originalmente publicado pelo New York Times no dia 19 de fevereiro.
Ele inicia o texto contando como foi a descoberta da doença:
“Há um mês, eu sentia que estava em boas condições de saúde, robusto. Aos 81 anos, ainda nado uma milha por dia. Mas a minha sorte acabou – há algumas semanas, descobri que tenho diversas metástases no fígado. Há nove anos, encontraram um tumor raro no meu olho, um melanoma ocular. Apesar da radiação e os lasers que removeram o tumor terem me deixado cego deste olho, apenas em casos raríssimos esse tipo de câncer entra em metástase. Faço parte dos 2% azarados.
Sinto-me grato por ter recebido nove anos de boa saúde e produtividade desde o diagnóstico original, mas agora estou cara a cara com a morte. O câncer ocupa um terço do meu fígado e, apesar de ser possível desacelerar seu avanço, esse tipo específico não pode ser destruído.”
Sacks ainda fala de como pretende viver de agora em diante:
“Depende de mim agora escolher como levar os meses que me restam. Tenho de viver da maneira mais rica, profunda e produtiva que conseguir. Nisso, sou encorajado pelas palavras de um dos meus filósofos favoritos, David Hume, que, ao saber que estava também com uma doença terminal aos 65 anos, escreveu uma curta autobiografia em um único dia de abril de 1776. Ele chamou-a de “Minha Própria Vida”.
Ainda inspirado em Hume: “Tive sorte de passar dos oitenta anos. E os 15 anos que me foram dados além da idade de Hume foram igualmente ricos em trabalho e amor. Nesse tempo, publiquei cinco livros e completei uma autobiografia (um pouco mais longa do que as poucas páginas de Hume) que será publicada nesta primavera; tenho diversos outros livros quase terminados.”
Sacks conta que Hume, no texto citado acima escreve que era “um homem de disposição moderada, de temperamento controlado, de um humor alegre, social e aberto, afeito a relacionamentos, mas muito pouco propenso a inimizades, e de grande moderação em todas as paixões.” Relata a seguir que aí se distancia do filósofo: “apesar de desfrutar de relações amorosas e amizades e não ter verdadeiros inimigos, eu não posso dizer (e ninguém que me conhece diria) que sou um homem de disposições moderadas. Pelo contrário, sou um homem de disposições veementes, com entusiasmos violentos e extrema imoderação em minhas paixões.”
O médico conta ainda:
“Nos últimos dias, consegui ver a minha vida como a partir de uma grande altura, como um tipo de paisagem, e com uma sensação cada vez mais profunda de conexão entre todas suas partes. Isso não quer dizer que terminei de viver.
Pelo contrário, eu me sinto intesamente vivo, e quero e espero, nesse tempo que me resta, aprofundar minhas amizades, dizer adeus àqueles que amo, escrever mais, viajar se eu tiver a força, e alcançar novos níveis de entendimento e discernimento.
Isso vai envolver audácia, claridade e, dizendo sinceramente: tentar passar as coisas a limpo com o mundo. Mas vai haver tempo, também, para um pouco de diversão (e até um pouco de tolice).”
E continua: “Sinto um repentino foco e perspectiva nova. Não há tempo para nada que não seja essencial. Preciso focar em mim mesmo, no meu trabalho e nos meus amigos. Não devo mais assistir ao telejornal toda noite. Não posso mais prestar atenção à política ou discussões sobre o aquecimento global.
Isso não é indiferença, mas desprendimento – eu ainda me importo profundamente com o Oriente Médio, com o aquecimento global, com a crescente desigualdade social, mas isso não é mais assunto meu; pertence ao futuro. Alegro-me quando encontro jovens talentosos – até mesmo aquele que me fez a biópsia e chegou ao diagnóstico de minha metástase. Sinto que o futuro está em boas mãos.
Nos últimos dez anos mais ou menos, tenho ficado cada vez mais consciente das mortes dos meus contemporâneos. Minha geração está de saída, e sinto cada morte como uma ruptura, como se dilacerasse um pedaço de mim mesmo. Não vai haver ninguém igual a nós quando partirmos, assim como não há ninguém igual a nenhuma outra pessoa. Quando as pessoas morrem, não podem ser substituídas. Elas deixam buracos que não podem ser preenchidos, porque é o destino – o destino genético e neural – de cada ser humano ser um indivíduo único, achar seu próprio caminho, viver sua própria vida, morrer sua própria morte.”
E Oliver Sacks conclui seu texto:
“Não posso fingir que não estou com medo. Mas meu sentimento predominante é de gratidão. Amei e fui amado; recebi muito e dei algo em troca; li, viajei, pensei e escrevi. Tive uma relação com o mundo, a relação especial do escritor e leitor.
Acima de tudo, fui um ser sensível, um animal pensante nesse planeta maravilhoso e isso, por si só, tem sido um enorme privilégio e aventura.”
Texto originalmente publicado em: New York Times, em 19 de Fevereiro.

