terça-feira, 5 de novembro de 2013

Psicopatologia do Desenvolvimento


Bernardo Barahona Corrêa *
 Aquando da organização do simpósio “Psicopatologia do Desenvolvimento” no  Congresso Nacional de Psiquiatria, as ideias sobre os conteúdos a abordar rapidamente se condensaram em torno de duas patologias: Perturbações do Espectro do Autismo (PEA) e Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA).
Tratando-se, evidentemente, de síndromes totalmente distintos na gravidade das suas manifestações clínicas e no grau de incapacidade de que se revestem, estas duas patologias não deixam ainda assim de ter muito em comum. Ambas são fenótipos com início na infância e ambas se prolongam até à idade adulta. Em ambas a comorbilidade é a regra e não a exceção. Em ambas o diagnóstico correto pode ser difícil, sobretudo nos casos que apenas na idade adulta chegam à atenção médica.
Com efeito, a metamorfose da psicopatologia ao longo do desenvolvimento e a comorbilidade neuropsiquiátrica quase universal colocam o adulto com PEA ou com PHDA não diagnosticadas em risco de não diagnóstico, de omissão de tratamentos eficazes, ou de exposição a tratamentos desnecessários ou mesmo nocivos.
Este risco é multiplicado pela flagrante ausência deste grupo de patologias no típico percurso de formação do psiquiatra de adultos, exclusivamente centrada nas perturbações mentais comuns e nos grandes síndromes psicopatológicos da psiquiatria hospitalar. Em nenhuma outra patologia o risco de erro de diagnóstico e de tratamento desnecessário ou errado será porventura tão elevado como nas PEA.
Não raramente vemos adultos com PEA não diagnosticadas receber um diagnóstico de psicose esquizomorfa sem qualquer fundamente que não a bizarria do quadro clínico. Por outro lado, os sintomas psicóticos podem complicar o quadro psicopatológico das PEA, frequentemente na presença de comorbilidades neurológicas como a epilepsia.
No que respeita à PHDA, a subtileza da apresentação no adulto, a crescente popularidade do conceito de PHDA do adulto - sem a correspondente formação da maioria dos psiquiatras - e ainda a facilidade de prescrição de estimulantes têm como resultado um elevadíssimo risco de sub e sobre diagnóstico, com prescrição de estimulantes a quem não precisa, e diagnósticos desadequados ou redutores a quem poderia beneficiar daquela forma de tratamento.
Este foi um dos temas em debate no Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental.

* Membro da direção da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental
FONTE:

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

FOTOGALERIA Autismo: há uma felicidade guardada para todos os doentes (PORTUGAL)

A estruturação das rotinas é fundamental para que 
os autistas evoluam
Miguel é um dos casos mais curiosos da instituição: percebe tudo porque 
lhe dizem em português mas só fala em inglês.

  Não se sabe ao certo quantas pessoas têm a doença em Portugal
 Perturbações do espectro do autismo (PEA) afetam o comportamento 
do indivíduo e a sua capacidade de 
comunicar e sociabilizar
 O autismo não tem cura. É uma doença genética, não necessariamente hereditária
 O Centro de Atividades Ocupacionais (CAO) da AMA abriu há cerca 
de meio ano
 Na nova sede da AMA, que vai começar a ser construída em 2014,
 vai haver um lar-residência para adultos com autismo
 Em muitos casos, as PEA estão associadas a outros problemas, como 
déficit cognitivo ou epilepsia
 A comunicação básica é uma das grandes dificuldades dos autistas
 A AMA foi criada por um grupo de pais de Viana do Castelo
 Os comportamentos repetitivos são frequentes nos autistas e funcionam 
como um calmante para eles
 A estruturação das rotinas é fundamental para que os autistas evoluam
Os adultos com autismo são acompanhados no 
Centro de Atividades Ocupacionais da 
Associação de Amigos do Autismo (AMA)
  O transporte dos utentes é feito por uma das quatro empresas associadas da 
AMA
  Ir ao supermercado é uma das atividades semanais e funciona como um 
“treino de autonomia”
 A Associação de Amigos do Autismo tem sede em Viana do Castelo e em 2013
 vai abrir filial no Porto
Nas saídas da instituição, cada utente é sempre acompanhado por, 
pelo menos, um técnico 
Uma das poucas certezas que existe sobre autismo é que quanto precoce for o diagnóstico mais eficaz pode ser a intervenção. E que quanto mais eficaz for a intervenção mais capacidades podem desenvolver os doentes. No Centro de Atividades Ocupacionais da Associação de Amigos do Autismo, em Viana do Castelo, entra-se nessa batalha todos os dias pelos doentes mais difíceis: os adultos. Mesmo quando há pouco a fazer há um lema que nunca cai: todos podem ser felizes à sua maneira.


FONTE:
NELSON GARRIDO E MARIANA CORREIA PINTO 



quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Leitora comenta artigo sobre tratamentos para o autismo


Veridiana Scarpelli/Folha de São Paulo
 LEITORA MARIA MARTHA COSTA HÜBNER


Parabenizo a Folha pela publicação do texto "Análise do Comportamento e Autismo", escrito por Daniel del Rey e colegas.
Em torno de 400 estudos publicados em periódicos da área (como o "Journal of Applied Behavior Analysis", por ex, ) sobre os graves comportamentos auto-lesivos em autistas, revelam que procedimentos "consequence-based "ou "behavior oriented", ou seja, em Análise do Comportamento (ABA) foram eficazes em reduzir tais comportamentos e em ensinar comportamentos alternativos funcionais.
Os tratamentos baseados em ABA, por sua eficácia comprovada, foram escolhidos como o tratamento indicado pelo US Surgeon General e endossados por muitas associações renomadas, como a Academia Americana de Pediatria. Nos Estados Unidos existem leis federais que exigem Terapia ABA para que o tratamento ao autismo possa ser financiado pelos cofres públicos.
MARIA MARTHA COSTA HÜBNER, 58, é Livre Docente da USP, representante internacional da Association for Behavior Analysis International (ABAI) e sócia plena da Associação Brasileira de Análise do Comportamento (ACBr).
FONTE:

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Comportamento de uma criança autista estampa obra de escritora americana

Recém-lançado no Brasil, o livro "Passarinha" 
traz a história de Caitlin, 
10 anos, autista e portadora da Síndrome de Asperger
                                                                                   
  
Foto: Divulgação / Divulgação
         Kathryn Erskine é uma escritora americana da literatura infantil que já ganhou vários prêmios com seus romances. 
        Sua nova obra, Passarinha, que acaba de ser lançada no Brasil durante a Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, traz a história de Caitlin, 10 anos, autista e portadora da Síndrome de Asperger. A personagem perde o irmão em uma tragédia.
Com a morte do familiar, se vai a ponte com o mundo, já que ele era seu tradutor da realidade. Ela precisa se virar sozinha, porque o pai fica devastado. 


Apesar de ter escrito uma ficção, a autora — que tem uma filha autista de 16 anos — baseou-se em extensa pesquisa científica sobre o tema.
Na entrevista a seguir, saiba um pouco mais sobre o que passa na cabeça de uma criança com autismo, e entenda melhor seu comportamento.
Vida — O seu livro chamou a atenção da crítica por tratar de um tema pouco comum na literatura de forma sensível e ilustrada. Qual foi a sua intenção com essa publicação?
Kathryn Erskine — Minha esperança é que os leitores possam entender melhor o espectro do autismo. Estando dentro da cabeça dela, eles podem ter uma ideia de como é ter autismo de alto funcionamento. Eu acredito que quando entendemos algo, então nós somos muito mais tolerantes e se sentir mais à vontade, porque a situação não é mais tão estranho.
Vida — Nas primeiras páginas do livro, percebe-se que você trata do autismo no contexto familiar. Como a família pode ajudar um filho ou irmão que tenha autismo?
Kathryn — A família é o primeiro sistema de suporte da criança. A família conhece ele ou ela melhor que ninguém. Toda a família pode ajudar, os pais e irmãos, bem como tias, tios, avós, etc. A família é um lugar seguro para a criança estar, especialmente após o dia na escola, que é bastante desgastante. Pense em ter que conduzir uma situação durante todo o dia que você não entende. Isso é o que se sente uma criança com autismo. Compreensão e ajuda são importantes, mas também as regras e ordem são importantes. Isso ajuda a tornar uma criança com autismo se sentir segura e ser capaz de prever o que vai acontecer, o que é de particular interesse para essas crianças. Há tanta coisa em seu mundo que fica fora de controle que os limites e previsibilidade são muito importantes.
Vida — O que todos deveriam saber sobre como lidar com esta doença?
Kathryn — Realmente, aprender tanto quanto puder e ter paciência. Também ser direto ajuda muito. Se a criança faz algo e você quer que ela pare, então você fala "eu gostaria que você não fizesse isso" ou "eu preferia que você fizesse aquilo" não tem muito significado. Você pode pedir a eles que parem, e talvez explicar por que é importante parar e claramente o que deveriam fazer.
Vida — Em que você se inspirou para escrever esse livro?
Kathryn — Desde que minha filha está no espectro do autismo, embora o dela é muito leve, eu entendo como isso pode ser frustrante - tanto para a pessoa com autismo e aqueles que lidam com essa pessoa. Eu queria compartilhar isso com os outros na esperança de que eles possam entender e ter um tempo mais fácil se comunicar. Então, muitas pessoas já me disseram que eles agora entendem o seu primo ou aluno ou amigo muito melhor agora. Isso é muito gratificante.
Vida — Quais os desafios para um autista na educação? Ser professor de uma pessoa com essa doença requer esforços adicionais dos professores?