OBS.: Todo o conteúdo desta e de outras publicações deste site tem função informativa e não terapêutica.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Politicamente correto e o direito ao desconforto




Na última semana, por meio das redes sociais, tomei conhecimento de um apanhado de ideias sobre o “politicamente correto” e a “liberdade de expressão” obtido de um blog mantido pelo O Globo. 
A autora do blog, Silvia Pilz, que se apresenta como jornalista, cronista e alguém que “diz o que pensa”, teceu comentários a respeito de vários grupos de pessoas (minorias, para ser mais preciso) e do já bem conhecido “politicamente correto” que, segundo ela, tem obstado seu direito de “dizer o que pensa”, resumo improvável do significado total do direito à liberdade de expressão, instituto jurídico preconizado na Constituição Federal de 1988 e desde lá em vigor.
Silvia conseguiu reunir, em um texto apenas, diversas situações envolvendo minorias, como pessoas com síndrome de Down, anões e negros. Ela também falou sobre crianças em processo de adoção, no que deveria ser um post, talvez, de humor. O texto pode ser lido aqui. Anteriormente ela já havia escrito sobre crianças com síndrome de Down e relatava ter encontrado um “enxame” de crianças em viagem à Barcelona, o que teria lhe parecido uma espécie de “pesadelo”. Em O Globo, o texto foi editado e o termo “enxame” substituído por “time”, mas em seu blog pessoal permanece conforme o original, pelo menos até o momento em que estou digitando isto.
Na internet e na imprensa, algum desconforto inicial deu vazão a uma onda de revolta em relação às opiniões da autora. O Dep. Romário Faria, do PSB do RJ, pai de uma menina com síndrome de Down, foi contundente ao publicar em seu perfil no Facebook que “suas palavras são apenas tolices de uma pessoa com uma visão de mundo bastante limitada” e que a autora estaria “fora do tempo”.
Obviamente ninguém conseguiria cercear o direito ao desconforto individual diante do que quer que seja, pois trata-se de um sentimento íntimo, cultivado sob condições sempre muito específicas. Cada indivíduo está absolutamente livre para chocar-se com o que imagina ser insuportável. E, dentro do estado de direito, está livre também para manifestar-se quanto a isso, sujeitando-se às contrariedades.
Na jurisprudência recente brasileira, não são poucos os casos de jornalistas interpelados judicialmente sob vários tipos de argumentos, como incitação ao preconceito, racismo e apologia à discriminação. O poder judiciário, via de regra, tem preferido recusar os “delitos de opinião” e garantido o princípio do contraditório, através do direito de resposta. E o direito à liberdade de expressão sempre esteve mais relacionado às liberdades conquistadas após o final da ditadura militar. Apenas mais recentemente tem sido invocado nesses casos, para o qual a legislação é pétrea, tanto no Brasil quanto na maioria dos países ocidentais.
O desejo de que o estado puna formalmente a autora do texto, entretanto, foi aventado por muitas pessoas, mais ou menos informalmente. O jornalista Luis Nassif, por exemplo, defende a ideia de que o Ministério Público Federal proponha ação civil pública contra a autora e sua editora, a Globo, por dano moral coletivo.
É provável que, visitando os perfis pessoais de pessoas emocionalmente envolvidas com o assunto, medidas ainda mais graves sejam consideradas respostas razoáveis. É democrático. Não há cerceamento possível ao desconforto. Li em alguns perfis nas redes sociais que a autora mereceria morrer, no que pode ser apenas um laivo de ira momentânea quanto também a expressão de uma intolerância ainda mais grave e violenta. Talvez, como em muito já se faz, judicializar a questão do preconceito possa resolver alguma coisa sobre o gesto preconceituoso, mas talvez não mova ele de seu nicho um milímetro sequer e apenas alimente ainda mais intolerância, em um círculo vicioso perigoso e indesejável.
É preciso mais reflexão, mesmo que isso seja custoso, para que não se crie um monstro em substituição ao outro. Evidentemente, eliminar a expressão de uma ideia não é suficiente para eliminar a própria ideia e, talvez a ocultando, ela fique ela ainda mais mascarada e inacessível. Na história da humanidade, sobre outros assuntos, isso já ocorreu muitas vezes e não se obteve grandes avanços em relação aos direitos humanos, mesmo que em nome de uma outra ideia mais plausível, defensável ou digna.
Talvez o maior crime de Silvia Pilz seja um que não possa ser dimensionado juridicamente, porque enraizado no discurso e manifeste-se na psicologia humana. Ao classificar o coletivo de pessoas com síndrome de Down como “enxame”, o que ela obtém é a imediata desumanização das pessoas. Seu estatuto civil e moral estaria reduzido ao universo animal, de onde não poderiam ser abordadas natural e socialmente. É um pensamento estranho e igualmente desconfortável, porque a síndrome de Down é uma fatalidade genética inerente à condição humana, assim como o nanismo ou a cor da pele.
Desde o ataque à redação do Charlie Hebdo, muito se tem debatido sobre violência e liberdade de expressão. Ora, não é preciso raciocinar muito para concluir que uma condição inata não pode ser comparada a uma opção racional adulta, como no caso da religiosidade. Mas não falta quem tente forçar uma relação sobre a liberdade de expressão, a possível expressão de um humor intelectualizado e a popularização de ideais preconceituosas, contra as quais o “politicamente correto” pretende, talvez, ser uma espécie de remédio. O humorista Rafinha Bastos, na Folha de São Paulo, foi celeremente buscar guarida nesse guarda chuva destroçado, mas parece ter convencido a poucos.
Seja como for, fatos assim levam-me a crer cada vez mais de que realmente quase ninguém mais examina as próprias ideias antes de exercer o direito a “dizer o que pensa”. Se não examinam sequer as ideias dos outros e perpetuam farsas com a instantaneidade de um clique, que dirá dar-se ao trabalho de conferir fontes, refutar hipóteses absurdas, ideias ultrapassadas e informações sem sentido?
O trágico, neste caso, não reside nos efeitos finais da livre expressão, porque felizmente a sociedade e as pessoas vêm livrando-se de estereótipos e estigmas, mas no trânsito abundante de ideias pobres e ridículas de toda a espécie, incapazes de um mínimo ato de reflexão, interpretadas fora de qualquer rigor intelectual e sem senso de humor algum para além de um calcado na ridicularização do ser humano, na distinção social e no preconceito.
Haverá momento em que pensar-se no que é dito será mais frequente, felizmente, do que dizer-se o que pensa, embora tudo conspire pelo contrário. Se a liberdade de expressão é, sem dúvida, condição prévia para qualquer debate honesto na esfera pública e o humor uma forma peculiar de elaboração mental, a propagação de ideias sem elaboração nenhuma apenas repete, como em um eco infinito, a própria pobreza de espírito, que é a tragédia máxima para o ser humano pensante.
Lúcio Carvalho