Kathryn — Sim, exige um esforço adicional porque você tem que entender a criança e antecipar as suas reações. Interrupções na rotina muitas vezes são difíceis para as crianças com autismo, assim como barulhos e luzes, e multidões ou empurra-empurra, assim, por exemplo, se a sua escola está tendo uma evacuação de fogo, é uma boa ideia para deixar a criança saber antes do tempo ou levar a criança fora da escola antes dos outros evacuar. Quanto mais o professor sabe sobre como a criança lida com o estresse e como acalmá-lo, ou evitar a reação, melhor. Como com qualquer criança, pode ser um trabalho duro, mas as recompensas são grandes.
FONTE:
Lara Ely
lara.ely@zerohora.com.br

domingo, 27 de outubro de 2013

Seminário sobre autismo em Campo Grande - MS.

Promovido pela AMA; palestrantes: Drª Maria Eulina Quilião, Dr. Rodrigo Abdo, Drª Andreia Weimann; Drª Maria José Maldonado; Drª Ana Paula Martins dos Santos; Vera Lúcia Gomes (Educação/MS); Adriana Aparecida Burato Marques Buytendorp (Educação/Município); Sílvia Tavares Farina (Instituto Educap/UNOPAR); Janete Bakargy( Associação Espaço Vida Ativa - EVA);Heloísa Bruna Grubits (UCDB); Maria Auxiliadora Marques( Sapiens Pesquisas Psicossociais); Tarcísia Maria Marques Lopes (UFMS); Jorge David (AMA); Mirian Dantas Osório (Educação/Estado); Psicopedagoga Lidiane Goettert.

ATENÇÃO: PROFISSIONAIS, ACADÊMICOS E FAMILIARES QUE TENHAM INTERESSE EM AMPLIAR OS CONHECIMENTOS SOBRE AUTISMO:
2º SEMINÁRIO SOBRE AUTISMO, DIAS 07 e 08 DE NOVEMBRO DE 2013, EM CAMPO GRANDE, NO AUDITÓRIO DA SEMED.
INSCRIÇÕES PELO FONE: (67) 3026-7015 e E-MAIL: ama.inscricoes@gmail.com
(terá certificado)

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Análise do comportamento e autismo

Daniel Del Rey, Denise Vilas Boas e João Ilo  
  Veridiana Scarpelli    

Em artigo publicado nesta seção, a  presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, Nilde Jacob Parada Franch ("Autismo e psicanálise", 13/9), referiu-se à abordagem da psicologia comportamental para o tratamento de autismo de forma simplista e equivocada.
No passado, o autismo foi visto como resultado de problemas emocionais e o tratamento recomendado era a genérica psicoterapia.
Com o avanço das neurociências, da genética e da própria psicologia, passou a ser compreendido como um problema de desenvolvimento. Referência mundial para a psiquiatria, o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) corrobora esse entendimento.
O foco das intervenções passou então a ser educacional, visando a desenvolver e aprimorar habilidades e repertórios necessários para o bem-estar e a inserção social do autista.
Foi nesse cenário que a tecnologia de ensino e de aprendizagem compreendida na ABA (análise comportamental aplicada) se sobressaiu e se tornou o tratamento privilegiado para pessoas com quadro do espectro autista. Isso se deve ao fato de a ABA historicamente ter se mostrado eficaz, e não pela propaganda de supostos benefícios.
Os "rituais autísticos" mencionados por Nilde Franch, convém esclarecer, podem ter, em alguns casos, função de esquiva social, conforme ela mencionou. Mas, na maioria das vezes, decorrem da sensibilidade alterada do autista a estímulos ambientais, dificuldade de integração sensorial e ausência ou deficit acentuado de repertórios comportamentais básicos, como expressão verbal e aspectos paralinguísticos (expressões faciais, entonação da fala...).
O estereótipo da psicologia comportamental como um método baseado em repetição e recompensa não passa de desconhecimento.
A análise do comportamento não é um método, mas uma abordagem científica que examina a interação do sujeito com o seu entorno. Sua tecnologia de intervenção é efetiva porque articula um referencial teórico-conceitual sólido e dados empíricos robustos. Os métodos são embasados em estudos --atendimento em consultório e acompanhamento terapêutico no ambiente em que o cliente vive possibilitam a identificação de suas necessidades e o seu desenvolvimento.
Basta consultar o banco de dados de periódicos como o "Jaba" (Jornal da Análise Comportamental Aplicada, na sigla em inglês) e os mais de 200 artigos sobre o autismo ali publicados para se conhecer os avanços científicos obtidos na área.
   Uma intervenção comportamental bem planejada tem de incluir o desenvolvimento de linguagem funcional, ensino de habilidades sociais, organização de rotina e estabelecimento de metas acadêmicas.
Não é simplismo desenvolver pré-requisitos para se alcançar essas metas e para extinguir comportamentos autolesivos e estereotipados. Desses pré-requisitos dependem também o bem-estar do cliente e a possibilidade de um futuro com independência, produtividade acadêmica e equilíbrio emocional.
Autismo é um transtorno grave que, se não for cuidado adequada e precocemente, comprometerá aspectos básicos para a sobrevivência e qualidade de vida das pessoas diagnosticadas com o problema. Seu tratamento exige a participação de equipes interdisciplinares envolvendo psicólogos comportamentais especializados, médicos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais.
A preocupação com a eficácia do tratamento é legítima. Famílias, órgãos governamentais e a sociedade precisam estar cientes dos riscos que despender tempo e recursos com propostas sem eficácia comprovada cientificamente representam. Tratamento inadequado pode resultar em consequências devastadoras para o desenvolvimento social, acadêmico e afetivo do autista.

DANIEL DEL REY, 31, psicólogo, é mestre em análise do comportamento pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
DENISE VILAS BOAS, 36, doutoranda em análise do comportamento pela PUC-SP, é vice-presidente da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental

JOÃO ILO, 48, doutor em ciência do comportamento pela Universidade Federal do Pará, é presidente da mesma associação

Projeto investe em condomínio voltado para adultos autistas

Nos EUA, residência a ser lançada visa inspirar uma 
“vida com propósito”
 FOTO: Winni Wintermeyer/The New York Times
 Uma das casas que fazem parte do condomínio na Califórnia A-G Comunidade.

No Sweetwater Spectrum, uma residência para 16 adultos autistas, 
há diversas atividades, algumas no saguão social

SONOMA, EUA.