* Coordenador-Geral da Inclusive – Inclusão e Cidadania.

BPC - Sobre o Benefício de Prestação Continuada

BPC Trabalho - Benefício de Prestação continuada da Assistência Social

É um direito garantido pela Constituição Federal de 1988 e consiste no pagamento de 01 (um) salário mínimo mensal à pessoas com 65 anos ou mais de idade e à pessoas com deficiência incapacitante para a vida independente e para o trabalho, onde em ambos os casos a renda mensal bruta familiar per capita seja inferior a um quarto do salário mínimo vigente.
O BPC também encontra amparo legal na Lei Federal 10.741, de 1º de outubro de 2003, que institui o Estatuto do Idoso. 
O Benefício é gerido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) a quem compete sua gestão, acompanhamento e avaliação e, ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) a sua operacionalização. Os recursos para custeio do BPC provem do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS).
Mudanças na Lei do Benefício de Prestação Continuada – BPC

Recentemente foram aprovadas normas que mudaram as regras do Benefício De Prestação Continuada – BPC – (Lei 12.470, de 31.08.2011 e Decreto 7.617, de 17.11.2011).
As mudanças tiveram por propósito favorecer o ingresso da pessoa com deficiência que recebe o BPC no mercado de trabalho formal e estimular sua qualificação profissional.
Agora o BPC é suspenso (não mais cancelado) quando a pessoa com deficiência passa a trabalhar. Ao deixar o trabalho, o Beneficio voltará a ser pago. A pessoa deve apenas requerer ao INSS a retomada do pagamento do Benefício. Para voltar a receber o BPC não precisa mais fazer perícia, basta fazer o requerimento. Durante todo tempo no qual a pessoa estiver trabalhando o prazo para reavaliação bienal do benefício também será suspenso. Esse prazo só voltará a contar a partir do restabelecimento do pagamento do BPC. Com essas modificações a pessoa com deficiência e a sua família não precisam mais ter medo do trabalho com carteira assinada. Hoje a pessoa tem tranquilidade e segurança de trabalhar, pois se não der certo essa experiência ela terá condições de voltar a receber o pagamento do BPC imediatamente.
Contrato de Aprendizagem
Outra novidade importante é que agora a pessoa com deficiência que recebe o Benefício pode fazer um curso de aprendizagem profissional ganhando em torno de meio salário mínimo por mês e continuar recebendo o valor do BPC (1 salário mínimo) por um período de no máximo 2 anos. O aprendiz é contratado por uma empresa que assina sua a carteira de trabalho e tem direito a férias, 13º salário, previdência social, vale-transporte, FGTS, etc. Os cursos de aprendizagem profissional são
gratuitos e dividem-se em duas etapas: a primeira dentro de uma Escola Profissional como SENAC, SENAI, SESCOOP etc. A segunda fase é um aprendizado prático dentro da empresa que propicia um ingresso gradual no mundo do trabalho. Para entrar ser contrato como aprendiz a idade mínima é de 14 anos e não há idade máxima. Além disso, a pessoa com deficiência não precisa ler e escrever para entrar no curso de aprendizagem. As habilidades e as competências relacionadas com a profissionalização devem ser consideradas e não a escolaridade.
O BPC não é uma aposentadoria e, portanto, em caso de morte de seu titular o beneficio não é transferido para seus dependentes. O contrário acontece quando a pessoa tem carteira assinada e passa a contribuir com o sistema previdenciário. Além disso, o BPC não dá direito ao recebimento do 13º salário, férias e a outros benefícios eventualmente concedidos pelas empresas como auxílio alimentação, plano de saúde, etc. Aproveite essas mudanças. Você verá que a sua vida e a de seu filho mudará quando o ingressar no mercado de trabalho. O trabalho organiza a rotina do dia a dia, traz responsabilidade, cria um circulo de amizades e dá reconhecimento a pessoa.

Por Ana Maria Machado da Costa *

* Auditora Fiscal do Trabalho- Ministério do Trabalho e Emprego- SRTE/RS

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 - Deputada Federal Mara Gabrilli


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - Senado Federal - 2014


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 - Abertura das celebrações - Oração por um Autista.


Abertura da celebração do Dia Mundial da Conscientização do Autismo - Senado Federal - 2014


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 -


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 (5)


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 (4)


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 (3)


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 (2)


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 (1)


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

EUA dizem que presidente russo é autista

O Presidente russo pode sofrer de uma forma de autismo, a síndrome de Asperger, que o obriga a um "controlo máximo" de si próprio quando atravessa uma crise, segundo um relatório do Pentágono, datado de 2008.
Depois de estudarem as expressões e os movimentos do seu rosto em vídeo, os analistas militares concluíram que o desenvolvimento neurológico de Vladimir Putin tinha sido perturbado na sua infância, dando a impressão de um desequilíbrio físico e de estar pouco à vontade nas relações com terceiros.
"Este sério problema de comportamento foi identificado pelos neurologistas como a síndrome de Asperger, uma forma de autismo que afeta todas as suas decisões", afirmou a autora do relatório, Brenda Connors, da Escola de Guerra da Marinha, produzido num centro de reflexão do Pentágono.
Mas a instituição, equivalente a um Ministério da Defesa, minimizou o documento, revelado pelo diário USA Today, que nunca subiu ao gabinete do secretário da Defesa ou outros dirigentes militares.
Uma porta-voz do Pentágono, Valerie Henderson, disse à agência noticiosa AFP que o documento "nunca foi transmitido ao secretário e não foi objeto de pedidos de dirigentes do Departamento da Defesa para o examinarem".
Por outro lado, esta possibilidade só pode ser confirmada por um 'scanner' do cérebro de Putin, segundo o relatório.
"Durante as crise, para se estabilizar e equilibrar as suas percepções (...), ele tem de se impor um controlo máximo", explicou Connors, que estudou a linguagem corporal de outros dirigentes mundiais.
No documento do Pentágono considerou-se também que o olhar sempre fixo de Putin é a marca de uma falta neurológica e uma incapacidade de responder a sinais externos.
Putin apresenta uma "hipersensibilidade" e "uma forte dependência ao combate, às reações frias ou dando a impressão de fugir", em vez de um comportamento social mais matizado, especificou-se ainda no relatório.

JORNAL DE NOTÍCIAS

http://m.jn.pt/m/newsArticle?contentId=4384806&related=no

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

A Educação de alunos com TEA e o direito ao apoio de profissional

As regulamentações do MEC para os Estados Municípios e DF, na área da educação das pessoas com deficiência 
NOTA TÉCNICA Nº 24 / 2013 / MEC / SECADI / DPEE Data: 21 de março de 2013, são as que os autistas têm direito, conforme a Lei 12.764/2012 e o 
Decreto de regulamentação 8.368/2014.

Devemos considerar que os sistemas educacionais da União, Estados, Municípios e DF são autônomos o que significa uma negociação intensa em cada município, razão pela qual as famílias devem conhecer a regulamentação discutir e acompanhar a implantação dos serviços que só recentemente incluiu os autistas.
A educação regulada na Escola Comum para alunos com deficiência é na perspectiva da inclusão. O aluno é matriculado na série correspondente com o professor titular, como os demais alunos sem deficiência e, se necessário, tem direito ao AEE-Atendimento Educacional Especializado.
O AEE é um conjunto de recursos complementares e suplementares (e nunca substituto da sala de aula comum) que a Escola organiza em uma sala específica, com professores, tecnologias e metodologias e destina-se aos alunos com deficiência, cegos, surdos, autistas ou outras deficiências que necessitarem destes apoios para permanecerem estudando na sala comum.
O AEE na sala de múltiplo uso ou sala de recursos não deve ser no horário da aula comum e normalmente, é ofertado em turno contrário à aula. A sala de recursos do AEE pode ser frequentada apenas alguns turnos na semana e uma sala de uma Escola pode receber alunos com deficiência de outras escolas.
As Escola Especializada como APAEs, Pestalozzis, AMAS, cegos, surdos,(ONGs), podem ser conveniadas com as Prefeituras e oferecerem AEE para alunos das escolas publicas regulares do Município.
Ainda como parte do AEE existe a possibilidade do aluno com deficiência matriculado na Escola Regular contar com apoio de um profissional de apoio para facilitar a sua inclusão apoiando na locomoção, alimentação, higiene, comunicação e interação nos espaços da escola.
Estas situações devem ser desenvolvidas prioritariamente com os alunos e com os profissionais da Escola, mas se necessário, o apoio pode ser mais direto ao aluno. Depende do nível de necessidade de cada aluno com deficiência daquela Escola, este profissional pode ser de nível médio e não substitui o Professor titular e se não for necessário, não será exclusivo de um único aluno, pode ser o mesmo do mesmo aluno que muda de série, por exemplo, por que as suas funções são de apoio.

O numero destes profissionais de apoio na escola regular varia de acordo com a quantidade de alunos, com os tipos de deficiências e de suas necessidades.

FONTE:
Nota de Deusina Lopes - Facebook. 

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Aplicativo ajuda no tratamento do autismo por meio da brincadeira

O autismo tem sido tema em pauta por conta de diversas pesquisas e casos que relatam características e soluções no tratamento do distúrbio. Pensando nisso, o projeto pernambucano Can Game visa proporcionar novas experiências no aprendizado e tratamento do autismo através da brincadeira e interação.

O software e aplicativo, desenvolvido pela Life Up, é uma ferramenta inovadora e facilitadora para os médicos que tratam do autismo O mesmo pode ser utilizado em residências, escolas e áreas comuns pelo paciente, sem qualquer constrangimento social, sendo acompanhado remotamente pelo médico o que vem a reduzir tempo e custo em relação ao tratamento.

Assim as diversas atividades do Can Game podem ser executadas junto à família e amigos com todo carinho e dedicação que a criança precisa, promovendo a seu desenvolvimento cognitivo social e autonomia social. A iniciativa é direcionada a crianças, jovens  e adultos com autismo que chegam a 70 milhões no mundo e 2 milhões no Brasil.