Eis uma verdade sobre crianças com autismo: elas crescem e se tornam adultos com autismo. Defensores estimam que ao longo da próxima década, 500 mil desses indivíduos se tornarão adultos nos Estados Unidos.
Ninguém pode afirmar com certeza o que a vida adulta lhes reserva. Para começar, onde eles vão morar e trabalhar? Um estudo de 2008 da Easter Seals descobriu que 79% dos adultos jovens com distúrbios do espectro do autismo continuam a residir com os pais. A maioria deles nunca procurou emprego.
Mesmo assim, a expectativa de vida dos autistas é mais ou menos igual à média. Então, crianças com autismo não podem ficar em casa para sempre.
Essa percepção – tão óbvia quanto preocupante – despertou recentemente uma reação de pesquisadores, arquitetos e, especialmente, dos pais. Em 2009, duas acadêmicas, Kim Steele e Sherry Ahrentzen, colaboraram em “Propostas de habitação para todo o espectro”, diretriz abrangente para projetar casas para adultos autistas; um livro mais detalhado sobre o tema deve ser lançado no ano que vem.
O primeiro avanço dentro deste modelo pode ser o Sweetwater Spectrum, residência para 16 adultos cujas capacidades e deficiências abrangem todo o espectro autista. O projeto inovador de US$ 10,4 milhões (R$ 22,7 milhões) foi inaugurado em janeiro no centro da região vinífera da Califórnia; as famílias fundadoras e a diretoria esperam torná-lo um modelo para experimentos similares pelos EUA.
A dupla de acadêmicas citou uma lista de projetos habitacionais novos ou futuros. Uma das iniciativas mais promissoras é o Airmount Woods, Ramsey, em Nova Jersey, que vai receber moradores em novembro.
Cotidiano. 
É fácil planejar um dia agradável em Sweetwater. 
Comece a manhã com 30 minutos no aparelho elíptico na sala de ginástica. Para o café, ovos frescos do galinheiro na cozinha comunitária. Depois, semear um canteiro de sementes de tomate na enorme estufa, treinar arremessos na cesta de basquete ao ar livre. E se for sexta-feira, por que não dar uma passadinha na noite de atividades no saguão social?
Tais comodidades são fundamentais para o empreendimento, afirmou a CEO e diretora executiva do Sweetwater, Deirdre Sheerin, 53. Segundo ela, a imagem pública de ter autismo é a de letargia e isolamento social. Pense em alguém “sentado em uma poltrona com videogame, comendo coisas estranhas”. Em contrapartida, tudo a respeito do Sweetwater existe para inspirar uma “vida com propósito”.
Custos. 
Para começar, os moradores escolheram se mudar para lá, e também escolheram com quem dividir a casa. De forma similar, as famílias contratam seu próprio atendimento, seja auxílio 24 horas ou ajuda casual. Segundo Deirdre, de certa forma, o Sweetwater é um locador glorificado: todo inquilino assina um contrato de aluguel de 12 meses, pagando aluguel de US$ 650 (R$ 1.430)e taxa de associação, no valor de US$ 2.600 (R$ 5.730), mensais.
A declaração da missão do Sweetwater alinha princípios ambiciosos. Os moradores vão poder envelhecer ali. A comunidade deveria “acomodar uma ampla gama do espectro financeiro”, subsidiando a moradia de um quarto dos inquilinos. E os atendentes (que não são empregados do condomínio) deveriam receber incentivos para formar relações de tratamento estáveis e de longo prazo.
“Você escuta sobre organizações planejando essas coisas, mas demora até as fontes de financiamento funcionar”


FONTE:
MICHAEL TORTORELLO
THE NEW YORK TIMES
Sherry Ahrentzen

colaboradora

sábado, 19 de outubro de 2013

Número de meninas com autismo pode ser maior do que o estimado

Pesquisadores acreditam que meninos, por serem mais propensos a 'problemas comportamentais', vão ao médico com maior frequência para serem avaliados. Consequentemente, têm mais chances de receber o diagnóstico
Autismo: Diagnóstico do transtorno é quatro vezes mais frequente entre meninos do que meninas
(Thinkstock)
O autismo é um distúrbio quatro vezes mais prevalente no sexo masculino do que no feminino – é o que apontam os estudos epidemiológicos sobre o assunto. Os especialistas no assunto ainda não sabem ao certo o motivo dessa diferença, mas acreditam que ela pode ser explicada pelo fator genético. Um time de pesquisadores australianos, porém, acredita que é mais difícil fazer o diagnóstico de autismo em meninas do que nos meninos. Por esse motivo, talvez existam muitas jovens autistas sem o diagnóstico do distúrbio.
“Os meninos costumam ter mais problemas de comportamento, como hiperatividade, do que as meninas, então eles são levados ao médico para serem avaliados com mais frequência do que elas”, diz Tamara May, pesquisadora da Universidade Monash, na Austrália, e coordenadora de um estudo sobre o assunto.
Estudo mostra como alterações genéticas podem levar ao autismo
Autismo ganha contornos de epidemia nos EUA

A pesquisa de Tamara, publicada na edição deste mês do periódico Journal of Autism and Developmental Disorders, analisou 56 crianças de 7 a 12 anos diagnosticadas com autismo e outras 44 crianças da mesma idade que não tinham o distúrbio.
O estudo não encontrou, entre as crianças autistas de ambos os sexos, diferenças significativas nos sintomas relacionados à condição. No entanto, os autores observaram que os meninos são mais propensos do que as meninas a apresentar outros distúrbios comportamentais não específicos do autismo, como a hiperatividade. E, consequentemente, são levados com mais frequência a consultas com médico ou psicólogo. "Trata-se de problemas comportamentais que os pais observam e dizem: ‘Tem algo de errado com essa criança, vamos levá-la a um psicólogo ou médico para ela ser avaliada'", diz Tamara.
Autismo: pesquisas encontram relação entre mutação de três 
determinados genes e o distúrbio 
(ThinkStock)
Leia também: Conheça seis fatores que podem causar autismo
Ou seja, embora o quadro de autismo seja semelhante entre meninos e meninas, o estudo concluiu que garotos têm mais problemas de comportamento que facilitam o contato com um especialista e o diagnóstico correto.
FONTE:
Google/