O projeto venceu a categoria Arquitetura do Prêmio Brasil Criativo, iniciativa da ProjectHub com chancela do Ministério da Cultura e patrocínio da 3M, que se tornou oficialmente a premiação da criatividade brasileira.

FONTE:

https://catracalivre.com.br/geral/premio-brasil-criativo/indicacao/aplicativo-ajuda-no-tratamento-do-autismo-por-meio-da-brincadeira/

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Universidades oferecem atendimento psicológico gratuito


Psicoterapia para crianças, adolescentes e adultos, tratamento para crianças com autismo, mulheres com quadro de infertilidade, pessoas obesas, candidatos à adoção, dependentes químicos. Estes são exemplos de casos que chegam às Clínicas de Psicologia das Universidades Estaduais de Maringá (UEM), Londrina (UEL) e do Centro-Oeste (Unicentro). 

O serviço é gratuito.

Incluídas na série de serviços prestados pelas universidades diretamente às comunidades onde se inserem, as clínicas psicológicas garantem atendimento para muitas famílias que não teriam acesso ao serviço, por falta de recursos ou de informação.
Em Maringá, um dos atendimentos especializados é voltado a crianças e adolescentes com autismo. O apoio é considerado fundamental para que o autista insira-se no grupo social ao qual ele pertence. O tratamento começa normalmente na infância e segue até a adolescência e é realizado três vezes por semana.
Segundo a psicóloga e diretora da clínica da UEM, Vânia Lúcia Pestana Sant'Ana, o atendimento psicoterapêutico torna as crianças e adolescentes mais independentes e produtivos. "São crianças com defasagem de habilidades consideradas adequadas para a sua faixa etária e quanto antes a gente detectar esses déficits mais cedo conseguimos intervir", explica Vânia Lúcia.
"É preciso que uma parte do tratamento seja feito na clínica e outra na casa do paciente para que possamos ajudá-lo em suas atividades diárias como banho, vestir-se, alimentar-se, atividades que uma criança autista não consegue realizar sozinha", disse ela.
Os pacientes atendidos nas clínicas de psicologia das universidades se inscrevem por iniciativa própria ou por indicação de algum profissional da área da saúde. Dependendo do caso, o paciente pode ter atendimento individual ou em grupo.
GRUPO DE APOIO - A clínica da UEL realiza cerca de 480 atendimentos ao mês. São desenvolvidos vários projetos de pesquisa e extensão com grupos específicos, alguns com grande procura, como o grupo de apoio a mulheres com quadro de infertilidade e para pessoas obesas.
De acordo com a coordenadora de um dos projetos, Ednéia Aparecida Perez Hayashi, durante os encontros semanais, a equipe de profissionais trabalha para ajudar as mulheres a aprenderem a lidar com as situações de estresse e ansiedade que envolvem o quadro de infertilidade.
"Como a experiência da infertilidade pode causar problemas no relacionamento conjugal, familiar e social em geral, o apoio psicológico nesta fase da vida é essencial para a melhoria dos relacionamentos e para que as mulheres sintam-se bem emocionalmente", afirma.
Já o projeto com pessoas obesas surgiu a partir de uma pesquisa realizada com cerca de 150 voluntários e coordenada pela professora e psicóloga Lucilla Maria Moreira Camargo. A pesquisa revelou uma grande correlação entre obesidade e transtornos emocionais como depressão, ansiedade e estresse.
A clínica da UEL recebe muitas pessoas interessadas no atendimento, a maioria mulheres que não conseguem perder peso. "O objetivo principal é que as pessoas aprendam a lidar melhor com seus sentimentos, habilidades sociais, autocontrole, assertividade. É preciso que entendam qual é a função que a comida tem em sua vida e, desta forma, poder arranjar melhor seu ambiente no sentido de promover a perda de peso", explicou a psicóloga.
ADOÇÃO - Em Irati, onde está localizada a clínica de psicologia da Unicentro, são feitos cerca de 110 atendimentos ao mês. Entre os projetos realizados em grupo está o direcionado a candidatos à adoção, coordenado pela professora Verônica Suzuki Kemmelmeier.
Conforme previsão legal, é necessário que estas pessoas passem por uma preparação psicossocial. Segundo a psicóloga, muitas pessoas acabam mudando seus conceitos e critérios após os encontros. "Os encontros acabam possibilitando uma maior reflexão para que os candidatos entendam melhor o processo de espera, reavaliem que talvez tenham exigido um perfil de criança difícil de se atingir, o que pode resultar em uma espera de até dez anos", explica Verônica.
Há também muitos mitos em torno da adoção, como a questão do laço sanguíneo, que acaba gerando temor de doenças genéticas, de que filhos de pais dependentes podem ser mais problemáticos.
Embora grande parte dos pacientes atendidos nas clínicas de psicologia das universidades estaduais seja carente, o atendimento é oferecido a toda a comunidade.