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Inclusão de crianças autistas em escolas regulares é possível, mas é preciso preparação de todos para o convívio

       São Paulo – Especialistas no atendimento a crianças autistas defendem que a inclusão dos pequenos em uma escola regular é possível, mas alertam para a necessidade de que os professores, os parentes e os colegas de classe estejam preparados para o convívio.
“[Sem isso] O professor sofre, os outros alunos sofrem porque não entendem e, quando fazem alguma brincadeira, são repreendidos sem terem sido orientados. Os familiares e principalmente os autistas sofrem”, ressalta a psicomotricista Eliana Rodrigues Boralli Mota.
Segundo Eliana, que fundou a Associação dos Amigos da Criança Autista (Auma) há 25 anos, a família sofre tanto ou mais do que a própria criança. Por isso, acredita ser importante criar um ambiente de integração. “Tudo aí fora é preconceito. Até mesmo o atendimento médico é difícil, porque até convênios se recusam a receber autistas como dependentes. A falta de conhecimento também provoca isso”, disse Eliana, que organizou hoje (17) a festa em comemoração ao Dia da Criança, que é celebrado tradicionalmente no dia 12 de outubro.
“Por mais que se diga que não, em uma escola comum, o autista e a família passam por preconceitos, porque são diferentes. Aqui [na Auma], eu me encontrei e o Renan teve um grande progresso. Por isso eu continuo até hoje”, conta a dona de casa Carla Cruz Costa de Souza, mãe de Renan, de 17 anos. Quando ela conheceu a associação, o filho tinha menos de 5 anos de idade, quando foi diagnosticado com autismo. Antes, o garoto havia estudado em escolas regulares.
Cerca de 40 crianças e adolescentes participaram da confraternização, na sede da entidade, em Santana, bairro da zona norte paulistana. As atividades foram preparadas com o objetivo de socializar os alunos em um ambiente seguro, mas com as mesmas características de uma festa comum.
Alzenira Pompeo da Rosa, mãe de uma menina de 15 anos, ressaltou que a integração entre os pais é interessante para a troca de experiências, apesar de cada criança com autismo ser diferente da outra. “O comportamento muda de um para o outro. E é importante convivermos com outros pais para termos experiência”. 
Ela disse que só descobriu o autismo quando a garota tinha 11 anos, e que há um ano frequenta a Auma. Segundo Alzenira, o progresso da filha foi grande no período. Para ela, é importante que ocorram festas na associação porque os alunos se identificam com as pessoas e acabam se soltando mais. “É o mundo deles, com crianças iguais. Em outras festas, eles não ficam à vontade", observou Alzenira.


FONTE:
Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil



Autismo e a sociedade

          Nas últimas semanas observei que foram vinculadas diversas reportagens acerca da atriz americana Daryl Hannah, 
que atuou em filmes como Kill Bill. 
A mesma afirmou em entrevistas que tem autismo e 
que por causa dele, 
se afastou da vida em Hollywood e de seu trabalho como atriz.


(VEJA REVELAÇÃO AO FINAL DA MATÉRIA)