Fonte:
http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-12--186-20150126

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Esta vacina vai ajudar crianças autistas e foi criada por um português


Um professor português de uma universidade canadense desenvolveu uma vacina contra uma bactéria intestinal em crianças autistas, uma solução que irá permitir maior qualidade de vida aos portadores daquela deficiência.
"Noventa por cento das crianças com autismo sofrem de diarreia e de constipações intestinais severas. Muitas usam fraldas ainda aos cinco e seis anos de idade, quando vão para a escola, devido a certas bactérias que existem nos intestinos dessas crianças com autismo", começou por explicar à agência Lusa Mário Monteiro, de 48 anos, professor de química da Universidade de Guelph, no sudoeste do Canadá.
Esta solução permite melhorar os cuidados de saúde, já que "o tratamento constante à base de antibióticos trazem outros problemas", salientou o imigrante português, que nasceu em Gouveia, distrito da Guarda, e vive no Canadá desde 1981.
Mário Monteiro disse que a sua equipa de vacinas da Universidade de Guelph está agora a desenvolver medicamentos que podem melhorar a condição das crianças autistas, com uma "nova geração de vacinas", que pode representar "um grande passo contra uma das responsáveis pela acentuação dos sintomas de autismo".
Estão em curso a decorrer ensaios preliminares da vacina, um projeto que já foi saudado por outras organizações da área.
Este trabalho já foi reconhecimento pela organização britânica vaccinenation.org em colaboração com a World Vaccine Congress na área das vacinas.
Em 2014, Mário Monteiro foi distinguido por aquele organismo como uma das 50 pessoas mais influentes em termos globais, na área das vacinas. Na lista encontram-se nomes como Bill Gates, fundador da Microsoft, do primeiro-ministro da Índia Shri Narendra Modi, e de Bruce Aylward, coordenador da Organização Mundial de Saúde na reação ao ébola na África Ocidental.
"A responsabilidade acrescida (da distinção) é bem-vinda. Espero que governos e companhias farmacêuticas estejam mais dispostas a ajudar a ciência ", concluiu.
Mário Monteiro é também um dos poucos investigadores de açúcares complexos, existentes nas superfícies das bactérias.
A sua vacina para proteger as pessoas contra a Campylobacter jejuni, umas das principais bactérias que causa doenças intestinais transmitidas por alimentos em termos globais, foi aprovada para testes clínicos nos Estados Unidos, com a primeira fase a iniciar-se em maio de 2015.

FONTE:

http://www.noticiasaominuto.com/mundo/334648/portugues-cria-vacina-para-doenca-associada-ao-autismo

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Beto Richa sanciona lei com Estatuto da Pessoa com Deficiência no Paraná

Com 277 artigos, o estatuto viabilizará uma série de direitos.
Segundo o IBGE, 20% da população do PR tem algum tipo de deficiência.
O governador Beto Richa sancionou a lei 18.419/2015, que estabelece o 
Estatuto da Pessoa com Deficiência do Estado do Paraná.
 O governador Beto Richa (PSDB) sancionou a lei que estabelece o Estatuto da Pessoa com Deficiência do Estado do Paraná. A lei foi criada para ampliar a inclusão social e garantir plena cidadania às pessoas com deficiência. De acordo com o governo estadual, antes da sanção do governador, o documento já havia sido discutido e aprovado em audiências públicas em todas as regiões do Paraná. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 20% da população paranaense tem algum tipo de deficiência.
Com 277 artigos, o estatuto viabilizará uma série de direitos descritos na Convenção Internacional da Pessoa com Deficiência, adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2006. O texto do estatuto foi elaborado com a participação de instituições, pessoas com deficiência e familiares, segundo o governo estadual.
O documento abrange leis federais sobre os direitos da pessoa com deficiência e outros itens que não estavam contemplados – um deles é a obrigatoriedade para shopping centers e restaurantes de destinar 5% dos lugares acessíveis para refeição nas praças de alimentação para uso preferencial de pessoas com deficiência, em rota acessível.
O estatuto, assinado na quarta-feira (7), aborda diretrizes nas áreas de saúde, educação, profissionalização, trabalho, assistência social e acessibilidade. 


sábado, 10 de janeiro de 2015

Coração não é lugar para preconceito, e sim amor!

Mães e pais de autistas, muitos de nós reclamamos que sofremos preconceito por parte da sociedade, mas muitas vezes nós mesmos infligimos preconceito sobre outros pais. Vamos ter cuidado...preconceito é falta de conhecimento. Seu filho autista leve não é melhor nem pior que o filho do outro que é autista severo, são apenas diferentes. Podem precisar de abordagens distintas, mas nem por isso melhor ou pior que o outro.

Os métodos terapêuticos ou de ensino não devem ser rotulados, que este é bom só prá um e não será nunca para o outro.

A escola especial ou inclusiva é escola, e escola é lugar de aprender. Deve ser um espaço aberto para receber aquele que em determinado momento precisa dela. Não é um local para caberem rótulos, pelo contrário deve ser um lugar que promova a liberdade.

Lembremos de quando formos tecer comentários, do outro lado da tela pode ter uma outra mãe/pai que como você precisa de palavras construtivas, precisa de apoio e informação segura. Derramar sobre o outro nosso preconceito e nossos achismos, pode magoar mais que ajudar. Vamos cuidar e ser bálsamo na dor de nossos irmãos, e que possamos ajudar e promover sua libertação. Sejamos solidários, se nossa palavra não for para edificar, é melhor não dizer nada.

Como diz a grande Berenice Piana: em bando nos cuidamos e nos tornamos mais fortes!


Claudia Moraes, Coordenadora do MOAB/RJ

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

NÃO É AUTISMO, É IPAD


       A fonoaudióloga Maria Lúcia Novaes Menezes está preocupada com um fenômeno que tem percebido nos últimos tempos: o aumento do número de crianças muito novas – de dois ou três anos – usando tablets.
Profissional com mais de 30 anos de experiência, a doutora tem atendido, em seu consultório no Rio de Janeiro, inúmeros casos em que os pais chegam a suspeitar que os filhos são autistas, sem perceber que o uso prolongado de tablets, joguinhos eletrônicos e celulares é que está dificultando o desenvolvimento da comunicação das crianças.
Fiz uma breve entrevista com a doutora Maria Lúcia Novaes Menezes. Aqui vai a conversa:
A senhora disse estar assustada com o número de pais que deixam filhos pequenos - crianças de dois ou três anos - usarem tablets. Isso tem aumentado nos últimos tempos?
A cada ano percebe-se que aumenta o número de crianças com menos de três anos de idade fazendo uso de tablets. Podemos observar, nos shoppings, bebês com tablets pendurados nos carrinhos. Isso tem prejudicado o desenvolvimento da linguagem e, principalmente, da socialização.
Quais as consequências que a senhora tem percebido nas crianças?
Se considerarmos que, nos primeiros três anos de vida da criança o desenvolvimento da cognição social se dá através do desenvolvimento da intersubjetividade, ou seja, que as diferentes fases da interação da criança com seus pais e cuidadores se dão através de compartilhar experiências e do olhar da criança para o outro, a utilização do tablet impede estas ações.
O tablet, utilizado por longo tempo, retira do contexto da criança esse contato fundamental para a socialização, causando um prejuízo no desenvolvimento das habilidades humanas que dependem da socialização, do envolvimento com o outro, prejudicando o desenvolvimento da socialização e do aprendizado que depende de experiências com o mundo à sua volta.
A senhora mencionou que alguns pais a procuram para tratar de supostos problemas de comunicação das crianças, sem perceber que o uso do tablet é uma das principais razões para isso.
O que tenho observado, principalmente no último ano de clínica, é que o uso do tablet e outros eletrônicos está cada vez mais tomando o lugar da interação entre as crianças e seus pais e o brincar no contexto familiar. Os pais passam muito tempo no trabalho, chegam em casa cansados e, quando os filhos querem assistir desenhos e joguinhos no tablet, eles liberam, em vez de tentar conversar ou brincar.
Como conseqüência, se a criança tem alguma dificuldade para adquirir a linguagem e a socialização, essa pouca comunicação com os pais poderá desencadear esse déficit. Talvez, em um contexto familiar onde fosse mais estimulado a se comunicar e brincar, essa dificuldade não aparecesse de forma tão acentuada. Essa hipótese surgiu da minha prática clínica, onde na entrevista com os pais eles relatam o uso de tablets, jogos no celular e DVD. Tem acontecido com frequência que a observação dos pais da forma que interagimos e brincamos com a criança no set terapêutico e como, aos poucos, seu filho vai começando ou expandindo a sua comunicação e o interesse em brincar, eles mudam a dinâmica com seus filhos no contexto familiar, a comunicação verbal e social da criança começa a expandir, os pais ficam mais tranquilos e mais próximos dos filhos, e a criança, tendo a companhia do pai ou da mãe, passa a se interessar mais pelos brinquedos e em brincar e diminui o interesse pelo tablet, DVDs e joguinhos nos celular.
A senhora mencionou casos em que os pais suspeitavam ter um filho autista, mas o problema da criança se resumia a uso prolongado de novas tecnologias.
No ano de 2014 atendi crianças com idade em torno de dois anos, trazidas com queixa de comunicação social e desenvolvimento da fala, os pais suspeitando de autismo. Mas, ao mudar a dinâmica familiar, essas crianças apresentaram uma mudança muito grande na sua comunicação social e verbal.
O que os pais devem fazer para evitar problemas desse tipo, numa época em que os tablets estão em todos os lugares?
Sei que é difícil ir contra o sistema e penso que a criança deve ser cobrada pelos amiguinhos para ter e usar um tablet. O que talvez auxiliasse a romper com o hábito dos joguinhos eletrônicos e tablets seria restringir ao máximo possível o uso do tablet. Talvez a melhor forma de se conseguir é dando mais atenção ao filho através de conversas, do brincar, e utilizar mais jogos não eletrônicos e mais interativos.



Currículo de Maria Lúcia Novaes Menezes
Fonoaudióloga formada em 1984 pela Faculdades Integradas Estácio de Sá, mestre em Distúrbios da Comunicação, em 1993, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com cursos na New York University reconhecidos e creditados neste mestrado e doutora em Saúde da Criança e da Mulher pela Fundação Oswaldo Cruz (2003). Aposentada da FIOCRUZ em 2014, mas ainda permanecendo como orientadora do projeto de pesquisa do Ambulatório de Fonoaudiologia Especializado em Linguagem / AFEL. Atua como fonoaudióloga na clínica em avaliação e diagnóstico dos distúrbios da linguagem e orientação aos pais. Autora da escala de Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem, idealizado, padronizado e validado no Brasil para avaliar o desenvolvimento da linguagem da criança brasileira.