A atriz afirmou que nunca se sentiu confortável em ser o centro das atenções, que ela sempre se sentiu
Foto Google
muito mal com isso, apesar de conseguir, com sucesso, administrar a carreira durante muito tempo. Ela ainda disse que hoje tem conhecimento de coisas que facilitam a sua vida, que vinte anos atrás não tinha.
Daryl Hannah ainda contou que ela nunca disse que tinha autismo para as pessoas e produtores em Hollywood, isso porque, temia que não fosse escolhida para fazer comerciais, programas de TV ou filmes.
As declarações da atriz reacendem uma discussão: o quanto nossa sociedade está, ou não, preparada e adaptada para lidar com as pessoas diagnosticadas com Transtorno de Espectro Autista? O quanto nossa ignorância acerca do transtorno dificulta uma tentativa de ter uma vida “normal” para os autistas?
Levando em consideração o que foi dito por Daryl Hannah, a nossa sociedade como um todo, ainda dificulta, e muito, a vida das pessoas com autismo. E isso pode ser observado em nosso dia-a-dia, quando as escolas regulares não estão preparadas para receber uma criança com o transtorno, por exemplo.
E mais, quando os pais encontram profissionais de saúde despreparados na hora de cuidarem de seus filhos. Quando falta política pública para assistir as famílias que não tem condições de pagar por tratamento, quando pouco se fala sobre o transtorno, pois só a informação pode tirar as pessoas da ignorância a cerca do mesmo.
Ao olharmos a história de Hannah, podemos constatar que os autistas são capazes de fazer as mesmas coisas que qualquer outra pessoa que não tem o transtorno, apenas de forma diferente. Pois, se ela conseguiu manter uma carreira de sucesso em Hollywood, mesmo com todas as adversidades, por mais de vinte anos, imagina quando tivermos uma sociedade mais justa, no sentido de mais adaptada aos autistas, o que eles não poderão fazer?
Penso, e gostaria que todo mundo pensasse assim também, que não é o autista que tem que se adaptar ao mundo, e sim, o mundo que tem que se adaptar ao autista e isso é inclusão. Como os autistas, existe no mundo uma diversidade de modos diferentes de existir e de enxergar o mundo, e não podemos nos fixar naquilo que foi convencional dizer que era o “normal”.
Já está mais do que provado que por mais que uma pessoa seja diagnosticada com o Transtorno de Espectro Autista isso não quer dizer que ela não será capaz de ter uma boa vida. Para alguns autistas isso requer uma pouco mais de trabalho, mas não quer dizer que eles tenham que ser marginalizados ou que tenham que esconder que tem autismo, como fez Daryl Hannah.

Por Camila Gadelha
Fonte:http://www.christianpost.com/news/daryl-hannah-reveals-autism-disorder-i-wasted-so-much-time-scared-insecure-105395/

DARYL HANNAH REVELA COMO é VIVER COM AUTISMO 

Daryl Hannah revela como é viver com autismo, doença que lhe foi diagnosticada em criança.
Pela primeira vez, a atriz de «Splash a Sereia» assume que sofreu de uma «timidez debilitante», resultante da sua condição de autista, durante a infância.
A revelação foi feita à revista People, à qual Daryl explicou que perdeu «muito tempo com medo, autoconsciente e insegura».
Os médicos que a acompanharam em criança sugeriram à mãe da atriz que a internasse numa instituição especializada, mas ela recusou. Em vez disso, permitiu que a filha se mudasse para Los Angeles quando fez 17 anos, o que deu início ao seu percurso de sucesso como atriz.


Apesar de se sentir agora confortável a falar do problema, Daryl viveu durante muito tempo «apavorada» só de pensar em revelar a doença: «Nunca me senti bem a ser o centro das atenções. Foi uma coisa que sempre me assustou.»


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Menino autista de 14 anos faz mestrado em física quântica

Foto: Reprodução
         O jovem autista Jacob Barnett surpreendeu a todos com a sua impressionante habilidade. 
Com apenas 14 anos, ele já estuda para obter seu mestrado em física quântica, e seus trabalhos em astrofísica foram vistos por um acadêmico da Universidade de Princeton como potenciais ganhadores de futuros prêmios Nobel.
      
     Tudo isso também é surpreendente para a mãe de Jacob, KristineBarnett, que há dez anos escutou dos médicos que ele não iria conseguir nem amarrar os sapatos sozinho, quando o diagnosticaram com autismo (Síndrome de Asperger, uma variação do autismo) aos 2 anos de idade.
      
     Mas as coisas aconteceram de modo bem diferente já que Jacob desenvolveu teorias sobre astrofísica aos 9 anos e com 11 entrou na universidade, onde faz pesquisas avançadas em física quântica.
      