FONTE:

http://entretenimento.r7.com/blogs/andre-barcinski/nao-e-autismo-e-ipad-20150107/

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Autista cria livro e rádio para divulgar transtorno

Se apresentando co­mo palhaço Pinheiro trabalha 
seus problemas de comunicação 

Quieto, distraído, fazendo movimentos repetitivos. Essa é a imagem que a grande maioria das pessoas tem dos autistas. Além do estereótipo, a falta de informação e o acesso gratuito a especialistas restrito ainda dificultam o diagnóstico e o desenvolvimento dos autistas no Brasil.
“No ABC não tem praticamente nada. Temos de ir para São Paulo achar especialistas e é tudo particular”, destacou André Luiz Pinheiro, 41 anos, morador de Santo André, autor do livro O mistério de Palhaço Azul e criador da webrádio Xiririca. O autismo é definido como um transtorno global do desenvolvimento com características básicas, como inabilidade para interagir socialmente, dificuldade no domínio da linguagem para comunicar-se ou lidar com jogos simbólicos e padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
Pedagogo, pós-graduado em educação infantil, educação ambiental e agora concluindo a especialização de educação inclusiva, Pinheiro é exemplo de como o diagnóstico da doença ainda é difícil e de que os autistas podem viver normalmente. “Só fui diagnosticado aos 40 anos. As pessoas desconfiavam e me indicavam que deveria procurar ajuda. Fiquei dois anos procurando vários médicos até receber o diagnóstico”, destacou.
Pinheiro ressaltou que desde os 2 anos apresenta sinais, mas que como entrou na escola e se formou normalmente as pessoas só o consideravam um garoto estranho. “O que senti quando recebi o diagnóstico? Alívio. Eu, diagnosticando e fazendo tratamento, já sinto uma melhora muito grande, mesmo tardio”, pontuou.
O pedagogo se encaixa no perfil da Síndrome de Asperger, transtorno do espectro autista. Normalmente, os pacientes com esse perfil se distanciam da imagem clássica do autista. “Muita gente por aí tem e não sabe. Teve gente que falou que achava impossível eu ser autista, pois fiz faculdade. Converso com muitas pessoas autistas e cada uma é de um jeito diferente, varia bastante. A única característica igual para todos é o problema com interação social”, ressaltou.
Pinheiro acredita que o mito em torno da doença, a falta de informação, ajuda a assustar os pais, que recebem o diagnóstico dos filhos com desespero. “Tem gente que acha que autista não pode namorar, casar, que não vai conseguir estudar”, afirmou. Com ajuda da internet e de campanhas de conscientização, o pedagogo percebe que muitas pessoas têm conseguido o diagnóstico ainda na infância. No entanto, aponta que o sistema público de saúde não oferece o mínimo para que o diagnóstico e o tratamento ocorram nas famílias sem condições financeiras.
Livro
Pinheiro destacou que a fase mais difícil de superar foi a adolescência. É sobre essa etapa que o pedagogo conta em seu livro, O mistério do Palhaço Azul, lançado pelo Clube de Autores. A autobiografia traz as dificuldades da época em que não sabia que era autista, sua busca por ajuda e sua transformação após o diagnóstico. “Quero passar esperança para as pessoas, que é possível o autista se desenvolver e viver normalmente.”
Fazendo apresentações co­mo palhaço Pinheiro viu a oportunidade de trabalhar seus problemas de comunicação, uma forma de se abrir para um mundo de extroversão que muitas vezes se distancia do autista.

Outra atividade que André desenvolve é na webrádio Xiririca, onde junta música e informação, contando sua história e ajudando a divulgar o autismo. A rádio já possui mais de 8 mil acessos, com uma média de visitação diária de 200 acessos e fica 24 horas no ar. A rádio pode ser ouvida pelo endereço www.radioxiririca.com.br e o livro, impresso ou em versão digital, pode ser adquirido pelo site www.clubedeautores.com.br

FONTE:
Luana Arrais Graduada em jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo 
é repórter de Política e Cidades.

Eugênio Cunha: Autismo e perspectivas

No ano de 2014, a trajetória da luta pelos direitos da pessoa com o transtorno teve vitórias e desafios

Rio - Nos últimos anos, os debates acerca do autismo ganharam visibilidade. A exposição do tema na mídia e nas redes sociais disseminou informações que têm aclarado um pouco mais esse campo de estudos, ainda desconhecido para a maioria das pessoas. O autismo é um transtorno tão complexo e com sintomas tão diferentes, que há quem diga que não existem dois autistas iguais. O autista tem dificuldades na interação social e um apego exagerado a rotinas.
No ano de 2014, a trajetória da luta pelos direitos da pessoa com o transtorno teve vitórias e desafios. Algumas das conquistas foram a capacitação de profissionais e professores da rede pública de ensino, pesquisas científicas buscando descortinar a síndrome e a inauguração da primeira clínica-escola pública para autistas no Brasil, em Itaboraí.
Porém, ainda há grandes desafios pela frente. Muitos autistas foram impedidos de frequentar escolas simplesmente por serem autistas. Crianças viram o seu direito a uma educação multidisciplinar cerceado, porque há poucas escolas estruturadas para atendê-las. Como resultado, mães e pais se sentiram desamparados na luta pelo tratamento de seus filhos; esquecidos foram por quem deveria ampará-los.
Também falta espaço no mercado de trabalho, porque não existem políticas para o campo profissional que os capacitem e os incluam.
Porém, nesse estado das coisas, surgiram aqueles que não perderam a esperança, mas nutriram seus sonhos na mesma perspectiva de muitos professores, desejosos por um espaço educacional afetivo e social, que não discrimine, mas acolha e inclua a partir de um modelo de ensino que aponte mais para as necessidades de quem aprende e menos para os conceitos de quem ensina. São família e escola. Esses são os que poderão superar os desafios.


Eugênio Cunha é autor do livro ‘Autismo e inclusão’

FONTE: 
http://odia.ig.com.br/noticia/opiniao/2015-01-07/eugenio-cunha-autismo-e-perspectivas.html