      Com uma trajetória impressionante, a mãe de Jacob resolveu escrever o livro "The Spark" (em tradução livre, A Faísca) para relatar todo o aprendizado constante que é lidar com um filho que, segundo especialistas, possui um Q.I 189, maior que o de Einstein =)
       
     Assista abaixo Jacob falando sobre as suas conquistas: (Em inglês)

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FONTE:
Márcia Garbin


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Autismo atinge uma a cada 50 crianças, mas ainda é mistério

Observação dos ‘sinais de alarme’ pode 

ajudar a identificar casos


Frequente, porém ainda pouco conhecido. Apesar de uma em cada 50 crianças ser portadora de autismo – segundo dados divulgados este ano pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos –, o transtorno ainda ocupa um enorme desafio não só para a comunidade científica, mas para a população em geral. Recentemente, o assunto ganhou repercussão nacional como um dos temas abordados na novela global “Amor à Vida”, cuja personagem autista Linda é interpretada pela atriz Bruna Linzmeyer.
O autismo é, na verdade, um termo utilizado para descrever um grupo de transtornos de desenvolvimento do cérebro, conhecido como “Transtornos do Espectro Autista”, explica a psicóloga Patrícia Batista Leitão. Segundo ela, a probabilidade de incidência nos meninos é quatro vezes maior que nas meninas.
 “Há várias formas de manifestação, inclusive com comprometimentos mais leves ou mais severos. Porém, as causas ainda são desconhecidas, apesar de sabermos que são genéticas e ambientais, mas ainda não se sabe exatamente quais os genes envolvidos”, afirma.
Além disso, não existe um exame específico para detectar o autismo, o que dificulta bastante o diagnóstico.

Izabella Ramos, 37, tem dois filhos, Samuel, 7, e Danilo, 5, ambos diagnosticados com o transtorno, após muitas tentativas. “Passamos por diferentes pediatras e neurologistas até conseguir ter o fechamento. Hoje eles fazem acompanhamento com vários profissionais, mas independentemente do método, o mais importante são os três ‘as’: amor, aceitação e afetividade”, ensina a mãe.
Segundo Patrícia, antes mesmo dos 10 meses de vida já é possível observar sinais que podem indicar o transtorno. “A criança que não dorme bem, não gosta de ficar no colo, não olha para os adultos quando brinca, não aponta, merece uma atenção maior”, enumera.

Estímulos. Apesar de não ter cura, o autismo pode ser minimizado a ponto de todos os sintomas sumirem, ou seja, os déficits do portador são compensados – o que os médicos chamam de “perder o diagnóstico de autismo”.

FONTE:
LITZA MATTOS

"O amor é o principal tratamento", diz mãe de filhos autistas

  Gabriel e Miguel Souza, de 7 e 5 anos, são autistas não-verbais.Mãe de dois filhos especiais diz como aprendeu a lidar com o autismo.

Gabriel e Miguel foram diagnosticados com autismo clássico e não-verbal
(Foto: Reprodução/TV Acre)
Inquietos, alegres e muito curiosos. Os irmãos Miguel, de 5 anos, e Gabriel Souza, 7, foram diagnosticados com autismo clássico e não-verbal, ou seja, eles não falam. Apesar de serem crianças especiais, que requerem maior cuidado e atenção, os pais garantem que têm filhos felizes e que o melhor tratamento para quem possui autismo é o amor.
"O que nunca faltou com nossos filhos foi o amor. A gente acredita que é o melhor tratamento", diz a mãe dos meninos, a funcionária pública Rosy Sousa. Ela confessa que no inicio não foi fácil descobrir que tinha dois filhos autistas. "Foi muito difícil, mas a gente procurou ser pais muito maduros", garante.
Atualmente, os pais procuram lidar com a situação de maneira natural. "Quando a gente está em locais públicos, eu percebo que algumas pessoas começam a notar diferença neles. E antes que perguntem eu já digo 'olha, eles são autistas'. Olham com aquela olhar de pena. E a gente diz que é muito tranquilo. Para a gente, está tudo bem", afirma.
Os dois garotos adoram brincar e são muito ativos e inteligentes. Miguel gosta de tecnologia e informática. Acessa jogos, músicas e aplicativos com facilidade em qualquer tablet e celular.  Gabriel têm tendência para ser músico e arrisca algumas músicas no teclado.
"Eles se divertem como qualquer criança. Sentem vontade de passear, de sair, gostam de um parquinho. Nada com muito tumulto, nada muito cheio, mas é uma rotina normal como qualquer criança", diz a mãe.
Qualquer tipo de interação dos garotos é motivo de comemoração para a família. Para conseguir entrar no mundo particular dos dois  é preciso trabalhar a rotina. A mãe sabe disso, mas, para ela, o que realmente importa é tratar os filhos com amor e carinho.
 "Alguns pais ficam admirados com a forma que a gente trata, mas a gente procura tratar como criança. Eles são especiais porque são crianças e porque tem uma deficiência chamada autismo", conclui.


FONTE:
Colaborou Junia Vasconcelos, da Tv Acre.